Carta de Amor de um Químico
Ouro Preto, zinco de agosto de 1978.
Querida Valência:
Sinto que estrôncio perdidamente apaixonado por ti. Ao deitar-me,
quando descálcio meus sapatos, mercúrio no silício da
noite, reflito e vejo que sinto sódio. Então, desesperadamente, chouro.
Sem ti, Valência,
minha vida é um inferro. Ao pensar que tudo começou com um arsênio
de mão, cloro de vergonha. Sabismuto bem que te amo, embora não
o digas, sei que gostas de um tal de Hélio e também do Hidro-Eugênio.
De antimônio posso assegurar-te que não sal nenhum érbio
e que trabário para viver. Oxigênio cruel tu tens, Valência!
Não permetais que eu cometa algo errádio.
Por que me
fazer sofrer tanto assim, sabendo que tu és a luz que me alumina? Meu
caso é cério, mas não ácido razão para um escândio
social.
Eu soube que
a Inês contou que te embromo com esse namouro. Manganês,
deixa de onda e não acredita niquela disser, pois sabes que nunca agi de
modo estanho contigo. Aliás, se não tiveres arranjado outro argôniomento,
procura um Avogadro e me metais na cadeia. Lembra-te, porém,
que não me sais do pensamento.
Abrácidos
comovidros deste que muito te ama.