O INCONSCIENTE SEGUNDO JUNG



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�NDICE DE FILTRA��O GLOMERULAR

LINKS GERAIS:


Observação
Introdução
A estrutura da psique
Associação de idéias (palavras) e complexo
Arquétipo e inconsciente coletivo
Sombra
Persona
Anima/animus
Relação entre persona, animus/anima e sombra
Livros consultados

Observação

Foi meu propósito apresentar, apenas, as idéias de Jung sobre a psique humana. Para ser mais fiel a esse propósito, procurei compilar os trechos mais importantes dos livros de Jung, e de outros autores que tratam de suas idéias (citação no final do artigo).
Sempre que possível, copiei, integralmente, os parágrafos sem qualquer modificação. Como a finalidade foi resumir o assunto, algumas vezes fui obrigado a fragmentar períodos e adicionar algumas palavras para entendimento dos mesmos; entretanto, sempre preocupado em não alterar a idéia que o autor desejava transmitir.
Tentei dar uma seqüência para maior compreensão do tema.
Algumas observações minhas foram colocadas entre parênteses e em letras de menor tamanho. O número entre parênteses refere-se ao livro e o número fora, corresponde à página.

[TOPO]

Introdução

Vamos mostrar, resumidamente, nessa introdução, como as observações de diversos pesquisadores levaram à idéia de inconsciente, e como Freud, a partir do estudo das neuroses, desenvolveu suas teorias que propiciaram maiores conhecimentos dessa face desconhecida da psique. Em seguida, apresentaremos, apenas, as idéias de Jung sobre esse assunto.

- Durante muito tempo a psicologia era connsiderada, exclusivamente, como uma psicologia da consciência normal, como se a alma constasse somente de fenômenos da consciência. Contudo, a psicologia médica, principalmente a francesa, logo se viu forçada a admitir fenômenos psíquicos inconscientes (1)55.

- Já no tempo de Charcot, sabia-se que o ssintoma neurótico é “psicógeno”, isto é, proveniente da alma. Sabia-se, também, graças principalmente aos trabalhos da Escola de Nancy, que qualquer sintoma histérico pode ser provocado pela sugestão. Conheciam-se, igualmente, através das pesquisas de Janet, as condições psico mecânicas dos surtos histéricos, como anestesias, paresias, paralisias e amnésias. Mas não se sabia como um sintoma histérico pode proceder da alma.

Em 1880 o Dr. Breuer, velho clínico vienense (mestre de Freud), fez uma descoberta que, na realidade, se tornou o começo da nova psicologia.

Tinha uma jovem cliente (amiga da mulher de Freud) que sofria de histeria: uma paralisação espasmódica no braço direito, tinha repetidas “amnésias” ou estados de sonolência, não sabia falar mais a língua materna e se expressava, apenas, em inglês (afasia sistemática). Não existiam causas orgânicas que justificassem a perturbação.
Breuer havia notado que o estado da paciente melhorava durante algumas horas, cada vez que a deixava falar - em estado de sonolência provocada ou espontânea - de todas as reminiscências e fantasias que lhe ocorressem.

A cliente adoeceu quando cuidava do pai, mortalmente enfermo.
Como é compreensível, suas fantasias giravam principalmente em torno dessa época repleta de emoções.
As suas reminiscências daquele tempo ressurgiam, nos estados de sonolência, com tamanha precisão e com tantos detalhes, que se podia supor que um pensamento desperto jamais as teria reproduzido com a mesma forma e exatidão. Coisas insólitas foram sendo reveladas. Aconteceram quando acompanhava seu pai que apresentava grave estado de saúde.
Nesse momento, por estar muito tensa, sonhou acordada (devaneio) e viu uma cobra que se aproximava de seu pai. Queria repelir o animal mas estava com o braço dormente, anestesiado e paresiado e viu seus dedos transformarem-se em pequenas cobras com caveiras nas pontas. Não podia falar língua alguma, a não ser em inglês, quando conseguiu rezar nessa língua. Atribuiu-se a essas cenas um significado causal na gênese do sintoma.

A teoria procedente da Inglaterra, energicamente defendida por Charcot, do choque nervoso, que na época dominava a interpretação da histeria, prestava-se muito para explicar a descoberta de Breuer. Daí resultou a chamada teoria do trauma, segundo a qual o sintoma histérico vem da psique abalada, persistindo inconsciente durante vários anos as impressões produzidas. Freud acompanhou essa experiência, nessa época, quando era colaborador de Breuer. Freud quis saber porque a paciente era predisposta a tais problemas.

É freqüente observar-se que cenas de forte conteúdo emocional têm um efeito diferente sobre cada pessoa. Donde se conclui que a intensidade de um trauma, em si, tem pouca determinação patogênica, mas este deve ter para o paciente um significado particular.

Em outras palavras, não é o choque em si que provoca, invariavelmente, a doença, mas esta ocorre quando ele encontra uma determinada disposição psíquica, que poderia ser o fato de a paciente atribuir, inconscientemente, um significado específico ao choque. Jung diz que as observações mostraram que os sintomas manifestados em determinada época (trauma), têm um preâmbulo anteriormente.

A medida que as experiências foram-se multiplicando, foi sendo provado que na totalidade dos casos existia, ao lado dos fatos traumáticos da vida, uma perturbação de ordem específica, situada no plano erótico. Com essa descoberta, operou-se na interpretação de Freud uma reviravolta considerável. Freud, baseando-se inicialmente na teoria do trauma de Breuer, procurou a causa das neuroses nos acontecimentos traumáticos da vida. Mas, depois dessa descoberta, deslocou o centro do problema para outro plano bem diverso (10)2-7.

- A orientação da pesquisa freudiana tentaava demonstrar a primazia do fator erótico sexual na origem do conflito patológico. Segundo essa teoria, há uma colisão entre a tendência do consciente e o desejo imoral, incompatível, do inconsciente. O desejo inconsciente é infantil, ou melhor, é um desejo do passado infantil que não se adeqüada mais ao presente, razão pela qual é reprimido, e isso por motivos morais.

O neurótico tem a alma de uma criança e suporta mal as restrições arbitrárias, cujo sentido não reconhece; aliás, ele procura apropriar-se dessa moral, mas desavém-se consigo mesmo. Quer reprimir-se, por um lado, e libertar-se, por outro.
A este conflito damos o nome de neurose.
Se esse conflito fosse claro e totalmente consciente, é provável que nunca daria origem a sintomas neuróticos; estes só aparecem quando não se consegue ver o outro lado do próprio ser, nem a premência de seus problemas. O sintoma parece produzir-se unicamente nessas condições, e ajuda o lado não reconhecido da alma (inconsciente) a exprimir-se. Segundo Freud, o sintoma é, portanto, uma realização de desejos não reconhecidos, que, se fosse reconhecido, entrariam em violenta oposição às condições morais (10)17.

- Jung comenta: “... acompanhamos a teoriaa da neurose até o ponto em que nos chocamos com a constatação de Freud de que a predisposição pela qual a experiência traumática se torna atividade patogênica seja sexual. Com bases em nossas reflexões anteriores, podemos entender o que significa predisposição sexual: é um retardamento, uma frenagem no processo de liberar a libido (Jung define libido como toda energia psíquica) das atividades do estágio pré-sexual.”

Para melhor esclarecimento, apresento as tres fases, sob o ponto de vista da sexualidade, na vida humana, citadas por Jung:

   1. Estágio pré-sexual (primeiros 3 ou 4 anos de vida) - caracteriza-se quase exclusivamente pelas funções de crescimento e nutrição.

   2. Período da pré-puberdade (dos últimos anos da infância até a puberdade) - é nesse período que a sexualidade germina.

   3. Período da maturidade (da puberdade em diante) - é o da idade adulta (6)125.

Primeiramente, deve-se entender esta perturbação como uma exagerada demora da libido, em certas etapas, na sua passagem da função nutritiva para a função sexual. Isto produz um estado desarmônico uma vez que atividades provisórias, e propriamente superadas, ainda persistem numa idade em que já deveriam ter acabado. Esta fórmula vale para todos os traços infantis em que são pródigos os neuróticos, fato esse que não escapa a nenhum observador atento. No campo da dementia praecox (esquizofrenias) o infantilismo é tão acentuado que ajudou a dar o nome expressivo a um complexo de sintomas: a hebefrenia.

O assunto não termina com a constatação de que há uma simples demora em etapas provisórias. Enquanto parte da libido demora num certo degrau, o tempo corre e, com ele, o restante do desenvolvimento do indivíduo. O amadurecimento físico faz com que aumente sempre mais a distância e a discordância entre a atividade infantil que persiste e as exigências da idade mais adulta com suas condições de vida mudadas.

E assim está lançado o fundamento da dissociação da personalidade e, com isso, o conflito que é a verdadeira base da neurose. Quanto mais libido estiver empenhada numa atividade, mais intenso será o conflito. A vivência mais adequada para tornar manifesto este complexo é a traumática ou patogênica.

Jung não concorda com Freud e diz: “Infelizmente a realidade é mais complicada...que, de forma alguma, é, improvável esteja a origem de uma neurose num desenvolvimento afetivo retardado (6)136,137.

- Para Jung, a principal causa da neurose está num estado de desunião consigo mesmo. O motivo dessa desunião, na maioria das pessoas, consiste no fato de que a consciência deseja manter seu ideal moral, enquanto o inconsciente luta por um ideal imoral – no sentido convencional – que a consciência constantemente tenta negar. Indivíduos desse tipo pretendem ser mais decentes do que realmente são. (10)126

- O experimento de associação aplicado a uum neurótico nos dá uma série de indicações sobre determinados conflitos de natureza atual, que denominamos complexos. Estes complexos contêm exatamente aqueles problemas e dificuldades que levaram o paciente a estar em desarmonia consigo mesmo. Trata-se em geral de conflitos de amor. Do ponto de vista do experimento de associação, a neurose aparece como algo bem distinto do que do ponto de vista da teoria psicanalística primitiva.

Segundo este último ponto de vista, a neurose parece uma configuração que tem suas raizes na primeira infância e que cresce sufocando o normal. Do ponto de vista do experimento de associação, a neurose aparece como reação a um conflito atual que se manifesta com a mesma freqüência nas pessoas normais, mas que por elas é resolvido sem maiores dificuldades. O neurótico, porém, fica parado no conflito e sua neurose parece mais ou menos conseqüência dessa parada. Dizemos, por isso, que os resultados do experimento de associação falam mais alto em favor da teoria da regressão.

Se a pessoa humana procura adaptar-se plenamente, sua libido estará sempre ocupada de maneira correta e em grau suficiente. Caso contrário, estará bloqueada e produzirá sintomas regressivos. O não cumprimento do esforço de adaptação, isto é, a hesitação do neurótico diante da dificuldade é, no fundo, a hesitação de toda criatura diante de um esforço de adaptação.
Existe também dependência de fantasias, mesmo que estas sejam secundárias, em geral. A dependência de fantasias (ilusões, preconceitos, etc.) transformam-se aos poucos em costume, a partir de inúmeras regressões diante de obstáculos que foram aparecendo desde a tenra idade. E assim, desenvolve-se um ato formal bem conhecido de todos os estudiosos da neurose. É o caso daqueles pacientes que usam de sua neurose como desculpa par eximir-se das obrigações. O recuo habitual gera uma evidência, também habitual, de que a vida se constitui de fantasias e não de cumprimento de obrigações.

E, assim, as fantasias supostamente etiológicas são apenas compensações, dissimulações e fundamentações de um trabalho não realizado na vida real. (6)179,180

(Observação minha: Jung deslocou, apenas, o centro da estagnação da fase de desenvolvimento psicológico da criança, como sustenta Freud, para o conflito atual do paciente. Mas uma vez, ele trata do mecanismo “fisiopatológico” da neurose e não chega à etiologia, ou à disposição, como tentou Freud. Essa disposição não estaria em um distúrbio somático?)

- Ninguém está autorizado a afirmar sem maais a existência ou propriedades das fantasias; para tanto, seria preciso que se observassem efeitos na consciência cuja origem inconsciente pudesse ser descrita em termos de simbolismo consciente. A questão é se podemos realmente encontrar na consciência efeitos que correspondem a esta expectativa. A escola psicanalítica acredita ter encontrado semelhantes efeitos. Menciono, logo de saída, o fenômeno mais importante: o sonho.
Dele devemos dizer que entra na consciência como uma grandeza complexa cuja composição de elementos não é consciente. Somente após estabelecermos uma série de associações para cada imagem individual do sonho, podemos demonstrar que estas imagens têm sua origem em certas reminiscências do passado mais próximo ou remoto (6)148.

Para maiores detalhes, ver “A importância dos sonhos” (9)20.

- Além do sonho, há muitos outros produtoss de constelação inconsciente. Temos, por exemplo, no experimento da associação (de palavras ou idéias), um meio de determinar exatamente as operações que procedem do inconsciente. Encontramos essas operações nas perturbações do experimento que chamamos indicadores de complexos. A tarefa que o experimento de associação coloca para a pessoa examinada é tão fácil e simples que até uma criança pode executá-la sem problema (6)152. (Comentaremos esse assunto mais adiante)

- O que é inconsciente é realmente algo quue não sabemos. Nossos opositores também estão convencidos de que algo assim não existe. Este juízo a priori é escolástico e não há como fundamentá-lo. Não podemos aferrar-nos ao dogma de que só a consciência seja a psique; temos provas diárias de que nossa consciência só constitui parte da função psíquica. Os conteúdos de nossa consciência já se manifestam altamente complexos; a constelação de nosso pensamento, a partir do material contido na memória, é quase totalmente inconsciente. Por isso temos que aceitar, quer nos agrade quer não, algo psíquico não-consciente que por hora é “mero conceito limítrofe negativo”. Dado ao fato que percebemos atividades cuja origem não está na consciência, somos obrigados a atribuir à esfera do não-consciente conteúdos hipotéticos, ou seja, presumir que as origens de certos efeitos estão no inconsciente, uma vez que não são conscientes (6)145.

[TOPO]

1. A ESTRUTURA DA PSIQUE

- A consciência é, em primeiro lugar, um óórgão de orientação em um mundo de fatos exteriores e interiores. Antes, e acima de tudo, ela constata que algo existe – a sensação. Não se trata de uma atividade específica de qualquer um dos sentidos, mas da percepção em geral. Uma outra faculdade interpreta o que foi percebido – o pensamento. Graças a essa função o objeto da percepção é assimilado e transformado muitíssimo mais em conteúdos psíquicos do que através da mera sensação. Uma terceira faculdade constata o valor do objeto – o sentimento.
A reação de prazer e desprazer do sentimento corresponde ao máximo grau de sbjetivação do objeto.
O sentimento coloca o sujeito e o objeto em tão estrita relação, que o sujeito deve escolher entre a aceitação e a recusa.

Estas três funções seriam inteiramente suficientes para a orientação em qualquer circunstância, se se tratasse de um objeto isolado no tempo e no espaço. Ora, no espaço qualquer objeto está em conexão ilimitada com uma multiplicidade de outros objetos, e, no tempo, o objeto representa, apenas, uma transição daquilo que ele era antes para aquilo que será posteriormente. A maioria das relações espaciais e das mudanças temporais são inevitavelmente inconscientes no momento da orientação, embora as relações de tempo e espaço sejam absolutamente necessárias para determinar o sentido de um objeto.

A quarta faculdade da consciência, ou seja, aquela que torna possível, pelo menos aproximadamente, a determinação espacial e temporal, é a intuição. Esta é uma função de percepção que compreende o subliminar, isto é, a relação possível com objetos que não aparecem no campo da visão, e as mudanças possíveis, tanto no passado como no futuro, a respeito das quais o objeto nada tem a nos dizer.
A intuição é uma percepção imediata de certas relações que não podem ser constatadas pelas outras três funções no momento da orientação. (12)59,60

- A intuição decorre de um processo inconssciente, dado que o seu resultado é uma idéia súbita, a irrupção de um conteúdo inconsciente na consciência. A intuição é um processo de percepção, porém, não consciente e sim inconsciente. Ela é apreensão teleológica (que relaciona um fato à sua realidade) de uma situação extremamente complicada. (12)68

- No tocante ao psíquico, porém, tudo se nnos afigura como voluntário e sujeito ao nosso arbítrio. Este preconceito universal provém do fato de confundirmos freqüentemente o psíquico com a consciência. Contudo, há inúmeros processos psíquicos, e até muito importantes, que são inconscientes ou conscientes apenas por via indireta. Sobre o que é inconsciente nada podemos conhecer diretamente, mas certos efeitos do inconsciente atingem nossa consciência e assim chegam ao nosso conhecimento. Desde que na consciência tudo se nos apresenta como voluntário, com certeza não encontramos aí, aparentemente, nenhum critério objetivo para o conhecimento de nós mesmos. Mas apesar disso, há um critério que nos permite chegar ao conhecimento da verdade sobre nós mesmos, porque ele é independente do desejo e do temor e, como produto da própria natureza, é incapaz de iludir-nos. Esta averiguação objetiva, nós a encontramos num produto da atividade psíquica, ao qual só em último lugar atribuiríamos tal relevância. Trata-se do sonho. (1)63

- Hoje em dia aceitamos que a consciência consta apenas daquele conjunto de imagens que estão associados diretamente ao “eu” (ego). Acham-se ligados ao eu os conteúdos psíquicos dotados de certa intensidade. Os demais conteúdos, porém, que não conseguem adquirir intensidade necessária, ou que já a perderam, são subliminares e pertencem à esfera do inconsciente. Reina entre consciente e inconsciente uma troca contínua e um deslocamento constante dos conteúdos. Denominamos de esquecimento (supressão) o processo de mergulho dos conteúdos conscientes no inconsciente. Falamos de idéias súbitas e impulsos quando imagens e tendências emergem a partir do inconsciente e penetram no consciente. (1)55

- Ao querermos desviar nossa atenção de allguma coisa, a fim de concentrá-la em outro objeto, temos de eliminar os conteúdos presente na consciência, pois se não fosse possível deixar de considerá-los, nem seria possível trocar de objeto conforme nosso interesse. Normalmente sempre resta a possibilidade de retornar os conteúdos eliminados conscientemente; eles podem ser reproduzidos sempre de novo. Se houver resistência para tais conteúdos, pode tratar-se de um caso de repressão. Em tal caso deve existir algum interesse em preferir o esquecimento.
A supressão de um conteúdo não causa nenhum esquecimento, ao passo que a repressão o produz.
É muito natural a existência do esquecimento normal, que nada tem a ver com a repressão.
A repressão consiste na perda artificial da memória, como uma amnésia que alguém sugere a si próprio. (1)114

- Essa visão do inconsciente e de sua relaação com a consciência constitui, de muitas manei-ras, um refinamento das introvisões de Nietzsche. (8)150

- Para Jung, “a consciência se desenvolve a partir do inconsciente e é na criança que se dá esse desenvolvimento. Nos primeiros anos de vida quase não se verifica consciência alguma, apesar de que já muito cedo seja evidente a existência de processos psíquicos.
Mas esses processos não estão relacionados a nenhum “eu”, não têm um centro e por isso carecem de continuidade, sem a qual é impossível a consciência. Provém daí o fato da criança também não ter memória no sentido usual, apesar da plasticidade e receptividade para as impressões, de que está dotado seu órgão psíquico.
Somente quando a criança começa a dizer “eu” é que tem começo a continuidade da consciência, já perceptível, mas por enquanto ainda muitas vezes interrompida. Nesses intervalos se intercalam alguns períodos de inconsciência. Durante os primeiros anos de vida percebe-se claramente na criança como a consciência se vai formando por um agrupamento gradual de fragmentos. Esse processo propriamente nunca cessa no curso da vida inteira.
A partir, porém, da pós-puberdade torna-se cada vez mais lento, e desde então é sempre mais raro que novas partes da esfera inconsciente venham juntar-se à consciência. O maior e mais intenso desenvolvimento da consciência se dá até os 25 anos no homem e os 20 anos na mulher.
Nesse momento, são estabelecidos fortes vínculos entre o “eu” e os processos psíquicos, até então inconscientes” (1)55,56.

- Jung fornece mais conhecimentos a respeiito do “eu”: Entendemos por “eu” aquele fator complexo com o qual todos os conteúdos conscientes se relacionam. É este fator que constitui como que o centro do campo da consciência, e dado que este campo inclui também a personalidade empírica, o eu é o sujeito de todos os atos conscientes da pessoa. Esta relação de qualquer conteúdo psíquico com o eu funciona como critério para saber se este último é consciente, pois não há conteúdo consciente que antes não se tenha apresentado ao sujeito (4)1.

- O ego (eu) não tem, disse Jung, uma exisstência a priori, mas emerge como um organismo em crescimento do ventre inconsciente da psique. Em suma, é um processo com uma história. Não é uma substância imutável, como um átomo ou partícula psíquica, mas sim uma função ou processo que está em desenvolvimento e que emerge da interação entre inconsciente e o meio externo.
O centro-ego, cristaliza-se a partir das profundezas escuras nas quais está, de alguma maneira, contido em potencial. Não tem existência por direito próprio e evolui a partir da infância como reação e demandas existenciais. Pode, no adulto plenamente desenvolvido, tornar-se uma função relativamente autônoma, mas, ao mesmo tempo, continua amarrado, como o que é movido àquilo que o move, ao inconsciente (8)183,184.

- É evidente que o fenômeno global da perssonalidade não coincide com o eu, isto é, com a personalidade consciente; pelo contrário, constitui uma grandeza que é preciso distinguir do eu. Tal exigência, naturalmente, só se verifica numa psicologia que se defronta com a realidade do inconsciente.
Mas uma diferenciação desta espécie é da máxima relevância para essa psicologia. Até mesmo para a aplicação da justiça é importante saber se determinados fatos são de natureza consciente ou inconsciente, como, por exemplo, quando se trata de julgar da imputabilidade ou não de um ato.
Por isso, propus que a personalidade global que existe realmente, mas que não pode ser captada em sua totalidade, fosse denominada si-mesmo (self). Por definição, o eu está subordinado ao si-mesmo e está para ele, assim como qualquer parte está para o todo (4)3,4.

- A explicação do si-mesmo em termos de umma pluralidade de complexos e fragmentos de personalidade é, contudo, apenas uma visão parcial da teoria de Jung. Falar no si-mesmo implica falar necessariamente em uma tendência para unidade e integridade. Como já dissemos várias vezes, essa unidade não é daquelas que dissolve todas as diferenças em uma unicidade mística, mas uma questão de compensação e equilíbrio num sistema que está em estado de tensão dinâmica. Não há processos psíquicos isolados. Todas as nossas percepções, pensamentos e sentidos estão embutidos na matriz total de nossa personalidade (8)189,190.

- O conceito de um todo psíquico não impliica para Jung uma unidade inteiramente indiferenciada, mas dinâmico equilíbrio entre opostos. Disse, “Vejo em tudo o que acontece a interação de opostos”.
Jung, portanto, considerava o si-mesmo como uma arena de luta e conflito entre opostos polares, mas também como um sistema auto-regulador que buscava o equilíbrio através da interação dessas forças contrárias: Não há equilíbrio, nenhum sistema de auto-regulação, sem oposição. A psique é simplesmente um sistema de auto-regulação desse tipo, “à procura de equilíbrio entre várias tendências opostas: entre as tendências com vistas à unidade e pluralidade, entre consciente e inconsciente, os elementos masculino e feminino existentes na psique, entre razão e instinto, convenção e natureza, o bem e o mal. Dessa maneira, a psique exibe, nas palavras de Frey-Rohn, “não só tendência para polarização, mas também inclinação para chegar a um equilíbrio, até mesmo para estabelecer estados contínuos de equilíbrio”.

Como “sistema auto-regulador” a psique esforça-se para chegar a um estado de equilíbrio de suas próprias forças naturais.
O caráter antagônico da Natureza é descrito pela literatura, pela Psicologia e pela Filosofia. Segundo Jung, foi Heráclito quem primeiro descreveu a enantiodromia (função reguladora dos contrários), que adverte que todas as coisas, em algum momento, correm em direção ao seu contrário.

A essência desse antagonismo parece ter suas raizes no taoísmo quando afirma que tudo é criado da interação de opostos – Yin-Yang – que representam sombra e luz, respectivamente; o positivo e o negativo; o sim e o não; o bem e o mal; como os dois lados de uma moeda. Esses pares de postos são aspectos diferente da totalidade, são polos complementares da Natureza que nunca podem ser superados. São princípios do Universo e toda a Criação está sujeita a este contraponto (Angela Maria Monnerat).
(Nota: Tao quer dizer sentido do mundo, o Caminho... o de um trilho que – sendo estável em si mesmo – conduz diretamente de um começo até a meta... No confucionismo, Tao tem um sentido de mundo interior = caminho certo). (13)91,92

Essa idéia teve plena florescência nas últimas décadas, reunindo introvisões da biologia, ecologia, cibernética e engenharia.
Sistemas dos tipos aqui mencionados são muitas vezes chamados de cibernéticos. O termo, cunhado por Norbert Wiener (1948) e derivado da palavra grega Kybernan, que significa “governar”, refere-se ao fato de que, através de vários dispositivos de retroalimentação, um orgnismo é capaz de controlar seus próprios estados interiores e atingir um estado de equilíbrio, ou homeostase, a despeito da autonomia relativa de suas partes constituintes. (Nota minha: este tipo de equilíbrio é conhecido, também, por “equilíbrio dinâmico”).
A natureza cibernética do pensamento de Jung é evidente no trecho seguinte: “A característica do si-mesmo, intrinsecamente voltado para uma meta e a ânsia de atingi-la... que não depende da participação da consciência... Na realidade, a enteléquia (a forma ou razão que determinam a transformação ou a criação de um ser) do si-mesmo consiste em uma sucessão de acomodações intermináveis, o ego e o si-mesmo mantendo laboriosamente equilibrados os pratos da balança se tudo correr bem. Uma inclinação grande demais para um lado ou outro é amiúde um exemplo do que não se deve fazer.

Talvez, a implicação mais importante desse princípio esteja na idéia de “individuação”.
Individuação é a meta para atingir a unidade psíquica por meio da reconciliação de opostos e, conseqüentemente, o atingimento da individualidade, a função de tudo que existe, potencialmente, na psique e, portanto, o significado da existência humana (8)192,193,194.

- O conceito de individuação de Jung começça com a idéia de que a perfeição não é possível e que embora possamos colocá-la diante de nós como meta, devemos reconhecer que o que torna a jornada valiosa é a própria jornada, com todas as suas vicissitudes, e não algum destino definitivo.
Disse Jung: “O significado e a finalidade de um problema parecem estar não na sua solução, mas em trabalharmos nele “incessantemente” (8)198.

- Individuação significa nada menos do quee exigir conscientemente realizar ou concretizar o pleno potencial de cada um. Significa, nas palavras de Jung: “o desenvolvimento de todo ser humano individual, para o qual uma vida inteira, em todos os seus aspectos espiritual, social e biológico, é necessária. A personalidade é a realização suprema da idiossincrasia (maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa) inata do ser vivo. É um ato de grande coragem executado frente à vida, a afirmação absoluta de tudo o que constitui o indivíduo (8)201.

- A individuação é um processo natural, quue surge basicamente de um desabrochar interior, um desenvolvimento autodirigido, e não imposto artificialmente de fora. É uma função que temos em comum com todas as coisas vivas. É uma expressão do processo biológico, através do qual todas as coisas vivas tornam-se aquilo que, desde o princípio, foram destinadas a ser. (8)205

- Considerava a vontade como facilitando a emergência dos instintos na consciência, refletidos sob a forma de emoções, imagens e fantasias, e em integrá-las em um si-mesmo plenamente operacional.
Em 1916 deu a esse processo o nome de função transcendente. Falou nela como sendo uma espécie de diálogo, levado a efeito mais através de imagens do que de palavras, no qual as funções consciente e inconsciente transcendem suas velhas posições de indiferença mútua, ou mesmo de hostilidade, e entram em sociedade (8)202.

- O inconsciente é a mãe criadora da conscciência. A partir do inconsciente é que se desenvolve a consciência durante a infância, tal como ocorreu nas eras longínqüas do primitivismo, quando o homem se tornou homem. (1)120

- A maioria das impressões surgidas nos prrimeiros anos de vida se torna rapidamente inconsciente e forma a camada infantil do inconsciente pessoal, como o denomino. Tenho certas razões para propor essa divisão do inconsciente. O inconsciente pessoal encerra tudo o que foi esquecido (suprimido) ou reprimido ou de qualquer modo se tornou subliminar, tudo o que a pessoa adquiriu antes de modo consciente ou inconsciente. Tais materiais são marcados por um cunho inconfundivelmente pessoal. Mas no inconsciente podem ser encontrados ainda outros conteúdos, que parecem inteiramente estranhos à pessoa e, muitas vezes, não apresentam o menor vestígio de uma qualidade pessoal. Esses conteúdos estranhos podem aparecer nos sonhos de pessoas normais e são, freqüentemente, encontrados nos doentes mentais.

Enquanto no neurótico o material recolhido costuma ser predominantemente de origem pessoal (relativo à família e à sociedade), no doente mental, como na esquizofrenia, o material é de origem coletiva (voz de Deus, transformações cósmicas, espíritos, demônios, magia, perseguições ocultas). Essa última camada da psique inconsciente é denominada de inconsciente coletivo.
É coletivo porque não se trata de nada que tenha sido adquirido pessoalmente. É como que o funcionamento da estrutura herdada do cérebro, a qual em seus traços gerais é a mesma em todos os seres humanos, e de certo modo até mesmo em todos os mamíferos. É o resultado da vida de nossos antepassados.
Nossa consciência pessoal é como um edifício erguido sobre o inconsciente coletivo, de cuja existência ela normalmente nem suspeita. (1)120,121,122

[TOPO]

2. ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS (PALAVRAS) E COMPLEXO

- Aristóteles foi quem formulou as “leis” que regem e dirigem o processo associativo, que foi posteriormente ampliado e passou a constituir o eixo e o fundamento de toda atividade psíquica, senão mesmo o mecanismo único, que impele e comanda as operações de nossa vida mental. Em sentido estrito, a associação é um processo psíquico, consciente ou inconsciente, espontâneo ou provocado, mediante o qual estabelecem-se significativas entre dados imediatos ou mediatos do conhecimento.
Sob certo aspecto, o processo associativo redunda em evocação, que é, como já sabemos, uma fase de memória, marcada pelo esforço consciente de busca interior da recordação. Mas, trata-se aqui de uma evocação passiva, mecânica, automática, que transcorre à maneira de um reflexo condicionado.
Os modos de associação mais correntemente observados e aceitos, são:

a) por simultaneidade temporal;

b) por contigüidade temporal;

c) por semelhança externa;

d) por semelhança interna.

Os dois primeiros podem fundir-se sob a designação de associação por proximidade têmporo-espacial.
O importante, contudo, é reconhecer que o liame associativo, que preside à execução da maioria das associações, reside na esfera afetiva, inclusive em tudo isso que se entende por inconsciente reprimido, o que nos leva a corroborar a realidade da ação dos complexos, na determinação, duração, direção e extensão do fluxo associativo, bem como no caudal e tonalidade de seus conteúdos respectivos, fatos confirmados, tanto pelo “método das associações livres” (Freud) quanto pela “prova das associações determinadas” (Bleuler – Jung) (11)418,419.

- Em 1936, Jung revelou que a tendência daa psique para cindir-se é fundamentalmente “um fenômeno normal” que não “precisa ser uma questão de personalidade múltipla histérica, ou alterações esquizofrênicas da personalidade, mas apenas os chamados complexos, que se situam inteiramente dentro da esfera do normal.
Em casos anormais, eles podem aparecer como vozes interiores ou mesmo como algum tipo de possessão, capaz de instalar-se e dominar, mas, na maior parte, são as tensões dinâmicas internas da psique, que representam um papel básico no crescimento pessoal (8)189

- A técnica da associação de palavras é attribuída, em primeiro lugar, a Wundt e Galton, ambos pioneiros no século XIX dos primeiros dias da psicologia, e além deles, à tradição empirista britânica, que Jung conhecia através de seu representante francês, Condillac. Jung ajudou a refinar e aprimorar os testes de associação de palavras. Consistiam em ler uma lista de palavras para o paciente, convidando-o a reagir a cada uma com a primeira palavra que lhe ocorresse e em seguida registrar o tempo de reação com um cronômetro. (8)25

- Ao aplicar os testes de associação de paalavras, ocorreu a Jung a idéia de que algumas delas, em particular as que surgiam após um tempo de reação mais longo do que a média, poderiam estar ligadas de uma maneira significativa, sendo possível demonstrar que forneciam uma pista para uma área de distúrbio psíquico do paciente. Isto, por seu lado, deu origem à idéia de um complexo, que Jung interpretava como uma rede significativa de disposições mentais, pensamentos e sentimentos que ocupavam um lugar identificável e relativamente isolado na psique como um todo. (8)26

- A unidade funcional da vida psíquica é cconstituída pelo complexo que tem três componentes: percepção sensorial, componentes intelectuais (representação, imagens de memória, juízos, etc.) e tonalidade afetiva. Esses três elementos encontram-se firmemente unidos, de maneira que, ao emergir uma determinada imagem na memória, em geral, todos os elementos a ela associados também vêm à tona (a percepção sensorial é representada através de uma excitação centrífuga da esfera sensorial correspondente). (3)31

- As idéias isoladas, relacionam-se entre si pelas diferentes leis de associação (semelhança, coexistência, etc.), embora sejam selecionadas e agrupadas em combinações mais amplas pelos afetos. Toda associação pertence a um ou outro complexo. (3)33

- Cada emoção produz um complexo de associiações, mais ou menos extenso, a que dei o nome de complexo ideo-afetivo. Os complexos constituem os componentes fundamentais da disposição psicológica em toda estrutura psíquica. (6)28

- Todo complexo autônomo, ou relativamentee autônomo, tem a particularidade de apresentar-se como personalidade, ou melhor, personificado. Onde pode observar-se tal fenômeno, com uma ênfase especial, é nas assim chamadas manifestações espíritas da escrita automática e outras semelhantes.
O raciocínio ingênuo deduz imediatamente que se trata de espíritos. Algo semelhante costuma ser observado nas alucinações dos doentes mentais. A tendência do complexo relativamente autônomo a personalizar-se, explica a atuação extremamente “pessoal” da persona, a ponto do “eu” sentir-se em dificuldade frente à questão de sua “verdadeira” personalidade. (2)72,73

[TOPO]

3. ARQUÉTIPOS E INCONSCIENTE COLETIVO

- Nenhum biólogo pensaria em admitir que ttodo indivíduo adquire de novo seu comportamento. Bem mais provável é que o jovem pardal teça seu ninho característico porque é um pássaro e não um coelho. Assim também é mais provável que o homem nasça com sua maneira de comportar-se especificamente humana e não como a de um hipopótamo, ou mesmo com nenhuma. (12)163

- Do mesmo modo, o instinto da formiga saúúva realiza-se na imagem da formiga, da folha, do corte da folha e de seu transporte, e no pequeno jardim de fungos, cultivado pelas formigas.
Se falta uma dessas condições, o instinto não funciona, porque não pode existir sem forma total, sem sua imagem que é apriorística.

As formas de cada instinto são idênticas para todos os indivíduos da mesma espécie. O mesmo se aplica ao homem quando ele também realiza seu padrão de comportamento.
No homem, a realização do instinto perde seu caráter absoluto quando limitado pela relativa liberdade da vontade (instinto psificado). A consciência é, pois, uma transformadora da imagem instintiva original.
Baseado nessa modificação da imagem instintiva, pela consciência, Jung diz que por isso, não é de surpreender que a mente humana considere impossível determinar tipos precisos de pessoas, semelhantes aos que conhecemos no reino animal. Pela observação que relata a seguir, conseguiu descobrir uma via indireta para chegar à imagem instintiva do homem:

   1 - Pacientes cujos sonhos indicavam rico material produzido pela fantasia.

   2- Aproveitou a imagem onírica ou a associação de idéias e deu tarefas aos pacientes para elaborar ou desenvolver essas imagens, deixando a fantasia trabalhando livremente.

   3- A tarefa dependia do gosto do paciente: forma dramática de representação, dialética, visual, acústica, dança, pintura, desenho ou modelagem. Esse método foi denominado “imaginação ativa”.

   4- Observou que como conseqüência, após as tarefas, em muitos pacientes, surgia um efeito terapêutico devido à redução da pressão inexplicável exercida pelo inconsciente.

   5- Observou que as configurações obtidas pelas tarefas encerravam um certo direcionamento, apesar de ser uma multidão caótica de imagens.

   6- Entretanto, observou que com o passar do tempo, esse caos se reduzia à medida que ele refletia e comparava as imagens produzidas pelos diversos pacientes.

   7- Observou que determinados temas e elementos formais se repetiam de forma idêntica ou análoga nos mais variados indivíduos.

   8- Observou como características mais salientes: a multiplicidade caótica e a ordem, a dualidade, a oposição entre luz e trevas, entre o supremo e o infinito, entre a direita e a esquerda, a união dos opostos em um terceiro, a quaternidade (quadrado e cruz), a rotação (círculo e esfera), e, finalmente, o processo de centralização e o arranjo radial, em geral dentro de um sistema quaternário.

   9- O processo de centralização constitui, segundo diz a experiência, o ponto mais alto e jamais ultrapassado de todo o desenvolvimento, e se caracteriza como tal, pelo fato de coincidir com o efeito terapêutico maior possível.

   10- Observou que naquele caos de configurações estavam representados diversos temas mitológicos; e que o conhecimento da mitologia dos pacientes reduziam-se ao mínimo.

   11- Essas fantasias eram dirigidas por reguladores inconscientes. Assim, poderiam ter consciência do que é um círculo ou um quadrado que desenhavam, mas os princípios formadores dessas imagens eram inconscientes e pela mesma razão o significado psicológico.

   12- Concluiu que um processo idêntico levava às repetições por ele observadas – um impulso obscuro que decide, em última análise, quanto à configuração que deve seguir; ou seja, é um a priori inconsciente que nos leva a criar formas.

   13- Por sobre todo o processo, parece que paira uma precognição obscura, não só daquilo que vai tomando forma, mas também de sua significação.

   14- Estas experiência e reflexões levaram Jung a reconhecer que existem certas condições coletivas inconscientes que atuam como reguladoras e como estimuladoras da atividade criadora de fantasia e provocam as configurações correspondentes, utilizando-se do material consciente já existente para esse fim.

   15- A existência destes reguladores inconscientes – que às vezes chama, também, de dominantes (arquétipos) por causa de sua maneira de funcionar, pareceu a ele de tamanha importância, que baseou sobre esses reguladores a hipótese de um inconsciente coletivo, dito impessoal.

   16- Na medida em que os arquétipos intervêm no processo de formação dos conteúdos conscientes, regulando-os, modificando-os e motivando-os, eles atuam como instintos. (12)339-342

- Os arquétipos se dividem fenomenologicammente em duas categorias: uma instintiva e outra arquetípica. A primeira é constituída pelos impulsos naturais e a segunda pelas dominantes (representações arquetípicas) que irrompem na consciência como idéias universais. (12)154

- Os arquétipos têm uma natureza a respeitto da qual não se pode dizer com certeza que seja puramente psíquica. (12)166

- Não devemos confundir as representações arquetípicas que nos são transmitidas pelo inconsciente com o arquétipo em si. Essas representações são estruturas amplamente variadas que nos remetem para uma forma básica irrepresentável que se caracteriza por certos elementos formais e determinados significados fundamentais, os quais, entretanto, só podem ser apreendidos de maneira aproximativa.
O arquétipo em si é um fator psicóide que pertence, por assim dizer, à parte invisível e ultravioleta do espectro psíquico. (12)150

Ao se referir à parte invisível e ultravioleta do espectro psíquico, Jung está fazendo uma analogia com o espectro da luz que se torna visível quando o comprimento de ondas está entre 7.700 e 3.000 angströms. Diz que através dessa analogia, podemos imaginar facilmente que há um limiar inferior e um limiar superior para os processos psíquicos e que, conseqüentemente, a consciência, que é um sistema perceptivo por excelência, pode ser comparada com a escala perceptiva da luz (e do som), tendo, como estes, um limite superior e um inferior. Acho que poderia estender esta comparação à psique em geral, o que seria possível, se houvesse processos psicóides nas duas extremidades da escala psíquica. (12)115

- Como outros arquétipos dão origem a dúviidas semelhantes, pareceu-me provável que a verdadeira natureza do arquétipo é incapaz de tornar-se consciente, quer dizer, é transcendente, razão pela qual eu a chamo de psicóide.
Além disso, qualquer arquétipo torna-se consciente a partir do momento em que é representado, e por esta razão difere, de maneira que não é possível determinar, daquilo que deu origem a essa representação. (12)150

- É preciso dar-nos sempre conta de que aqquilo que entendemos por arquétipos é, em si, irrepresentável, mas produz efeitos que tornam possíveis certas visualizações, isto é, as representações arquetípicas. (12)151

- Quando a Psicologia admite a existência de certos fatores psicóides irrepresentáveis, com base em suas observações, em princípio ela está fazendo a mesma coisa que a Física, quando constrói um modelo atômico. (12)151

- A ser assim, sua posição (posição arquettípica) estaria situada para além dos limites da esfera psíquica, analogamente à posição do instinto fisiológico que tem suas raízes no organismo material e com sua natureza psicóide constitui a ponte de passagem à matéria em geral. (12)153

- O instinto possui dois aspectos fundamenntais: de um lado, o fator dinâmico e, de outro, o sentimento específico, e correspondem, respectivamente, à compulsão e à intenção. É muito provável que todas as funções psíquicas do homem repousem sobre a base do instinto, como é o caso manifesto dos animais. Nestes, o instinto pode ser imediatamente reconhecido como o “spiritus rector” (espírito guia) de todo comportamento. Essa constatação só vem a ser questionável quando uma certa capacidade de aprendizagem começa a se desenvolver como ocorre, por exemplo, com os macacos mais complexos e os homens. Aqui, devido à capacidade de aprendizagem, o instinto sofre inúmeras modificações e diferenciações gerando, por fim, no homem civilizado, um estado no qual só muito instintos podem ser encontrados em sua forma originária. Estes são basicamente os dois instintos acima mencionados e seus derivados com os quais a psicologia médica vem se ocupando até hoje. (16)36

- O inconsciente coletivo é uma figuração do mundo, representando a um só tempo a sedimentação multimilenar da experiência (humana). Com o correr do tempo, foram-se definindo certos traços nessa figuração. São os denominados arquétipos ou dominantes – os dominadores, os deuses, isto é, configurações das leis dominantes e dos princípios que se repetem com regularidade à medida que se sucedem as figurações, as quais são continuamente revividas pela alma. Na medida em que essas figurações são retratos relativamente fieis dos acontecimentos psíquicos, os seus arquétipos, ou melhor, as características gerais que se destacam no conjunto das repetições das experiências semelhantes, também correspondem a certas características gerais de ordem física.

Devido ao seu parentesco com as coisas físicas, os arquétipos quase sempre se apresentam em forma de projeções, e quando estas são inconscientes, manifestam-se nas pessoas com quem se convive, subestimando ou sobrestimando-as, provocando desentendimentos, discórdias, fanatismos e loucuras de todo tipo. Esta é a origem dos mitos modernos, em outras palavras, dos boatos fantásticos, das mil e uma desconfianças e preconceitos. (10)86

- Na medida em que fazemos parte da psiquee coletiva histórica, através do nosso inconsciente, é natural que vivamos, inconscientemente, num mundo de lobisomens, demônios, feiticeiros e tudo mais, porque, antes de nós, em todos os tempos, essas coisas afetaram o mundo violentamente.
É assim que também temos parte com os deuses e demônios, com os santos e os facínoras. No entanto, seria a maior insensatez atribuir-se essas potencialidades, existentes no inconsciente. Por isso é de rigor estabelecer-se a separação mais aguda possível entre o que é de responsabilidade pessoal e o impessoal. É óbvio que isso não significa, em absoluto, negar a existência, talvez extremamente ativa, dos conteúdos do inconsciente coletivo.
Mas, na qualidade de conteúdos do inconsciente coletivo, confrontam-se com a psique individual e diferenciam-se dela. Naturalmente, essas coisas nunca foram separadas na consciência individual do homem ingênuo porque os deuses, os demônios, etc. não eram compreendidos por ele como projeções da alma, como conteúdos do inconsciente, mas co-mo realidades indiscutíveis.

Só a partir do Iluminismo (movimento cultural europeu que cobre o período entre a revolução inglesa - 1688 e a revolução francesa – 1789) é que se passou a negar a existência real dos deuses e a considerá-los como projeções. Foi o fim dos deuses, mas não da função psíquica correspondente, que ficou reprimida no inconsciente. Isso fez que o próprio homem ficasse intoxicado por um excesso de libido, antes aplicada no culto da imagem divina. A desvalorização e repressão de uma função tão importante como a religiosa tem, naturalmente, enormes repercussões na psicologia do indivíduo. Pelo refluxo dessa libido, o inconsciente se fortalece extraordinariamente, passando a exercer uma influência colossal sobre a consciência, através dos seus conteúdos arcaicos coletivos. (10)84,85

- Os arquétipos são a estrutura subjacentee da psique, uma herança comum da humanidade, composta de uma teia de elementos formais, modeladores, que nos predispõe a pensar, ex-perimentar e sentir de certas maneiras. Os arquétipos formam uma estrutura psíquica a priori que está presente, pelo menos potencialmente, em todos os seres humanos. (8)53

- O arquétipo é um órgão psíquico presentee em cada um de nós, um fator vital para a economia psíquica. Segundo Elie G. Hubert, “o pensamento de Jung está à procura de uma noção de que não dispunha na sua época, a noção de informação. O papel que atribui aos arquétipos é perfeitamente inteligível nos termos da teoria de informação:

   1- condicionam, orientam e sustêm a formação do psiquismo individual em função do programa que levam ;

   2- intervêm quando o psiquismo está perturbado, segundo as informações que recebem, seja do próprio psiquismo, seja do meio ambiente;

   3- asseguram a troca de informação com o meio. Acrescentamos que, para Jung, não há nenhuma hesitação, os arquétipos estão inscritos no corpo como todos os órgãos de informação da matéria viva. Sua transmissão é genética. Jung faz uma comparação com o olho ao distinguir arquétipo de imagem arquetípica. As imagens arquetípicas são tão diferentes dos arquétipos quanto as imagens ópticas o são do olho, ambos formam-se na relação entre o órgão e o objeto externo”. (7)100

- Um grande exemplo do componente arquetíppico na psique é encontrado no Atlas da História Universal, The Times, O Globo, Centro Cultural Banco do Brasil, Edição em português, 1995, pag. 82: “Não podemos deixar de nos impressionar pelo fato de que a agricultura, as cidades, a arquitetura, a metalurgia e a escrita se desenvolveram nos continentes do Velho e Novo Mundos, apesar da inexistência de contato entre ambos.
... a América pode ser considerada pelos arqueólogos que estudam o Velho Continente como uma prova de laboratório que demonstraria que, em condições parecidas, dois grupos humanos desenvolveram as mesmas estruturas sociais, mesmo encontrando-se completamente isolados um do outro. É como se os primeiros seres humanos que se espalharam pelo mundo tivessem no seu interior um protótipo de civilização que apenas esperava o clima favorável advindo depois da Idade do Gelo, e o especial potencial dos vales dos grande rios do Velho Mundo ou as terras altas e baixas do México e Peru, para materiali-zar-se.”

- Sabemos que toda e qualquer experiência humana só é possível dada à presença de uma predisposição subjetiva. Mas em que consiste esta predisposição? Em última instância, consiste numa estrutura psíquica inata, que permite ao homem ter tais experiências.
Assim, todo o ser do homem, corporal e espiritualmente, já pressupõe o da mulher. Seu sistema está orientado a priori para ela, do mesmo modo que para um mundo bem definido, em que há água, luz, ar sal, hidratos de carbono, etc. A forma do mundo em que nasceu já é inata no homem, como imagem virtual. Assim é que pais, mulher, filhos, nascimento e morte são, para ele, imagens virtuais, predisposições psíquicas. Tais categorias apriorísticas são de natureza coletiva.
Devemos pensar nestas imagens como isentas de conteúdo, sendo portanto inconscientes. Elas adquirem conteúdo, influência, e por fim tornam-se conscientes, ao entrarem fatos empíricos que tocam a predisposição, infundindo-lhe vida. (2)66

- Segundo Jung, o inconsciente coletivo siignifica que a consciência individual é tudo menos uma tábula rasa, ou um lençol branco como dizia Locke, mas é influenciado no mais alto grau por predisposições herdadas.
Abrange em si a vida psíquica de nossos ancestrais, retroagindo até os primórdios mais remotos.
Por isto, constitui o que ele descreveu como “a matriz de todas as ocorrências psíquicas”, uma espécie de arcabouço que determina a forma geral e as fronteiras da vida consciente, pois tal como o corpo herda uma estrutura que nos determina os contornos físicos, a mente é também estruturada por fatores herdados. As crianças recebem os estímulos sensoriais que lhes chegam de fora, não com quaisquer aptidões, mas com aptidões especiais, que são “instintos herdados” e pré-formados.
O inconsciente coletivo seria um potencial para certos tipos de atividades psíquicas tipicamente humanas - não tanto um fato, por conseguinte, mas uma disposição. Esse potencial herdado consiste no que Jung denomina de arquétipo.
Todo o conjunto, ou sistema interligado de arquétipos, é a estrutura que confere sentido e significado à vida psíquica, uma vez que contém “toda a herança espiritual da evolução da humanidade”. Há tantos arquétipos quantas são as situações típicas da vida e cita como exemplos: anima, sombra, si-mesmo, nascimento, criança, herói, velho sábio e mãe-terra. (8)154

- Os arquétipos desempenham mais do que umma função meramente formal ou racional, organizando e dando forma aos dados da experiência, mas são tanto sentimentos como pensamentos, elementos espontâneos da personalidade total, pelo que constituem o próprio cerne da ação humana e da vida emocional.
Além disso, possuem uma característica “numinosa”. Jung considera como numinosa - “o sentimento de alguma coisa especial, e mesmo sagrada, que parece transcender os limites da experiência comum”. A idéia de Deus, portanto, é em si mesma uma imagem arquetípica, incorporando um senso de mistério e veneração.
Jung argumenta que instinto e arquétipo encontram-se na concepção biológica de padrão de comportamento, pois da mesma maneira que o comportamento dos organismos não é aleatório, mas segue um padrão programado, também o padrão de comportamento humano é modelado por formas arquetípicas, estas últimas sendo imagens que representam o significado do instinto. (8)155

- Os arquétipos são dotados de iniciativa própria, e também de uma energia específica que lhes é peculiar. Podem, graças a esses poderes, fornecer interpretações significativas (no seu sentido simbólico) e interferir em determinadas situações com seus próprios impulsos e suas próprias formações de “pensamento”.(9)79

- Só se deveria considerar como instintos os processos inconscientes e herdados que se repetem uniformemente e com regularidade por toda a parte. Ao mesmo tempo eles devem possuir a marca da necessidade compulsiva, ou seja, um caráter reflexo. No fundo, tal processo só se distingue de um reflexo meramente sensitivo-motor por sua natureza bastante complicada.

Por isso, William James chama ao instinto, um mero impulso excito-motor, devido à preexistência de certo “arco reflexo” nos centros nervosos.
Os fatos dos instintos serem invariavelmente herdados, não traz nenhuma contribuição para explicar a origem; apenas remete o problema para nossos ancestrais. É por demais conhecida a opinião segundo a qual os instintos se originaram de um determinado ato repetido da vontade, inicialmente individual e posteriormente generalizado.

Por outro lado, convém sublinhar que o fator aprendizagem falta inteiramente nos instintos mais maravilhosos, observados no mundo animal. Em muitos casos é impossível até mesmo imaginar como tenha podido haver alguma aprendizagem e exercitação.
Seja por exemplo, o instinto de reprodução da Pronuba yuccasella, a mariposa da iúca.
Cada flor da iúca se abre, apenas, por uma única noite. A mariposa tira o pólen de uma dessa flores e o transforma em bolinha. A seguir, procura uma segunda flor, corta-lhe o ovário e, pela abertura, deposita seus ovos entre os óvulos da planta; vai em seguida ao pistilo e enfia a bolinha de pólen pelo orifício, em forma de funil, do ovário.
A mariposa só executa esta complicada operação uma única vez em sua vida. Daí que se procura explicar esse fato, não pela aprendizagem e sim no fator intuição (inspiração na filosofia de Bergson).

A intuição decorre de um processo inconsciente, dado que o seu resultado é uma idéia súbita, a irrupção de um conteúdo inconsciente na consciência.
A intuição é, portanto um processo de percepção, mas, ao contrário da atividade consciente dos sentidos e da introspecção, é uma percepção inconsciente. Por isto é que, na linguagem comum, nos referimos à intuição como sendo um ato “instintivo” de apreensão, porque a intuição é um processo análogo ao instinto, apenas com a diferença de que, enquanto o instinto é um impulso predeterminado que leva a uma atividade extremamente complicada, a intuição é apreensão teleológica (que relaciona um fato à sua finalidade) de uma situação, também extremamente complicada.

Essas formas a priori inatas da intuição são os arquétipos da percepção e da apreensão. (Antes Jung denominava os arquétipos de imagens primordiais)
Os arquétipos são determinantes necessárias e a priori de todos o processos psíquicos. Da mesma maneira como os instintos impelem o homem a adotar uma forma de existência especificamente humana, assim também os arquétipos forçam a percepção e a intuição a assumirem determinados padrões especificamente humanos. Os instintos e os arquétipos formam conjuntamente o inconsciente coletivo. (10)67-69

- Do mesmo modo como a apreensão conscientte imprime forma e finalidade ao nosso comportamento, assim também a apreensão inconsciente determina a forma e a destinação do instinto, graças ao arquétipo. Assim como dizemos que o instinto é “reprimido”, assim também a intuição, que põe em ação o instinto, isto é, a apreensão mediante o arquétipo, é de incrível precisão. Por isso, a mariposa da iúca, acima mencionada, deve trazer dentro de si, por assim dizer, uma imagem daquela situação que provocou o instinto. Esta imagem dá-lhe a capacidade de “reconhecer” as flores da iúca e sua estrutura. (10)72

- J. J. Clarke diz: A fim de esclarecer aas opiniões de Jung sobre esse assunto, teremos que investigar com mais detalhes o conceito de instinto. Vimos que, em seus últimos anos, Jung veio a considerar o arquétipo não apenas como uma entidade espiritual, mas como uma função psíquica com raízes em instintos biológicos.
Processos psíquicos, escreveu, “estão de alguma forma ligados a um substrato orgânico”, e como tal, “estão articulados com a vida do organismo como um todo e por conseqüência compartilham do seu dinamismo – em outras palavras, devem participar em seus instintos”. Os arquétipos em si representam a expressão simbólica consciente de pulsões instintuais inconscientes, cujas origens se encontram no reino puramente orgânico.
Sumariou ele essa opinião dizendo que “os arquétipos são simplesmente as formas que os instintos assumem” e, por conseguinte, “a imagem (arquetípica) representa o significado do instinto”.

Ora, grande ceticismo vem sendo manifestado em anos recentes a respeito da idéia de instinto, freqüentemente condenado como um conceito metafísico ou obviando a possibilidade de pessoas assumirem responsabilidade por seus atos. Para Jung, a noção nada tinha de misteriosa, representando simplesmente a idéia de um padrão herdade de comportamento e, daí, o arquétipo era tão-somente a disposição para certo repertório ou padrão de atividade psíquica. Como tal, não limita necessariamente o comportamento, mas proporciona um arcabouço dentro do qual tornam-se possíveis certos tipos de expressão psíquica.
Trata-se, para usar o termo de Ernst Mayr, de um “programa aberto” geneticamente adquirido, mas que, ainda assim, permite grande variedade de comportamentos, dependendo de circunstâncias ambientais. (8)173

- É bem verdade que, mesmo depois de 1919,, continuou a usar a expressão ambígua “imagens primordiais”, além de “arquétipo”, e que insistia em referir-se aos arquétipos quer como imagens, quer como disposições. Mas isso se deve mais à sua típica carência de precisão terminológica, uma falha em sua posição teórica. Sustentou, invariavelmente, que era a disposição para ter certas idéias e imagens que passava de uma geração para outra, e não as próprias idéias e imagens. Os arquétipos, insistiu vezes sem conta, “não são idéias herdadas, mas possibilidades herdadas”. Os conteúdos reais da consciência “são todos adquiridos individualmente”. (8)161

- O homem nasce com um cérebro altamente ddiferenciado, que o dota de uma ampla faixa de funções mentais; estas não foram adquiridas ontogeneticamente, nem foram por ele desenvolvidas.
Na medida em que os cérebros humanos são uniformemente diferenciados, nessa mesma medida a função mental possibilitada é coletiva e universal.
Assim é que se explica o fato de que os processos inconscientes dos povos e raças mais afastadas apresentem uma correspondência impressionante que se manifesta, entre outras coisas, pêlos temas e formas mitológicos autóctones.
A semelhança universal dos cérebros determina a possibilidade universal de uma função mental similar. Tal função é a psique coletiva, que se compõe de um espírito e uma alma coletivos (espírito coletivo = pensamento coletivo).

Na medida em que há diferenciações correspondentes à raça, tribo ou à família, também há uma psique coletiva limitada à raça, tribo e família, acima de nível de uma psique coletiva “universal” mais profunda.

A psique coletiva corresponde à parte solidamente fundada, herdada, e que por assim dizer funciona automaticamente, sempre presente ao nível impessoal ou suprapessoal da psique individual. O consciente e o inconsciente pessoais, correspondem à parte adquirida e desenvolvida, ontogeneticamente, como diferenciação pessoal. (2)124

- A diferenciação pessoal dos primitivos eestá no início e sua função mental é, pois, essencialmente coletiva. Eles se identificam, mais ou menos, com a psique coletiva, possuindo assim todas as virtudes e todos os vícios, sem caráter pessoal e sem contradição interna. A contradição só aparece quando começa o desenvolvimento pessoal da psique e quando a razão descobre a natureza irreconciliável dos opostos.
A conseqüência dessa descoberta é o conflito da repressão. Queremos ser bons e portanto devemos reprimir o mal; e com isto o paraíso da psique coletiva chega ao fim. A repressão da psique coletiva foi uma condição necessária para o desenvolvimento da personalidade. (2)127

[TOPO]

4. SOMBRA

- Esse termo foi usado pela primeira vez ppor Nietzsche em 1879 em seu ensaio intitulado O Viajante e sua Sombra, com a finalidade de abrir espaço ao lado mais tenebroso da natureza humana como contrapeso às idealizações predominantes, de reconhecer o papel, na psique humana, desse segmento. (8)150. Idéia essa compartilhada por Jung. - Segundo Edward C. Whitmont (A Busca da SSombra. 1991:36) Sombra é tudo aquilo que foi reprimido durante o desenvolvimento da personalidade por não se adequar ao ideal do ego. O ideal do ego representa o conjunto de valores moral e culturalmente aceitáveis aos quais o homem deve se adaptar no seu processo de formação e adaptação cultural. Os ele-mentos que forem opostos a esse padrão são jogados ao “porão”, na sombra. - Jung dizia que tínhamos a tendência de ssubestimar ou ignorar aquela faceta de nossa personalidade que nos é desagradável, aquelas características que não combinam com a imagem que fazemos do melhor de nós mesmos e que muitas vezes mostram que somos mesquinhos, cruéis, e até violento e sádicos. Mas precisamos reconhecer que a sombra é indispensável para a constituição de nossa personalidade total.
Da mesma maneira que a natureza é capaz de extremos de beleza e de horror, herdamos também essas possibilidades opostas através das profundezas inconscientes da psique.
Nessas profundezas, não raro enganosamente calmas na superfície, encontram-se os primeiros sinais do despertar de tempestades violentas que, se não forem reconhecidos e explicados em nosso desenvolvimento pessoal, atrairão calamidades para nós. O preço da repressão, de recusar-se a reconhecer a existência do vulcão e de seus perigos, é muito alto para não só para o indivíduo, que, de um ser manso e sensato pode ser transformado em um maníaco ou em uma besta selvagem, mas também para a sociedade, que pode destruir-se, se deixar de reconhecer e dar expressão às poderosas forças inconscientes que nela existem. (8)151

- Infelizmente, não se pode negar que o hoomem como um todo é menos do que ele se imagina ou gostaria de ser. Todo indivíduo é acompanhado por uma sombra, e quanto menos ela estiver incorporada à sua vida consciente, tanto mais escura e espessa ela se tornará.
Uma pessoa que toma conhecimento de sua inferioridade, sempre tem mais possibilidade de corrigi-la. Essa inferioridade se acha em contínuo contato com outros interesses, de modo que está sempre sujeita a modificações. Mas quando é recalcada e isolada da consciência, nunca será corrigida. E além disso, há o perigo de que, num momento de inadvertência, o elemento recalcado irrompa subitamente.
De qualquer modo, constitui um obstáculo inconsciente, que faz fracassar os esforços mais bem intencionados.Trazemos em nós o nosso passado, isto é, o homem primitivo e inferior com seus apetites e emoções, e só com um enorme esforço podemos libertar-nos desse peso.
Nos casos de neurose, deparamos sempre com uma sombra consideravelmente densa. E para curar-se tal caso, devemos encontrar um caminho através do qual a personalidade consciente e a sombra possam conviver (5)81.

- Se as tendências reprimidas da sombra foossem totalmente más, não haveria qualquer problema. Mas, de um modo geral, a sombra é simplesmente vulgar, primitiva, inadequada e incômoda, e não de uma malignidade absoluta. Ela contém qualidades infantis e primitivas que, de algum modo, poderiam vivificar e embelezar a existência humana; mas o homem se choca contra as regras tradicionais (5)83.

- A sombra não é o todo da personalidade iinconsciente; representa qualidades e atributos desconhecidos ou pouco conhecidos do ego - aspectos que pertencem sobretudo à esfera pessoal e que poderiam também ser conscientes. Sob certos ângulos, a sombra pode, igualmente, consistir de fatores coletivos que brotam de uma fonte situada fora da vida pessoal do indivíduo.

(Em (4)254 Jung diz que a sombra é um arquétipo, é uma personalidade oculta, recalcada, freqüentemente inferior e carregada de culpas, cujas ramificações se estendem até o reino de nossos ancestrais animalescos, englobando, deste modo, todo o aspecto histórico do inconsciente).
Quando uma pessoa tenta ver sua sombra, ela fica consciente (e muitas vezes envergonhada) das tendências e impulsos que nega existirem em si mesma, mas que consegue perfeitamente ver nos outros - coisas como o egoísmo, a preguiça moral, a negligência, as fantasias irreais, as intrigas e as tramas, a indiferença e a covardia, o amor excessivo ao dinheiro e aos bens - em resumo, todos aqueles pequenos pecados que já se terá confessado dizendo: “Não tem importância; ninguém vai perceber e, de qualquer modo, as outras pessoas também são assim”.

Se você se enche de raiva quando um amigo lhe aponta uma falha, pode estar certo que aí se encontra uma parte da sua sombra, da qual você não tem consciência. É natural que nos sintamos aborrecidos quando gente que “não é melhor” do que nós vem nos criticar por faltas devidas à sombra.
A sombra não consiste apenas de omissões. Apresenta-se muitas vezes como um ato impulsivo ou inadvertido. Antes de se ter tempo para pensar, explode a observação maldosa, comete-se a má ação, a decisão errada é tomada, e confrontamo-nos com uma situação que não tencionamos criar conscientemente. Além disso, a sombra expõe-se, muito mais do que a personalidade consciente, e contágios coletivos.
O homem que está só, por exemplo, encontra-se relativamente bem; mas assim que vê “os outros” comportarem-se de maneira primitiva e maldosa, começa a ter medo de o considerarem tolo se não fizer o mesmo. Entrega-se então a impulsos que na verdade não lhe pertencem.

Particularmente, quando estamos em contato com pessoas do mesmo sexo é que tropeçamos tanto na nossa sombra quanto na delas. Apesar de percebermos a sombra da pessoa do sexo oposto, ela nos incomoda menos e desculpamo-la mais facilmente (9)168,169

- Se os homens fossem educados no sentido de ver o lado sombrio de sua natureza, provavelmente aprenderiam a compreender e a amar verdadeiramente os seus semelhantes. Um pouco menos de hipocrisia e um pouco mais de tolerância em relação a si mesmo só podem dar bons resultados em relação ao próximo; pois o homem tem uma inclinação nítida para transferir aos seus semelhantes a injustiça e a violência que exerce sobre a sua própria natureza. (10)132

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5. PERSONA - A repressão da psique coletiva foi uma ccondição necessária para o desenvolvimento da personalidade.
O desenvolvimento da personalidade entre os primitivos, ou melhor, o desenvolvimento da pessoa é uma questão de prestígio mágico. A figura do feiticeiro e a do chefe da tribo são significativas. Ambos se distinguem pela singularidade de seus ornamentos, que exprimem o caráter de um e de outro. A peculiariedade de sua aparência os separa dos demais e tal segregação é reforçada ainda pela posse de segredos rituais.
Por estes e outros meios o primitivo cria um invólucro que cerca, que pode ser designado como PERSONA (máscara).
Como sabemos os primitivos utilizam máscaras na cerimônia do totem (símbolo de uma coletividade: animal, vegetal ou qualquer objeto como tribo ou clã, e que é considerado protetor e objeto de tabus e deveres particulares), a fim de exaltar a personalidade (2)127

- A palavra persona é realmente uma expresssão muito apropriada, porquanto designava originalmente a máscara usada pelo ator, assinalando o papel que este ia desempenhar na peça. (2)133

- A persona é um compromisso entre o indivvíduo e a sociedade acerca daquilo que “alguém parece ser”: nome, título, função, etc. (2)134

- A persona é um recorte mais ou menos arbbitrário e acidental da psique coletiva e cometeríamos um erro se a considerássemos, in toto, como algo de individual. Como seu nome indica, ela é uma simples máscara da psique coletiva, máscara que aparenta uma individualidade, procurando na realidade, convencer aos outros e a si mesma que é uma individualidade, quando na realidade, não passa de um papel no qual fala a psique coletiva. Ela é parte da psique coletiva da qual a consciência se apodera para expor à sociedade uma aparência de individualidade. (2)32

- Entretanto, a verdadeira individualidadee não deixa de estar sempre presente, fazendo-se sentir de forma indireta. (2)33

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6. ANIMA E ANIMUS

- Anima e animus são complexos autônomos qque constituem uma função psicológica do homem e da mulher, respectivamente. Sua autonomia e falta de desenvolvimento usurpa, ou melhor, retém o pleno desabrochar de uma personalidade. (2)86

- Devido à força de sugestão positiva e nuuminosa, o animus e a anima constituem as bases arquetípicas das divindades masculina e feminina... Enquanto númens (qualidade emocional, mágica), o animus e a anima produzem ora o bem, ora o mal. O que os discrimina é a oposição dos sexos. Por este motivo, constituem sempre um par de opostos que não estão irremediavelmente separados por uma contradição lógica.
Em virtude da atração mútua própria desta polaridade, não somente ela promete uma unificação, como até mesmo a possibilita. (4)256

- No inconsciente da mulher há uma naturezza masculina (animus), com característica do Logos do homem (Logos paterno na mulher) que compensa as atividades do consciente da mulher no caso de normalidade. Na mulher, o Logos pode, anormalmente, constituir um incidente deplorável.
Ele provoca mal-entendidos e interpretações aborrecidas no âmbito da família e dos amigos, porque é constituído de opiniões e não de reflexões. Como o animus tem tendência a argumentar, é nas discussões obstinadas em que se faz notar a sua presen-ça. Quando o animus predomina na mulher, o que importa é o poder da verdade ou da justiça, ou qualquer outra coisa abstrata. O pai (= soma das opiniões tradicionais) desempenha um grande papel na argumentação da mulher. Por mais amável e solícito que seja o seu Eros, ela não cede a nenhuma lógica da terra, quando nela cavalga o animus.

No inconsciente do homem há uma matriz feminina (anima), com características do Eros da mulher (Eros materno) que compensa as atividades do consciente do homem no caso de normalidade. No homem o Eros é a função de relacionamento, via de regra aparece menos desenvolvido do que o Logos.

Nos comportamentos anormais, quando os homens são possuídos pela anima, eles argumentam de maneira bem feminina e o que interessa é a vaidade e a sensibilidade pessoais e para as mulheres, ao contrário, é o poder da verdade ou da justiça. (4)12,13

-A mulher tomada pelo animus, corre semprre risco de perder sua feminilidade, sua persona adequadamente feminina. O homem, em iguais circunstâncias, arrisca efeminar-se. (2)85

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7. RELAÇÕES ENTRE PERSONA, ANIMA/ANIMUS E SOMBRA

- Para que possamos compreender as relaçõees das instâncias da psique, é importante fazer um breve comentário sobre o que vem a ser disposição.
O conceito de disposição constitui uma aquisição relativamente recente da Psicologia. Para nós, a disposição é estar a psique preparada para agir ou reagir numa determinada direção.
A disposição revela sempre uma direção que poderá ser consciente ou inconsciente porquanto haverá sempre combinação de conteúdos já disposta, infalivelmente, a dar destaque, no ato de percepção do novo conteúdo, às qualidades ou fatores que permaneçam mais convenientes ao fator subjetivo.
A conveniência ou inconveniência será decidida pela combinação ou constelação de conteúdo previamente disposta. A disposição significa uma expectativa, e uma expectativa opera sempre selecionando e imprimindo uma direção. A seleção já está feita a priori e, além disso, efetua-se automaticamente.

Não obstante, é possível distinguir, na prática, determinados tipos de disposição, na medida em que se podem distinguir determinadas funções psíquicas.
Quando uma função é predominante, surge, via de regra, uma disposição típica. Assim, há uma disposição típica do pensamento, como há do sentimento, do perceptivo e do intuitivo. (14)493-496

- A experiência cotidiana autoriza-nos tannto a falar de uma personalidade exterior como de uma personalidade íntima. A personalidade íntima é a maneira e o modo de nos comportarmos em face dos processos psíquicos interiores; é a disposição íntima, o caráter que opomos ao inconsciente – é a anima, a alma. Dou o nome de persona à disposição externa, ao caráter exterior.
Assim como a persona é uma essência que, freqüentemente, constitui todo o caráter aparente de um ser humano e que, em alguns casos, o acompanha imutavelmente a vida inteira, também a alma (anima/animus) constitui uma essência de contornos bem definidos, de um caráter por vezes imutável, sólido e independente.
No que diz respeito ao caráter da alma, é minha opinião, comprovada pela experiência, que rege o princípio básico e geral de que, no seu todo, a alma (anima/animus) comporta-se complementarmente em relação ao caráter externo (persona).
A experiência nos ensina que a alma costuma possuir todas as qualidades humanas que faltam na disposição consciente (persona).

Uma mulher muito feminina terá uma alma masculina (animus), e um homem viril uma alma feminina (anima). Quanto mais viril for sua disposição externa (persona), mais os traços femininos serão eliminados da personalidade externa e aparecerão na anima. Isto nos explica por que, justamente, homens muito viris evidenciam características debilidades.
São determináveis, influenciáveis pelos estímulos do inconsciente, comportam-se de maneira feminina. Pelo contrário, as mulheres mais femininas são aquelas que, precisamente, em certas coisas íntimas revelam uma inflexibilidade, uma teimosia e uma obstinação tão intensas como as que só é possível observar na disposição externa de um homem. (14)480,481

- A persona, imagem ideal do homem tal commo ele quer ser, é compensada interiormente pela fraqueza feminina; e assim como o indivíduo exteriormente faz o papel de homem forte, por dentro torna-se mulher, torna-se anima, e é esta que se opõe à persona. (2)70

- Do mesmo modo que no homem a anima é a ffigura que compensa a consciência masculina, na mulher a figura compensadora é o animus. (2)81

- Nem sempre as projeções pertencem à esfeera da sombra já que muitas vezes os símbolos que afloram nesses casos não se referem ao mesmo sexo, mas ao sexo oposto. Como fonte de projeções estão, pois, o animus e a anima. (4)8

- Com a análise da sombra e dos processos nela contidos, é possível fazer sair da casca a sizígia (par de opostos) anima/animus.

Um exame mais detalhado da sombra nos revela um mundo tenebroso que oculta no seu interior fatores autônomos e influentes, em si indistinguíveis, quais sejam, o animus e a anima. Quando os observamos ao vivo e em plena atividade – na mulher, como diabo da opinião, destruidor, cego e obstinado (animus); no homem, como uma sedutora ofuscante, cambiante, possessiva e emocional (anima)...

...o indivíduo inconsciente, ou seja, a sombra, não é constituído apenas de tendências moralmente reprimidas, mas apresenta um certo número de boas qualidades: instintos normais, reações adequadas, impulsos criadores, e outros.

...como causadores do mal e autores do mal, surgem a anima e o animus. Por outro lado, porém, não é possível ficar somente neste conhecimento, pois, torna-se evidente que todos os arquétipos, em geral, produzem espontaneamente efeitos favoráveis e desfavoráveis, luminosos e obscuros, bons e maus. (4)254

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8. LIVROS CONSULTADOS

1. O Desenvolvimento da Personalidade. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1972

2. O Eu e o Inconsciente. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1971

3. Psicologia das Doenças Mentais. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1971

4. Aion. Estudos sobre o Simbolismo do Si-mesmo. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1976

5. Psicologia e Religião. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1971

6. Freud e a Psicanálise. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1971

7. Jung. E. G. Humbert. Summus Editora. São Paulo, 1983

8. Em Busca de Jung, J. J. Clarke. Ediouro. Rio de Janeiro, 1992

9. O Homem e seus Símbolos. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 1964

10. Psicologia do Inconsciente. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1971

11. Psiquiatria. Nobre de Melo. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1979

12. A Natureza da Psique. C. G. Jung. Vozes. Petrópolis, 1971

13. O Segredo da Flor de Ouro. C. G. Jung e R. Wilhelm. Vozes, Petrópolis, 1992

14. Tipos Psicológicos. C. G. Jung. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1976

15. Memórias, Sonhos, Reflexões. C. G. Jung. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1963

16. Presente e Futuro. C. G. Jung. Vozes, Petrópolis, 1991

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