O primeiro e único banco da AmazôniaPromovendo o desenvolvimento integrado da região

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 Fonte:  Site da Anabb - 25.09.2000

A íntegra do relatório do Prof. Dr. Alberto Borges Matias

 

ANÁLISE TÉCNICA DO RELATÓRIO “INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PÚBLICAS FEDERAIS - ALTERNATIVAS PARA REORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA” PRODUZIDO PELO CONSÓRCIO BOOZ-ALLEN & HAMILTON - FIPE

  Agosto/2000  

SUMÁRIO

1.      INTRODUÇÃO............................................................................................... 3

2.      ANÁLISE TÉCNICA DO RELATÓRIO DO CONSÓRCIO BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE DE TÍTULO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PÚBLICAS FEDERAIS – ALTERNATIVAS PARA REORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA........ 4

2.1.       Quanto ao Sumário e Contexto do Trabalho........................................................................ 4

2.2.       Quanto à Exposição dos Objetivos do Trabalho.................................................................. 4

2.3.       Quanto ao Diagnóstico do Conjunto de IFPFs......................................................................... 5

2.3.1.        Análise dos Dados Referentes ao Sistema Financeiro Nacional......... 5

2.3.2.        Análise dos Papéis e Lacunas das IFPFs no Sistema Financeiro Nacional............. 7

2.3.3.        Composição do Total de Ativos das Instituições Financeiras Públicas Federais....... 8

2.3.4.        Baixa Coordenação entre as IFPFs................................................ 11

2.3.5.        Aportes de Capital......................................................................... 11

2.3.6.        Análise da Composição de Custos das IFPFs................................ 12

2.3.7.        Análise dos Níveis de  Provisionamento e Impactos no Resultado Operacional....... 16

2.3.8.        Projeção do Resultado Operacional Corrente Líquido.................... 18

2.3.9.        Necessidade de Ajustes na Operação (ROA)................................. 19

2.4.       Quanto às Alternativas para Reorientação EstratégicA ................ 19

3.      INSERÇÃO DAS IFPFs NO MERCADO FINANCEIRO NACIONAL E INTERNACIONAL................... 21

3.1.       Análise do Retorno Sobre o Patrimônio Líquido.. 22

3.2.       Análise da Geração de Rendas........................................ 23

3.3.       Análise da Margem Líquida............................................... 24

3.4.       Análise da Alavancagem Operacional....................... 25

3.5.       CONCLUSÕES............................................................................................ 26

3.5.1.        Banco do Brasil:............................................................................ 27

3.5.2.        Caixa Econômica Federal.............................................................. 27

3.5.3.        BNDES......................................................................................... 28

3.5.4.        Banco da Amazônia....................................................................... 28

3.5.5.        Banco do Nordeste do Brasil......................................................... 29

 

ÍNDICE DE FIGURAS

Gráfico 1 - Análise da Distribuição dos Ativos Bancários no Sist Financ Nacional......... 6

Gráfico 2: Composição do Total de Ativos das IFPFs............................................................................... 9

Gráfico 3 : Composição do Total de Ativos das IFPFs - Detalhado............................................... 10

Gráfico 4: Análise das Despesas Administrativas e de Pessoal em Função das Receitas Operacionais.....................................................................................................................................................................  13

Gráfico 5: Análise das Despesas Pessoais e Administ sobre o Ativo Operacional.......... 14

Gráfico 6: Análise Comparativa dos Indicadores de Margem Operacional........................ 15

Gráfico 7: Comparativo de Despesas com Provisão para Devedores de Liquidação Duvidosa com os Ativos Médios de Crédito............................................................................................... 17

 

INDICE DE TABELAS

Tabela 1: Análise Comparativa do Indicador de Retorno sobre o Patrimônio Líquido... 23

Tabela 2: Análise Comparativa do Indicador de Geração de Rendas..................................... 24

Tabela 3: Análise Comparativa do Indicador de Margem Líquida........................................... 25

Tabela 4: Análise Comparativa do Indicador de Alavancagem Operacional................. 26


 

1.      INTRODUÇÃO

 

            Este trabalho tem por objetivo a análise técnica do relatório do consórcio BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE de título Instituições Financeiras Públicas Federais – Alternativas para Reorientação Estratégica. Conforme consta do relatório citado, “o objetivo do relatório é desenvolver alternativas para a reorientação estratégica das Instituições Financeiras Públicas Federais, que apoie o Estado em melhor atingir seus objetivos e executar suas funções”.

            O trabalho é dividido em seis partes distintas sendo:

        I.      Sumário e Contexto do Trabalho

     II.      Objetivos do Trabalho

   III.      Diagnóstico do Conjunto de Instituições Financeiras Públicas Federais

  IV.      Questões Críticas para o Redesenho do Conjunto de Instituições Financeiras Públicas Federais

     V.      Alternativas para Reorientação Estratégica

  VI.      Próximas Etapas

 

As considerações serão realizadas segundo a estrutura apresentada no relatório original tornando a análise o mais explícita possível, e fundamentalmente técnica.

Posteriormente, será realizada uma análise comparativa de mercado das Instituições Financeiras Públicas Federais, posicionando-as, individualmente, dentro do Mercado Financeiro Nacional e Internacional.

Cabe ressaltar que o objetivo exclusivo desse trabalho é discutir as propostas e análises realizadas pelo consórcio BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE, fazendo valer os objetivos da Audiência Pública, propondo formas alternativas de análise e desenvolvimento da reorientação estratégica das Instituições Financeiras Públicas Federais.

 

2.      ANÁLISE TÉCNICA DO RELATÓRIO DO CONSÓRCIO BOOZ-ALLEN & HAMILTON – FIPE DE TÍTULO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PÚBLICAS FEDERAIS – ALTERNATIVAS PARA REORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA

 

            Neste capítulo o relatório sobre as Instituições Financeiras Públicas Federais (IFPFs) será analisado em detalhes.  A cada uma das partes mencionadas, serão realizados comentários, análises e sugestões quando esses se fizerem necessários. O objetivo desse trabalho não é, portanto, a reconstrução do relatório, e sim apenas uma análise técnica das informações e conclusões nele contidas.

 

2.1.   Quanto ao Sumário e Contexto do Trabalho

 

            Este capítulo trata apenas de um agrupamento de análises resumidas as quais foram desenvolvidas durante todo o trabalho. Não cabe, portanto, nenhuma análise em especial a essa parte do trabalho, pois elas serão realizadas de maneira mais profunda durante os próximos capítulos.

           

2.2.   Quanto à Exposição dos Objetivos do Trabalho

 

            O objetivo é de reorientação estratégica. Portanto, seria necessário um diagnóstico estratégico completo, não apenas financeiro, o que torna o estudo desprovido de fundamentação sólida.

            Os objetivos do relatório produzido pelo consórcio da BA&H-FIPE são claros e não merecem qualquer consideração adicional. O objetivo é desenvolver um novo modelo para o conjunto de IFPFs que apoie o Estado em atingir seus objetivos de governo com maior eficiência avaliando as atividades atuais das IFPFs, identificando formas eficientes de atender o Estado na realização de seus objetivos e funções e propondo inclusões e/ou exclusões de atividades.

            Para tanto, o consórcio optou pela metodologia de analisar as IFPFs conjuntamente e não individualmente. Essa opção, porém, merece algumas importantes considerações pois, ao mesmo tempo que tornam-se mais claras as análises estratégicas, tais como as análises envolvendo duplicações de esforços e sinergias, tornam análises econômico-financeiras confusas e até mesmo ineficientes, por não atenderem aos objetivos propostos pelos autores.

            Conforme pode-se verificar, pelo próprio trabalho do consórcio BA&H-FIPE, trata-se de 5 instituições muito diferentes com atribuições, estruturas e portes muito distintos. A consolidação dos demonstrativos financeiros para análise é, no mínimo, desaconselhável nesse caso. Se algumas instituições possuem objetivos únicos de atuação, como mensurar quais atividades tem ou não problemas estruturais, econômicos ou financeiros.

            A evidente concentração de ativos das três maiores instituições (CEF, BB e BNDES) influi diretamente e mutuamente na análise dos dados agregados envolvendo todas as IFPFs. Como interpretar dados acumulados de instituições diferentes, que possuem diferentes operações (salvo a atividade comercial) e chegar em resultados que determinam os prós e os contras de todas elas. Defeitos ou virtudes do BASA e BNB podem estar sendo ofuscados perante análises nessas condições, por exemplo.

            As IFPFs podem ser analisadas conjuntamente, por serem todas unidas por um objetivo principal que é o de auxiliar o Estado no cumprimento de seus deveres. Porém deve-se entender que cada uma possui especificidades que devem ser analisadas isoladamente e, a partir daí, inseridas em um contexto mais amplo, como o conjunto todo das IFPFs.

 

2.3.   Quanto ao Diagnóstico do Conjunto de IFPFs

 

 

2.3.1.      Análise dos Dados Referentes ao Sistema Financeiro Nacional

 

            O sistema financeiro nacional conta com a participação do Estado de maneira mais efetiva através de cinco instituições financeiras: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia.

            O relatório apresentado pelo consórcio Booz-Allen & Hamilton – FIPE caracteriza de forma breve, no início de seu diagnóstico, a atuação e o grau de importância de cada uma das instituições dentro do contexto nacional e latino-americano, ressalva feita ao volume total de ativo do Banco do Nordeste que foi de 13,1 bilhões de reais em junho de 1999 e não 13,5 como citado, o que indica descuido com a qualidade dos números apresentados.

            Da mesma maneira são feitas observações a respeito do contexto histórico e atual papel destas instituições dentro da economia brasileira, bem como uma visão dos fins de fortalecimento, desenvolvimento e operacionalização da nossa economia.

            A participação das instituições financeiras federais em volume de ativo no total do mercado financeiro brasileiro é apresentada através de um gráfico demonstrativo, no qual pode se perceber a grande importância destes ativos dentro na nossa economia.

 

Gráfico 1 - Análise da Distribuição dos Ativos Bancários no Sistema Financeiro Nacional1

           

Já com relação às informações específicas de cada instituição, pode-se atualizar as informações do relatório para a data de julho do ano 2000 a fim de se dimensionar com maior propriedade o grau de abrangência de cada uma das instituições:

 

Banco do Brasil:

· 11,3 milhões de clientes,

· A maior rede de agências do país – 2.919 agências e um total de 7.388 pontos de atendimento,

· Mais de 89 mil funcionários (incluindo estagiários).

 

Caixa Econômica Federal:

· Mais de 14 milhões de contas correntes e de poupança,

· 50 milhões de transações/ano de transferência de benefícios,

· 1.692 agências e total de 7919 pontos de atendimento, incluindo 6.003 casas lotéricas,

· Mais de 99 mil funcionários (incluindo estagiários).

 

BNDES:

· 160 agentes financeiros correspondentes para repasse de recursos

· Mais de 1.600 funcionários.

 

Banco do Nordeste:

· Mais de 950 mil clientes (entre correntistas e transacionais),

· 174 agências e 18 postos de atendimento,

· Mais de 6500 funcionários (incluindo estagiários).

Observação: Os demonstrativos do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) não foram considerados em análises posteriores.

 

Banco da Amazônia:

· Mais de 130 mil correntistas e outros que recebem crédito da instituição sem serem correntistas,

· 82 agências e 17 postos de atendimento,

· Mais de 2.900 funcionários (incluindo estagiários).

Observação: Os demonstrativos do FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte) não foram considerados em análises posteriores.

           

2.3.2.      Análise dos Papéis e Lacunas das IFPFs no Sistema Financeiro Nacional

 

Em seguida o relatório trata, com propriedade, das diversas funções do Estado exercidas pelas IFPFs nos diversos ramos de atividade em que estas estão inseridas, com a única ressalva referente à participação da Caixa Econômica Federal no apoio à agricultura através do PRONAF, que não foi citada.

            Com relação aos objetivos do Estado e o apoio fornecido pelas IFPFs no cumprimentos destas metas, o relatório BA&H – FIPE, sintetizou bem os principais tópicos referentes a esta parceria em todas as áreas de atuação; para depois fazer uma análise crítica da atuação das IFPFs, bem como do sistema financeiro em geral.

            A questão da inadimplência envolve outros fatores além do chamado “risco moral” e como veremos mais adiante vem tendo uma atenção em busca de melhorias. Em seguida o relatório, na página III-7, trata da questão da agricultura onde releva o fato de que apenas 5% do déficit habitacional brasileiro é coberto pelas IFPFs, deixando de lado que dentro deste contexto a Caixa Econômica Federal é responsável por mais de 50% dos financiamentos no país, neste segmento, sendo portanto de fundamental importância.

            A atuação comercial das IFPFs é criticada pelo seu alto grau de superposição, contudo esta é uma área dissociada do objetivo principal de cada uma das instituições e representa uma fonte de captação de recursos para algumas das IFPFs representando oportunidade de sinergia, o que é apresentado como salutar em qualquer manual de estratégia.

 

2.3.3.      Composição do Total de Ativos das Instituições Financeiras Públicas Federais

 

            O Gráfico 2 , ilustrado na página 10 da parte III do relatório, demonstra a composição do total de ativos das IFPFs.  Os dados representados no gráfico estão de acordo com os dados publicados nos demonstrativos financeiros dos bancos no período indicado-Jun/1999.

            A parcela do ativo total indicada no gráfico, que representa as áreas dissociadas dos objetivos do Estado, é contestável, já que o relatório não indica o critério utilizado para fazer esta estimativa. Além disso, o relatório prima pela falta de exposição clara dos critérios utilizados.

 

 

 

 

 

Gráfico 2: Composição do Total de Ativos das IFPFs[1]

 

 

            A conta títulos e valores mobiliários das cinco instituições federais representa 19% do ativo total, e no caso do Banco do Brasil, esta conta representa 61,6% do total dos cinco bancos, sendo que 83,4% estão alocados no longo prazo.  Como diz o relatório, parte dos títulos do Banco do Brasil são referentes à securitização de dívidas, mas isso não os desvincula dos objetivos do Estado.  Ressalte-se que, mais recentemente, o Banco do Brasil e a CEF vêm sendo utilizados como captadores de recursos para o Tesouro.

            Utilizando o mesmo critério aplicado na análise da composição do total de ativos das IFPFs, temos a seguir o Gráfico 3 representando as instituições federais separadamente.  Podemos observar que a composição das contas é distinta nas cinco instituições, tornando a análise mais detalhada e clara se comparada à análise de todas elas em conjunto.  Essa distinção apresentada se deve às diferentes funções exercidas pelas instituições, o que reflete nas suas contas.  Portanto, se a dispersão dos dados é tão grande, qualquer análise agregada não tem valor de conclusão fundamentada.   

 

 

 

 

 

Gráfico 3 : Composição do Total de Ativos das IFPFs - Detalhado[2]

 

            Mais uma vez na página 14 da parte III do relatório, faz-se um diagnóstico da distribuição dos ativos, utilizando o mesmo critério que o apresentado na análise da página 10.   Em um primeiro momento, uma estimativa das carteiras econômico-sociais é feita sem apresentação de um critério claro e específico.  Depois, várias afirmações são feitas com base nestas estimativas levantadas pelo consórcio, sendo que algumas delas são contestáveis. 

            Antes de mais nada temos que lembrar que o Estado Brasileiro precisa continuar atuando diretamente no financiamento da agricultura, da habitação, do saneamento, do desenvolvimento regional e dos projetos privados de longa maturação e demorado retorno.  Os agentes privados não têm vocação nem apetência para financiar estes projetos.  E estes bancos nada mais são que instrumentos de execução da política pública. 

            Algumas das questões levantadas nesta análise referem-se à falibilidade do Estado em gerenciar riscos.  O Estado se mostra pouco flexível para negociar crédito, em razão da interferência política que é presente nas decisões dos bancos.  E também à questão da punição pouco severa no caso de atrasos. Podemos observar que não resta muitas opções ao Estado no esforço de recuperação destes créditos, pela falta de flexibilidade e também pela ineficiência da avaliação de riscos.  Mas já percebe-se uma melhor administração do risco de crédito proporcionado pela resolução 2682 que entrou em vigor em março deste ano, a qual também estão sujeitas as instituições federais.

            No caso de instituições privadas, não podemos esquecer o ocorrido com os bancos Commind, Bamerindus, Nacional e Econômico, dentre outros, e seus prejuízos para o setor público. 

 

2.3.4.      Baixa Coordenação entre as IFPFs

 

            A análise seguinte da página III-11 discute a baixa coordenação entre as IFPFs que gera sobreposição e desperdiça oportunidades de sinergia.  Não há comprovação em nenhuma parte no relatório.

            A sobreposição observada nas instituições não é relevante pois refere-se a outras funções de menor importância que estão separadas da sua função principal.  Portanto os ganhos sinérgicos proporcionados pela integração das instituições não seriam representativos, uma vez que as instituições são especializadas naquela atividade que desempenham.  É caso do Banco do Brasil, que é o principal agente da política de crédito agrícola do governo e responde por mais de 70% do financiamento agrícola: basta simular a fusão da CEF e BB.

 

2.3.5.      Aportes de Capital

 

            O gráfico III-12, que demonstra o total de aportes de capital e dividendos dos últimos cinco anos, apresenta uma falha quanto à somatória.  A barra do gráfico que indica o aporte total soma R$ 10 bilhões, enquanto que a somatória das barras de dividendos e aporte líquido não somam o mesmo valor.   De acordo com o gráfico do relatório a distribuição de dividendos no período totaliza R$ 2,4 bilhões e o aporte líquido R$ 7,8 bilhões, o que soma R$ 10,2 bilhões, havendo uma diferença de R$ 200 milhões. 

            A barra que indica o aporte líquido representa em sua totalidade o aporte feito no Banco do Brasil na data de 17/06/96, quando foi feita uma subscrição pública totalizando R$ 7.997.478 mil.

            Também, na análise de aportes realizados pelo governo, podemos identificar a desvantagem de se utilizar dados consolidados das cinco IFPFs analisadas. É clara a maior participação do Banco do Brasil que, apenas em 1996, demandou mais de 80% de todo o aporte necessário nos cinco anos pelas cinco instituições. Esse aspecto influi, negativamente, na análise das instituições cujos aportes não existiram ou foram mais modestos.

 

2.3.6.      Análise da Composição de Custos das IFPFs

 

Na página III-16, o relatório afirma que o sistema atual das IFPFs apresenta ineficiência estrutural entre o nível de receitas e despesas operacionais. Para dar suporte a tal afirmação, foi utilizado um gráfico que mostra a relação entre as Despesas Administrativas / Receitas Operacionais. Algumas observações devem ser feitas quanto ao conteúdo dessas informações.

O relatório da BA&H-FIPE apresenta como conceito de Receitas Operacionais, conforme explicitado nas notas abaixo do gráfico citado no Estudo, o Resultado Bruto da Intermediação Financeira mais Receitas de Prestação de Serviço mais Resultados de Participação em Coligadas. Efetivamente Receitas Operacionais correspondem às Receitas da Intermediação Financeira mais as Receitas com Prestação de Serviços e não como o exposto. Dessa forma, ocorre uma grave divergência entre o gráfico e o seu título, prejudicando a compreensão e entendimento das análises, e conduzindo o leitor ao engano, em decorrência do título dado ao gráfico desse estudo.  É óbvio que resultado não é receita. Este conceito incorreto permeia todo o trabalho e suas conclusões.

Comparando as despesas administrativas e de pessoal com as receitas operacionais efetivas, pode-se notar a inversão da situação proposta pelo relatório do Consórcio BA&H-FIPE.

 

 

 

 

 

Gráfico 4: Análise das Despesas Administrativas e de Pessoal em Função das Receitas Operacionais[3]

 

As IFPFs apresentam custos relativos às receitas menores em relação à mediana dos Grandes Bancos e ao consolidado do Grupo de Comparação nos anos de 1998 e 1999. Nota-se ainda que o Grupo de Comparação utilizado no relatório da BA&H-FIPE apresenta custos em função de receitas muito maiores que os demais grupos, demonstrando mais uma vez que essa amostra não reflete o Mercado Financeiro Nacional como um todo.

Analisando a composição de custos (Administrativos e de Pessoal) em função dos ativos operacionais dos grupos de instituições, obtém-se os seguintes resultados, demonstrados no Gráfico 5 .

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Gráfico 5: Análise das Despesas Pessoais e Administrativas sobre o Ativo Operacional[4]

 

Analisando os custos dos três grandes grupos por esse conceito temos as IFPFs com a menor relação de custos em relação aos ativos. Menor, inclusive, que a mediana dos grandes bancos nacionais que, por sua vez, possui indicadores menores que o grupo de comparação utilizado no relatório da BA&H-FIPE. É importante notar que, sob diferentes conceitos, pode-se chegar a diferentes resultados de análise, e todos devem ser considerados em um trabalho de tamanha relevância.

Ainda em relação ao gráfico da página III-16, há uma linha pontilhada cortando o gráfico, aparentemente quando as Despesas Administrativas atingem 100% das Receitas Operacionais, conforme definição do relatório. A partir dessa linha, há uma seta indicando prejuízos quando a mesma é superada pelas barras do gráfico. Fica a dúvida de qual tipo de prejuízo refere-se a notação: bruto, operacional ou líquido. Melhor seria, de acordo com o objetivo desse tópico, uma comparação entre as margens operacionais dos grupos citados, como mostra o gráfico a seguir, o que demonstra que somente em 1995 e 1996 as IFPFs apresentaram margem operacional menor que os grupos de referência.

 

 

 

Gráfico 6: Análise Comparativa dos Indicadores de Margem Operacional[5]

 

 

            Além dos grupos citados no relatório da BA&H-FIPE, foi incluído um novo grupo como pode-se verificar. Este novo grupo refere-se à mediana dos indicadores dos bancos de grande porte, excluindo-se apenas as IFPFs. Foram analisados 34 bancos para compor esses indicadores. Como podemos verificar através do gráfico, a margem bruta das IFPFs é compatível à mediana dos Grandes Bancos e menor que a margem bruta do Grupo de Comparação.

            A partir desta análise podemos afirmar que há ineficiência estrutural entre o nível de receitas e despesas operacionais em relação apenas ao grupo de comparação e não ao mercado como um todo. Nota-se, portanto, que o Grupo de Comparação não reflete o padrão de resultados encontrados no mercado.

            Em resumo, o problema é essencialmente relacionado aos baixos spreads praticados pelas IFPFs, e não pelos níveis elevados de despesas como afirmado no relatório.



[1] Os grupos de contas representados no gráfico incluem as mesmas contas indicadas no relatório do consórcio.

[2] Dados obtidos de balanços publicados referentes ao primeiro semestre de 1999.

[3] Receitas Operacionais = Receitas de Intermediação Financeira + Receitas de Prestação de Serviços

Grupo de Comparação formado por Itaú, Bradesco, Real e Unibanco

Grupo de Grandes Bancos representado pela mediana dos indicadores de 35 grandes bancos nacionais

[4] Grupo de Comparação formado dados consolidados de Itaú, Bradesco, Real e Unibanco;

Grandes Bancos representa a mediana dos indicadores de 35 grandes bancos nacionais;

Foram utilizados demonstrativos financeiros consolidados anuais das instituições.

[5] Grupo de Comparação é composto pelo consolidado de Itaú, Real, Bradesco e Unibanco;

Grupo de Grandes Bancos é composto pela mediana de indicadores de 35 bancos de grande porte;

Margem Operacional é definida por:  Resultado Operacional / (Receitas de Intermediação Financeira + Receitas de Prestação de Serviços);

 

 

1.1.1.      Análise dos Níveis de  Provisionamento e Impactos no Resultado Operacional

 

Considerando problemática a carteira de créditos das IFPFs, o relatório da BA&H – FIPE considera baixo o grau de provisionamento utilizado por estas instituições em comparação com algumas outras do mercado financeiro nacional e afirma ainda que um aumento neste nível de provisionamento agravaria ainda mais este quadro já que as despesas operacionais aumentariam muito.

            Vemos porém, através da correta construção do gráfico (tendo como base que os Ativos de Crédito são formados pela soma de Operações de Crédito e Outros Créditos; no curto e longo prazos) que a diferença entre o provisionamento realizado pelas IFPFs não está tão distante dos indicadores medianos encontrados na amostra proposta de bancos privados.

            Esta diferença também deveu-se ao fato de que os cálculos feitos no relatório do Consórcio BA&H – FIPE parecem considerar diferentes conceitos de Ativos Médios, ou até mesmo, Ativos de Crédito, uma vez que os indicadores calculados neste trabalho são, em média, a metade dos encontrados no relatório. O conceito de Ativo Médio, utilizado na construção correta do gráfico, resulta da média entre o Ativo Total do ano corrente e do ano anterior.

            Para efeito de comparação foi colocado neste novo gráfico comparativo os dados referentes a um grupo de 30 bancos privados que atuam no mercado financeiro nacional a fim de tornar a comparação mais condizente com a realidade do mercado e não só de 4 dos maiores bancos brasileiros.

 

 

 

 

 

Gráfico 7: Comparativo de Despesas com Provisão para Devedores de Liquidação Duvidosa com os Ativos Médios de Crédito1

 

            Como pode-se perceber pelo gráfico, o grau de provisionamento em comparação ao volume de ativos de crédito das instituições públicas federais não apresenta grandes diferenças relativamente ao grupo formado pelos grandes bancos do mercado nacional.

Além disso observa-se que, desde 1997, vem ocorrendo uma equiparação entre todas as instituições consideradas, decorrente de uma leve diminuição por parte dos quatro grandes bancos e um aumento no volume de provisionamento das demais instituições públicas e privadas.

Mesmo com as modificações, ainda há um gap de provisionamento entre as IFPFs e os demais bancos utilizados como amostra no relatório da BA&H - FIPE, porém, bem menor que o inicialmente sugerido, como pode ser observado pelo Gráfico 7 . Ademais, é conhecido o sobreprovisionamento resultado por algumas das quatro grandes instituições bancárias privadas.

 

 

 

 

1.1.2.      Projeção do Resultado Operacional Corrente Líquido

 

            Na página III-19 do relatório, faz-se uma projeção de dez anos do resultado operacional corrente líquido com base em algumas observações iniciais sobre o setor financeiro.   A partir dessa projeção algumas observações podem ser feitas:

§         A terminologia da conta utilizada (resultado operacional corrente líquido) para a projeção não é usual e não deixa claro qual o resultado em questão. Há a necessidade de maior detalhamento sobre a composição de tal resultado;

§         As projeções basearam-se em algumas premissas sobre o Setor Financeiro. Das tendências citadas, nenhuma foi quantificada ou exposta de maneira que possa ser realizada uma análise técnica sobre seus impactos nos resultados das IFPFs;

§         Quanto ao contexto do modelo atual das IFPFs, não são explicados ou quantificados os conceitos para a composição da tendência de crescimento dos ativos das IFPFs. O mesmo fato ocorre com a premissa de manutenção dos ganhos de produtividade históricos; não há conceituação e quantificação inviabilizando a análise mais aprofundada;

§         Novamente as instituições financeiras são analisadas em conjunto causando distorção nos dados devido às disparidades existentes entre os objetivos e volumes de investimento. No caso específico de projeções, as instituições deveriam ser analisadas separadamente para depois consolidar-se os resultados. O pressuposto de que as variáveis internas e externas afetem igualmente os resultados das cinco instituições invalida os requisitos da projeção e, consequentemente, seus resultados;

§         Os prejuízos do Banco do Brasil em 1995 e 1996 são determinantes nas previsões das demais IFPFs, o que não deveria ocorrer em hipótese alguma. Além disso, são desprezados os últimos esforços do Banco do Brasil e Caixa visando seu saneamento.

 

Concluindo, pode-se afirmar, através de uma rigorosa análise, que os resultados projetados não possuem fundamentos científicos sólidos que justifiquem a sua aceitação como provável cenário para as IFPFs. Ademais, todas as análises realizadas com parâmetros nos resultados dessa projeção estão seriamente comprometidos.

 

1.1.3.      Necessidade de Ajustes na Operação (ROA)

 

            Dando continuidade à análise da projeção do resultado operacional, o relatório apresenta a gravidade dos desequilíbrios projetados e a exigência de uma reestruturação profunda das IFPFs. 

            Segundo o relatório, os valores projetados para o período de 2003 a 2009 representam -0,2% do ativo total das instituições.  A partir desta situação de prejuízo, não fundamentada como vimos anteriormente, é estimado um retorno sobre ativo equivalente a 1,2% de forma que compense o prejuízo e dê aos bancos um retorno de 1,0% sobre ativo. 

            Ilustra-se também no gráfico algumas formas dos bancos ajustarem suas contas para proporcionar melhorias que tenham reflexo positivo no resultado, atingindo portanto o retorno mínimo desejado.   Essas possíveis soluções colocadas são meramente ilustrativas pois não apresentam nenhum fundamento.  Seus valores simplesmente eqüivalem ao montante necessário para o banco alcançar tais níveis de retorno sobre ativo.

            Este retorno de 1,0% é colocado como sendo o retorno sobre ativo mínimo para que as instituições atendam à demanda de crescimento e para que se auto-sustentem.  No relatório não é demonstrado como se chega a este valor mínimo do retorno.

            Da mesma maneira critica-se o fato da análise colocar parâmetros de crescimento e cortes orçamentários tão específicos para  as cinco instituições financeiras como se a situação financeira e projeções futuras pudessem ser genericamente colocadas numa análise única. É evidente que estas instituições devem estar sempre em busca de melhorias em seus rendimentos e redução nos seus custos e despesas.

 

1.2.   Quanto às Alternativas para Reorientação Estratégica

 

No capítulo V foi feito um mapeamento da estrutura financeira em diversos países para depois serem propostas novas alternativas para redesenho do conjunto de instituições financeiras públicas federais dentro do sistema financeiro nacional.

            Contudo estas propostas partem do princípio que o sistema atual apresenta problemas de duplicidade de carteiras, deficiência tecnológica, falta de foco em questões fundamentais como agricultura e habitação, além de críticas às atuações comerciais das instituições; quando na verdade pode-se ver ao longo deste relatório que estas questões não podem ser generalizadas e tratadas como foram.

            Todos estes pontos já foram discutidos anteriormente e como comprovou-se, apresentaram falta de fundamentação ou generalização por parte do relatório da BA&H.

            Assim, não são validas as conclusões apresentadas no relatório, por absoluta falta de caráter científico, fundamental a uma discussão no nível exigido.

 

 

 

 


 

2.      INSERÇÃO DAS IFPFs NO MERCADO FINANCEIRO 
NACIONAL E INTERNACIONAL

 

O objetivo desta parte do trabalho é analisar a inserção das IFPFs no mercado financeiro nacional e internacional com o objetivo de analisar ameaças e oportunidades para cada uma das instituições.

      O conjunto das IFPFs foram comparadas a dois grandes grupos de instituições financeiras denominadas:

·        Matrizes Internacionais

·        Grandes Bancos Nacionais

 

             O grupo dos Grandes Bancos Nacionais é composto por 35 dos maiores bancos nacionais em volumes de Ativos Totais em dezembro de 1999. Esse grupo inclui os quatro bancos utilizados no relatório da BA&H-FIPE (Bradesco, Itau, Real e Unibanco) como Grupo de Comparação representando o mercado bancário. A opção de se utilizar mais bancos surge da hipótese de que um grupo com apenas as quatro maiores (e melhores) instituições financeiras do país seria inadequado para a representação do mercado como um todo. Foram calculadas as medianas dos indicadores para a amostra.

O grupo das Matrizes Internacionais é composto por cinco dos maiores bancos que têm atuação no Brasil: FleetBoston, Citibank, HSBC, Santander e Bilbao Viszcaya. Serão utilizadas as medianas dos indicadores desse grupo. O objetivo é analisar o desempenho das IFPFs dentro das tendências internacionais, avaliadas pelos indicadores dessas cinco grandes instituições.

            Quanto à Metodologia de Análise, foi utilizado o Modelo de Rentabilidade desenvolvido por Alberto Borges Matias na tese “Insucesso de Grandes Bancos Privados Brasileiros de Varejo” apresentada para defesa do Título de Livre Docência pela FEA-USP em 1999.A partir da estrutura do Modelo Du Pont, também chamado de modelo giro x margem, e das considerações de MATARAZZO (1994) para elaboração de um modelo completo de análise de rentabilidade, pode-se criar o Modelo de Formação de Rentabilidade Bancária, conforme exposto a seguir. Para tanto utilizou-se a rentabilidade patrimonial ao invés do retorno do ativo, mantendo-se a margem líquida e dividindo-se o giro em geração de renda dos ativos operacionais e alavancagem operacional.

                   

LL/PL = LL/REC x REC/ATo x ATo/PL

 

onde:

LL/PL , representa a rentabilidade patrimonial;

LL/REC, representa a margem líquida;

REC/ATo, representa a geração de renda dos ativos operacionais[1];

ATo/PL, representa a alavancagem operacional.

             

              Quanto ao período analisado, foram avaliados os demonstrativos financeiros anuais consolidados das instituições dos anos de 1997, 1998 e 1999. Cabe ressaltar ainda que para o BNB e o BASA não foram considerados os saldos das contas relativas ao FNE e FNO respectivamente.

 

2.1.   Análise do Retorno Sobre o Patrimônio Líquido

 

            De acordo com o Modelo de Rentabilidade selecionado para essa análise, temos o Retorno sobre o Patrimônio Líquido como uma composição de outros indicadores que o compõe.

            Como pode-se avaliar pela Tabela 1 , com exceção do BASA, as demais IFPFs apresentaram, em 1999, indicadores de Retorno sobre o PL inferiores aos padrões nacionais e internacionais avaliados pela análise das amostras. Apesar do BASA apresentar ótimos indicadores em 1999, nos períodos anteriores, o seu Retorno sobre o PL fica entre os padrões nacionais e internacionais calculados.

Tabela 1: Análise Comparativa do Indicador de Retorno sobre o Patrimônio Líquido

 

            Outra constatação é a diferença entre as rentabilidades medianas do mercado nacional e das instituições estrangeiras.em 1999 a diferença foi de 3,6%. Em 1998 de 3,2%. E, em 1997, 9,3%. As rentabilidades internacionais foram maiores em todo o período analisado.

            Quanto às IFPFs, apesar de apresentar retornos sobre o PL menores em 1999, nos períodos anteriores, o Banco do Brasil e a CEF, apresentaram rentabilidades semelhantes ou superiores à mediana das grandes instituições nacionais, demonstrando um desempenho favorável nesse período. É importante ressaltar os ganhos obtidos pelas instiutições privadas com a desvalorização cambial, o que não ocorreu com as instituições públicas.

 

2.2.   Análise da Geração de Rendas

 

            O indicador de Geração de Rendas mostra o quanto a instituição gera de receitas em função de seus stivos operacionais. Em outras palavras, pode ser compreendido, de forma didática,  como sendo o spread médio cobrado pelo banco em suas operações.

            Analisando os indicadores do Tabela 2 a primeira relação importante a ser realizada é a diferença histórica dos indicadores de instituições nacionais e internacionais. Os bancos estrangeiros que compõem a amostra analisada apresentaramm spreads muito menores que os apresentados pelos bancos nacionais. Isso ocorre, basicamente, pela diferença das taxas de juros praticadas no exterior em comparação às altas taxas brasileiras. Essa discrepância demonstra a necessária tendência de queda das margens a médio e longo prazos, com a equiparação gradativa das taxas de juros do Brasil a, pelo menos, a dos países emergentes. Indica, também, o forte desajuste provocado no Sistema Bancário Nacional pela política de elevadas taxas praticadas pelo Governo, gerando forte dependência do Bancos Brasileiros a elevados spreads.

 

Tabela 2: Análise Comparativa do Indicador de Geração de Rendas

 

            Quanto às IFPFs, seus indicadores de Geração de Rendas, em 1999, encontram-se abaixo das medianas das instituições nacionais e acima das internacionais, exceto o BNB que apresentou indicadores muito altos, diferentemente dos dois períodos anteriores, quando acompanhava as demais IFPFs. A diferença entre as IFPFs e a mediana dos Grandes Bancos nacionais cresceu no período, sendo que, em 1997, a CEF, o BASA e o BNB apresentavam indicadores superiores à mediana do mercado.

            É importante também ressaltar o aumento da geração de rendas do BNDES no período analisado, notadamente em 1999, quando atingiu níveis comparáveis às demais IFPFs.

           

2.3.   Análise da Margem Líquida

 

            O indicador de Margem Líquida mede a rentabilidade das operações realizadas pelas instituições financeiras em função de suas Receitas Operacionais.

            Analisando o Tabela 3 verifica-se que as Margens Líquidas praticadas pelas Instituições Estrangeiras são muito maiores que as praticadas pelos Grandes Bancos nacionais. Apesar das Matrizes Estrangeiras trabalharem com menores spreads, elas praticam maiores margens líquidas devido, principalmente, aos ganhos de escala conseguidos via atuação no Mercado Financeiro Global.

 

Tabela 3: Análise Comparativa do Indicador de Margem Líquida

 

            Com exceção do BASA, as demais IFPFs apresentam, em 1999, margens líquidas inferiores às apresentadas pelas medianas dos Grandes Bancos Nacionais. Nos períodos anteriores, o BNDES, o BASA e o BNB apresentavam indicadores superiores ou semelhantes às medianas do mercado nacional.

           Nota-se também as baixas margens praticadas pelo BB e pela CEF que, durante todo o período analisado foram as instituições de menor margem, por serem, também as de menor spread. A CEF, por exemplo, apresentou em 1999 um indicador de Margem Líquida três vezes menor que a mediana do setor de grandes bancos nacionais.

           Além de comprovar que as IFPFs trabalham com margens bem menores do que as margens do setor privado, invalida a utilização do indicador fundamentado na receita operacional conforme conceito do relatório da BA&H e FIPE.

 

2.4.   Análise da Alavancagem Operacional

 

             O indicador de Alavancagem Operacional mede a proporção dos Recursos Próprios em função dos Ativos Operacionais avaliando, indiretamente, a participação do Capital de Terceiros no financiamento dos Ativos Operacionais.

             Comparando as Alavancagens dos Bancos Internacionais às medianas dos Grandes Bancos Nacionais, nota-se uma sensível diferança. Os menores spreads apresentados pelas Matrizes Internacionais são compensados pelos ganhos de escala gerados pela maior alavancagem, relativamente aos bancos nacionais. Já os Grandes Bancos Nacionais apresentam baixa alavancagem e elevados spreads.

 

Tabela 4: Análise Comparativa do Indicador de Alavancagem Operacional

 

            É notório também a discrepância entre os indicadores de alavancagem do BB e da CEF em comparação aos grandes Bancos Nacionais e às demais IFPFs. Durante todo o período essas duas instituições se apresentam com alavancagens superiores às demais instituições nacionais. Dentre as IFPFs, o BNDES é o que apresenta menor alavancagem em 1999.

 

3.5.   CONCLUSÕES

 

               Quanto à comparação entre o Mercado Financeiro Nacional e o Internacional pode-se anotar que o Mercado Financeiro Nacional apresenta:

·        Menor Retorno sobre o PL;

·        Geração de Rendas muito superior;

·        Margens Líquidas inferiores;

·        Menor Alavancagem Operacional.

 

              Essa situação sugere algumas tendências para o Mercado Financeiro Nacional no contexto da competitividade e globalização, tais como:

·        Queda dos spreads, com a equiparação gradual de taxas de juros;

·        Necessidades do aumento do grau de Alavancagem das Instituições Financeiras;

·        Ganhos de Escala como forma eficiente de diluir custos operacionais e aumentar Margens Líquidas.

 

              As instituições financeiras brasileiras devem estar atentas a essas tendências no sentido de manter a sua competitividade no mercado global, cada vez mais competitivo. Nesse cenário, pode-se construir um breve resumo da situação de cada IFPF em relação aos Mercados Nacional e Internacional:

 

3.5.1.      Banco do Brasil:

          O Banco do Brasil apresenta Retorno sobre o PL menor que as medianas das duas amostras de comparação. Esse fato se deve, basicamente, à baixa Geração de Rendas e Margem Líquida, resultados da aplicação de um baixo spread. A baixa margem pode ser explicada, em parte, pelas baixas taxas cobradas no Incentivo à Agricultura e demais programas governamentais, que além de contar com baixas taxas de juros de operação ainda são suscetíveis a diversos riscos financeiros.. Outro importante fator é o alto nível de inadimplência apresentado pela instituição.

          Com a tendência de diminuição dos spreads dos bancos privados nacionais, suas margens e spreads devem, gradativamente, se aproximar da mediana dos Grandes Bancos Nacionais, desde que Políticas de Crédito e Estrutura de Custos sejam otimizadas.

            O banco apresenta também níveis de alavancagem muito altos comparativamente ao mercado nacional. Provavelmente, aumentos de Capital Próprio serão demandados.

 

3.5.2.      Caixa Econômica Federal

 

            O maior problema da CEF é o seu alto nível de alavancagem, muito acima dos parâmetros médios do Mercado Financeiro Nacional, fato esse que provavelmente demandará aumentos de Capital Próprio para se adequar ao sistema.

            Quanto à rentabilidade, a CEF apresenta-se também deficitária em relação às medianas dos grupos de comparação selecionados. Além de possuir Geração de Renda inferior, dentre os grupos e instituições analisadas, a CEF é a que apresenta menor Margem Líquida em todo o período, situação decorrente dos tipos de operações que a CEF realiza. Os setores por essa instituição atendidos são pouco rentáveis e apresentam, via de regra, altas taxas de inadimplência.

          A sustentação de sua rentabilidade está, principalmente, nos altos níveis de alavancagem. Com a diminuição da alavancagem, a instituição deverá reestruturar suas políticas de crédito e custos afim de manter suas margens e, consequentemente, sua rentabilidade. O aumento de atividades comerciais seria desejável visando aumento da Geração de Rendas para o financiamento das atividades de apoio aos objetivos do Estado.

 

3.5.3.      BNDES

 

            Dentre as IFPFs, o BNDEs é a instituição que apresenta menores indicadores de Retorno sobre o PL. Isso deve-se principalmente ao fato de que é a mais capitalizada das IFPFs apresentando os mais baixos níveis de Alavancagem Operacional, próximos aos indicadores da mediana dos Grandes Bancos Nacionais.

            Em 1997 e 1998 a instituição apresentou menor Geração de Rendas e maior Margem Líquida, comparativamente ao ano de 1999. Em 1999 houve um crescimento significativo da Geração de Rendas e uma queda na Margem Líquida, alterando as bases de sustentação de sua rentabilidade.

            Das IFPFs, o BNDES é a instituição que possui atribuições mais específicas e diferentes das praticadas no  Sistema Financeiro Nacional como um todo, portanto, análises comparativas entre essas instituições tornam-se incoerentes e servem apenas de base para avaliação da instituição. O BNDES vem cumprindo de forma satisfatória a função de fomentar o desenvolvimento nacional, principalmente provendo financiamentos e empréstimos de longo prazo com juros inferiores aos praticados pelo mercado.

 

3.5.4.      Banco da Amazônia

 

          O BASA e o BNB são instituições com objetivos muito parecidos, assim como seu desempenho no mercado financeiro.

          O BASA apresentou um Retorno sobre o PL muito superior ao apresentado pelas demais instituições analisadas em 1999. Nos anos anteriores, esses indicadores foram compatíveis ou superiores à mediana dos Grandes Bancos Nacionais. Apesar de possuir Geração de Rendas inferior à mediana do Mercado Nacional, o BASA conseguiu altos índices de Margem Líquida, mantendo a Alavancagem Operacional aos mesmos níveis dos Grandes Bancos Nacionais.

     Com a manutenção de Margens compatíveis às medianas internacionais e aumento progressivo da alavancagem, o BASA deve conseguir manter sua rentabilidade mesmo com o possível efeito negativo da queda dos spreads bancários.

 

3.5.5.       Banco do Nordeste do Brasil

 

           O BNB é a segunda pior IFPF analisada quanto ao Retorno sobre o PL, sendo superior apenas ao BNDES. Seus indicadores de Retorno sobre o PL apresentaram queda durante todo o período, fechando 1999 com índices bem abaixo dos apresentados pelas medianas dos bancos nacionais e internacionais.

           O maior problema competitivo do BNB foram, em 1999,  as Margens Líquidas praticadas, pois a instituição apresenta Alavancagem Operacional e Geração de Rendas compatíveis com a mediana dos Grandes Bancos Nacionais. A queda das margens em 1999 foi, em parte, compensada pelo sensível aumento de Geração de Rendas, em termos de rentabilidade.

          Assim como o BB e a CEF, o BNB deve ajustar sua operação afim de manter melhores Margens Líquidas em suas operações. Com a tendência gradativa de aumento da Alavancagem Operacional (apenas no caso do BNB, visto que Alavancagens de BB e CEF já são muito altas) e ajustes da Margem Líquida (via reestruturação de custos e políticas de crédito), os efeitos da possível diminuição da Geração de Rendas devem ser combatidos garantindo assim a rentabilidade da instituição

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