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Um Enorme Grupo de Manchas Ocasiona Erupções e Auroras

Esquerda: O grupo gigante de manchas solares estava próximo ao meridiano central do Sol em 28 de março, quando Eckhard Slawik, na Alemanha, tirou esta fotografia com um refrator 150mm e um filtro Baader AstroSolar. Clique na imagem para vê-la ampliada. Direita: A grande aurora do dia 30 de março como vista numa rua de nome curioso, na Carolina do Norte (EUA). Fotografia com lente olho-de-peixe por Johnny Horne. Clique na imagem para vê-la ampliada.

Tudo começou na semana passada com um grupo incomum de manchas solares visíveis a "olho nu" (sem ampliação óptica). Com o passar dos dias, no entanto, a Região Ativa 9393 cresceu até tornar-se o maior conjunto de manchas a marcar a superfície solar nos últimos dez anos. E ela tem impressionado não só os observadores solares durante o dia mas, indiretamente, milhões de pessoas ao redor do mundo durante a noite — através do aparecimento das auroras mais intensas do atual ciclo solar.

O grupo de manchas cresceu até alcançar o tamanho correspondente a 22 vezes o diâmetro da Terra. Ocorreram poderosas erupções e ejeções de massa coronal enquanto os emaranhados de campos magnéticos interconectavam e entravam em "curto-circuito". As erupções inundaram os satélites e a alta atmosfera terrestre com raios-x e prótons de alta-velocidade. As ejeções de massa inundaram a magnetosfera terrestre com rajadas massivas de vento solar ionizado. Uma tempestade geomagnética que durou mais de 24 horas, de 30 a 31 de março, produziu luzes avermelhadas no céu em diversos pontos do planeta.

Hoje (terça-feira) o grupo de manchas está desaparecendo visualmente devido à rotação solar. Outras erupções violentas ocorreram desde o fim-de-semana, e o topo foi a detecção da maior erupção solar dos últimos 12 anos. O evento X-17, ocorrido ontem, era ainda maior que a erupção de 1989 que ocasionou falhas na rede elétrica canadense. Felizmente, o grupo de manchas estava deslocado o suficiente e suas conseqüências não atingiram a Terra em cheio. Há possibilidade de avistamento de auroras nas noites de 3 a 5 de abril (para as latitudes privilegiadas).

Ontem à noite aconteceu outra surpresa. Uma forte erupção gerou uma nova região ativa localizada no limbo oposto do Sol (nascente). "Apesar da Região 9393 estar desaparecendo no limbo oeste do Sol dentro de alguns poucos dias," escreve Cary Oler na AstroAlert da Sky & Telescope, "parece que uma outra região ativa complexa está chegando e poderá apresentar novos eventos resultantes da atividade solar."

Pode ser que a Região 9393 volte a ser observada. Se ela durar mais três quartos da rotação solar, ela estará apontada novamente para a Terra em torno de 23 de abril.

— Alan M. MacRobert



Galileo Descobre uma Estrela Variável

Click here for larger viewA sonda Galileo está fazendo descobertas anos-luz além de Júpiter. Cortesia: NASA/JPL/Caltech.



Em junho passado a sonda espacial Galileo, em órbita de Júpiter, perdeu de vista temporariamente uma das estrelas utilizadas como referência para a sua orientação no espaço. Engenheiros de vôo suspeitaram que o rastreador estelar da sonda tivesse quebrado. "Eu gastei cerca de uma semana trabalhando nisso," diz Paul Fieseler (Jet Propulsion Laboratory), "e concluí que na verdade o rastreador não estava 'falhando', mas sim a estrela." Após uma checagem geral, Fieseler e seus companheiros concluíram que a estrela é que teria apresentado uma diminuição de brilho.

A estrela de segunda magnitude em questão é Delta Velorum, parte da Falsa Cruz -- que consiste em estrelas das constelações Vela e Carina. Conhecida por ser um sistema quádruplo de estrelas, ela é um dos 150 alvos brilhantes rastreados pela Galileo para manter sua antena de baixo-ganho apontada para a Terra.

O evento revelou que Delta Velorum é também uma estrela variável, e que já havia sido notada antes. O observador amador de estrelas variáveis Sebastian Otero (Buenos Aires, Argentina) já havia detectado independentemente a diminuição de brilho de Delta em quatro ocasiões, entre 1997 e 1999. Procurando nos arquivos da Galileo, Fieseler encontrou um evento similar ocorrido em 1989. Baseado nestes fatos e em observações posteriores de observadores da África do Sul, Austrália e Argentina, Otero, Fieseler e o astrônomo profissional Christopher Lloyd (Rutherford Appleton Laboratory) concluíram que Delta Velorum é uma binária eclipsante. Seus membros mais brilhantes são duas estrelas de mesmo brilho orbitando uma à outra. A cada 45 dias uma eclipsa mutuamente a outra, fazendo com que o brilho total de Delta caia de magnitude 1.96 para 2.3 em poucas horas. A sonda Galileo, inadvertida da natureza variável da estrela, aparentemente a perde de vista durante estes períodos de queda do brilho.

— Edwin L. Aguirre



Manchas Visíveis a Olho Nu

Click here for larger viewO Sol como estava ontem, dia 26 de março. A rotação do Sol está carregando as manchas para a direita (oeste celestial). Clique na imagem para vê-la ampliada. Cortesia: Big Bear Solar Observatory.



O pico do atual ciclo de manchas-solares aconteceu em maio de 2000, concluíram astrônomos, mas a superfície solar anda repleta de vida. Um enorme e alongado grupo está visível a olho nu, atualmente. Para observá-lo deve-se usar um filtro solar seguro, óculos para observação de eclipses, ou um filtro projetado para uso com telescópio.

Hoje o grupo de manchas está na região central norte do Sol. Outras manchas menores também estão visíveis para olhos treinados. E claro, nunca olhe para o Sol com um filtro cuja segurança você desconhece.

"Um aumento significativo da atividade solar tem sido observado na última semana, depois de quase três meses de grande calmaria," nota Cary Oler, que prepara a seção sobre atividade solar do boletim AstroAlerts da Sky & Telescope. É possível que ocorra o aparecimento de fáculas e auroras na próxima semana. Para receber notificações via e-mail sobre tais eventos, em inglês, clique aqui.

— Alan M. MacRobert



Mir Mergulha na Chama da Glória

Click here for larger viewA tripulação da missão STS-79 (Space Shuttle, NASA) gravou esta bela imagem da Mir durante "pôr-do-sol" em setembro de 1996. Cortesia: NASA. Clique na imagem para vê-la ampliada.



A missão de 15 anos do complexo orbital Mir acabou hoje como uma chuva de entulhos flamejantes sobre o Oceano Pacífico Sul. Turistas nas praias de Fiji flagraram a reentrada em alta-velocidade por entre nuvens espaçadas. Um comparou-a com "uma gigante mão dourada riscando o céu," seguida por uma série de explosões sonoras.

Controladores de vôo russos dispararam a seqüência final sem problemas. Dia 21 de março a Mir desceu para uma altitude orbital de 214 quilômetros. Em 23 de março o foguete cargueiro Progress M1-5, que foi acoplado ao módulo Kvant, disparou para abaixar o perigeu para apenas 190 km. Um segundo disparo aconteceu uma órbita depois. A Mir fez então duas viagens finais ao redor da Terra, na nova órbita baixa, antes que o último disparo da Progress, às 5:09 Tempo Universal (2:09 a.m. em Brasília), abaixasse o perigeu para apenas 80 km, colocando a Mir em intenso contato com a atmosfera. Passando a leste de Papua Nova Guiné o complexo começou a despedaçar-se com o atrito. Cerca de 5:58 TU os fragmentos remanescentes mergulharam no oceano ao leste da Nova Zelândia, com coordenadas aproximadas : latitude 44° sul, longitude 150° oeste.

A Mir (também conhecida como DOS 7, a abreviação russa de Estação Orbital de Longa Duração) foi a décima estação espacial soviética a ser enviada ao espaço, depois do lançamento de três Almaz (militares) e seis laboratórios DOS civis. Seu módulo central entrou em órbita em 20 de fevereiro de 1986, e desde então realizou 86.330 viagens ao redor da Terra e foi visitada por 111 espaçonaves. Soviéticos, astronautas russos e tripulações visitantes de muitos países a ocuparam num total de 4.591 dias, e aventuraram-se em 79 caminhadas espaciais. A estação sobreviveu a uma leve (Soyuz TM-17, 1994) e uma forte colisão (Progress M-34, 1997) e um sério incêndio. O físico Valeriy Polyakov estabeleceu o recorde de permanência na Mir — 437 dias.

— Jonathan McDowell



Infestações Interestelares?

Simulações computacionais de Brett Gladman (Nice Observatory) sugerem que rochas lançadas da superfície do planeta vermelho possuem uma chance modesta de atingir a Terra (até 8 %) ou ser expulso do sistema solar por Júpiter (até 15 %). Cortesia: Icarus.



Desde quando os astrobiólogos lançaram a idéia de que micróbios poderiam ter pegado carona em meteoritos arremessados da Terra para Marte, ou vice-versa, um especialista em impactos tem procurado por rochas lançadas a distâncias interestelares. Mais de uma dúzia de meteoróides marcianos (por ano, em média), com tamanhos de uma bola de futebol, são arremessados por Júpiter para fora do sistema solar. Assim, H. Jay Melosh (University of Arizona) calcula que a cada 100 milhões de anos ou mais um destes emigrantes entram na órbita de outra estrela. Desde de que foi constatado que esporos microbianos sobreviveram na Terra por 250 milhões de anos, então aparentemente a "panspermia" interestelar pode ser raramente possível.

"Este tópico é extremamente pouco familiar para os biólogos," Melosh nota, mas eles provavelmente precisam se preocupar pouco com isso. Qualquer forma de vida vagando pelas profudenzas do espaço está sendo constantemente bombardeada por raios cósmicos, e, mesmo chegando a um sistema solar alienígena, ela precisaria pousar num planeta habitável para prosperar — algo que Melosh acredita ser bastante improvável. Ele apresentou seus estudos na Conferência das Ciências Planetária e Lunar, semana passada, em Houston (EUA).

— J. Kelly Beatty




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