Ficção Científica, uma introdução:

O gênero Ficção nasceu praticamente quando surgiu as obras literárias desencadeadas da vontade de escrever dos homens criativos e da disposição de leitores imaginativos . Alguns escritores acreditam que as bases da Ficção Científica surgiram com Luciano de Somásata (século II d.C.), um admirador e seguidor de Mênipo um sírio que morou na Grécia por volta do século III a.C, e o qual alguns historiadores gregos atribuem a autoria de As Mil e uma noites. Luciano escreveu As Histórias Verdadeiras, ,a qual narra a viagem de um homem para a Lua com um barco a vela o qual é carregado por um tufão, antes dele no século I d.C, Antônio Diogênes se aventurou nesta área, mas seus escritos não ficaram tão conhecidos como os de Luciano.
Na narrativa de Diogênes um homem viaja para a Lua apenas tomando a direção norte e seguindo para o eterno frio destas áreas do globo.

Desde muito cedo a humanidade se entusiasmou com a Lua e o Sol, criando em torno destes objetos, lendas e episódios fantásticos. Mesmo na Antigüidade muitas narrativas contando mitos, lendas e fantasia já eram bastante disseminadas, um exemplo é a obra de Homero com a Odisséiaque conta as viagens de Ulisses à procura do caminho de casa a Ilha de Ítaca. Mas a narrativa de Luciano desencadeou outras criações sendo, portanto um catalisador de idéias fantásticas. Em 1634, As Histórias Verdadeiras de Luciano, foram traduzidas para o Francês e outras línguas modernas, quando esta narrativa chegou as mãos dos leitores fez grande sucesso. Um deles Cyrano de Bergerac criou As Viagens à Lua 1657, como sempre ele usou tal narrativa para introduzir sua sátira social e suas críticas ao governo e sociedade francesa da época isso muito antes da queda da bastilha.

Lua

 

 

 

 

 

Em 1705, Daniel Defoe escreveu O Consolidador, sobre uma viagem a Lua, isto bem antes de seu romance Robinson Crusoé. Em 1752, Voltaire, que na verdade se chamava François Marie Arouet escreveu Micrômegas, onde ele narra as aventuras de um gigante de um planeta que órbita a estrela Sírius, o gigante visita a Terra e Saturno e comenta sobre os anéis e como sempre Voltaire é irônico a fazer os comentários do gigante a respeito do planeta Terra, este diz: "que nenhuma raça inteligente poderia habitar um planeta como a Terra". Em 1759, ele escreve Cândido onde também narra aventuras sobre o gigante de Sírius.

Em 1818, Mary Shelley escreve seu Frankenstein, uma variação de uma lenda de Fausto muito difundida nas terras de língua germânica, ela ao contrário dos outros autores da época, retocou cientificamente um romance humanista, que mostra o conflito entre criador e criatura. A literatura de Shelley é conhecida por esta obra, sendo portanto seu cartão de entrada. A obra dela é lembrada por ser uma das primeiras que fazem referência a Ficção Científica da época moderna.

 

Poe

 

Em 1835 Edgar Allan Poe (figura ao lado), escreveu As aventuras de um certo Hans Pfall, onde ele narra com minúcias as viagens deste herói a Lua, logo em seguida Júlio Verne em 1865, conta em capítulos Da Terra a Lua e depois Em volta da Lua. As viagens para nosso satélite natural faziam muito sucesso mais do que viagens interplanetárias e o tema cientificista de Shelley foi abandonado temporariamente.

Seguindo o exemplo de Verne escreveu em 1901, Os primeiros homens na Lua , o que dizer de Invasores de Marte Em 1895 (um pouco antes) ele já tinha escrito algo sobre um tema que nos fascina, a viagem no tempo, em A máquina do tempo ele mostra o futuro da humanidade dentro da sua visão da época, com grandes avanços da tecnologia a beira de um novo século, incrivelmente fiel ao que aconteceu em nosso passado recente ele narra guerras atômicas e em um futuro distante ele mostra uma sociedade um tanto (comunista), onde usam artefatos para guardar seus registros e estes artefatos são similares a CD's os quais utilizamos hoje em nossos computadores.

Mas H.G. Wells não foi o único a prever de certa forma o futuro em suas obras, um mestre nesta faceta foi Júlio Verne (figura a esquerda), que anúnciou prodígios tecnológicos cinqüenta anos antes da ciência os tornarem realidade como submarinos nucleares e viagens espaciais inclusive com a melhor localização para a decolagem (Florida) (cabo canaveral). Seu romance perdido, França no Século XX fala da Globalização, da túnel do canal da Mancha e do fax .

Quando a Ficção Científica chegou no século XIX, os escritores refletindo sua época tenderam a escrever apenas sobre máquinas e o poderio delas sobre o homem, com o início do século XX até 1930 surgiu um ramo da Ficção denominado The Pulp-Era (contos divididos em capítulos de fácil leitura), já era um reflexo da humanidade querendo esquecer a Primeira Guerra Mundial finda em 1914 e se preparando para os conflitos seguintes em 1939 (começo da Segunda Guerra Mundial). A Pulp-era foi dominada por histórias fantásticas e muito criativas uma das editoras americanas que mais incentivou a Pulp-era foi a Campbell's editor ship ela foi invadida por uma nova geração de escritores ingleses e norte-americanos denominados a Primeira geração, foram criados as Amazing stories, contos pequenos vendidos a preços populares para conquistar o maior público possível. Sob a tutela de John W. Campbell floresceu a Era de ouro da Ficção Científica com escritores como Isaac ASIMOV, Robert A. HEINLEIN (com seu Um estranho em uma Terra estranha), Theodore STURGEON, e A. E. VAN VOGT um dos mais importantes desta geração. Em 1950 se juntaram a eles Arthur CLARKE, Frederik POHL,e outros mais os quais contribuíram para a divulgação da boa Ficção Científica. Durante o período que Campbell foi editor (1937-50) muitos e variados temas foram abordados: robôs, mundos alternativos, viagens a velocidade da luz, viagens de colonização, culturas alienígenas, e as conseqüências dos seres humanos conhecendo alienígenas.

Perry RhodanEm 1945 (Final da Segunda Guerra Mundial), a Ficção Científica tendeu para o lado mais humano e as crises desencadeadas com a convivência em um mundo superpopuloso e seus problemas, além do ambiente pós-guerra, um bom exemplo desta preocupação são as Aventuras de Perry Rhodan 1961, mostrando um mundo em meio a uma possível Terceira Guerra Mundial, (Rhodan e seus companheiros acham na Lua os Arcônidas que auxiliando Rhodan fazem com que este traga enfim a paz para o planeta Terra). Deste ambiente preocupante surgem duas vertentes a ficção humanizada a que analisa o homem e seu teor psicológico, um bom exemplo é a obra de L. Ron Hubbard ,(um tanto satírico e irônico) e a que visa as conquistas tecnológicas a Ficção Tecnológica, a obra de Asimov pode ser citada aqui, principalmente no que tange sua Saga Robôs, mas sua Saga a Fundação, mescla inteligentemente estas duas vertentes. No entanto dentro de sua Saga Robôs também podemos notar nuances de preocupação humanizada.

A televisão da década de 50/60 usou o tema Ficção Científica voltada para o público jovem por isso as Séries em sua maioria não eram na verdade o ideal da boa Ficção Científica defendida por muitos escritores da época , apesar disso algumas Séries se destacam como boas e excelentes, Jornada Nas Estrelas teve como alicerce seus excelentes roteiros principalmente os de: G.L. Coon , D.C. Fontana e Harlan Ellison que escreveu Cidade a beira da Eternidade ganhando o Prêmio Hugo em 1967. Outra Série que fez sucesso na mesma época foi Viagem ao Fundo do Mar com o Almirante Nelson. Ou o que dizer de Túnel do Tempo
Na década de 70 a tv foi invadida por Séries de pouco valor científico ou com roteiros pobres, dando mais ênfase a ação do que a Ficção Científica uma exceção foi Galáctica, onde terráqueos procuram um novo planeta depois que a Terra foi destruída.

Atualmente a Ficção já é reconhecida como Obra literária de respeito coisa que não acontecia a 50 anos atrás, Ficção Científica era renegada a um segundo plano e considerada a margem das obras literárias, seu público era específico e pequeno, atualmente o mercado literario é invadido por várias obras inclusive um gênero que ás vezes se mistura com a Ficção Científica o Gênero Fantástico, muito utilizado por Charles Sheffield ver sua obra Os Construtores do Universo ou Divergência.
Outro que se utiliza de conceitos fantásticos mesclando com teorias Científicas e
Orson Scott Card ver A Odisséia de Whorthing ou O segredo do Abismo.

Outro mestre da Ficção é Ray Bradbury com seu Fahrenheit 451 que virou filme na década de 60 nas mãos do cineasta francês François Truffaut, fazendo grande sucesso na época como ficção alternativa. A história narra um futuro onde os livros são queimados e proibidos, toda e qualquer forma de comunicação é feita através do vídeo, o nome do filme é devido a temperatura em que o papel pega fogo pela escala internacional de temperatura.

 Detalhe da capa do Livro Fundação II editado pela RecordO Cinema em geral se aproveitou do Tema Ficção, até hoje Uma Odisséia no Espaço obra e roteiro de Arthur Clarke é considerado um marco para a Ficção Científica na telona, Dunade Frank Herbert ou Contatode Carl Sagan. Todos grandes escritores que tiveram suas obras roteirizadas para o cinema, contudo o cinema por vezes se torna um assassino de idéias e os livros são sempre melhores para aqueles que desejam se aprofundar nas obras e conhecer seus meandros. Duna é um exemplo constituindo uma obra densa a qual não pode ser mostrada em três horas de filme com toda a Saga de Muadi'b e as Benegesserit.

Um exemplo de sucesso nas telas de cinema com aval do seu criador foi Blade Runner , baseado em livro de Philip Kindred Dick,em 1982 quando morreu disse achar bom o que tinha visto até ali sobre o filme. Seu livro "Androids Dream of Electric Sheep?" de 1968 deu origem ao argumento do filme. Apesar dele mesmo afirmar, que seria impossível levar toda a narrativa do livro para o cinema em meras duas horas de filme.

Muitos outros escritores fazem da Ficção Científica um berço de idéias, levando nossa imaginação ferver com as variadas perspectivas para a humanidade, para o planeta ou para o universo, as possibilidades da imaginação são infinitas e as probabilidades da Ficção se tornar real são inúmeras, para isso basta apenas entrar no universo proposto pelos autores.