Overtraining (treinamento excessivo).

Muitos praticantes de atividade física, geralmente principiantes e pessoas que ainda não tiveram acesso a muitas informações sobre treinamento físico, chegam às academias com a idéia errônea de que quanto mais treinarem, mais rápidamente entrarão "em forma", fato comum com a chegada do verão, e a vinda dos chamados "atletas de última hora".

Quando iniciamos qualquer tipo de treinamento, o corpo percebe que um estímulo diferente está desequilibrando temporariamente (durante o treinamento) o funcionamento normal (homeostase) do organismo. O corpo então tentará se adaptar ao tipo de estímulo (treinamento) a que está sendo exposto, de forma a criar adaptações (defesas) que o permitam realizar as tarefas a que está sendo solicitado (treino) sem que ocorra um grande desequilíbrio na sua regulação interna.

Por isso, as adaptações tornarão o corpo mais forte (no caso do treinamento com pesos), e o treinamento será cada vez mais fácil de se realizar (a não ser que o instrutor altere a sobrecarga de forma adequada), para que o treinamento continue a provocar um "estímulo", e o corpo torne-se cada vez mais forte.

Estas adaptações ao desequilíbrio provocado pelo treinamento nada mais são que reparos, que são realizados no momento de repouso entre uma sessão de treino e outra. No caso da musculação, como o exercício é muito intenso, provoca um a série de "danos" no tecido muscular (microlesões) que levam um grande tempo para serem reparadas (entre 2 e 5 dias), e quanto maior a carga de treino (número de exercícios realizados na sessão), mais microlesões irão aparecer.

Um dos maiores desafios de se planejar um treinamento adequado está em se ajustar a quantidade de estímulo que vai ser aplicado sem se ultrapassar o limite da capacidade individual de reparo dessas lesões, que varia muito (pode ser razoavelmente grande até muito pequeno). Os indivíduos que possuem pequena capacidade de reparo podem desenvolver seu físico tanto quanto os outros indivíduos, desde que realizem um pequeno número de exercícios para cada grupo muscular e aumente o tempo entre uma sessão de treino e outra em pelo menos 5 dias.

O fato é que, nenhum indivíduo consegue treinar um grande número de exercícios (5 ou mais) para cada grupo muscular, descansando por exemplo apenas 48 horas, e conseguir ter um resultado adequado, pois neste caso antes do reparo das microlesões, você iria provocar mais outras, que também não teriam tempo de serem reparadas, e assim por diante, gerando o quadro conhecido como overtraining.

O overtraining caracteriza-se por um grande desgaste do aparelho ósteo-muscular e mesmo do organismo como um todo (pois este empregará a maior parte da energia que despõe para tentar minimizar os efeitos da excessiva carga de treinamento).

Os sintomas mais comuns do overtrainig são uma queda de desempenho apesar dos esforços para se tentar mantê-lo, dores musculares, sensação de fadiga, aumento do número de lesões (tendinites, lesões articulares e inflamações musculares), perda de peso e baixa resistência á infecções, pois o sistema imunológico fica deprimido pelo excesso de hormônio cortisol que sempre se apresenta no quadro, ainda que os sintomas possam aparecer isolados um dos outros.

O overtraining não aparece apenas na musculação, e praticantes de atividades de longa duração (corredores e ciclistas por exemplo) também apresentam basicamente os mesmos sintomas, tendo um risco ainda mais aumentado de desenvolverem lesões ósseas, ósteoporose e anemia.

Portanto, os iniciantes devem confiar no trabalho dos instrutores, ainda que o treinamento prescrito por eles possa lhes parecer o contrário do que você imaginava, podendo você consultar outro instrutor bem informado e você verá que os dois terão opiniões muito parecidas, com o tempo você também aprenderá a prestar atenção aos sinais que o seu corpo envia e descobrir e respeitar seus limites individuais, tirando o máximo de proveito do treinamento sem prejudicar seu corpo.

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