MUNDOS DIFERENTES
 
 Encheu novamente o copo com cerveja. Ainda não acreditava naquilo. Achava engraçado e mórbido ao mesmo tempo. Mas ainda não conseguia acreditar, talvez porque já tivesse no limiar entre a sobriedade e embriaguez. Resolveu peguntar de novo:
 — Quantos anos ela tem mesmo?
 — Quarenta e um.
 A cerveja dos dois tinha acabado. Lopes fez um sinal para o garçom trazer mais uma.
 — Mas traz contra as paredes, frisou. A última que ele e o seu amigo haviam bebido não estava na temperatura ideal no escaldante verão de Porto Alegre.
 — Quarenta e um?
 — Pois é.
 — Tu sabe que isso é idade pra ela ser tua…
 — É, eu sei.
 Chega outra cerveja; Lopes agradece. Olha para o seu relógio: oito horas. Graças ao horário de verão, recém está escurecendo. Ele observa o ambiente. Tanto onde estão quanto dentro do bar quase não há gente. Tem certeza de que a ausência da noite é a causa disso.
 Seu amigo e ele bebem calmamente. É sexta-feira, dia de descanso. As aulas na faculdade recém iniciaram. Os dois bebem lentamente a cerveja, que agora está bem gelada.
 — Sabe o que eu acho, Zé?
 — O quê?
 — Acho que é essa faculdade de Publicidade que tá te enlouquecendo…
 Dão umas risadas e continuam a beber e observar o ambiente vazio que é o lado de fora do bar. Lopes riu com naturalidade. Mas sentiu que Zé rira nervoso, sem vontade, apenas para dar valor à sua piada. Lopes coloca o copo na mesa; está começando a dizer bobagem. Seu amigo está preocupado buscando conselhos. Afinal, não é todo dia que um amigo seu se envolve numa história daquelas.
 — Porra, Zé, bebe um pouco. A ceva vai esquentar.
 — Tô bebendo, pô.
 Estava esforçando-se para puxar conversa. Não sabe como falar sobre aquilo tudo. Afinal, sempre conversara com Zé sobre bobagens. O cara sabia contar piadas e sacanear os outros em momentos oportunos, falando uma merda e depois dando um tapinha amistoso mas sincero nas costa do sujeito. Os outros definiam Zé como “um cara legal”. Até quando ficava de porre era engraçado, sem ser chato. Em contrapartida, nunca conseguia conversar sobre nada sério com alguém. Se havia alguém na roda de conversa contando que os pais vão se divorciar, e que está preocupado, não sabendo com quem vai morar, o Zé já dizia alguma bobagem, numa clara tentativa de animar o espírito do grupo, embora essa fosse uma das poucas oportunidades onde ele podia tornar-se desagradável.
 — O que tu tem feito, Lopes?
 — O de sempre. Estudado que nem um louco.
 — Porra, cara, tua faculdade começou há duas semanas recém!
 — Mas tu sabe que é assim mesmo. Medicina é foda, até nas férias tenho que ficar estudando. Esse ano vou começar a ter aulas lá na Santa Casa também.
 — Que semestre que tu tá mesmo?
 — Lá na Fundação não é por semestre, mas por ano.
 — Tá, que ano?
 — Terceiro.
 — São seis anos, né?
 — É. E a tua faculdade são cinco.
 — Não, quatro.
 — Quatro?
 — Quatro.
 — Podia jurar que eram cinco anos.
 — Pois é. Numa faculdade onde o cara se coça é que são pelo menos cinco. Mas a minha tu já viu como é…
 Deram mais umas risadas. Lopes ainda sentia que Zé não estava totalmente à vontade. Continuava com suas tiradas engraçadas, mas ele estava mais sério que o normal, mais taciturno, difícil de arrancar papo.
 — Olha, Zé… Tu tinha telefonado pra mim hoje para sairmos pra tormarmos uma ceva.
 — Pois é. E vê se bebe essa merda. Tu fala preu beber mas quando eu tomo tu não me acompanha.
 — Escuta… Eu nem ia vir aqui hoje. Tenho prova de Anatomia na segunda e a essa hora eu tinha que estar estudando.
 — Relaxa. Bebe uma ceva.
 — Olha, Zé, para de ficar viajado, cara, que saco. Disso a gente conversou pelo telefone.
 — Pô, cara, que fal…
 — Sem enrolação, Zé. Me conta sobre ela.
 — Ah. Ela.
 — E então?
 José tomou um gole de cerveja.
 — Lembra do Luiz? Lá do colégio também.
 — Sei.
 — Pois é. Te lembra que ele tinha um negócio desses, de Home Page, o cara era viciado em Internet. Ele tem uma página sobre literatura e música, sabe. Te lembra como ele gostava de ler, era o xodozinho do professor de literatura no colégio. Fez vestibular pra Direito contrariado, o pai dele que obrigou. Queria mesmo era Letras. Acho que o pai tinha medo que ele virasse viado se entrasse nesse meio. Ele sempre foi um cara meio quietão, meio paradão demais…
 — Tá, tá. E daí?
 — Bom… Quando eu acabei meu semestre, o Luiz pediu pra ver uns textos que eu tinha feito pra faculdade., duma cadeira de produção textual. Já te disse como ele gosta disso?
 — Sim.
 — Daí, ele gostou de um texto meu e resolveu publicar na página dele.
 — E…?
 — Ele colocou meu e-mail, pra caso alguém quisesse se corresponder com o autor do texto. Claro que ninguém vai ler aquilo. A página dele é podre.
 — Não achei. Eu visitei uma vez e parecia bem legal.
 — Ah, tá, mas quem vai perder tempo lendo texto de amadores? Digo, se ainda fosse um texto inédito de alguém conhecido… Ainda mais que ler no monitor é um pé no saco. Meu irmão, que tinha visão de águia, tá usando óculos, sabia? Foi de ficar colado na tela do computador com aqueles jogos que…
 — Porra, Zé, qual é o teu problema?
 — Que que foi?
 — Tu me chama pra conversar sobre algo sério, numa sexta-feira de noite, e eu vou, pensando, porra, se o Zé quer falar algo sério é porque é importante mesmo, daí eu chego e tu fica viajando!
 — Mas vai te foder, porra! Que merda, não tá vendo que eu estou tentando contar?
 — Olha, Zé, tu sabe que eu sou teu amigo, desde o colégio, sabe disso. Agora vê se para de me enrolar e explica melhor o que é que tá acontecendo. Tá, o Luiz colocou teu texto na Home Page dele. E daí? Alguém leu?
 — Ʌ Umas duas semanas depois eu recebi um e-mail. Já te falei, nunca achei que alguém fosse mandar alguma coisa…
 — Tá, e quem mandou?
 — Na hora eu não sabia, pô, não vem o nome do cara junto, só o endereço eletrônico junto, tu sabe. Mas era um puta e-mail, assim, tri grande, um texto.
 — Sobre o que era?
 — Era um elogio ao meu texto. Mas, cara, a mulher escreve tri bem.
 — Então era dela o e-mail.
 — Era. Ela escreve tri bem, disse que adorou meu texto, que pensava parecido comigo.
 — Sobre o que era teu texto?
 — Ah, sobre um negócio de liberdade e felicidade, uma viagem, não é bem meu estilo, fiz o texto tri nas coxas, mas a professora gostou, ficou legal mesmo.
 — E a mulher?
 — Já te disse, cara, é isso aí, ela adorou me texto. Eu vi que ela era mais velha, pois no meio do texto dela tinha citações, que dava pra tu ver, só alguém mais vivido saberia aqueles troços. Ela comparou meu texto a um artigo da revista Pasquim.
 — Pasquim?
 — Tu sabe o quê que é isso?
 — Era uma revista dos anos 70, acho.
 — Pô, tu vê, eu que estou numa faculdade de Comunicação não sei isso e tu sabe.
 — Tá, mas continua.
 — Bom, eu não gosto de escrever e-mails longos, tu sabe, né? Mas eu também não podia deixar de responder, daí respondi pra ela, um texto bem pomposo, meu estilo, sabe. E ela respondeu de novo.
 — Ah… Entendo.
 — É, Lopes, mas entende que foi ela quem começou tudo.
 — Sim, eu sei.
 — Aconteceu que nos continuamos a nos corresponder. Achava difícil conversar com alguém tão culto, mas até que dava. Apesar de ser toda intelectual, eu conseguia falar com ela, sabe. Mas nossas conversas iam ficando mais íntimas, ela querendo saber mais da minha vida, e eu da dela…
 — E tu já sabia que ela era mais velha?
 — Já te disse que sabia, só não sabia o quanto. Mas não importava muito, eu tava gostando de falar com ela.
 — Sobre o que vocês falavam.
 — Ah, sobre a vida. Assim, sobre música, cinema, felicidade…
 — Sério mesmo?
 — Por quê?
 — Não consigo te imaginar conversando com alguém sobre isso…
 — Pra tu ver onde fui parar.
 — E o que aconteceu?
 — Mais ou menos uns trinta dias depois, marquei um encontro com ela.
 — É?
 — Sério, cara.
 — Mas vocês tinham trocado fotos?
 — Não.
 — Como vocês iam se encontrar?
 — Ah, a gente disse um pro outro como era.
 — E ela, como ela é?
 — Bom…
 — Tem quarenta e um, não?
 — Sim… Olha, cara, vou ser sincero contigo. Tu é meu amigo, cara, tu sabe disso. Eu não ia te chamar aqui pra ficar te falando de amassos que dei em coroas, tá? Isso é algo mais sério.
 Lopes enche seu copo até a borda. A cerveja acaba novamente.
 — Tá, Zé. Me conta então. O que aconteceu. Onde vocês foram?
 — Ela disse que não saía há muito tempo. Sabe, ela é divorciada há oito anos.
 — Tem filho.
 — Um guri de quinze.
 — Caralho…
 — Pois é, tu vê… Daí ela disse que queria conhecer minha praia. Disse que qualquer lugar pra ela taria bom. Combinei de nos encontrarmos no Opinião.
 — No Opinião?
 — É, ali, do lado de fora.
 — Tu achou ela fácil?
 — Sim. Ela era bem como tinha dito: loira, baixinha, mais ou menos um e sessenta, magra, tipo italiana assim, sabe, bem européia, branca. Mas ela disse que tinha uns fios brancos já…
 — E tinha?
 — Eu não vi.
 — Deve ter tingido.
 — Acho que sim. Ainda bem, imagina, sair com uma mulher mais velha, daí o cara vai grudar e vê aqueles cabelos brancos… Brocha na hora!
 — Hahaha.
 — Pede mais uma ceva.
 — Não, não quero beber muito.
 — Vai ficar de garganta seca?
 — Tá, eu peço. Mas me conta, Zé… Ela era assim, hã… inteira?
 — Eu fui pra lá com a pior das expectativas. Tenho aquela filosofia, sabe. “A mulher é inteligente. Logo, deve ser feia”.
 — Hahahaha.
 — Mas é, cara. Imaginava pô, uma mulher culta, inteligente, deve ser feia. Mas não. Ela é interaça. Daria uns trinta pra ela.
 — Sei.
 — É sério.
 — E o que aconteceu depois?
 — Isso eu te contei pelo telefone. Olha a ceva chegando… Põe um pouco pra mim aí.
 — Tá bom… Mas me conta melhor, Zé, que saco.
 — Já tinha te falado. Encontrei ela, começamos com um papinho brabo, do tipo como vai, o que tem feito, mas era estranho, porque era como se nos conhecêssemos há bastante tempo. Pô,  a gente já tinha trocado muitas idéias e estávamos nos tratando como estranhos. Entramos no Opinião, era bem cedo, umas onze e meia, no sentamos lá na parte de cima. Continuamos com os papos superficiais, mas eu sabia, cara, ela tava a fim, e eu também, ela me dava tesão, já te disse, ela era interaça. Daí tomei coragem, subiu aquele calor no corpo, peguei a mão dela, ela entendeu, me inclinei e beijei ela.
 Lopes ouviu seu amigo atentamente. Como ele beijou a mulher, que saíram cedo do Opinião, que ela tinha um Chevette, que deu carona pra ele, e que ele ficou bolinando ela até que foram parar em um motel. Ele ouvia tudo aquilo um tanto assustado. Não pelo fato da mulher ser bem mais velha, mas por conhecer muito bem seu amigo José.
 — …e é isso aí, Lopes. O que acha dessa loucura toda?
 — Me diz uma coisa, Zé. Tu tá apaixonado por ela?
 — Olha, cara… Quando eu disse pros meus amigos da faculdade que ia me encontrar com ela, eles acharam o máximo, sabe, tem aquela história de que sair com mulher mais velha é cama na certa. Eu também achei que ia só ter uma noite com ela e depois ter uma história pra contar, que conquistei e comi uma mulher bem mais velha, e dessa forma teria assunto por uns tempos. Mas não foi bem assim. Foi algo diferente. Digo, eu dormi com ela, mas, porra, é difícil de admitir, acho que me apaixonei por ela, cara. E ela também, tá tri apaixonada por mim.
 — Entendo.
 Lopes tomou mais um gole da cerveja. Ouvira tudo aquilo que não gostaria. Tinha certeza de que tinha sido a pior coisa que seu amigo podia ter feito.
 — Olha, Zé… Tu já parou pra pensar no futuro disso tudo?
 — Claro, né, cara. Pô, tá certo que eu sempre fui um cara brincalhão e tal, mas tenho 19 anos, sei mais ou menos onde estou me metendo.
 — Exatamente. Tu tem 19 anos, ela 41. Já pensou o que ela quer?
 — Já te disse, achei que ela só queria sexo, sabe, não via homem há anos, mas ela tá tri a fim de mim mesmo.
 — Mas como tu vai lidar com alguém com uma experiência de vida muito maior que a tua?
 — A gente conversa de igual pra igual, cara.
 — Olha, Zé, vou ser sincero. Tu sempre foste um cara que costumava se apaixonar por toda garota que ficava contigo. Acho que uma mulher dessas, que te pegou pelas idéias e pelo físico, vai ser um peso muito grande na tua vida.
 — Porra, Lopes, mas eu te falei no telefone, ela disse que tem consciência de que é uma relação diferente e não quer ser um peso na minha vida.
 — Eu sei, eu sei. Mas eu acho que isso vai fazer mal isso pra ti. Pra ela também. São dois mundos diferentes.
 — “Mundos diferentes”? Que papo é esse?
 — Assim, se fosse por uma noite, tudo bem, mas um romance? Isso vai te prejudicar, Zé, tu vai te envolver demais nisso.
 — A gente tá a fim de aproveitar os momentos. Não pensamos muito no futuro.
 — Mas deveriam. Aposto que ela pensa.
 — Ah, vá à merda.
 — Então é isso. Venho te ajudar e tu me manda à merda.
 — Claro, vem dar uma de pau-no-cu comigo.
 — Só quero te ajudar. Acho que tu não deveria te empolgar muito.
 — Eu sei, eu sei…
 — Teus pais sabem disso?
 — Sabem.
 — E o que eles acham?
 — Tão preocupados. Ainda me tratam como se tivesse quinze anos. Mas não podem fazer nada, também. Vão fazer o quê, me bater? Eles conversam comigo, mas eu explico pra eles que estou bem consciente de tudo. Eles acham que eu vou enlouquecer, dar uma de imbecil e querer fugir de casa ou algo do tipo. Como tu acha.
 — Eu nunca disse isso. Só acho que tu não deve levar isso muito a sério, e ela também não deveria.
 — Tudo bem, já te disse que eu sei lidar com isso.
 — Isso tudo faz quanto tempo?
 — Duas semanas… A gente se vê de vez enquanto e se liga todo dia.
 — O que é que ela faz?
 — Ela tem uma firma. Treina profissionais para a área de Recursos Humanos. Também trabalha em Caxias. Vez que outra ela vai pra lá.
 — Tá bom…Olha, Zé, me promete uma coisa.
 — Ih… Olha lá, hein?
 — É sério. Me promete que não vai perder a cabeça com isso, cara. Olha lá o que tu vai fazer.
 — Pode deixar, pode deixar.
 Ficaram alguns segundos em silêncio.
 — E a Ana, como tá?
 — Bem. Semana passada completamos dois anos de namoro.
 — Sério? Que afudê. Quando?
 — Sábado passado. Fomos no Birra i Pasta.
 — Legal, cara. Olha vamos fazer um brinde.
 — Vamos.
 — Um brinde para Ana e Lopes!
 — E um pra… Como é o nome dela mesmo?
 — Cris.
 — E um brinde pra ti e pra Cris.
…

 Esse encontro foi há exatamente dois meses. Cinco dias depois de termos nos encontrado, ele me telefonou, dizendo que tinha saído de casa porque seus pais eram contra seu relacionamento. Descobri que ele nunca havia contado sobre aquela mulher a eles. Estava nervoso; lembro-me de ter tentado acalmá-lo, dizendo que deveríamos conversar de novo. Ele disse que estava lá mesmo, na Göethe, e que ia me esperar no bar de sempre.
 Esperei horas. Zé não apareceu.
 Ao retornar para casa, encontrei minha mãe aflita. Disse que haviam ligado da casa do Zé, que ele tinha voltado, mas que houvera “um acidente”.
 Liguei para lá. A mãe de José atendeu. Sim, ele realmente tinha voltado para casa, mas estava muito abalado. Escutei a voz dele ao fundo, do outro lado da linha. A mãe passou o telefone pare ele, que insistia em falar comigo. “É, Lopes, tu tinha um pouco de razão”, foram suas palavras. “Realmente, nós não daríamos certo. Afinal, ela e eu vivíamos em mundos diferentes, certo?”. Aquelas palavras saíam da boca de alguém que havia chorado bastante. “Não era isso o que eu queria, mas foi o que vocês desejavam, e o que conseguiram. Agora a Cris vive num mundo bem diferente do meu”.
 Não queria acreditar no que ouvia, mas a mãe dele, chorando muito, confirmou a notícia: a mulher com quem Zé saía havia morrido. Um acidente de carro, parece.
 Ele ficou várias semanas sem falar comigo. “Não era isso o que eu queria, mas foi o que vocês desejavam, e o que conseguiram.” tinham sido suas palavras. Ele culpava seus pais e a mim pelo que acontecera. Algum tempo depois, saí com uns amigos da faculdade para tomar umas cevas num bar da Göethe. E, para minha surpresa, Zé estava lá. E não estava sozinho, mas sim com outros que presumi serem colegas da sua faculdade. Ele me cumprimentou secamente e foi sentar-se com seus amigos. Tinha imaginado que Zé estava socado na sua casa, melancólico, mas não, ele estava ali, bem feliz, num fim de semana, se divertindo com outros amigos. Sentei bem longe dele; era eu numa roda de amigos e ele noutra, completamente desconhecida para mim. Notei que ele continuava o mesmo, brincalhão, falando bobagem e contando piadas para seus amigos rirem.
 É, ele continuava o mesmo.
 Mas percebi que agora era ele e eu que pertencíamos a mundos diferentes.