..::: a arte de pintar imagens sonoras ::..
o spot :)
[...] Projeto - " A arte de pintar imagens sonoras".
1 Apresentação
Como estudante na área de Comunicação Social, não poderia
esconder o meu encantamento com o poder que o veículo Rádio tem
em reproduzir realidades através do som.
Mais especificamente através da publicidade radiofônica. Não falo
aqui sobre o anúncio cantado, já tão falado e estudado “Jingle”, me
refiro ao anúncio falado, o Spot.
Encontramos então o tema do estudo, o Spot suas características,
linguagem e formas de persuasão.
2 Tema: Anúncio falado: o spot.
2.1 Delimitação do objeto de estudo
Anúncio falado: o spot – “A arte de pintar imagens sonoras”.
O Spot e uma peca publicitária veiculada em rádio, a voz e a
sonoplastia da publicidade, com linguagem própria para a difusão
sonora. Para entender melhor como acontece o Spot e como este é
captado pelos ouvintes, estudaremos a campanha de spots da
Feira do Livro 2002.
3 Formulação do Problema
O poder comercial do spot. Como está sendo explorado o poder do
rádio, de criar realidades através do spot, no mercado publicitário?
O Spot visto como uma ferramenta para alcançar o subconsciente
do consumidor, já que é uma peca que remete o ouvinte a um
"ambiente cego" ausente em imagens reais, mas completo em imagens
criadas pela imaginação, vivências e experiências do ouvinte.
3.1 Objetivos
Geral: Analisar o spot e suas ferramentas de venda, focando o
estudo na característica de penetração subconsciente que este possui.
Específicas: Analisar o que é o Spot, seus formatos, e seus
elementos de persuasão para vendas. Propor um pensamento novo na
aplicação do spot, como peça importante para uma campanha
institucional, onde será aplicado para “plantar” desejos em longo
prazo, não mais sendo visto como informativo ou peca paralela de
campanha.
Justificativa e Referencial Teórico
Seria fechar os olhos para o futuro, não perceber a possibilidade
que o spot traz ao mercado publicitário. O mundo digital chegou e
com ele as mudanças. Quem sabe um dia teremos rádios digitais
instalados em nossos carros, recebendo sinais digitais com a
possibilidade de textos e imagens no painel, o que poderia acabar com
a imaginação do ouvinte ao escutar uma boa história
radiofônica. Esta possibilidade ainda é remota e distante, mas não
impossível, portanto está mais que na hora de olharmos para o spot
como uma peça importante e de grande penetração no interior e
na mente de cada individuo.
“ O rádio leva para a vivencia isolada, não para a vivencia coletiva [...].
Embora ele possa contribuir para uma experiência coletiva
(entendida aqui como diferente da vivencia), mesmo neste caso o efeito
é uma vivencia individual. O Ator radiofônico não fala,
portanto, com uma massa compacta de centenas de milhares, mas com
o ouvinte individual” (Kolb, 1980: p.121).
A proposta é lutar para ser lembrado, mesmo sem ser visto,
perpetuar a mensagem na memória do ouvinte. O rádio atual
apresenta uma realidade sem correções, a mensagem é “escrita”
temporariamente na atenção do ouvinte, e encontra na memória
subconsciente deste a sua possibilidade de perpetuação. Portanto, o
que foi ouvido passou, e será retomado apenas na memória do
ouvinte, sem a possibilidade de releitura como em um texto, livro
ou um anúncio gráfico.
O perfil do rádio-ouvinte hoje não é nada parecido com os ouvintes do
rádio nas décadas de 40 e 50 onde o veículo se encontrava como
o mais importante mass media e possuía a atenção quase total do
seu ouvinte, que se preparava para receber aquela informação.
Para refrescar a memória dos que lembram, e para dar um exemplo da
força do rádio nesta época, foi em 1941 que surgiu o programa
“ O Repórter Esso – Testemunha ocular da História”. Programa
que até hoje é comentado e utilizado como referencia nas criações
radiofônicas por muitos comunicadores que não era
nem nascidos na época.
Porém, o perfil do ouvinte de hoje é outro completamente diferente,
após a chegada e consolidação da TV no Brasil, 1950, TV Tupi;
o rádio perde seu lugar na sala, e o ouvinte radiofônico que antes
era atento às mensagens, se torna ativo e dispersivo. Hoje
o perfil do ouvinte de rádio, é de estar em constante trânsito, seja
no carro, com o walk man, ou mesmo em casa, com outras
atividades e paralelo. (Silva, 1999).
“ O cidadão deste final de século parece ter-se habituado a esse moto
perpétuo, relegando o hábito de escutar ao de apenas ouvir:
[...] há uma crescente tendência a se ouvir maior quantidade
de sons contínuos” (Duarte, 1995: p.22).
Portanto, concorrendo com inúmeras informações paralelas, o rádio
recorre à redundância e ao seu poder de sugestão, a fim de
retirar seu potencial ouvinte do estado de ouvir para o de escutar
atentamente. Utilizando para isso elementos criativos, sua
linguagem adequada e contando com a natureza humana, já que o
som é à mais tempo conhecido pelo homem, do que a imagem.
Os elementos sonoros são conhecidos por nós, desde quando em
gestação, onde já vivíamos em um universo eminentemente sonoro-
musical. (Vasse, 1977).
A linguagem apropriada para a radiofusão também é uma ferramenta
para a captar a atenção e muito importante na
transmissão de uma mensagem publicitária como o spot. Diferente de
um texto para ser apreciado através da leitura, como este trabalho
que aqui apresento, o texto radiofônico é especial, e merece um
estudo profundo.
Assim o spot se apresenta como uma peça adequada para analise,
pelo menos por dois motivos: o primeiro é que nele encontram-se
todos os elementos que compõem e constroem a linguagem
radiofônica, efeitos sonoros, ruídos, trilhas, vozes e falas.
O segundo é que através dos seus elementos, o spot se torna capaz de
criar uma realidade não visual. O que possibilita o ouvinte criar,
através das experiências e vivências a sua própria imagem mental da
história que está sendo escutada. Abrindo assim o caminho
para a “semente”, para a marca do cliente se plantada no interior
deste receptor, em um “terreno fértil” chamado subconsciente.
Como referencial teórico, trabalharei com a obra, Rádio: oralidade
mediatizada, de Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva,
juntamente com obras que tratam sobre a recepção do ouvinte.
Hipóteses
As hipóteses que poderão elucidar o problema proposto são
diversas, seria muita imprudência tentar aqui determinar a hipótese
correta. Porém, as prováveis respostas existem, até mesmo porque
sem elas, este projeto nunca seria iniciado.
Proponho então, como hipótese para o não aproveitamento do Spot
como peça importante em uma campanha institucional, o fato deste
nunca ter sido tema de um estudo aprofundado sobre a sua força de
penetração subconsciente. Sendo assim, para responder; como
está sendo explorado o poder de criar realidades através do Spot,
no mercado publicitário. Sugiro que este não esteja sendo
explorado em seu total potencial.
Historicamente vimos o Spot como um informativo lido no ar que logo
se tornou um anuncio falado, mesmo gravados continuavam sendo
informativos de ofertas ou acontecimentos para funcionar à
curto prazo. Mesmo hoje, com toda tecnologia, efeitos, ambientes e
trilhas, ainda temos o Spot como uma peça para informar
imediatamente.
Podemos observar como exemplo, as campanhas de supermercado.
Onde a mensagem institucional é transmitida pela televisão em
filmes de 30” e até 60” e as ofertas e promoções são veiculadas no
rádio através dos Spots, encadernações em jornais, vinhetas na TV
e outros.
“[...] Viver era, para ele, escrever. Não lhe importava em absoluto que
suas obras durassem. Uma vez radiados, se esquecia dos libretos.
Me assegurou que não conservava cópia de nenhum dos
radioteatros. Estes haviam sido compostos com o tácito
convencimento de que deviam volatizar-se ao ser digeridos pelo
público. Uma vez lhe perguntei se nunca havia pensado e publicar:
- Meus escritos se conservam em um lugar mais indelével que os livros
– me instruiu, no ato -: a memória dos radioescutas.” (Vargas Llosa, 1977: p.64).
Portanto, tentarei buscar teorias cientificas que tragam apoio à
revisão que proponho. O Spot visto como uma ferramenta para
alcançar o subconsciente do consumidor, tornando a mensagem
eterna, já que este é uma peça que leva o ouvinte a um "ambiente
cego" ausente em imagens reais, mas repleto de imagens criadas pela
imaginação, vivências e experiências do ouvinte.
Aspectos Metodológicos
Esfera da Pesquisa
A principio a pesquisa exploratória, é providencial para garantir o
mínimo conhecimento sobre o tema à ser aprofundado. Já que por
mais que se saiba sobre o assunto proposto, sempre poderá
haver outras explicações para o mesmo, e a pesquisa exploratória
permite que estas teorias diferentes possam
acrescentar e enriquecer o estudo através de cruzamentos e análises
em diferentes pontos de vista.
A pesquisa qualitativa é aquela que busca a natureza, origem do
acontecimento, sem medi-lo; como se faz em uma pesquisa
quantitativa. Geralmente é a abordagem inicial no estudo de um
problema, e conforme o seu andamento, após todos os estudos,
analises e cruzamentos de teorias, poderá ou não utilizar uma pesquisa
quantitativa para provar uma determinada conclusão.
No caso deste trabalho que aqui projeto, pretendo manter uma
pesquisa exploratória, já que os dados e informações que procuro não
são numéricos, nem constantes como a matemática. O tema a
ser estudado é o Spot, suas características e a sua relação com o
ser, tornando assim a pesquisa quantitativa desnecessária, e a
qualitativa imprescindível.
Técnica de Coleta de Dados
Para entender melhor como acontece o Spot e como este e captado
pelos ouvintes, estudaremos a campanha de spots da Feira do
Livro 2002, composto por quatro pecas de 30". Campanha esta
reconhecida pela sua qualidade e premiada no Salão da
Propaganda 2002. (Arquivos ARP-2002)
A campanha é composta por quatro spots, intitulados: Avião (Minas do
Rei Salomão), Conversa (Sócrates), Namorado (Moiliere) e
Entrevista (Nova Onda). Nesta ordem, serão apresentados e analisados
perante os itens: reprodução da realidade, oralidade,
linguagem, interpretação, sonoplastia, percepção e unidade de
campanha.
Descrição de Dados
A apresentação dos dados e resultados do estudo proposto será
realizada através de textos analíticos descritivos, Fazendo assim,
o cruzamento com a literatura especializada.
A utilização de quadros comparativos poderá ser necessária para
ilustrar o histórico do rádio através da sua audiência, paralelamente
com a chegada da Televisão.
Bibliografia
DUARTE, Heloísa de Araújo Valente. Os cantos da voz: entre o ruído
e o silêncio. São Paulo: PUC Dissertação de Mestrado, 1995.
KLIPPERT, Werner. Elementos da Linguagem Radiofônica.
In: SPERBER, George Bernard (org.). Introdução à peça radiofônica.
São Paulo: E.P.U., 1980.
KOLB, Richard. O desenvolvimento da peça radiofônica artística a
partir da essência do rádio. In: SPERBER, Geroge Bernard (org.).
Introdução à Peça Radiofônica. São Paulo, EPU, 1980.
NUNES, Mônica Rebecca Ferrari. O mito no rádio – A voz e os signos
de renovação periódica. São Paulo: Anna Blume, 1993.
SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Edunesp, 1991.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 19ªed.
São Paulo: Cortez, 1993.
SILVA, Júlia Lúcia de Oliveira Albano da. Rádio: oralidade mediatizada:
o spot e os elementos da linguagem radiofônica.
São Paulo: Anna Blume, 1999.
VARGAS, Llosa, Mário. La Tia Júlia y el Escribador.
Barcelona: Sex Barral, 1977.
VASSE, Denis. O Umbigo e a Voz: psicanálise de duas criaças.
São Paulo: Loyola, 1977.
Fonográfia
Plug Produções Fonográficas – Repertório Salão da Propaganda 2002.
Formato: CD.
Sites
www.adonline.com.br – Acessado no dia 24 de outubro de 2003 as
17:30h – Entrevista Washington Oliveto.
Relação dos spots analisados
1- Spot 30” Avião. Feira do Livro 2002. Criação: Agencia Matriz.
Produção: Plug
2- Spot 30” Conversa. Feira do Livro 2002. Criação: Agencia Matriz.
Produção: Plug
3- Spot 30” Moliere. Feira do Livro 2002. Criação: Agencia Matriz.
Produção: Plug
4- Spot 30” Entrevista de Emprego. Feira do Livro 2002. Criação:
Agencia Matriz. Produção: Plug
Fernanda Rotta Pereira