Sexta-feira, 1 de junho de 2005
GUILHERME
ROSEGUINI
O Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos de 2007 não incluiu verba da
iniciativa privada no orçamento que elaborou para viabilizar a realização do
evento.
Carlos Roberto Osório, presidente do Co-Rio, e Carlos Arthur Nuzman, que
comanda o Comitê Olímpico Brasileiro, divulgaram ontem a previsão de quanto
pretendem despender no maior torneio poliesportivo do continente.
No total, o custo operacional do evento será de R$ 691 milhões. Não estão
incluídos, nessa conta, a construção de instalações esportivas permanentes e os
gastos com segurança, cujos cálculos ainda não estão finalizados.
O valor, quase 80% superior ao que foi apresentado em 2002, quando a cidade
conquistou o direito de organizar os Jogos, será custeado pela Prefeitura do
Rio (53%) e pelos governos federal (44%) e estadual (3%).
Na previsão inicial da candidatura carioca, elaborada após estudo da Fundação
Getúlio Vargas, 21% das receitas do Pan deveriam ser angariados via iniciativa
privada. Segundo Osório, o Co-Rio já conseguiu captar dinheiro com patrocínios
externos, mas preferiu não incluí-los no orçamento por uma "questão de
segurança".
"A verba de patrocínios vai surgindo aos poucos. Não podemos contar com
elas porque não sabemos o valor total que conseguiremos. Assim, trabalharemos
com os recursos dos entes públicos, que serão ressarcidos mais para a frente,
quando os recursos privados estiverem em nossas mãos."
Osório diz ainda que espera obter ao menos R$ 115 milhões de dinheiro
não-estatal. Esse valor migraria da arrecadação das bilheterias, dos
licenciamentos, dos patrocínios, dos direitos de rádio e televisão, entre
outros.
"Já fechamos seis cotas de patrocínio e negociamos alguns direitos de
transmissão. Nossa arrecadação, na área privada, já é recorde na esfera
Pan-Americana", conta o chefe do Co-Rio.
O inchaço de quase 80% em relação à previsão inicial de gastos operacionais do
Pan --o valor estipulado pela FGV era de R$ 380 milhões nessa seara-- não
alarmou os dirigentes.
Segundo Nuzman, o acréscimo é normal porque "o planejamento inicial não é
tão detalhado nem engloba todas as complexidades da competição". O
dirigente afirmou que a Olimpíada de Atenas, disputada no ano passado, e até os
Jogos de Pequim, programados para 2008, sofreram alterações semelhantes em seus
orçamentos operacionais.
O custo global dos Jogos, contudo, segue desconhecido. A maior fatia do bolo do
Pan, no qual estão incluídas as construções de caráter permanente, ainda não
está totalmente orçada. Essas obras estão sob responsabilidade dos governos
federal e estadual e também da prefeitura da cidade.
Segundo Nuzman, nenhum dos financiadores públicos do Pan reclamou, até aqui,
dos valores que deverão desembolsar. "Até agora ninguém demonstrou
insatisfação. Se alguém encontrar algum valor que não gostar, estamos abertos
para conversar. Eu já disse: estamos aqui para fazer o melhor Pan
possível."
O presidente do COB acredita que o evento servirá como aprendizado e uma
espécie de "vestibular" para a cidade pleitear os Jogos Olímpicos de
2014.