TAMBOR
o cachorro-quente da esquina está cheio de pombos
comendo milho pelo chão
o orelhão engordurado era
laranja
hoje não é mais
os homens de roupa branca
vendem refrigerantes
para os homens de palavras atenuantes
um automóvel abarrotado
esfarela o pé
da velha que nunca mais o terá de volta
não poderá caminhar
o motorista pensa no revólver
que está no porta-luvas
rangendo os dentes
mas só pensa
dentro do tambor
as balas estão excitadas, tremendo
querem carne macia e fácil de se despedaçar
as balas querem a esquina,
o cachorro-quente
o orelhão
os homens de roupa branca
saltitam no compartimento
perfumadas de pólvora e enxofre
dentro do porta-luvas
as balas comemoram
o aço, as lâminas cegas e o plasma.
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João Carlos Dalmagro Júnior.