A Mesopotâmia


CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS

 A Mesopotâmia, “terra entre rios”, é a região da Ásia banhada pelos rios Tigre e Eufrates, que correm no sentido norte-sul, formando uma extensa planície de 140 000 quilômetros quadrados, com solos favoráveis à agricultura e à fixação do homem.

 O sul da Mesopotâmia, onde os rios desaguam no Golfo Pérsico, era conhecido como Suméria e suas principais cidades foram: Ur, Larsa, Eridu e Lagash. O centro, correspondendo ao curso médio dos rios, era chamado de Acádia, sobressaindo as cidades de Babilônia, Uruc, Nipur, Sipar e Acad. O norte era denominado Assíria, destacando-se as cidades de Nínive, Nimrud e Assur.

A REVOLUÇÃO URBANA: DA ALDEIA À CIDADE

 Os primitivos habitantes da Mesopotâmia viviam em aldeias isoladas de agricultores e pastores. Faziam instrumentos de pedra e vasos de argila; suas edificações eram moradias e templo de adobe, devido à escassez de pedra na região. Aproveitando os diques naturais, formados pelo Eufrates ao sul, praticavam uma agricultura rudimentar, favorecida pela fertilidade trazida pelas inundações periódicas do rio.

Por volta de 3 500 a.C., vindos provavelmente da Ásia Central, os sumérios fixaram-se na Baixa Mesopotâmia, fundindo-se étnica e culturalmente com a população local. Com a sua chegada, deu-se o aperfeiçoamento dos métodos de cultivo e de irrigação. A agricultura, além de abastecer regularmente a população, passou a gerar excedentes para o comércio. Desenvolveram-se o artesanato especializado, o uso de metais e surgiram inovações técnicas como a roda.

A população expandiu-se, dando origem a novos grupos sociais como sacerdotes, funcionários, mercadores, artesãos e soldados. Assim, as aldeias transformaram-se em cidades, como Ur, Uruk, Lagash, com governo próprio e profissões variadas. Estabeleceu-se ativo comércio entre as cidades de Suméria e seus vizinhos. Caravanas de mercadores levavam cargas de cevada e tecidos para a Ásia Menor e para o Irã, retornando com madeira, pedra e metais, que eram transformados em instrumentos, armas e jóias.

A revolução urbana fez surgir na Suméria e posteriormente em Acade, cerca de 15 ou 20 cidades-Estado politicamente independentes, mas com língua, religião, organização social e sistema econômico semelhantes.

O TEMPLO E OS SACERDOTES

A Cidade e o TemploO centro de cada cidade da Mesopotâmia era dominado pelo “temenos”, conjunto de templos, destacando-se o “zigurat” ou torre de degraus com um pequeno santuário no alto da elevação.
O templo era dedicado ao culto e às oferendas ao deus, geralmente uma personificação de forças mágicas que permitiam o nascimento da vegetação, a semeadura, a colheita e a sobrevivência do homem. Embora cada cidade possuísse seu próprio deus, havia entre os sumérios algumas divindades aceitas por todos, como Anu, deus do céu; Enlil, da terra; Ea, do oceano e várias divindades menores.

O deus encontrava representantes e intérpretes terrestre – os sacerdotes – cuja origem ligava-se aos mágicos e aos feiticeiros das aldeias neolíticas. Os sacerdotes, a serviço do deus e intérprete da vontade divina para o povo, estavam livres dos trabalhos nos campos e encarregavam-se de administrar e ampliar o tesouro do deus.

Aos sacerdotes do templo cabia também a tarefa de  controlar as terras circunvizinhas e dirigir os trabalhos de construção de canais  de irrigação, reservatórios e diques. Tinha a seu serviço artesãos especializados, como construtores, pintores, ourives, escultores, carpinteiros e escribas.

O templo era o centro da vida religiosa da cidade e o centro da acumulação de riqueza. O deus, através dos sacerdotes, emprestava aos camponeses animais, sementes, arados e arrendava os campos. Ao pagar o “empréstimo”, o devedor acrescentava a ele uma “oferenda” de agradecimento.

Da necessidade de registrar os bens doados aos deuses e prestar contas da administração das riquezas do templo teve início o sistema de contagem e a escrita cuneiforme, visto que os sacerdotes já não podiam, para as suas transações, confiar apenas na memória ou recorrer ao simples expediente de contar fazendo nós em um lenço.

 

O TEMPLO E OS SACERDOTES

 As cidades-Estado da Baixa Mesopotâmia necessitavam do controle das águas dos rios Tigre e Eufrates e da importação de madeira, cobre, estanho e pedras preciosas para sobreviver. Por isso, surgiram disputas entre elas pela demarcação dos limites, pelo direito às águas e pelo acesso às fontes de matérias primas.

 Essas disputas tornaram-se constantes, transformando-se muitas vezes em guerras. Nesses períodos, havia a necessidade de se escolher um cidadão capaz e destemido, para guiar os habitantes da cidade à vitória. Sim, por volta de 3 000 a.C., passou a existir o rei, denominado “grande homem” ou “lugal”, com função basicamente militar. Com a continuidade das guerras, a função de rei deixou de ser temporária, tornando-se vitalícia, hereditária e despótica.

A guerra tinha incentivos econômicos, como a conquista de campos cultivados, despojos em alimentos, armas, matérias primas e suprimento de mão-de-obra escrava. Formaram-se bem treinados exércitos, com soldados protegendo a cidade, seus canais e áreas agrícolas contra os ataques de vizinhos e tribos nômades das estepes próximas. Aos poucos,  as cidades começaram a disputar entre si a hegemonia da região, dando origem a vários impérios.

 

Autores: Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon.
História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo, 1989

 

 

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