Resumo - A Moratória

A história se passa em duas fases distintas mas que se interligam pelo contexto da mesma: vamos explica-las separadamente, começando pela que veio primeiro no sentido temporal da história. A situação na fazenda está difícil: não chove, o preço está em queda livre, o café está passando por uma grave crise que quebrou diversas pessoas. Cheio de dívidas, Joaquim só vê saída se receber uma dívida que tem Arlindo, sendo aconselhado por sua mulher Helena a pedir um empréstimo para Elvira, sua irmã. Ele diz que não para tal proposta, alegando que sua irmã e o marido não moveriam uma palha em ajuda deles por terem ficado com a fazenda. Joaquim e Helena possuem dois filhos, Marcelo, um preguiçoso que não quer saber de nada além de vida fácil e Lucília, mais esforçada. Marcelo, como sempre, acordando tarde, fazendo tudo com má vontade, promete que vai começar a se esforçar para ajudar na fazenda. Já Lucília voltou de um curso de costura, no qual apresentou grande talento para tal. Na cidade ela também conheceu Olímpio, um advogado recém formado, com quem está namorando, e que só tem um problema: é filho de um inimigo político de Joaquim (nada mais natural que o pai, a primeira instancia, queira desmanchar o namoro). Elvira aparece trazendo Lucília e más notícias: o preço do café caio a zero e Joaquim também deve dinheiro para ela, que pediu para Augusto, seu marido, para não contesta-la. Tais notícias são o suficiente para chocar. Joaquim tenta receber seu dinheiro de Arlindo, este porém abandonou tudo. Viu uma última esperança em Elvira, mas seu marido não aceitou. A sensação de estar só e perdendo tudo deixa todos apreensivos e nervosos. A relação entre Olímpio e Lucília se agrava pois a menina vê na decadência da família a necessidade dela estar com eles. Olímpio, porém, promete entrar com um recurso se, depois de analisado o processo, descobrir alguma falha. Mesmo assim, a família tem que deixar a fazenda, fazendo-o como se estivesse indo viajar mas sentindo que era algo mais que isso: Joaquim e Helena reparam mais nos defeitos da casa, nos seus problemas, na sua história, no que podiam ter feito lá..... e planejavam cuidar disso tudo quando reaverem a casa .... Três anos mais tarde, Lucília, costurando, Marcelo tentando se adaptar a um emprego, todos dando duro e, ao mesmo tempo, dependendo de Elvira. A situação era difícil, Joaquim sentia-se envergonhado, sobrevivia de esperanças. Ele não queria ver sua família assim mas tinha a esperança de Olímpio reaver a fazenda que, com trabalho duro, pagaria as dívidas. A família está distanciada do resto do mundo. Joaquim estava apressado em saber o resultado do processo. Nem liga mais para o casamento da filha com o advogado, aprovando-o e até criticando por que a data dele não havia sido ainda marcada, ao que Lucília alega que ela não quer deixar seus parentes sozinhos em hora tão difícil. Marcelo, apesar de continuar o boa vida de sempre e trabalhar, não convence ninguém. Lucília não concorda com o temor da mãe quanto ao menino, além de não querer mima-lo ainda mais do que já é, mas as vezes isso se torna impossível. Joaquim lendo o jornal não consegue ficar sem comentar a situação do país e culpar o governo e o P.R.P. por tudo que ocorreu com ele; ele também se sente ruim se inválido, querendo que seus filhos ajam como era na fazenda. Ainda lendo o jornal descobre a possibilidade de se manterem na fazenda: a Moratória, um processo que daria dez anos aos cafeicultores para pagar suas dívidas. Tal traz esperança e alegria a família, que já começa agir como se tudo não tivesse passado de um sonho mal. Joaquim não demora para comprar tudo que fosse necessário para reconstruir sua fazenda. Em contrapartida, Marcelo saio de seu emprego no frigorifico. Discutindo com seu pai, tenta ser realista, coloca que eles não são mais nada, e tudo por contar do velho, que perde a paciência, mandando ele sair de casa (Marcelo também coloca durante a conversa que Joaquim a todo momento só pensava nele, na fazenda e no processo, esquecendo de pensar na família, que ensinou o caminho errado para seguir, não sabia perdoar, etc.). Enquanto Joaquim resolve conferir o resultado do processo com Olímpio, Marcelo e Helena discutem sobre a discussão; Marcelo conta a sua mãe que eles perderam o processo e que não agüentava mais a vida de esperanças de seu pai. Helena, desesperada, sai correndo para tentar impedir que Joaquim descubra o verdadeiro resultado do processo. Lucília aparece com Olímpio sem acreditar no resultado. Quando Elvira aparece para provar um vestido, Lucília deixa transparecer que não gostava de depender da tia, além de contar a derrota no processo. Quando Elvira começa criticar seu pai, ela começa replicar, até virar discussão e Elvira sai. Helena volta, seguida por Marcelo, Joaquim e Olímpio. Lucília ainda tenta dar alguma esperança mas se desespera e sai de cena seguida por Olímpio. Helena e Joaquim começam a pensar na fazenda, que não mais seria deles, lembrando do que estaria acontecendo se estivessem lá.

Informações Extras!

Embora sejam retratados 2 planos diferentes, os 2 terminam ao mesmo tempo, sendo apresentados também ao mesmo tempo.
TEMA: a aristocracia cafeeira caindo; questão do orgulho e divergência política: queda do sistema patriarcal (Joaquim perde o poder de tudo, até da família). Retrata-se um tempo em que se vivia bem, mas trabalhava-se duro: as coisas estão mudando; Os filhos já não eram mais educados para prosseguir com o trabalho no campo (como Marcelo representa e coloca diversas vezes). Para ser inovador, é usado a divisão de dois planos da história: o 1º, o hoje (1932) é o plano da decadência, do trabalho, da humilhação (pedir dinheiro, trabalhar, não ser reconhecido, etc.) Já o 2º plano era o espaço da riqueza, descanso, o patriarcalismo. Diferenças entre os planos: o 1º estava abaixo, com a máquina de costura no centro, a cozinha mostrando a decadência, etc. O 2º mostra a porta de todos os quartos (todos ainda podiam descansar, dormir tranqüilos), um oratório próprio (depois da decadência, eles passam a depender de espaços públicos). A descrição em 2 planos aumenta a tragicidade: num lado, a luta de Joaquim, no outro, Joaquim falido (mostra para o público que toda a luta dele seria em vão). Se não fosse por isso, a tragédia seria menor. Os 2 planos também dinamizam a leitura/representação; Peça lírica - a decadência da fazenda não foi só problema político, mas também enfocou os sentimentos da perda, que não é mostrada na História do Brasil (a literatura mostra que os homens não são números e estatísticas, sim, homens). Pequenas coisas mostram a decadência, indicando que eles talvez não tivessem jeito de cuidar desse tipo de coisa: : o balaústre, o vidro, a porta quebrados, formigas, etc. O galho de jaboticabeira é a lembrança, a esperança e símbolo da fazenda. O fato dele ser seco simboliza que não há esperança. A cozinha (Helena depois da decadência) é o espaço da reconciliação (brigas eram ajeitadas lá). A porta em arco é o sinônimo de luxo, falsidade, luto - sempre que algo era vindo e luxuoso, alguém ficava embaixo da porta, como que querendo se manter com luxo.
O teatro em geral se caracteriza muito pelo palco e sua decoração.
Joaquim: patriarca arruinado; era prepotente (acha que pode brigar, mas acaba cedendo), sem domínio sobre os filhos. Ele cuidava da terra como se está fosse sua família; perde0la era quase sinônimo de perder a vida.
Lucília: é a que mais assumiu a falência, fazendo o que pudesse para viver; é a mais realista, pois sabia que não voltaria; mesmo assim, ela era inconformada (notado pela rapidez do trabalho).
Marcelo: não consegue assimilar a perda. Era quase vadio (dormia até tarde, perdia empregos por não gostar deles, bebia). Era mimado pela mãe(que pode ter causado tudo no filho). Foi o único que questionou a prepotência e falou a verdade para o pai.
Helena: super-protetora, tinha mais esperança, religiosa.
Elvira: egoísta, só pensando nela. Ajudava para reforçar a perda e porque tinha culpa (ela sabia que, se quisesse, teria salvo a família do irmão).
Olímpio: antes da falência, Joaquim era contra o advogado. Depois, ele quer e incentiva o casamento, que não ocorre pois Lucília percebe que sua família precisa dela.

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