Fonte: Site da Anabb -
25.09.2000 A íntegra do relatório do Prof. Dr. Alberto Borges Matias
SUMÁRIO
2.1. Quanto ao Sumário e Contexto do Trabalho........................................................................
4 2.3.1. Análise dos Dados Referentes ao Sistema Financeiro Nacional......... 5 2.3.2. Análise dos Papéis e Lacunas das IFPFs no Sistema Financeiro
Nacional............. 7
2.3.3. Composição do Total de Ativos das Instituições Financeiras Públicas
Federais....... 8
2.3.4. Baixa Coordenação entre as IFPFs................................................
11 2.3.5. Aportes de Capital.........................................................................
11 2.3.6. Análise da Composição de Custos das IFPFs................................ 12
2.3.7. Análise dos Níveis de
Provisionamento e Impactos no Resultado Operacional....... 16 2.3.8. Projeção do Resultado Operacional Corrente Líquido.................... 18
2.3.9. Necessidade de Ajustes na Operação (ROA).................................
19 2.4. Quanto às Alternativas para Reorientação EstratégicA ................ 19
3. INSERÇÃO
DAS IFPFs NO MERCADO FINANCEIRO NACIONAL E INTERNACIONAL................... 21
3.1. Análise do Retorno Sobre o Patrimônio Líquido.. 22
3.2. Análise da Geração de Rendas........................................
23 3.3. Análise da Margem Líquida...............................................
24 3.4. Análise da Alavancagem Operacional....................... 25
3.5.1. Banco do Brasil:............................................................................
27 3.5.2. Caixa Econômica Federal..............................................................
27 3.5.3. BNDES.........................................................................................
28 3.5.4. Banco da Amazônia.......................................................................
28 3.5.5. Banco do Nordeste do Brasil.........................................................
29 ÍNDICE DE
FIGURAS Gráfico 1 - Análise da Distribuição dos Ativos Bancários no Sist
Financ Nacional......... 6 Gráfico 5: Análise das Despesas Pessoais e Administ sobre o
Ativo Operacional.......... 14 Gráfico 6: Análise Comparativa dos Indicadores de Margem
Operacional........................
15 Gráfico 7: Comparativo de Despesas com Provisão para Devedores
de Liquidação Duvidosa com os Ativos Médios de Crédito...............................................................................................
17 INDICE DE TABELAS Tabela 1: Análise Comparativa do Indicador de Retorno sobre o
Patrimônio Líquido... 23
Tabela 4: Análise Comparativa do Indicador de Alavancagem
Operacional.................
26 1. INTRODUÇÃO
Este
trabalho tem por objetivo a análise técnica do relatório do consórcio
BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE de título Instituições Financeiras Públicas
Federais – Alternativas para Reorientação
Estratégica.
Conforme consta do relatório citado, “o objetivo do relatório é
desenvolver alternativas para a reorientação estratégica das Instituições
Financeiras Públicas Federais, que apoie o Estado em melhor atingir seus
objetivos e executar suas funções”.
O trabalho é dividido em seis partes distintas sendo:
I.
Sumário e Contexto do Trabalho
II.
Objetivos do Trabalho III.
Diagnóstico do Conjunto de Instituições Financeiras Públicas
Federais IV.
Questões Críticas para o Redesenho do Conjunto de Instituições
Financeiras Públicas Federais
V.
Alternativas para Reorientação Estratégica VI.
Próximas Etapas As
considerações serão realizadas segundo a estrutura apresentada no
relatório original tornando a análise o mais explícita possível, e
fundamentalmente técnica. Posteriormente,
será realizada uma análise comparativa de mercado das Instituições
Financeiras Públicas Federais, posicionando-as, individualmente, dentro do
Mercado Financeiro Nacional e Internacional. Cabe
ressaltar que o objetivo exclusivo desse trabalho é discutir as propostas
e análises realizadas pelo consórcio BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE,
fazendo valer os objetivos da Audiência Pública, propondo formas
alternativas de análise e desenvolvimento da reorientação estratégica das
Instituições Financeiras Públicas Federais. 2. ANÁLISE TÉCNICA DO RELATÓRIO DO CONSÓRCIO BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE DE TÍTULO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PÚBLICAS FEDERAIS – ALTERNATIVAS PARA REORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
Neste
capítulo o relatório sobre as Instituições Financeiras Públicas Federais
(IFPFs) será analisado em detalhes.
A cada uma das partes mencionadas, serão realizados comentários,
análises e sugestões quando esses se fizerem necessários. O objetivo desse
trabalho não é, portanto, a reconstrução do relatório, e sim apenas uma
análise técnica das informações e conclusões nele contidas. 2.1. Quanto ao Sumário e Contexto do Trabalho
Este
capítulo trata apenas de um agrupamento de análises resumidas as quais
foram desenvolvidas durante todo o trabalho. Não cabe, portanto, nenhuma
análise em especial a essa parte do trabalho, pois elas serão realizadas
de maneira mais profunda durante os próximos capítulos.
2.2. Quanto à Exposição dos Objetivos do Trabalho
O
objetivo
é de reorientação estratégica. Portanto, seria necessário um diagnóstico
estratégico completo, não apenas financeiro, o que torna o estudo
desprovido de fundamentação sólida.
Os
objetivos do relatório produzido pelo consórcio da BA&H-FIPE são
claros e não merecem qualquer consideração adicional. O objetivo é
desenvolver um novo modelo para o conjunto de IFPFs que apoie o Estado em
atingir seus objetivos de governo com maior eficiência avaliando as
atividades atuais das IFPFs, identificando formas eficientes de atender o
Estado na realização de seus objetivos e funções e propondo inclusões e/ou
exclusões de atividades.
Para
tanto, o consórcio optou pela metodologia de analisar as IFPFs
conjuntamente e não individualmente. Essa opção, porém, merece algumas
importantes considerações pois, ao mesmo tempo que tornam-se mais claras
as análises estratégicas, tais como as análises envolvendo duplicações de
esforços e sinergias, tornam análises econômico-financeiras confusas e até
mesmo ineficientes, por não atenderem aos objetivos propostos pelos
autores.
Conforme
pode-se verificar, pelo próprio trabalho do consórcio BA&H-FIPE,
trata-se de 5 instituições muito diferentes com atribuições, estruturas e
portes muito distintos. A consolidação dos demonstrativos financeiros para
análise é, no mínimo, desaconselhável nesse caso. Se algumas instituições
possuem objetivos únicos de atuação, como mensurar quais atividades tem ou
não problemas estruturais, econômicos ou financeiros.
A
evidente
concentração de ativos das três maiores instituições (CEF, BB e BNDES)
influi diretamente e mutuamente na análise dos dados agregados envolvendo
todas as IFPFs. Como interpretar dados acumulados de instituições
diferentes, que possuem diferentes operações (salvo a atividade comercial)
e chegar em resultados que determinam os prós e os contras de todas elas.
Defeitos ou virtudes do BASA e BNB podem estar sendo ofuscados perante
análises nessas condições, por exemplo.
As
IFPFs podem ser analisadas conjuntamente, por serem todas unidas por um
objetivo principal que é o de auxiliar o Estado no cumprimento de seus
deveres. Porém deve-se entender que cada uma possui especificidades que
devem ser analisadas isoladamente e, a partir daí, inseridas em um
contexto mais amplo, como o conjunto todo das IFPFs.
2.3. Quanto ao Diagnóstico do Conjunto de IFPFs 2.3.1. Análise dos Dados Referentes ao Sistema Financeiro Nacional O sistema financeiro nacional conta com a participação do Estado de maneira mais efetiva através de cinco instituições financeiras: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia.
O relatório apresentado pelo consórcio Booz-Allen &
Hamilton – FIPE caracteriza de forma breve, no início de seu diagnóstico,
a atuação e o grau de importância de cada uma das instituições dentro do
contexto nacional e latino-americano, ressalva feita ao volume total de
ativo do Banco do Nordeste que foi de 13,1 bilhões de reais em junho de
1999 e não 13,5 como citado, o que indica descuido com a qualidade dos
números apresentados.
Da mesma maneira são feitas observações a respeito do
contexto histórico e atual papel destas instituições dentro da economia
brasileira, bem como uma visão dos fins de fortalecimento, desenvolvimento
e operacionalização da nossa economia.
A participação das instituições financeiras federais em
volume de ativo no total do mercado financeiro brasileiro é apresentada
através de um gráfico demonstrativo, no qual pode se perceber a grande
importância destes ativos dentro na nossa economia. Gráfico 1 - Análise da
Distribuição dos Ativos Bancários no Sistema Financeiro Nacional1
Já com relação às informações específicas de cada instituição, pode-se atualizar as informações do relatório para a data de julho do ano 2000 a fim de se dimensionar com maior propriedade o grau de abrangência de cada uma das instituições: Banco do
Brasil: · 11,3 milhões de
clientes, · A maior rede de
agências do país – 2.919 agências e um total de 7.388 pontos de
atendimento, · Mais de 89 mil funcionários (incluindo estagiários). Caixa Econômica
Federal: · Mais de 14 milhões de
contas correntes e de poupança, · 50 milhões de
transações/ano de transferência de benefícios, · 1.692 agências e
total de 7919 pontos de atendimento, incluindo 6.003 casas lotéricas, · Mais de 99 mil
funcionários (incluindo estagiários). BNDES: · 160 agentes
financeiros correspondentes para repasse de recursos · Mais de 1.600
funcionários. Banco do
Nordeste: · Mais de 950 mil
clientes (entre correntistas e transacionais), · 174 agências e 18
postos de atendimento, · Mais de 6500
funcionários (incluindo estagiários). Observação: Os demonstrativos do
FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) não foram
considerados em análises posteriores. Banco da
Amazônia: · Mais de 130 mil
correntistas e outros que recebem crédito da instituição sem serem
correntistas, · 82 agências e 17
postos de atendimento, · Mais de 2.900
funcionários (incluindo estagiários). Observação: Os demonstrativos do
FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte) não foram
considerados em análises posteriores.
2.3.2. Análise dos Papéis e Lacunas das IFPFs no Sistema Financeiro Nacional Em seguida o
relatório trata, com propriedade, das diversas funções do Estado exercidas
pelas IFPFs nos diversos ramos de atividade em que estas estão inseridas,
com a única ressalva referente à participação da Caixa Econômica Federal
no apoio à agricultura através do PRONAF, que não foi citada.
Com relação aos objetivos do Estado e o apoio fornecido
pelas IFPFs no cumprimentos destas metas, o relatório BA&H – FIPE,
sintetizou bem os principais tópicos referentes a esta parceria em todas
as áreas de atuação; para depois fazer uma análise crítica da atuação das
IFPFs, bem como do sistema financeiro em geral.
A questão da inadimplência envolve outros fatores além do
chamado “risco moral” e como veremos mais adiante vem tendo uma atenção em
busca de melhorias. Em seguida o relatório, na página III-7, trata da
questão da agricultura onde releva o fato de que apenas 5% do déficit
habitacional brasileiro é coberto pelas IFPFs, deixando de lado que dentro
deste contexto a Caixa Econômica Federal é responsável por mais de 50% dos
financiamentos no país, neste segmento, sendo portanto de fundamental
importância.
A atuação comercial das IFPFs é criticada pelo seu alto grau
de superposição, contudo esta é uma área dissociada do objetivo principal
de cada uma das instituições e representa uma fonte de captação de
recursos para algumas das IFPFs representando oportunidade de sinergia, o
que é apresentado como salutar em qualquer manual de estratégia. 2.3.3. Composição do Total de Ativos das Instituições Financeiras Públicas Federais
O Gráfico 2 ,
ilustrado na página 10 da parte III do relatório, demonstra a composição
do total de ativos das IFPFs.
Os dados representados no gráfico estão de acordo com os dados
publicados nos demonstrativos financeiros dos bancos no período
indicado-Jun/1999.
A parcela do ativo total indicada no gráfico, que representa
as áreas dissociadas dos objetivos do Estado, é contestável, já que o
relatório não indica o critério utilizado para fazer esta estimativa. Além disso, o relatório prima pela falta
de exposição clara dos critérios utilizados. Gráfico
2:
Composição do Total de Ativos das IFPFs[1]
A conta títulos e valores mobiliários das cinco instituições
federais representa 19% do ativo total, e no caso do Banco do Brasil, esta
conta representa 61,6% do total dos cinco bancos, sendo que 83,4% estão
alocados no longo prazo. Como
diz o relatório, parte dos títulos do Banco do Brasil são referentes à
securitização de dívidas, mas isso não os desvincula dos objetivos do
Estado. Ressalte-se que, mais
recentemente, o Banco do Brasil e a CEF vêm sendo utilizados como
captadores de recursos para o Tesouro.
Utilizando o mesmo critério aplicado na análise da
composição do total de ativos das IFPFs, temos a seguir o Gráfico 3
representando as instituições federais separadamente. Podemos observar que a composição
das contas é distinta nas cinco instituições, tornando a análise mais
detalhada e clara se comparada à análise de todas elas em conjunto. Essa distinção apresentada se deve
às diferentes funções exercidas pelas instituições, o que reflete nas suas
contas. Portanto, se a
dispersão dos dados é tão grande, qualquer análise agregada não tem valor
de conclusão fundamentada. Gráfico
3
: Composição do Total de Ativos das IFPFs - Detalhado[2]
Mais uma vez na página 14 da parte III do relatório, faz-se
um diagnóstico da distribuição dos ativos, utilizando o mesmo critério que
o apresentado na análise da página 10. Em um primeiro momento, uma
estimativa das carteiras econômico-sociais é feita sem apresentação de um
critério claro e específico.
Depois, várias afirmações são feitas com base nestas estimativas
levantadas pelo consórcio, sendo que algumas delas são contestáveis.
Antes de mais nada temos que lembrar que o Estado Brasileiro
precisa continuar atuando diretamente no financiamento da agricultura, da
habitação, do saneamento, do desenvolvimento regional e dos projetos
privados de longa maturação e demorado retorno. Os agentes privados não têm
vocação nem apetência para financiar estes projetos. E estes bancos nada mais são que
instrumentos de execução da política pública.
Algumas das questões levantadas nesta análise referem-se à
falibilidade do Estado em gerenciar riscos. O Estado se mostra pouco flexível
para negociar crédito, em razão da interferência política que é presente
nas decisões dos bancos. E
também à questão da punição pouco severa no caso de atrasos. Podemos
observar que não resta muitas opções ao Estado no esforço de recuperação
destes créditos, pela falta de flexibilidade e também pela ineficiência da
avaliação de riscos. Mas já
percebe-se uma melhor administração do risco de crédito proporcionado pela
resolução 2682 que entrou em vigor em março deste ano, a qual também estão
sujeitas as instituições federais.
No caso de instituições privadas, não podemos esquecer o
ocorrido com os bancos Commind, Bamerindus, Nacional e Econômico, dentre
outros, e seus prejuízos para o setor público. 2.3.4. Baixa Coordenação entre as IFPFs
A análise seguinte da página III-11 discute a baixa
coordenação entre as IFPFs que gera sobreposição e desperdiça
oportunidades de sinergia.
Não há comprovação em nenhuma parte no relatório.
A sobreposição observada nas instituições não é relevante
pois refere-se a outras funções de menor importância que estão separadas
da sua função principal.
Portanto os ganhos sinérgicos proporcionados pela integração das
instituições não seriam representativos, uma vez que as instituições são
especializadas naquela atividade que desempenham. É caso do Banco do Brasil, que é o
principal agente da política de crédito agrícola do governo e responde por
mais de 70% do financiamento agrícola: basta simular a fusão da CEF e BB.
2.3.5. Aportes de Capital O gráfico III-12, que demonstra o total de aportes de capital e dividendos dos últimos cinco anos, apresenta uma falha quanto à somatória. A barra do gráfico que indica o aporte total soma R$ 10 bilhões, enquanto que a somatória das barras de dividendos e aporte líquido não somam o mesmo valor. De acordo com o gráfico do relatório a distribuição de dividendos no período totaliza R$ 2,4 bilhões e o aporte líquido R$ 7,8 bilhões, o que soma R$ 10,2 bilhões, havendo uma diferença de R$ 200 milhões.
A barra que indica o aporte líquido representa em sua
totalidade o aporte feito no Banco do Brasil na data de 17/06/96, quando
foi feita uma subscrição pública totalizando R$ 7.997.478 mil.
Também, na análise de aportes realizados pelo governo,
podemos identificar a desvantagem de se utilizar dados consolidados das
cinco IFPFs analisadas. É clara a maior participação do Banco do Brasil
que, apenas em 1996, demandou mais de 80% de todo o aporte necessário nos
cinco anos pelas cinco instituições. Esse aspecto influi, negativamente,
na análise das instituições cujos aportes não existiram ou foram mais
modestos. 2.3.6. Análise da Composição de Custos das IFPFs Na página
III-16, o relatório afirma que o sistema atual das IFPFs apresenta
ineficiência estrutural entre o nível de receitas e despesas operacionais.
Para dar suporte a tal afirmação, foi utilizado um gráfico que mostra a
relação entre as Despesas Administrativas / Receitas Operacionais. Algumas
observações devem ser feitas quanto ao conteúdo dessas informações. O relatório da
BA&H-FIPE apresenta como conceito de Receitas Operacionais, conforme
explicitado nas notas abaixo do gráfico citado no Estudo, o Resultado
Bruto da Intermediação Financeira mais Receitas de Prestação de Serviço
mais Resultados de Participação em Coligadas. Efetivamente Receitas
Operacionais correspondem às Receitas da Intermediação Financeira mais as
Receitas com Prestação de Serviços e não como o exposto. Dessa forma,
ocorre uma grave divergência entre o gráfico e o seu título, prejudicando
a compreensão e entendimento das análises, e conduzindo o leitor ao
engano, em decorrência do título dado ao gráfico desse estudo. É óbvio que resultado não é
receita. Este conceito incorreto permeia todo o trabalho e suas
conclusões. Comparando as
despesas administrativas e de pessoal com as receitas operacionais
efetivas, pode-se notar a inversão da situação proposta pelo relatório do
Consórcio BA&H-FIPE. Gráfico 4: Análise das Despesas Administrativas e de Pessoal em Função das Receitas Operacionais[3] As IFPFs
apresentam custos relativos às receitas menores em relação à mediana dos
Grandes Bancos e ao consolidado do Grupo de Comparação nos anos de 1998 e
1999. Nota-se ainda que o Grupo de Comparação utilizado no relatório da
BA&H-FIPE apresenta custos em função de receitas muito maiores que os
demais grupos, demonstrando mais uma vez que essa amostra não reflete o
Mercado Financeiro Nacional como um todo. Analisando a
composição de custos (Administrativos e de Pessoal) em função dos ativos
operacionais dos grupos de instituições, obtém-se os seguintes resultados,
demonstrados no Gráfico
5 . Gráfico
5:
Análise das Despesas Pessoais e Administrativas sobre o Ativo
Operacional[4] Analisando os custos dos três grandes grupos por esse conceito temos as IFPFs com a menor relação de custos em relação aos ativos. Menor, inclusive, que a mediana dos grandes bancos nacionais que, por sua vez, possui indicadores menores que o grupo de comparação utilizado no relatório da BA&H-FIPE. É importante notar que, sob diferentes conceitos, pode-se chegar a diferentes resultados de análise, e todos devem ser considerados em um trabalho de tamanha relevância. Ainda em
relação ao gráfico da página III-16, há uma linha pontilhada cortando o
gráfico, aparentemente quando as Despesas Administrativas atingem 100% das
Receitas Operacionais, conforme definição do relatório. A partir dessa
linha, há uma seta indicando prejuízos quando a mesma é superada pelas
barras do gráfico. Fica a dúvida de qual tipo de prejuízo refere-se a
notação: bruto, operacional ou líquido. Melhor seria, de acordo com o
objetivo desse tópico, uma comparação entre as margens operacionais dos
grupos citados, como mostra o gráfico a seguir, o que demonstra que
somente em 1995 e 1996 as IFPFs apresentaram margem operacional menor que
os grupos de referência. Gráfico 6: Análise
Comparativa dos Indicadores de Margem Operacional[5]
Além dos grupos citados no relatório da BA&H-FIPE, foi
incluído um novo grupo como pode-se verificar. Este novo grupo refere-se à
mediana dos indicadores dos bancos de grande porte, excluindo-se apenas as
IFPFs. Foram analisados 34 bancos para compor esses indicadores. Como
podemos verificar através do gráfico, a margem bruta das IFPFs é
compatível à mediana dos Grandes Bancos e menor que a margem bruta do
Grupo de Comparação.
A partir desta análise podemos afirmar que há ineficiência
estrutural entre o nível de receitas e despesas operacionais em relação
apenas ao grupo de comparação e não ao mercado como um todo. Nota-se,
portanto, que o Grupo de Comparação não reflete o padrão de resultados
encontrados no mercado. Em resumo, o problema é essencialmente relacionado aos baixos spreads praticados pelas IFPFs, e não pelos níveis elevados de despesas como afirmado no relatório.
[1] Os grupos de contas representados no gráfico incluem as mesmas contas indicadas no relatório do consórcio. [2] Dados obtidos de balanços publicados referentes ao primeiro semestre de 1999. [3] Receitas Operacionais = Receitas de Intermediação Financeira +
Receitas de Prestação de Serviços Grupo de Comparação
formado por Itaú, Bradesco, Real e Unibanco Grupo de Grandes Bancos representado pela mediana dos indicadores de 35 grandes bancos nacionais [4] Grupo de Comparação formado dados consolidados de Itaú, Bradesco, Real e Unibanco; Grandes Bancos representa a mediana dos indicadores de 35 grandes bancos nacionais; Foram utilizados demonstrativos financeiros consolidados anuais das instituições. [5] Grupo de Comparação é composto pelo consolidado de Itaú, Real, Bradesco e Unibanco; Grupo de Grandes Bancos é composto pela mediana de indicadores de 35 bancos de grande porte; Margem Operacional é definida por: Resultado Operacional / (Receitas de Intermediação Financeira + Receitas de Prestação de Serviços); 1.1.1. Análise dos Níveis de Provisionamento e Impactos no Resultado Operacional Considerando
problemática a carteira de créditos das IFPFs, o relatório da BA&H –
FIPE considera baixo o grau de provisionamento utilizado por estas
instituições em comparação com algumas outras do mercado financeiro
nacional e afirma ainda que um aumento neste nível de provisionamento
agravaria ainda mais este quadro já que as despesas operacionais
aumentariam muito.
Vemos porém, através da correta construção do gráfico (tendo
como base que os Ativos de Crédito são formados pela soma de Operações de
Crédito e Outros Créditos; no curto e longo prazos) que a diferença entre
o provisionamento realizado pelas IFPFs não está tão distante dos
indicadores medianos encontrados na amostra proposta de bancos
privados.
Esta diferença também deveu-se ao fato de que os cálculos
feitos no relatório do Consórcio BA&H – FIPE parecem considerar
diferentes conceitos de Ativos Médios, ou até mesmo, Ativos de Crédito,
uma vez que os indicadores calculados neste trabalho são, em média, a
metade dos encontrados no relatório. O conceito de Ativo Médio, utilizado
na construção correta do gráfico, resulta da média entre o Ativo Total do
ano corrente e do ano anterior.
Para efeito de comparação foi colocado neste novo gráfico
comparativo os dados referentes a um grupo de 30 bancos privados que atuam
no mercado financeiro nacional a fim de tornar a comparação mais
condizente com a realidade do mercado e não só de 4 dos maiores bancos
brasileiros. Gráfico
7:
Comparativo de Despesas com Provisão para Devedores de Liquidação Duvidosa
com os Ativos Médios de Crédito1
Como pode-se perceber pelo gráfico, o grau de
provisionamento em comparação ao volume de ativos de crédito das
instituições públicas federais não apresenta grandes diferenças
relativamente ao grupo formado pelos grandes bancos do mercado nacional.
Além disso
observa-se que, desde 1997, vem ocorrendo uma equiparação entre todas as
instituições consideradas, decorrente de uma leve diminuição por parte dos
quatro grandes bancos e um aumento no volume de provisionamento das demais
instituições públicas e privadas. Mesmo com as
modificações, ainda há um gap de provisionamento entre as IFPFs e os
demais bancos utilizados como amostra no relatório da BA&H - FIPE,
porém, bem menor que o inicialmente sugerido, como pode ser observado pelo
Gráfico 7 .
Ademais, é conhecido o sobreprovisionamento resultado por algumas das
quatro grandes instituições bancárias privadas. 1.1.2. Projeção do Resultado Operacional Corrente Líquido Na página III-19 do relatório, faz-se uma projeção de dez anos do resultado operacional corrente líquido com base em algumas observações iniciais sobre o setor financeiro. A partir dessa projeção algumas observações podem ser feitas: §
A terminologia
da conta utilizada (resultado operacional corrente líquido) para a
projeção não é usual e não deixa claro qual o resultado em questão. Há a
necessidade de maior detalhamento sobre a composição de tal
resultado; §
As projeções
basearam-se em algumas premissas sobre o Setor Financeiro. Das tendências
citadas, nenhuma foi quantificada ou exposta de maneira que possa ser
realizada uma análise técnica sobre seus impactos nos resultados das
IFPFs; §
Quanto ao
contexto do modelo atual das IFPFs, não são explicados ou quantificados os
conceitos para a composição da tendência de crescimento dos ativos das
IFPFs. O mesmo fato ocorre com a premissa de manutenção dos ganhos de
produtividade históricos; não há conceituação e quantificação
inviabilizando a análise mais aprofundada; §
Novamente as
instituições financeiras são analisadas em conjunto causando distorção nos
dados devido às disparidades existentes entre os objetivos e volumes de
investimento. No caso específico de projeções, as instituições deveriam
ser analisadas separadamente para depois consolidar-se os resultados. O
pressuposto de que as variáveis internas e externas afetem igualmente os
resultados das cinco instituições invalida os requisitos da projeção e,
consequentemente, seus resultados; §
Os prejuízos do
Banco do Brasil em 1995 e 1996 são determinantes nas previsões das demais
IFPFs, o que não deveria ocorrer em hipótese alguma. Além disso, são
desprezados os últimos esforços do Banco do Brasil e Caixa visando seu
saneamento. Concluindo,
pode-se afirmar, através de uma rigorosa análise, que os resultados
projetados não possuem fundamentos científicos sólidos que justifiquem a
sua aceitação como provável cenário para as IFPFs. Ademais, todas as
análises realizadas com parâmetros nos resultados dessa projeção estão
seriamente comprometidos. 1.1.3. Necessidade de Ajustes na Operação (ROA) Dando continuidade à análise da projeção do resultado operacional, o relatório apresenta a gravidade dos desequilíbrios projetados e a exigência de uma reestruturação profunda das IFPFs. Segundo o relatório, os valores projetados para o período de 2003 a 2009 representam -0,2% do ativo total das instituições. A partir desta situação de prejuízo, não fundamentada como vimos anteriormente, é estimado um retorno sobre ativo equivalente a 1,2% de forma que compense o prejuízo e dê aos bancos um retorno de 1,0% sobre ativo. Ilustra-se também no gráfico algumas formas dos bancos ajustarem suas contas para proporcionar melhorias que tenham reflexo positivo no resultado, atingindo portanto o retorno mínimo desejado. Essas possíveis soluções colocadas são meramente ilustrativas pois não apresentam nenhum fundamento. Seus valores simplesmente eqüivalem ao montante necessário para o banco alcançar tais níveis de retorno sobre ativo. Este retorno de 1,0% é colocado como sendo o retorno sobre ativo mínimo para que as instituições atendam à demanda de crescimento e para que se auto-sustentem. No relatório não é demonstrado como se chega a este valor mínimo do retorno.
Da mesma maneira critica-se o fato da análise colocar
parâmetros de crescimento e cortes orçamentários tão específicos para as cinco instituições financeiras
como se a situação financeira e projeções futuras pudessem ser
genericamente colocadas numa análise única. É evidente que estas
instituições devem estar sempre em busca de melhorias em seus rendimentos
e redução nos seus custos e despesas. 1.2. Quanto às Alternativas para Reorientação Estratégica No capítulo V
foi feito um mapeamento da estrutura financeira em diversos países para
depois serem propostas novas alternativas para redesenho do conjunto de
instituições financeiras públicas federais dentro do sistema financeiro
nacional.
Contudo estas propostas partem do princípio que o sistema
atual apresenta problemas de duplicidade de carteiras, deficiência
tecnológica, falta de foco em questões fundamentais como agricultura e
habitação, além de críticas às atuações comerciais das instituições;
quando na verdade pode-se ver ao longo deste relatório que estas questões
não podem ser generalizadas e tratadas como foram.
Todos estes pontos já foram discutidos anteriormente e como
comprovou-se, apresentaram falta de fundamentação ou generalização por
parte do relatório da BA&H.
Assim, não são validas as conclusões apresentadas no
relatório, por absoluta falta de caráter científico, fundamental a uma
discussão no nível exigido. 2.
INSERÇÃO DAS IFPFs NO MERCADO FINANCEIRO
|
LL/PL
= LL/REC x REC/ATo x ATo/PL |
onde:
LL/PL , representa a
rentabilidade patrimonial;
LL/REC, representa a margem
líquida;
REC/ATo, representa a geração
de renda dos ativos operacionais[1];
ATo/PL, representa a
alavancagem operacional.
Quanto ao período analisado, foram avaliados os demonstrativos
financeiros anuais consolidados das instituições dos anos de 1997, 1998 e
1999. Cabe ressaltar ainda que para o BNB e o BASA não foram considerados
os saldos das contas relativas ao FNE e FNO respectivamente.
De acordo com o Modelo de Rentabilidade selecionado para
essa análise, temos o Retorno sobre o Patrimônio Líquido como uma
composição de outros indicadores que o compõe.
Como pode-se avaliar pela Tabela 1 , com exceção do BASA, as
demais IFPFs apresentaram, em 1999, indicadores de Retorno sobre o PL
inferiores aos padrões nacionais e internacionais avaliados pela análise
das amostras. Apesar do BASA apresentar ótimos indicadores em 1999, nos
períodos anteriores, o seu Retorno sobre o PL fica entre os padrões
nacionais e internacionais calculados.
Tabela
1:
Análise Comparativa do Indicador de Retorno sobre o Patrimônio
Líquido
Outra constatação é a diferença entre as rentabilidades
medianas do mercado nacional e das instituições estrangeiras.em 1999 a
diferença foi de 3,6%. Em 1998 de 3,2%. E, em 1997, 9,3%. As
rentabilidades internacionais foram maiores em todo o período
analisado.
Quanto às IFPFs, apesar de apresentar retornos sobre o PL
menores em 1999, nos períodos anteriores, o Banco do Brasil e a CEF,
apresentaram rentabilidades semelhantes ou superiores à mediana das
grandes instituições nacionais, demonstrando um desempenho favorável nesse
período. É importante ressaltar os ganhos obtidos pelas instiutições
privadas com a desvalorização cambial, o que não ocorreu com as
instituições públicas.
O indicador de Geração de Rendas mostra o quanto a
instituição gera de receitas em função de seus stivos operacionais. Em
outras palavras, pode ser compreendido, de forma didática, como sendo o spread médio cobrado
pelo banco em suas operações.
Analisando os indicadores do Tabela 2 a primeira relação
importante a ser realizada é a diferença histórica dos indicadores de
instituições nacionais e internacionais. Os bancos estrangeiros que
compõem a amostra analisada apresentaramm spreads muito menores que os
apresentados pelos bancos nacionais. Isso ocorre, basicamente, pela
diferença das taxas de juros praticadas no exterior em comparação às altas
taxas brasileiras. Essa discrepância demonstra a necessária tendência de
queda das margens a médio e longo prazos, com a equiparação gradativa das
taxas de juros do Brasil a, pelo menos, a dos países emergentes. Indica,
também, o forte desajuste provocado no Sistema Bancário Nacional pela
política de elevadas taxas praticadas pelo Governo, gerando forte
dependência do Bancos Brasileiros a elevados spreads.
Tabela
2:
Análise Comparativa do Indicador de Geração de Rendas
Quanto às IFPFs, seus indicadores de Geração de Rendas, em
1999, encontram-se abaixo das medianas das instituições nacionais e acima
das internacionais, exceto o BNB que apresentou indicadores muito altos,
diferentemente dos dois períodos anteriores, quando acompanhava as demais
IFPFs. A diferença entre as IFPFs e a mediana dos Grandes Bancos nacionais
cresceu no período, sendo que, em 1997, a CEF, o BASA e o BNB apresentavam
indicadores superiores à mediana do mercado.
É importante também ressaltar o aumento da geração de rendas
do BNDES no período analisado, notadamente em 1999, quando atingiu níveis
comparáveis às demais IFPFs.
O indicador de Margem Líquida mede a rentabilidade das
operações realizadas pelas instituições financeiras em função de suas
Receitas Operacionais.
Analisando o Tabela 3 verifica-se que as Margens Líquidas
praticadas pelas Instituições Estrangeiras são muito maiores que as
praticadas pelos Grandes Bancos nacionais. Apesar das Matrizes
Estrangeiras trabalharem com menores spreads, elas praticam maiores
margens líquidas devido, principalmente, aos ganhos de escala conseguidos
via atuação no Mercado Financeiro Global.
Tabela
3:
Análise Comparativa do Indicador de Margem Líquida
Com exceção do BASA, as demais IFPFs apresentam, em 1999,
margens líquidas inferiores às apresentadas pelas medianas dos Grandes
Bancos Nacionais. Nos períodos anteriores, o BNDES, o BASA e o BNB
apresentavam indicadores superiores ou semelhantes às medianas do mercado
nacional.
Nota-se também as baixas margens praticadas pelo BB e pela CEF que,
durante todo o período analisado foram as instituições de menor margem,
por serem, também as de menor spread. A CEF, por exemplo, apresentou em
1999 um indicador de Margem Líquida três vezes menor que a mediana do
setor de grandes bancos nacionais.
Além de comprovar que as IFPFs trabalham com margens bem menores do
que as margens do setor privado, invalida a utilização do indicador
fundamentado na receita operacional conforme conceito do relatório da
BA&H e FIPE.
O indicador de Alavancagem Operacional mede a proporção dos Recursos
Próprios em função dos Ativos Operacionais avaliando, indiretamente, a
participação do Capital de Terceiros no financiamento dos Ativos
Operacionais.
Comparando as Alavancagens dos Bancos Internacionais às medianas dos
Grandes Bancos Nacionais, nota-se uma sensível diferança. Os menores
spreads apresentados pelas Matrizes Internacionais são compensados pelos
ganhos de escala gerados pela maior alavancagem, relativamente aos bancos
nacionais. Já os Grandes Bancos Nacionais apresentam baixa alavancagem e
elevados spreads.
Tabela 4: Análise
Comparativa do Indicador de Alavancagem Operacional
É notório também a discrepância entre os indicadores de
alavancagem do BB e da CEF em comparação aos grandes Bancos Nacionais e às
demais IFPFs. Durante todo o período essas duas instituições se apresentam
com alavancagens superiores às demais instituições nacionais. Dentre as
IFPFs, o BNDES é o que apresenta menor alavancagem em 1999.
Quanto à comparação entre o Mercado Financeiro Nacional e o
Internacional pode-se anotar que o Mercado Financeiro Nacional
apresenta:
·
Menor Retorno sobre o
PL;
·
Geração de Rendas
muito superior;
·
Margens Líquidas
inferiores;
·
Menor Alavancagem
Operacional.
Essa situação sugere algumas tendências para o Mercado Financeiro
Nacional no contexto da competitividade e globalização, tais como:
·
Queda dos spreads, com
a equiparação gradual de taxas de juros;
·
Necessidades do
aumento do grau de Alavancagem das Instituições Financeiras;
·
Ganhos de Escala como
forma eficiente de diluir custos operacionais e aumentar Margens
Líquidas.
As instituições financeiras brasileiras devem estar atentas a essas
tendências no sentido de manter a sua competitividade no mercado global,
cada vez mais competitivo. Nesse cenário, pode-se construir um breve
resumo da situação de cada IFPF em relação aos Mercados Nacional e
Internacional:
O Banco do Brasil apresenta Retorno sobre o PL menor que as medianas
das duas amostras de comparação. Esse fato se deve, basicamente, à baixa
Geração de Rendas e Margem Líquida, resultados da aplicação de um baixo
spread. A baixa margem pode ser explicada, em parte, pelas baixas taxas
cobradas no Incentivo à Agricultura e demais programas governamentais, que
além de contar com baixas taxas de juros de operação ainda são suscetíveis
a diversos riscos financeiros.. Outro importante fator é o alto nível de
inadimplência apresentado pela instituição.
Com a tendência de diminuição dos spreads dos bancos privados
nacionais, suas margens e spreads devem, gradativamente, se aproximar da
mediana dos Grandes Bancos Nacionais, desde que Políticas de Crédito e
Estrutura de Custos sejam otimizadas.
O banco apresenta também níveis de alavancagem muito altos
comparativamente ao mercado nacional. Provavelmente, aumentos de Capital
Próprio serão demandados.
O maior problema da CEF é o seu alto nível de alavancagem,
muito acima dos parâmetros médios do Mercado Financeiro Nacional, fato
esse que provavelmente demandará aumentos de Capital Próprio para se
adequar ao sistema.
Quanto à rentabilidade, a CEF apresenta-se também
deficitária em relação às medianas dos grupos de comparação selecionados.
Além de possuir Geração de Renda inferior, dentre os grupos e instituições
analisadas, a CEF é a que apresenta menor Margem Líquida em todo o
período, situação decorrente dos tipos de operações que a CEF realiza. Os
setores por essa instituição atendidos são pouco rentáveis e apresentam,
via de regra, altas taxas de inadimplência.
A sustentação de sua rentabilidade está, principalmente, nos altos
níveis de alavancagem. Com a diminuição da alavancagem, a instituição
deverá reestruturar suas políticas de crédito e custos afim de manter suas
margens e, consequentemente, sua rentabilidade. O aumento de atividades
comerciais seria desejável visando aumento da Geração de Rendas para o
financiamento das atividades de apoio aos objetivos do Estado.
Dentre as IFPFs, o BNDEs é a instituição que apresenta
menores indicadores de Retorno sobre o PL. Isso deve-se principalmente ao
fato de que é a mais capitalizada das IFPFs apresentando os mais baixos
níveis de Alavancagem Operacional, próximos aos indicadores da mediana dos
Grandes Bancos Nacionais.
Em 1997 e 1998 a instituição apresentou menor Geração de
Rendas e maior Margem Líquida, comparativamente ao ano de 1999. Em 1999
houve um crescimento significativo da Geração de Rendas e uma queda na
Margem Líquida, alterando as bases de sustentação de sua
rentabilidade.
Das IFPFs, o BNDES é a instituição que possui atribuições
mais específicas e diferentes das praticadas no Sistema Financeiro Nacional como
um todo, portanto, análises comparativas entre essas instituições
tornam-se incoerentes e servem apenas de base para avaliação da
instituição. O BNDES vem cumprindo de forma satisfatória a função de
fomentar o desenvolvimento nacional, principalmente provendo
financiamentos e empréstimos de longo prazo com juros inferiores aos
praticados pelo mercado.
O BASA e o BNB são instituições com objetivos muito parecidos, assim
como seu desempenho no mercado financeiro.
O BASA apresentou um Retorno sobre o PL muito superior ao apresentado
pelas demais instituições analisadas em 1999. Nos anos anteriores, esses
indicadores foram compatíveis ou superiores à mediana dos Grandes Bancos
Nacionais. Apesar de possuir Geração de Rendas inferior à mediana do
Mercado Nacional, o BASA conseguiu altos índices de Margem Líquida,
mantendo a Alavancagem Operacional aos mesmos níveis dos Grandes Bancos
Nacionais.
Com a manutenção de Margens compatíveis às medianas internacionais e
aumento progressivo da alavancagem, o BASA deve conseguir manter sua
rentabilidade mesmo com o possível efeito negativo da queda dos spreads
bancários.
O BNB é a segunda pior IFPF analisada quanto ao Retorno sobre o PL,
sendo superior apenas ao BNDES. Seus indicadores de Retorno sobre o PL
apresentaram queda durante todo o período, fechando 1999 com índices bem
abaixo dos apresentados pelas medianas dos bancos nacionais e
internacionais.
O maior problema competitivo do BNB foram, em 1999, as Margens Líquidas praticadas,
pois a instituição apresenta Alavancagem Operacional e Geração de Rendas
compatíveis com a mediana dos Grandes Bancos Nacionais. A queda das
margens em 1999 foi, em parte, compensada pelo sensível aumento de Geração
de Rendas, em termos de rentabilidade.
Assim como o BB e a CEF, o BNB deve ajustar sua operação afim de manter melhores Margens Líquidas em suas operações. Com a tendência gradativa de aumento da Alavancagem Operacional (apenas no caso do BNB, visto que Alavancagens de BB e CEF já são muito altas) e ajustes da Margem Líquida (via reestruturação de custos e políticas de crédito), os efeitos da possível diminuição da Geração de Rendas devem ser combatidos garantindo assim a rentabilidade da instituição