Esquina da Literatura

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Escolas Literárias

Pré-modernismo

 

Modernismo

 

Autores:
Augusto dos Anjos,
Euclides da Cunha,
Lima Barreto,
Monteiro Lobato e
Graça Aranha.

Introdução
Informações retiradas do trabalho Modernismo

O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma "escola literária", ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa a produção literária de alguns autores que, não sendo ainda modernos, já promovem rupturas com o passado.

Esse período tem início com a publicação de Os Sertões em 1902 e se estende até 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna.

Momento Histórico
Enquanto a Europa se preparava para a I Guerra Mundial, o Brasil começava a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, iniciou-se a "República do café-com-leite" dos grandes proprietários rurais, que substituía a "República da espada" (governos dos marechais Deodoro e Floriano). Essa época foi marcada pelo auge da economia cafeeira no sudeste, pela entrada de grandes levas de imigrantes no país, notadamente de italianos, pelo esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha, e pelo surto de urbanização de São Paulo.

Mas toda essa prosperidade veio acentuar cada vez mais os fortes contrastes da realidade brasileira. Por isso, nesse período também ocorreram várias agitações sociais, muitas delas no abandonado Nordeste. No final do século XIX, na Bahia, ocorreu a Revolta de Canudos, tema de Os Sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará foi palco de conflitos que tiveram como figura central o Padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; o sertão viveu o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.

Em 1904, o Rio de Janeiro assistiu a uma rápida mas intensa rebelião popular, a pretexto de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, houve uma outra importante rebelião, dessa vez dos marinheiros, liderados por João Cândido, o "Almirante Negro", contra o castigo corporal - a Revolta da Chibata. Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras, sob orientação anarquista, iniciavam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.

Essas agitações eram sintomas da crise na "República do café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.

Os Movimentos sociais no Campo
Ao longo da Primeira República (1889-1930), os movimentos sociais no campo dividem-se em três grandes grupos: os caracterizados pela combinação de conteúdo religioso com carência social; e os que simplesmente fizeram reivindicações sociais, sem conteúdo religioso.

Entre os casos pertencentes ao primeiro grupo, estão a Revolta de Canudos e o movimento centrado na figura do Padre Cícero Romão Batista. Sobre esse movimento, ocorrido entre 1872 e 1924 na cidade cearense de Juazeiro, informa-nos Boris Fausto:

"(...) O padre começou reunindo fiéis para rezar nos desastrosos períodos de seca. Logo ganhou fama de milagreiro e passou a reunir adeptos em número crescente. Estes passaram a residir em Juazeiro ou a visitá-lo em grandes romarias.

O padre Cícero chocou-se com as autoridades da Igreja Católica e, ao mesmo tempo, integrou-se no sistema coronelista. Ele se transformou em um misto de padre e coronel que se envolveu com suas forças militares, nas lutas políticas da região. Sua gente disciplinada foi posta a serviço de atividades diversas. Na época da colheita do algodão, milhares de moradores do Juazeiro, em sua maioria mulheres, dirigiam-se ao sertão da Paraíba. A mão-de-obra necessária à construção de açudes, nos anos 1920, foi recrutada graças a seu prestígio. Mesmo após sua morte, em 1934, a devoção ao Padre Cícero continuou no Nordeste, chegando a nossos dias" (Boris Fausto)

Características
Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma "escola literária", por apresentar individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e de Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos comuns às principais obras desse período:

  • Ruptura com o passado, com o academicismo - Apesar de algumas posturas que podem ser consideradas conservadoras, há esse caráter inovador em determinadas obras. A linguagem de Augusto dos Anjos, por exemplo, ponteada de palavras "não-poéticas" (como cuspe, vômito, escarro, vermes), era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor. Lima Barreto ironiza tanto os escritores "importantes" que utilizavam uma linguagem pomposa, quanto os leitores que se deixavam impressionar: "Quanto mais incompreensível é ela [a linguagem], mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito" (Os bruzundangas).
  • Denúncia da realidade brasileira - Nega-se o Brasil literário herdado do Romantismo e do Parnasianismo , o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo.
  • Regionalismo - Monta-se um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto.
  • Tipos humanos marginalizados - O sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos.
  • Ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos. - Diminui a distância entre a realidade e a ficção. São exemplos: Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (retrata o governo de Floriano e a Revolta da Armada), Os sertões, de Euclides da Cunha (um relato da Guerra de Canudos), Cidades mortas, de Monteiro Lobato (mostra a passagem do café pelo Vale do Paraíba Paulista), e Canaã, de Graça Aranha (um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo).

Como se observa, a "descoberta do Brasil" é o principal legado desses autores para o movimento modernista, iniciado em 1922.

NICOLA, José de. Literatura Brasileira das origens dos nossos dias. Ed.15. São Paulo. Scipione.

 

 

 

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