NOIR

 

Não teço mais críticas, pois a civilização me condena.

Apenas fumo prazerosamente, com a testa encostada na janela úmida.

Não mais discuto política, religião e toda a sorte de futilidades.

Bradar custou-me caro.

Demasiadamente caro.

 

Escuto um jazz compassado, ou leio um livro despretensioso.

Nem escrever me é permitido.

Gosto de escutar o barulho da folha de jornal sendo dobrada.

Ou da sola do meu All Star na calçada imunda da Barros Cassal.

Prazeres simples.

Pontos de vista devidamente contemplativos.

 

Escolham um nome, apontem e condenem mais uma ameaça social, tipifiquem mais um crime.

Dessa cama não saio, essa cortina ninguém abre, esse meu mundo não deixo ninguém macular.

Afinal, quinta-feira foi um dia chuvoso

E na sexta-feira sempre há algo interessante pra fazer.

 

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João Carlos Dalmagro Júnior.