Resumo - Fogo Morto

PRIMEIRA PARTE: O pintor Laurentino estava de passagem e, como todos, parou para conversar com mestre José Amaro. E, como todos, ouviu a prosa do mestre, falando que ele não engolia sapo, era livre, falava o que quisesse, não aceitava receber gritos, que não entregava a filha para qualquer um... o pintor até tentava contestar o dito, mas não conseguia nada. O mestre também contava suas histórias: o pai viera fugido de Goiana, por matar alguém, falava que não deixaria acontecer consigo como ocorreu com Chico Cabeça, homem de bem que teve toda sua terra tomada por Quinca Napoleão. Até Alípio, chefe do comboio de aguardente, parou para pedir um favor para o mestre. A mulher do mestre, Sinhá, tentava encobrir o que o marido fazia com pedidos de desculpa ou defendendo a filha, Marta, dos ataques verbais do pai. Pai esse que não intendia porque a filha chorava sem motivo, que impedia a mesma de cantar as ladainhas da Igreja. Quem ouvisse suas conversas garantiria que ele estava nervoso ou se queixava de algo... mas ele garantia que não era isso... Às vezes passava na estrada o cabriolé do Santa Fé, com seus luxuosos ocupantes ostentando uma riqueza que já não havia naquele engenho. O mestre se prendia ao trabalho. Quando recebeu ordem para ir ao Santa Fé consertar os arreios do carro, reclamou a Pedro Boleeiro (que levou o recado) o desprezo que sentia por ver o senhor passar a sua porta e nem parar para saber como andava a vida do mestre. Mas mesmo assim resolveu ir, apesar de saber que não devia nada ao senhor de engenho, nem foro pagava. Outro que sempre ia visitar o mestre era o compadre Vitorino, homem de opinião, que não aceitava que ignorassem sua patente de capitão, que lhe chamassem de Papa-Rabo, que desconfiassem de seus poderes. Tinha filho na marinha, uma família de nome e, apesar de ser pobre, não se deixava levar pelo que não concordasse, partindo até as ultimas conseqüências. E, participando das eleições como conselheiro do major Ambrósio, saiu pedindo voto para todos, montado em sua égua magra, mas de estimação. Numa noite de Lua Cheia, o mestre, como nunca antes, após ganhar do negro Manuel de Úrsula uma preá recentemente morta, quis se abrir para com a família, mas não teve coragem. E, para aproveitar a lua, saiu para uma caminhada. E no dia seguinte corria na cidade os boatos de que ele era lobisomem, que tinha sido visto vagando na noite e tinha até sangue de gente na porta para comprovar. Não demorou para o mestre ir fazer o serviço requisitado no engenho. Lá, onde não recebeu nem o material para o trabalho, teve que engolir as esquisitices do povo da casa-grande, que estava de jejum, viu o quanto tudo aquilo havia parado no tempo, estando como o major Tomás havia deixado. Enquanto trabalhava, pensava naquela família: entregue a rezas, com a senhora de Engenho, D. Amélia, parecendo dona de tudo por onde passava, sabendo tocar piano, a menina Neném que fora estudar mas não conseguia marido, o senhor de engenho, coronel Lula, incapaz de levar aquele engenho, gastando toda a fortuna que o sogro construiu e se gabando de ter um pai morto em conflito. Também havia a doida Olívia, irmã de Amélia. Quando ia saindo, Floripes, um protegido do senhor, chegou avisando que seu padrinho pedira para tomar cuidado e pensar direito em quem votaria, ao que o mestre respondeu que votava em quem desejasse. No caminho, pensava porque o senhor não viera pessoalmente transmitir o recado. .. mesmo porque ele nem se importava com a eleição, votaria em quem lhe viesse. Lembrava também do passado, que a mulher se casara com ele por não ter outro, que a filha também estava passando.... e se lastimava por ter que voltar para sua desgraça. Enquanto isso a história de lobisomem corria o mundo. Alguns defendiam o mestre, como a comadre Adriana, que tinha mão boa para castrar frangos, que viera fugindo da fome e recebera ajuda do povo do Santa Fé, que casara com Vitorino para fugir da miséria. E agora agüentava as artes do marido. Sua miséria também lhe ensinou a ser caridosa. E, se não sustentasse a casa, não tinha marido que o fizesse, já que o seu vivia a vagar. Seu único e maior orgulho era o filho Luís, na marinha. Parando para conversar com a Sinhá, despertou no seleiro uma raiva sem fundamento. O bicheiro parou também para entregar um dinheiro que Sinhá havia ganhado e comentou que Laurentino estava espalhando que o mestre estava contra o governo, aumentando a raiva do mesmo. As explosões de raiva do compadre assustavam Adriana, que ao chegar em casa viu seu marido molhado de sangue, estendido na rede, graças a uma briga política. Ela não entendia como alguém como Vitorino podia ser agredido até aquele estado, enquanto o mesmo gabava-se, de certa forma, com o ocorrido. Sinhá, por sua vez, não sabia do marido, que ficara bravo por nada, fazia desfeitas para a filha, que dera para chorar por nada. Corriam notícias de que o mestre estava falando sobre a casa grande. Isso zangava o mestre, que decidira votar no capitão Antônio Silvino, do cangaço. Corriam também boatos que o vendedor Pascoal era informante da tropa para os cangaceiros, o que José Passarinho, bêbado, usava contra o mascate. Um belo dia Marta ficou doente. Sinhá dizia ser doença de moça; O mestre sentia muito a doença da filha, e culpava a mulher por tal. Nessa noite, saindo para sua costumeira caminhada, encontrou, mesmo não desejando, com Alípio, que estava querendo saber da tropa, por onde ela andava, para dizer ao capitão Antônio. Ele admirava o cangaceiro e só não ia para o grupo por conta de sua família. Mestre Zé nada sabia, mas o encontro encheu-lhe o vazio. Voltando para casa encontrou com o bicheiro, que lhe disse que o tenente Maurício, que jurara matar o cangaceiro, estava no Pilar. Continuou andando, pensando, e passou perto da casa das velhas do seu Lucindo, onde uma delas morreu, segundo o que diziam, por uma doença que o mestre deu. Ao chegar para ver a velha Lucinda amortalhada, as outras mulheres fugiram, pensando ser lobisomem. Pascoal é preso. Marta melhorou um pouco, mas o mestre continuava desconsolado. Sinhá, indo lavar roupa no rio, conheceu a filha de Marcolino, que sem querer comenta que o povo diz que o mestre é lobisomem. A mulher defende o marido, mas não deixa de ficar preocupada com a situação. Nessa noite, o seleiro voltou de sua caminhada acompanhado de Alípio, que estava em busca de comida para o bando de cangaceiros. Ele também contou como a esperteza do capitão venceu uma batalha no Ingá (pg 60). Amaro gostou da idéia de ajudar o grupo, o que até o animou. No outro dia passou por lá o cego Torquato, também comentando sobre os cangaceiros. Muitos outros passaram, entre eles o comerciante italiano, Vitorino (esse com uma burra do coronel Anísio e, como sempre, discutiu política), Passarinho (que arranjou confusão com Vitorino e, se não fosse por Sinhá e Amaro uma desgraça ocorria), Laurentino. A todo momento, o mestre só pensava no capitão, que até tinha jantado na casa de José Paulino (que fez a filha servir a mesa), até que Irineu apareceu para pedir pro mestre comprar mantimentos e pegar uma encomenda que Alípio fez para o grupo. Nessa noite, o mestre teve um "passamento" (foi encontrado por Lucindo), mas não deixou de ter se preocupar com a encomenda do capitão. Marta volta a adoecer. O único conforto para Sinhá era Adriana, que vinha falar com ela. Ela, cada vez mais, tinha medo do marido. Marta só falava com Adriana. Surge uma história de que coronel Lula iria pedir a casa do mestre. No jantar, Marta tem um ataque de raiva, o mestre chega a bater nela, aumentando a doença do homem, a aflição de Sinhá. Com um remédio que Torquato ensinou, o mestre melhorou um pouco. Alguns vieram saber de sua saúde, que estava tão boa que chegou até em pensar em ir para o Santa Fé, saber o que Lula queria dele. Vitorino começa exercer advocacia; surge a proposta de mandar Marta para Tamarineira, para tratamento. O mestre vai para o Santa Fé, onde recebe a intimação de deixar o engenho. Alípio diz para o mestre que o capitão iria resolver tudo. O mestre pensa no assunto, lembra dos povo, que o temia. A viagem é marcada e Vitorino se dispõem a ir junto com a mulher e a comadre para levar Marta. O mestre ficou, sentido. SEGUNDA PARTE: Capitão Tomás chegou em 1848, com muitos escravos, gado, família e aderentes. Sozinho construiu o Santa Fé, saia com os comboios para vender o açúcar, trabalhava muito, exigia dos escravos o mesmo. Com o tempo construiu dinheiro para a educação das filhas, Amélia e Olívia. Seu único deleite era ouvir a filha ao piano, que ele mesmo trouxera. Um belo dia um parente, Luís César de Holanda Chacon viera visitar o engenho e se engraçara com a mais velha, já em idade de casar. Por esse tempo Olívia adoece, e o já velho capitão cai em desanimo, que só passa com a fuga de Domingos, que ele pessoalmente vai caçar. O castigo ao negro só é amenizado a pedido de Amélia. Enfim chega uma novidade: Lula pede Amélia em casamento. O capitão não permite que a filha mude de sua casa, mas logo percebe que o genro não gosta muito do trabalho, só ficando a ler jornal e ouvir piano. Qualquer reclamação que o senhor fizesse, era aceita com reprovação pelo resto. Um cabriolé é trazido de Recife, sob os cuidados de Lula, mas só nisso ele melhorou. Mas, em compensação, todos ficavam admirados pela carruagem. Nem o nascimento da filha mudou o pensamento do genro. Quando Domingues fugiu novamente, Lula foi junto para procurar o escravo, mas não conseguiram captura-lo. Também foram insultados por um fazendeiro de Campina. O capitão cai em recentimento e nem a recaptura do escravo lhe anima. Trouxera a filha doente para perto, não ligava para o que acontecia na fazenda. D. Mariquinha assume as rédeas do engenho assim que percebeu que o genro não tomava jeito para a coisa. A morte do marido fez que houvesse uma briga em relação ao comando do engenho. Ela ganha a briga, mas é tratada como inimiga dentro de sua própria casa. Não lhe permitem ver a neta, nem quando essa adoece. Esse é o golpe final, que a mata. Lula assume o comando, mas não é tão enérgico, não procurava ver o trabalho. O Santa Fé decrescia, mas o novo capitão não gastaria o dinheiro da herança, que era para a educação da filha. Era fiel ao extremo mas não dava esmolas. Os escravos eram maltratados e, com a Abolição todos foram embora. Foi o dia do primeiro ataque de Lula. Agora ele não ouvia mas a mulher ao piano, mas a filha, que enviava cartas apenas ao pai. No dia da Abolição os negros atacaram o engenho. Só o Boleeiro ficara, Macário, ficara. Os ataques do capitão começaram a ficar cada vez mais constantes, as safras diminuíam cada vez mais. Mas Lula obrigava todos a ostentar um luxo que não existia. Queria casar a filha, mas não com um qualquer. Um problema de terra com o Engenho Velho só foi resolvido pois José Paulino comprou as terras em questão e deu para o capitão para evitar atritos graves. Com a organização da guarda nacional, ele recebeu a patente de tenente-coronel. Sua relação com a filha só mudou quando ele a proibiu de se engraçar com um promotor do Pilar, homem sem família, chegando a matar uma besta por pensar que era o promotor que viera raptar-lhe a filha. O homem tem outro ataque. O povo da várzea estava cada vez mais triste. Todos tinham pena deles, mas ninguém falasse mal de Nunes Machado, pai de Lula, na frente dele que ele ficava uma arara. Mesmo assim se entregou a religião, com seu afilhado Floripes a tocar sinos. Neném se entregara ao completo isolamento. D. Amélia conformava-se com tudo, e de fato parecia a única alma viva da casa. Ninguém se envolvia com política por mais que José Paulino insistice. D. Amélia sustentava o engenho, Lula não mais se envolvia, mas morreria se soubesse de algo. Mas o luxo continuava o mesmo, apesar de ninguém mais querer plantar na várzea. Todos percebiam o abandono do Santa Fé. Todos caçoavam do Santa Fé. O Santa Fé acabara-se. TERCEIRA PARTE. Numa noite o capitão Antônio Silvino Atacou o Pilar. Foram a casa do prefeito mas lá só encontraram a mulher dele, que resistiu forte enquanto pode, mas não impediu que suas coisas fossem dadas para o povo. Mestre Amaro continuava em sua casa. Sinhá fora dormir durante alguns dias na casa de Adriana, e ele sentia que ela não o queria mais. E, se não fosse por Passarinho ele não tinha nem com quem conversar. Não tinha mais coragem para trabalhar e não sabia como iria ficar. O cego Torquato estava preso. Muitos outros estavam sendo presos, e a única esperança de justiça, para o povo, era o capitão Antônio. O cego foi solto (por intermédio de Nô Borges, mas antes apanhara muito, mesmo sem saber de nada, além da preocupação de que seu guia, no medo, abrisse o bico. Vitorino resolve defender o compadre em relação a sua expulsão das terras. Enquanto isso chegava uma carta para o senhor de engenho, do capitão, mandando-o deixar o mestre em sua casa. Vitorino apareceu logo depois e foi expulso aos berros. O senhor de engenho teve um ataque. Vitorino, por sua vez, saiu e parou para dormir no Maravalha. Mas antes que o dia amanhecesse saiu com sua burra, tinha uma causa para defender. No caminho encontrou com a tropa e acabou sendo preso. Juca foi junto para ajudar o homem, que foi transferido para a capital. Sua prisão lhe trouxera respeito. Continuou, assim que foi solto, a defender seu compadre; Sinhá havia voltado para a casa, mas não falava com o marido. José Amaro resolve sair para caminhar e encontra Tiago, que estava indo encontrar com o grupo do capitão Silvino, o que o deixou meio abalado. Chegando em casa, encontra sua comadre preocupada com Vitorino, que tinha brigado com o delegado na porta da casa do juiz. O homem havia fugido pela porta dos fundos da casa do juiz e encontrou a mulher na casa do compadre. A fama de Vitorino aumentava, muitos o apoiavam, seu filho chegou. Trouxe uma casimira escura para o padrinho, foi paparicado pelo pai. Enquanto isso, Adriana tentava convencer o marido a parar de aprontar. Adriana também foi a casa grande do Santa Fé, onde tentou defender seu compadre depois de fazer uns serviços. Seu filho também a convidara para ir morar com ele no Rio, mas ela só aceitaria se o marido fosse junto. O mestre continuava na fazenda apesar de convites para ir morar no Santa Rosa. Sinhá cada vez mais temia o marido. Luís vai embora. Enquanto isso, o Santa Fé, cada vez mais decadente, é visitado por um homem que desejava comprar o engenho, o que deixou o velho nervoso. Nisso o engenho é atacado pelos cangaceiros que estavam em busca das moedas de ouro e só vão embora depois que José Paulino ajudou o coronel (Vitorino também ajuda, mas sem sucesso, levando até surras dos cangaceiros). Vitorino, depois desse incidente, apareceu nos jornais e, depois de ser questionado sobre o que ocorreu no Santa Fé, vendo o cego ser preso e apanhando, resolveu defende-lo com o juiz. Enquanto isso prendem José Amaro e Passarinho (esse, bêbado, pensou que estava sonhando). Vitorino fazia de tudo para soltar os 3, e quando conseguiu foi preso (e seu punhal confiscado). Preso, ele apanha muito. Passarinho tinha ataques de bebedeira. Sua mulher o visitara, mas ele não mudava sua atitude para com os guardas. Ela pensava no filho, que se lá estivesse faria que nada ocorresse com o pai. Todos foram soltos. O guia do cego estava sendo tratado por Adriana, que contou a José Amaro que a mulher o havia abandonado. O mestre só pensava no capitão. Passarinho e o mestre vão para a cassa desse. Enquanto isso Vitorino sonhava com um futuro, talvez na política. Todos iriam saber quem ele era, todos teriam direitos e deveres iguais. Enquanto isso, e enquanto Passarinho ia buscar água, José Amaro se matava. E, enquanto todos os engenhos "botavam", o Santa Fé estava de fogo morto......

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