Resposta aos Direitistas sobre Cuba

Por Patrícia Oliveira

Nos últimos meses, os direitistas que fizeram a festa com a execução de 3 seqüestradores e a prisão de 75 agentes dos EUA em Cuba, eventos sob medida para a mídia burguesa tentar desviar a atenção da avalanche de violações de direitos humanos ocorrendo no Iraque por conta da ocupação ilegal daquele país. Um deles, com o sugestivo e servil pseudônimo de "Capitão América" chegou a escrever: "Cobro de todos quê fizeram protestos e críticas contra George W. Bush por este ousar combater outro déspota da mesma estirpe de Saddan Hussein, Fidel Castro para fazerem protestos contra Fidel Castro, queimando a bandeira cubana e tudo mais."

Para azar dos quintas-colunas do imperialismo no Brasil, o carnaval teve curta duração.

A pouco tempo atrás o palestino Nazid Darwazeh, pai de quatro filhos, foi deliberadamente assassinado quando filmava um grupo de crianças jogando pedras num tanque do Exército israelense, o qual vem promovendo o seu genocídio contra o povo palestino à vontade com o silêncio e a conivência da mídia direitista no Brasil e no mundo. E então, senhores Capitão América, Robson, Social Caviar e outros, que tanto acusaram a esquerda esses dias de ter dois pesos e duas medidas, não vão protestar contra esta tentativa criminosa de silenciar a imprensa, ou pelo menos comentar o assunto? Ou são vocês que têm dois pesos e duas medidas?

Israel, ao contrário do regime de Fidel Castro, dispensou quaisquer formalidades jurídicas ao executar Nazid, dezenas de outros palestinos e uma norte-americana voluntária do Movimento de Solidariedade Internacional nos últimos dias. Dessa forma, ninguém poderá acusar Israel de aplicar a detestável prática da pena de morte, como fez Fidel com os três seqüestradores (as primeiras execuções em Cuba em anos) ou os EUA com 170 pessoas somente o ano passado, a maioria delas negros e hispânicos miseráveis. Basta dizer que os assassinatos foram um "acidente", "legítima defesa", ou "cometidos pelos próprios palestinos", e a CNN, Estadão ou Veja se darão por satisfeitas.

Aos direitistas, e infelizmente também a alguns anarquistas que parecem possuir memória seletiva para a história de Cuba, vou lhes lembrar de apenas um episódio: logo depois de ser libertado de sua longa prisão de 25 anos pelo antigo regime fascista da África do Sul, Nelson Mandela fez questão de viajar a Cuba se encontrar com Fidel e foi obviamente criticado pelos vermes contra-revolucionários exilados cubanos e mafiosos por ir a Havana e não a Miami. A resposta de Mandela: “enquanto vocês não faziam nada contra o apartheid, Cuba foi um dos poucos países a se opor ao regime racista e ajudar o Congresso Nacional Africano. Por que eu haveria de me encontrar com vocês e não com Fidel ?” E finalizou: "nós viajamos até aqui com um sentido de grande dívida que é devida ao povo de Cuba. Que outro país pode exibir um histórico de maior desinteresse do que o demonstrado por Cuba em suas relações com a África ?".


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