FANTOCHEIRO DE LETRAS

 

Houve-se por lá teatro de fantoches.

Mil fantasias e aventuradas

Manipuladas pelas magias das mãos.

 

Menino desde então pegou mania de imaginação.

Queria era só também experimentar

Faz de conta com as mãos.

Mas elas não habilidavam bonecos.

 

Então, foi por isso mesmo

Que Menino tratou de fantochar com letras.

E a gente se admirava

Como tudo nascia por suas mãos.

 

Mas o que aconteceu foi que o tudo

Imagerado minguava logo em após.

Feito bexiga de ar desconseguida de inflar.

Era porque as letras estavam mesmo vazias.

 

Menino viu as letras

Famintavam recheios de histórias.

E ele, na sua novidade ainda de ser gente,

Despodia de botar mesas saborosas.

 

No avô, tentou cavucavar uns contos,

Que o velhinho calava em seus medos.

Mexer com o passado é como certos segredos

Que libertam de si muitos monstros.

 

Menino papeou, papeou mais o avô,

Esperou que a prosa desse um balão.

E, no menos do se aperceber,

Caronava as letras nas ondas da contação.

 

Rechearam-se assim de tantas personagens

Letras fingindo fantásticos acontecidos,

Letras lembrando esquecidas histórias,

Letras soprando as poeiras da memória.

 

E, no grande teatro das letras,

Quando o avô diante dos idos,

Um novo gosto pro passado

Saboreachou nas fantasias do Menino.

 

 

ESTÓRIAS SOBRE ESTÓRIAS

 

I – De como a Terra…

 

 

Na minha aldeia, de onde eu venho, houve uma estória me contarilhada que dizia há muito tempo atrás haver um bosque. Nele, moravam uma cascata chorosa de águas frescas e árvores que frutificavam muitas frutas. Era tanto uma riqueza, que região outra do mundo perdia na comparação.

Um belo dia, um bando de homens descobriu esse bosque. Foi uma festa só, porque eles vinham famintos de lugar onde pudessem ter água e comida em quantidade. Assim, decidiram imediatamente ficar e construir suas cabanas.

Pouco tempo depois, um segundo bando de homens descobriu também o tal bosque. Talvez eles tivessem visto as pegadas dos primeiros e puderam seguir no igual caminho.

No início, os dois bandos viveram em paz. Havia muita comida e água. Desprecisava confusão. Mas, com o tempo, as árvores e a cascata se cansaram de trabalhar paras tantas barrigas exigentes e, de repente, resolveram cruzar os braços.

Os homens então ficaram muito zangados. Não compreendiam o porquê do alimento e bebimento se terem acabado assim da noite pro dia. Os bandos passaram a se acusar entre si do sumiço da água e das frutas. E foi aquela confusão. Houve foi uma grande guerra.

Com a guerra, os homens perigavam acabar com o bosque, deixando a Terra muito preocupada com as suas filhas, a cascata e as árvores. Então, pra resolver a guerra, a Terra teve foi uma idéia. Esperou que os homens dormissem e escreveu uma estória entre os dois bandos no seu próprio corpo, quer dizer, no chão.

Manhãzinha, os homens acordaram e viram aquele monte de coisas riscadas no barro e ficaram tão curiosos, que pararam a guerra para tentar entender o que estava ali escrito. Era como se a Terra abrisse a sua própria boca e com sua voz doce de mãe contasse uma estória.

 

 

II – De como o Arpista…

 

 

         Havia numa terra distante um ajuntado de moradias pequeninosas. Os aldeães ali viviam de um tipo muito simplesmente só trabalhando no diário. De sol a lua. Arando a terra. Semeando. Colhendo. Os homens na obrigação da labuta, e a natureza na gentileza da ajuda. Assim, entreteciam-se os anos com muito suor.

         Eis que emboramente um aldeão um dia se cansou dos serviços trabalhosos. Ficou foi enfadado, na verdade, porque ele via a vida se circunfazia sempre da mesma forma. Ele era rapazote, mente em frescor de idéias, desejosa de novidadear.

         Então, num belo sonho, imaginovou uma idéia: inventar um instrumento musical. Sem perda de tempo, colheu os elementos para a máquina sonora. De uma árvore, um galho encompridado. Com as raízes, picadas em pedaços tamanhamente variados, trançou sete cordas. Pronto. Fez surgir a primeira arpa.

         E que sucesso o jovem músico fez! Parecia o som vinha da própria terra, de tão perfeito que ele era. Por causa disso, todos se encantaram com suas artes, até que então uma linda moça se apaixonou por ele, e os dois se casaram com muitas comemorações.

         No dia do casamento, o arpista estava tão feliz, que tocava muito alto. Foi só aí que os Deuses descobriram a existência musicante da arpa, ficando zangados. Foi porque eles desgostaram saber que um homem se atrevia nos atos criativos, coisa autorizada apenas aos Deuses. E, para punir o músico, prenderam imediatamente sua mulher no centro da terra.

         O arpista, então, enraiveceu-se. Propôs aos Deuses um desafio. Contaria uma estória com a arpa. Ao final, se eles gostassem da criação, libertariam a sua esposa. Mas, o conto desagradando, ela ficaria presa para sempre, e a arpa seria destruída.

         Os Deuses aceitaram a proposta e logo logo o arpista já dedilhava as cordas do instrumento, com sua serena voz.

 

 

III – De como a mulher do mar…

 

 

Por causa da tempestade, um navio boiava no mar sofridamente, desdentado do leme e das velas, que antes guiavam a direção no conforme a vontade dos homens. O mar ainda agitava ondas, assoprava um vento violentamente veloz. Temia-se outro mal humor do céu a qualquer momento.

         Durante dias, os marinheiros foram levados nas ordens das águas mandonas. Havia uma confusão de céu e mar e nuvem e espumas e noite e dia e norte e sul. Ninguém via um onde sequer naquele mundo embaralhado.

         Com a navegação perdida em rotas indecifráveis, os marinheiros já atravessavam bom período de fome e sede. As águas era tão zombadoras, tão desgraçadas, que nem de um peixinho aqui ou outro ali davam sinal. Parecia aquele mar era infértil, feito solo deschovido, feito chão chupado pela esfomeada seca.

         Um semana, duas semanas, o tempo passando. Os navegantes desesperavam alucinações. Inventavam visões por entre o bolo desbotado de paisagem. Devia ser por passa-tempo pra enganar desesperança, ou só por tentativa de alimento, mesmo que fossem sonhos.

         Certa vez, o navio ia devagar. O vento tipo que parado. Talvez o mar descansasse as bochechas. E, cada vez mais vindo, uma voz de mulher atingiu bem em cheio os ouvidos dos marinheiros. Imediatamente, todos correram pra ver e se maravilharam, porque viram um enorme peixe, embora na verdade quem estivesse ali fosse uma linda mulher de cabelos longos. Era porque a fome ordenava nos olhos.

         Então, os marinheiros jogaram uma rede gigante e pescaram a coitada da mulher. Uns trouxeram-na para bordo do navio, amarrando-a no mastro principal, enquanto outros já preparavam um calderão com água colhida do mar para cozinhar a ilusão de peixe.

         Desesperada, a mulher refletiu, refletiu numa forma de fugir dali. E, com a sua melodiosa voz, começou a contar uma estória aos marinheiros.

 

 

IV – De como o menino salvou a memória da aldeia

 

 

Uma vila repartia o chão com as árvores e a cascata de um bosque. Nele, tudo viva em total harmonia, com os homens em sua existência humana e a natureza na verdejante essência.

         Eis que um dia, os aldeães descobriram estrangeiros se aproximarem dali. Vinham montado em bichos e, pela aparência, não pareciam estar para missões de paz. Eles sugeriam maldades nos gestos.

         Imediatamente, o chefe da aldeia pediu socorro à Terra, que prontamente decidiu  ajudar. Falou às suas filhas, as árvores e a cascata, que protegessem os aldeães. Então, uma muralha foi feita pelas árvores. E, para obstacularizar mais, a cascata fabricou um rio que circunbraçou as árvores. Pronto. A aldeia já estava preparada para uma guerra.

         Assim, frente tais defesas, os ataque duraram bastante. Talvez até meses. Os inimigos pareciam não eram capazes de vitorioar. E eles no fim das contas acabaram percebendo isso. Tanto que resolveram mudar de estratégia. Mandaram um deles disfarçado ver de onde vinha a força da aldeia e cortar o bem pela raiz.

Lá foi o espião. Com facilidade, já estava no entre os aldeães. Espionou, espionou, até que, chegando ao centro da aldeia, viu um garoto sentado, olhando o chão. O menino lia algo escrito no barro do solo.

Estranhamentando, o inimigo perguntou o que era aquilo, ao que se ripostou ser uma estória, a memória primeira da aldeia. E, mais umas curiosidades, o menino contava a estória.

Ao fim da estória, o inimigo gostou tanto que quis ficar por ali mesmo pra ouvir outras. Dias depois, outro espião foi mandado à aldeia para espionar, mas aconteceu com ele o idêntico do primeiro, e assim sucessivamente, até que finalmente não havia mais inimigos para lutar contra a aldeia.

         Assim foi que finalmente acabou a guerra, e a memória da aldeia foi salva.

 

 

V – … escapou de ser cozida

 

 

         Com a estória contada pela mulher que tinha aparecido no mar, os marinheiros foram ficando bocejosos, bocejosos, até que mergulharam em águas sonolentas. Enfim, dormiram por nem sei quantos dias.

         Aproveitando-se do sono dos navegantes, a mulher esticou o braço por entre as cordas que a amarravam e conseguiu alcançar uma faca. Pronto. Cortou as cordas, se libertando. Tinha vencido a morte.

         Mas o incrível foi que a mulher não mostrava zangas contra os marinheiros. Podia inclusive agora os punir. Era só atirar um por um no mar, deixando as águas vingativas se encarregarem do resto. E quase esteve mesmo para isso, senão fosse ver nos homens um desenho de fraqueza, de fragilidade em seus rostos.

A mulher percebia uma capa de tristeza cobrindo as almas dos marinheiros. Quis até mesmo por instantes chorar. E, ainda que tivesse o direito da revanche, decidiu arredar o pé de razões vingativas, pra ajudar aqueles pobres homens.

Cantou uma bonita canção. O céu sorriu, exibindo o sol, que desfez as nuvens. O mar também riu. Soprou novos ventos. E, improvisando uma vela com seus longos cabelos, a mulher guiou o navio até uma ilha.

         Na ilha, os homens puderam encontrar um infinito de frutas e água doce, boa de beber, dos rios que por lá aguavam. E, assim, finalmente eles puderam acabar com as suas fomes e sedes já de tamanho tempo.

Foi só então que, saciados os estômagos, eles descobriram que o tal peixe grandalhão que eles achavam que tinham pescado em alto mar não era nada peixe, era uma linda mulher.

Após muitas disputas, casou-se ela com um dos marinheiros, dando inícios a uma população, toda ela começada na mistura de um navegante com a contadora de estórias. Essa é a explicação para os homens gostarem tanto de viagens e estórias.

 

 

VI - … libertou sua esposa

 

 

Quando finalmente o jovem arpista terminou a estória, os Deuses ficaram tão emocionados, que houve uma enorme chuva de lágrimas. Ao secarem as nuvens chuvosas, que eram na verdade os olhos dos Deuses, um sol redondamente amarelo iluminou o céu. Foi aí que apareceu perto da aldeia um buraco que ia dar no centro da terra.

Então, os Deuses disseram ao arpista que não podiam mais libertar a sua esposa, porque agora ela ficava prisioneira dos sete demônios que moravam no subterrâneo. A única coisa que eles podiam fazer já tinha sido feita: abrir o caminho pro mundo de baixo. Daí em diante, ele lutaria sozinhamente por si.

O jovem músico nem sequer pestanejou. Pegou a arpa e meteu-se na bocarra escancarada no chão. Enfrentou mesmo a escuridão, recheio do interior terrestre.

De repente, um facho de fogo lhe apareceu. Era o primeiro demônio. Num instante, o arpista sacou a arpa e tocou, até que, embalado pela arte, o demônio cochilou as pestanas, caindo num profundo sono. O herói, pra concluir o inicial combate, arrancou uma corda do instrumento e amarrou bem o primeiro demônio, prosseguindo na viagem.

Adiante, o segundo demônio lhe tomou passagem. Na repetição da vitória, o arpista também tocou, até que o adversário adormeceu, ficando preso com outra corda da arpa. Assim, na medida em que avançava, o jovem arpista ia vencendo os sete demônios, e, para a sua alegria, conseguiu libertar a amada.

Só que ao fim da aventura, a arpa já não mais existia. As cordas se gastaram nas artísticas lutas contra os sete demônios. Foi por isso que o arpista deixou de ser arpista, porque agora ele sabia uma nova arte: a arte de contar estórias, que, da mesma forma que a música, encantava os aldeães.

Assim, surgiu o primeiro contador de estórias.

 

 

VII – … acabou com a guerra dos homens

 

 

         Durante todo o tempo, os homens ficaram ali unidos recebendo a estória da Terra, plantada no barro do chão. Tipo semente que semeia futuros de fartura. A Terra, verdadeira mãe, com carícias, soprando brisas calmantes das raivas humanas.

O próprio solo se afofou mais, confortável qual um berço. Era como se os homens voltassem ao tempo de criança para recrescerem de uma forma diferente. E foi assim mesmo que a guerra acabou.

Termificando a guerra, a cascata e as árvores se felicitaram em tanto, que tornaram a oferecer seus frutos novinhamente aos homens. E, como havia agora aquela existência escrita no chão que misteriava as origens, os homens ficavam desejosos de explicações, descansando mais as energias da cascata e das árvores.

Por muito, engatinhou-se na tentativa de descobrir como a estória tinha aparecido e quem a tinha escrito. Mas as verdades teimavam em pique-esconde e os homens desconseguiam saber as coisas.

De tanto em tanto houve esforços, até que um dia o homem desistiu, despegou das tantas muitas perguntas. Foi então que já haviam acontecido o gosto e a mania da contação de estórias. Com o homem criando de sua própria cabeça novas criatividades, tenteando ser a imagem e semelhança da Terra.

E as crianças, sendo nascidas pelos pais, acabavam conseguintemente pegando também seus hábitos estoriantes. Mais tarde, se iniciavam nos estudos dessas artes, com a primeira aula na leitura da mesma lenda que há milhanos atrás a Terra tinha inventado para salvar a vida do bosque, acordando a humanidade nos homens.

Houve ainda momento que quase se cortou o elo com o passado longínquo, quando um bando invadiu o bosque muito tempo depois e quis até apagar do chão a história da Terra, memórias guardadas daquele lugar. Mas isso já é lá uma outra estória. Ou será que não?

 

 

EUSOU E O CHAPÉU

 

Eusou era um menino. Um menino diferente. Tão diferente o menino Eusou, que fica até meio difícil dizer como ele era de verdade.

Eusou gostava muito era brincar, brincar com todas as gentes.

Quando ele pegava mania de trocar de caras e de bocas.

De trocar de falas e de roupas.

As gentes ficavam muito zangadas, porque nunca sabiam cadê Eusou?

         Mas Eusou estava lá bem ali, bem debaixo dos narizes. Do nariz redondo e também quadrado.

Do nariz é sério e também é engraçado,

Do nariz colorido e também desbotado.

         Eusou era mesmo brincalhão.

Perto do pequenino, ficava grandalhão.

Perto do grandalhão, ficava apequeninado.

As gentes ficavam muito zangadas, porque nunca sabiam cadê Eusou?

Mas com a Mãe, Eusou não podia se esconder. Era só ela dizer menino deixa disso.

Que o menino Eusou largava logo um sorriso.

Se ele estava um leão feroz, ou um gatinho inofensivo,

Se ele vencia heróis.

Ou fugia do perigo.

Eusou voltava a ser menino.

Só com o seu sorriso.

E era assim que a Mãe reconhecia o seu filho.

Era só por causa apenas daquele sorriso.

Mas Eusou não gostava brincar só de mudar. Tinha muitos bonequinhos. Eram os soldadinhos de chumbo que o Pai sempre trazia de presente.

E Eusou formava com eles um batalhão de mentirinha, nas suas aventuradas pela casa.

Eusou era tambembém bagunceiro. A Mãe sempre reclamava Menino dá um jeito nisso! Mas Eusou olhava os soldadinhos e ficava a coisa do jeito que estava, porque Eusou bagunceiro não fazia idéia de para onde some tudo isso?

Até que num belo dia chegou em casa o Pai com um algo muito engraçado. Engraçado mesmo Eusou duvidoso nem pensou. Engraçado mesmo

era a Mãe que dizia. Eusou pensou é estranho!

E não chegava perto do longe, de estranho que pensava o menino. Mas a Mãe olhava o algo com os olhos de risadas. Ria mais ainda com o Pai do medo do menino Eusou que corria do algo estranho.

Então, a Mãe virou para Eusou e disse meu filho isto é um chapéu. Eusou via a Mãe gosta do chapéu, cuida dele com muito carinho. Eusou olhava o algo-chapéu. Pensava é estranho mesmo. Ficava agora até zangado. A Mãe cuidava muito do chapéu, do chapéu estranho do Pai.

Era o chapéu para cá, o chapéu para lá, o chapéu para cima, o chapéu para baixo. Eusou triste não tinha mais tanta vez. E Eusou olhava o algo-chapéu. Via a Mãe gosta do chapéu, cuida dele com muito carinho. Eusou ficava agora até zangado, porque não tinha mais tanta vez.

Foi que num minuto bem rápido, a Mãe largou o chapéu sozinho. Eusou sabido olhou para um lado, olhou para o outro e viu a Mãe não está aqui perto. Pum! Pegou o chapéu num pulo e depois correu, correu, correu com o chapéu estranho na mão.

Até que Eusou ligeiro encontrou um canto da casa bom para se esconder, do jeitinho que Eusou gostava. E ele olhava, olhava para o chapéu. Aquele algo estranho do Pai. Eusou pensava agora a Mãe vai cuidar mais de mim. E ele olhava, olhava para o chapéu. Aquele algo estranho do Pai.

Mas Eusou de tanto pensar agora, a Mãe vai cuidar mais de mim, porque tenho o algo estranho do Pai, lembrou que não sabia chapéu é o quê? Do algo estranho só sabia mesmo era o nome.

E Eusou olhava de um lado, olhava do outro, o menino Eusou curioso escondido num canto da casa do jeitinho que Eusou gostava. Então, Eusou viu que o chapéu era tão estranho, mas tão estranho, que tinha um buraco no meio dele. Um buraco escuro, que não dava para ver do outro lado.

Mas Eusou tinha medo do escuro e nem quis enfio o braço no buraco, para ver até onde ele vai?

E olhava, olhava o chapéu. Sem saber chapéu é o quê? Do algo estranho Só sabia mesmo era o nome. E olhava de um lado, olhava do outro, o menino Eusou curioso, escondido num canto da casa do jeitinho que Eusou gostava.

Até que Eusou lembrou também a Mãe sempre diz enino dá um jeito nisso, quando vê os meus bonequinhos espalhados pela casa, e eu fico sem saber para onde some tudo isso?

Eusou pegou os soldadinhos, bem rapidinho para a Mãe não ver, e Pum! Botou todos eles dentro do buraco escuro do chapéu. Pronto. Estava tudo arrumadinho.

Eusou pensava agora a Mãe vai cuidar mais de mim e vai ficar também mais contente, porque os bonequinhos não estão pela casa.

Então, Eusou feliz saiu do esconderijo, arrastando o chapéu pelo chão. Eusou achava o algo estranho do Pai muito estranho mesmo. Não é que ele estava agora mais pesado?!

E Eusou menino do jeito que era não conseguiu arrastar o chapéu por muito tempo pelo chão. Eusou já cansado de tanta força largou o algo estranho do Pai, bem no meio do caminho, porque ele estava mesmo muito pesado!

Eusou não sabia a confusão que acabava de aprontar. Foi só a Mãe vir distraída com a escova na mão para escovar o chapéu do Pai, que ela, coitada, não viu o que tinha pela frente. A Mãe tropeçou no chapéu que Eusou largou no meio do caminho, e Pum! Caiu dentro do buraco.

Eusou ficou assustado, muito assustado. Não sabia nem o que faço agora? Não sabia se saio gritando?, uu se fico aqui chorando? Ainda mais que a Mãe tinha caído bem dentro daquele buraco escuro. Eusou não conseguia nem pensar direito, de tão assustado que estava com o sumiço da Mãe.

Se o Pai estivesse ali para ajudar. Eusou sabia o Pai salva a Mãe bem rapidinho, porque ele é forte e corajoso. Eusou queria vou ficar que nem o Pai, quando crescer. Mas o Pai não estava ali para ajudar salvar a Mãe.

E Eusou ficou mesmo foi chorando, chorando, chorando até que ouviu bem baixinho uma voz falando socorro, socorro, tirem-me daqui, socorro. Eusou conhecia essa voz é igual a uma que já ouvi antes. Só que não sabia de onde a danada da voz vem? Eusou pensou vem do chapéu? Sim, parecia que vinha do chapéu, do algo estranho do Pai.

Então, Eusou medroso, morrendo de medo, chegou mais perto do chapéu. Não muito perto, porque ficou com mais medo do buraco escuro. E quando chegou mais perto, Eusou ouviu de novo a voz dizendo socorro, socorro, tirem-me daqui, socorro!

Só que a voz agora estava mais alta e deu assim para Eusou descobrir de quem é? A voz era da Mãe, da Mãe que estava perdida lá dentro do buraco escuro do chapéu.     

Eusou perguntou bem alto Mãe é você que está aí dentro? E a Mãe respondeu de dentro do chapéu sim, sou eu que estou aqui, sim! E depois de ouvir a resposta da Mãe, Eusou perguntou por que é que você não sai daí logo Mãe? E a Mãe respondeu porque aqui é muito escuro, e não consigo ver nada, meu filho!

Eusou pensava, pensava num jeito de tirar a Mãe do chapéu. Olhava de um lado, olhava do outro. Queria o Pai podia estar aqui para me ajudar tirar a Mãe do chapéu. Eusou achava o chapéu é do Pai, só ele é que pode saber por onde a Mãe acha a saída do buraco.

Mas o Pai não estava ali, porque ele trabalhava o dia inteiro e só voltava à noite mesmo. Eusou pensou até espero o Pai chegar do trabalho e ele tira a Mãe. Mas, depois, Eusou ficou com medo demora muito e a Mãe nunca mais sai do chapéu.

Eusou viu que tinha mesmo salvar sozinho a Mãe, porque ela dependia dele agora. Precisava só era um plano, um plano para tirar a Mãe do chapéu. Então, Eusou olhou mais uma vez para o chapéu e lembrou a Mãe disse de lá de dentro do buraco Escuro não consigo ver nada, meu filho.

O jeito era encontrar alguma coisa para iluminar lá dentro o buraco, e a Mãe poder ver o caminho e sair de lá de dentro. Mas Eusou nem fazia idéia o que uso para iluminar o buraco escuro do chapéu? Então, Eusou criou bastante força e saiu carregando aquele chapéu pesado pelo mundo a fora.

Parava aqui, parava ali, parava lá, parava acolá, porque o chapéu era muito pesado mesmo. Eusou nem sabia de onde vem tanta força para carregar o algo estranho do Pai? Mas mesmo assim, Caminhava, caminhava, caminhava, caminhava.

Depois de tanto andar, Eusou já muito cansado olhou para o horizonte e viu uma enorme bola de fogo vermelho. Era o sol tentando entrar no mar. Olhando toda aquela luz bonita, Eusou pensou achei o que vai salvar a Mãe. Vou pegar esta bola vermelha e botar dentro do buraco escuro para a Mãe conseguir sair de dentro dele.

Eusou pegou então o sol, com cuidado para   não queimar os dedos, e Pum! Botou o sol dentro do chapéu.

Mas um plantador que estava ali por perto viu Eusou botar o sol dentro do chapéu e foi pedir que devolvesse, dizendo ó menino eu preciso do sol para fazer as plantas crescerem. Eusou então respondeu eu preciso mais do sol do que você, porque a Mãe está presa neste buraco escuro.

O plantador ainda insistiu ó menino eu preciso do sol, mas Eusou não quis mais ouvir e saiu andando com o chapéu. Quando ficou bem longe do plantador, Eusou perguntou alto para a Mãe ouvir lá de dentro do buraco Mãe você já pode ver melhor? E a Mãe respondeu não meu filho, ainda está escuro, eu preciso de mais luz para achar a saída.

Eusou pegou de novo o chapéu, que ficou mais pesado, e continuou a caminhar, a caminhar, a caminhar.

Depois de tanto andar, Eusou já muito mais cansado olhou para o horizonte e viu uma enorme bola de fogo branco. Era a lua tentando sair do mar. Olhando toda aquela luz bonita, Eusou pensou achei agora o que vai salvar a Mãe. Vou pegar esta bola branca e botar dentro do  buraco escuro, para a Mãe conseguir sair de dentro dele.

Eusou então pegou a lua, com cuidado para não queimar os dedos, e Pum! Botou a lua dentro do chapéu.

Mas um casal de namorados que estava ali por perto viu Eusou botar a lua dentro do chapéu e foi pedir que devolvesse, dizendo ó menino nós precisamos da lua para fazer o nosso amor crescer. Eusou então respondeu eu preciso mais da lua do que vocês, porque a Mãe está presa neste buraco escuro.

O casal de namorados ainda insistiu ó menino nós precisamos da lua, Mas Eusou não quis mais ouvir e saiu andando com o chapéu. Quando ficou bem longe do casal de namorados, Eusou perguntou alto para a Mãe ouvir lá de dentro do buraco Mãe você já pode ver melhor? E a Mãe respondeu não meu filho, Ainda está escuro, eu preciso de mais luz para achar a saída.

Eusou pegou de novo o chapéu, que ficou bem mais pesado, e continuou a caminhar, a caminhar, a caminhar.

Depois de tanto andar, eusou já bem muito mais cansado olhou para o horizonte e viu um monte de bolinhas de fogo bastante colorido. Eram as estrelas solitárias que sobravam depois do sumiço do sol e da lua.

Olhando todas aquelas luzesinhas bonitas, Eusou pensou ah sim agora achei O que vai salvar a Mãe. Vou pegar estas luzesinhas e botar dentro do buraco escuro, para a Mãe conseguir sair de dentro dele.

Eusou então pegou as estrelas, com cuidado para não queimar os dedos, e Pum! Botou as estrelas dentro do chapéu.

Mas um pescador que estava ali por perto viu Eusou botar as estrelas dentro do chapéu e foi pedir que devolvesse, dizendo ó menino eu preciso das estrelas para fazer os peixes crescerem. Eusou então respondeu eu preciso mais das estrelas do que você, porque a Mãe está presa neste buraco escuro.

O pescador ainda insistiu ó menino eu preciso das estrelas, mas Eusou não quis mais ouvir e saiu andando com o chapéu. Quando ficou bem longe Do pescador, Eusou perguntou alto para a Mãe ouvir lá de dentro do buraco Mãe você já pode ver melhor? E a Mãe respondeu sim meu filho, Agora está bem mais claro, eu já vejo a saída.       

Eusou contente perguntou de novo Mãe então por que você não sai logo daí de dentro Mãe? E a Mãe respondeu com voz assustada porque tem um exército de soldadinhos de chumbo me prendendo aqui dentro.

Eusou se lembrou os bonequinhos que eu escondi dentro do chapéu para sumir com a bagunça que fiz em toda a casa. Eram estes os bonequinhos que agora prendiam a Mãe dentro do chapéu.

Eusou viu então agora não tem mais jeito mesmo, porque tenho entrar no buraco escuro do chapéu, para salvar a Mãe dos soldadinhos de chumbo. Eusou medroso olhava, olhava para o buraco do chapéu, mas ele não estava mais escuro, de tanta luz que Eusou botou lá dentro.

E assim conseguiu ver bem lá no fundo de dentro a Mãe cercada pelos bonequinhos. Eusou quis até vou entrar no chapéu e trazer a Mãe de volta, mas viu são muitos soldadinhos e sozinho não consigo. Eusou sabia preciso de ajuda, mas não sabia onde procuro?

Eusou olhava, olhava, olhava o chapéu, aquele algo estranho do Pai, e pensava o que faço agora? Nem luz tinha mais para iluminar, porque toda a luz do mundo estava dentro do chapéu.

Se antes era a Mãe que não podia ver o caminho por causa do escuro, agora era Eusou sozinho que não podia ver mais nada, porque estava tudo muito escuro mesmo. E Eusou olhava, olhava, olhava o chapéu, aquele algo estranho do Pai, e pensava o que faço agora?

De tanto Eusou sozinho ficar ali pensando, pensando, pensando, sem achar uma solução, o tempo foi passando, passando. Eis que de repente, Eusou ouviu ao longe um barulhinho que foi crescendo, crescendo, se aproximando cada vez mais. Chócchócvrócvrócprócprócbrócbróc.

Quando chegou bem perto, Eusou assustado viu são passos. Mas como estava muito escuro, Eusou cego não conseguia Ver quem é o dono dos passos? Então, Eusou ouviu uma voz grave dizendo ó menino você me levou as estrelas e os meus peixes não querem mais crescer.

Eusou se lembrou é o pescador que me pediu devolve as estrelas. Eusou esperto falou então para o pescador você me ajuda tirar a Mãe de dentro deste chapéu e eu devolvo as estrelas para você. O pescador aceitou a oferta de Eusou.

E quando os dois, Eusou e o pescador, já se preparavam entrar no chapéu, um outro barulhinho foi crescendo, crescendo, se aproximando cada vez mais. Chócchócvróc-vrócprócprócbrócbróc.

Quando chegou bem perto, Eusou menos assustado viu também são passos. Mas como estava muito escuro, Eusou cego não conseguia ver quem é o dono dos passos? Então, Eusou ouviu duas vozes jovens dizendo ó menino você nos levou a lua e o nosso amor não quer mais crescer.

Eusou se lembrou é o casal de namorados que me pediu devolve a lua. Eusou esperto falou então para o casal de namorados vocês me ajudam a tirar a Mãe de dentro deste chapéu e eu devolvo a lua para vocês. O casal de namorados aceitou a oferta de Eusou.

E quando os quatro, Eusou, o pescador e os namorados, se preparavam entrar no chapéu,

um outro barulhinho foi crescendo, crescendo, se aproximando cada vez mais. Chócchócvróc-vrócprócprócbrócbróc.

Quando chegou bem perto, Eusou já não mais assustado viu também são passos, mas como estava muito escuro, Eusou cego não conseguia Ver quem é o dono dos passos? Então, Eusou ouviu uma outra voz grave, dizendo ó menino você me levou o sol e as plantas não querem mais crescer.

Eusou se lembrou é o plantador que me pediu devolve o sol. Eusou esperto falou então para o plantador você me ajuda a tirar a Mãe de dentro deste chapéu e eu devolvo o sol para você. O pescador aceitou a oferta de Eusou

E finalmente os cinco, Eusou, o pescador, os namorados e o plantador, entraram dentro do buraco do chapéu.

Eusou agora valente ia na frente, pronto para brigar com os soldadinhos de chumbo e salvar a Mãe. O plantador, os namorados e o pescador iam atrás, para no caso de acontecer alguma coisa, darem socorro ao pequenino herói.

Quando os soldadinhos viram Eusou todo menino com jeito de brigão, começaram a rir, dizendo ó menino você não vê que nós somos muitos para você. Mas depois os soldadinhos viram chegar atrás de Eusou um exército maior e mais forte do que eles. Eram o plantador, os namorados e o pescador.

E nem foi preciso muita briga não, porque os soldadinhos de chumbo, vendo que estavam ali em menor número, saíram correndo, morrendo de medo do batalhão que Eusou tinha feito para salvar a Mãe de dentro do chapéu.

E logo, logo, todos os seis, a Mãe, Eusou, o pescador, os namorados e o plantador, saíram de dentro do chapéu bastante felizes, porque juntos conseguiram vencer os soldadinhos de chumbo.

Eusou contente abraçava e beijava a Mãe, mas não se esquecia da promessa que tinha sido feita ao companheiros da aventura. Devolveu as estrelas para o pescador. Devolveu a lua para o casal de namorados. E devolveu o sol para o plantador.

Quando todas estas coisas foram devolvidas, a luz voltou a iluminar o mundo, e tudo voltou ao normal.

Eusou pegou o chapéu, agora bem mais leve, e voltou com a Mãe para casa. Quando Eusou e a Mãe chegaram, já era noite, e o Pai, preocupado com os dois, Eusou e a Mãe, também tinha chegado. O Pai viu o chapéu na mão de Eusou e disse ah então ele está aí hein?!

O Pai pegou o chapéu e botou na cabeça. Eusou espantado, depois de toda aquela confusão, viu para que serve mesmo o chapéu? Depois, Eusou tentou também botar o chapéu na cabeça, mas viu é muito grande para mim, fica melhor na cabeça do Pai, e Eusou não mais bagunceiro foi guardar o chapéu no lugarzinho dele.