OGLOBO, em 31de Maio de 2005
Hospital que atenderá o Pan pode ter atraso
Luiz Ernesto Magalhães
Mais um problema nos preparativos para os Jogos Pan-Americanos de 2007. O diretor do Hospital Municipal Lourenço Jorge, Flávio Silveira, disse em depoimento à CPI na Câmara dos Vereadores, que apura a crise da saúde no município, que serão necessários dois anos de obras de modernização para que a emergência da unidade, na Barra da Tijuca, atenda aos padrões exigidos para o evento.
Nos documentos enviados à Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) que garantiram a escolha do Rio como sede do Pan, a prefeitura e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) escolheram o Lourenço Jorge como referência devido à proximidade com os locais de provas, como o Autódromo, Riocentro e Cidade do Rock.
Secretaria de Saúde ainda não licitou as obras
A 25 meses do Pan, nenhuma licitação foi organizada para a compra de equipamentos e realização de obras necessárias no Lourenço Jorge, estimadas em R$ 10 milhões. O hospital, que não tem serviços de neurocirurgia e cirurgia vascular, ainda enfrenta problemas com infiltrações. O secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho, garante ser possível fazer as obras a tempo. Ele, porém, admitiu que já estuda um plano B para o Pan, ainda em fase de orçamento:
— Poderíamos contar com dois hospitais públicos como referência. Além do Lourenço Jorge, usaríamos a infra-estrutura do Miguel Couto (Gávea), que já tem serviços de neurologia e cirurgia vascular. O Miguel Couto teria a capacidade de atendimento ampliada para se tornar o pólo de atendimento dos casos mais complexos.
O COB informou ontem que qualquer mudança de projeto terá que ser analisada e aprovada pela Odepa. Pelo plano em estudos, a prefeitura construiria uma nova emergência no Miguel Couto, num terreno na esquina da Rua Mário Ribeiro com Avenida Bartolomeu Mitre, hoje usado como estacionamento do hospital. O Lourenço Jorge passaria por obras de menor porte. Em caso de necessidade, os pacientes seriam levados de helicóptero para o Miguel Couto.
A proposta é alvo de críticas de lideranças comunitárias da Barra e da bancada da Saúde da Câmara de Vereadores.
— Se a questão fosse apenas o Pan, a ampliação do Miguel Couto resolveria. Mas esta é a oportunidade para que o Lourenço Jorge seja modernizado —diz o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck.
Área com 600 mil pessoas tem emergência incompleta
Delair diz ainda que o hospital atende a população de uma região de mais de 600 mil habitantes, que não dispõem de serviços de emergência mais complexos nas proximidades.
Já o vereador Dr. Carlos Eduardo (PP), membro da CPI da Saúde, observa que o Lourenço Jorge funciona com a mesma infra-estrutura de quando foi inaugurado há 15 anos e o Pan é a ocasião para mudar isso. O tomógrafo utilizado, exemplificou o vereador, está defasado tecnologicamente pois gera imagens menos nítidas que os equipamentos mais modernos, o que pode dificultar os diagnósticos:
— O que está em jogo é o futuro da qualidade do serviço médico de uma região cuja população aumenta 8% ao ano. Hoje, por exemplo, a Avenida das Américas já é a segunda em número de acidentes no Rio