AH, O MAR

Alguns escritos de caderno

 

Dá-me teu amor

Dá-me

Embebecido em loucura

Seda rasgada, cultura

Como a areia que é lançada ao vento

Atira-te ao mundo

Livre de todo e qualquer tapume

Percorre as ruas, becos,

Rasga o invólucro que delimita teu ser

Ouve a música do Terceiro Mundo

Visita a fria Turquia de Lennon

O deserto de Morrison

Retorna à África de Marley

Fecha-me os olhos com tuas mãos macias

Afoga-me na profundidade dos teus cabelos

Negros, serenos

Tocando flauta doce aos meus ouvidos

Ah, cala-me com teu silêncio

Teu luxuriante e confortante silêncio

A relva, o mar, o pôr-do-sol,

A viagem solitária rumo à praia deserta

Os livros...

Apenas um céu acima de nossas cabeças

Nada mais me é necessário

E, então,

Se não me quiseres ( o que já não me é surpresa )

Continuarei a caminhar

Verás, porém, ao longe

Acenos deformando-se com o horizonte alaranjado

Porque

Quando te quis, não houve resposta,

E, quando me quiseste, não precisei de ti. 

 

fechar

Copyright 2001. Todos os direitos reservados. 

João Carlos Dalmagro Júnior.