Quinta feira, 1 de junho de 2005
Jornal O GLOBO
Estimativa é de que
gastos com obras e equipamentos ultrapassem os R$2 bi, contra R$949 milhões
previstos em 2003
Os gastos do poder público e da iniciativa privada com a realização dos Jogos
Pan-Americanos de 2007 poderão ultrapassar os R$2 bilhões, mais que o dobro do
valor previsto em 2003 (R$949 milhões em valores atuais), quando o Rio venceu a
disputa para sediar o evento. A estimativa foi feita pelo GLOBO com base nos
custos de projetos, obras e aquisição de equipamentos esportivos. O cálculo
leva em conta, entre outros itens, gastos com obras como a construção do
Estádio Olímpico João Havelange (R$202,7 milhões) e da Vila Pan-Americana
(R$388 milhões), a reforma do complexo esportivo do Maracanã (R$67 milhões) e o
projeto do Parque Olímpico do Autódromo (R$460 milhões).
Apenas com a logística dos jogos, os custos previstos passaram de R$380 milhões
para R$691 milhões, um acréscimo de 81% em relação a 2003, de acordo com
relatório divulgado ontem pelo Comitê Organizador dos Jogos (CO-Rio).
Valor não inclui gastos com segurança pública
Nos cálculos do CO-Rio, não
estão incluídos os investimentos em segurança pública. O orçamento foi entregue
também ontem ao Ministério da Defesa, sem que os valores propostos fossem
divulgados.
— Na candidatura, tínhamos uma previsão de gastos. Mas os orçamentos estão
sendo atualizados com base num planejamento mais detalhado. Isso é normal em
qualquer evento esportivo dessa natureza — disse Carlos Arthur Nuzman, presidente
do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ao justificar o aumento dos custos de
logística.
O estouro do orçamento inicial levou ontem a vereadora Patrícia Amorim (PFL) a
decidir convocar representantes do CO-Rio, da União, do estado e da prefeitura
para explicarem o aumento dos gastos à Comissão de Acompanhamento das Obras da
Rio 2007, na Câmara de Vereadores.
— Se parte das obras forem feitas em parceria com a iniciativa privada já será
um alívio. Mas a maior parte desses gastos poderá ser feita com recursos
públicos. É preciso esclarecer como os recursos serão usados — disse Patrícia.
Ontem, Nuzman alegou que em eventos esportivos internacionais as revisões
orçamentárias são comuns. E que só será possível saber o custo total do
Pan-Americano de 2007 pelo menos seis meses após os jogos. Na planilha
apresentada ontem, o CO-Rio propõe que os custos da logística sejam cobertos
pelo setor público (53% prefeitura, 44% União e 3% do estado).
A prefeitura já aceitou as novas bases, mas o estado informou não ter como
contribuir com mais recursos. A exemplo da logística, porém, a proposta não é
definitiva. Os gastos públicos podem ser reduzidos caso sejam fechadas
parcerias com empresas interessadas em investir no evento.
A assessoria do CO-Rio preferiu ontem não fazer estimativas dos aumentos de
gastos com infra-estrutura. Mas apontou como motivo para o aumento dos gastos a
reformulação dos projetos.
Na candidatura, por exemplo, planejava-se construir um estádio olímpico com
apenas dez mil lugares, que seria erguido no autódromo. O projeto final do
Engenhão prevê 45 mil lugares e ainda obras de infra-estrutura em ruas próxima
ao estádio. O Maracanã, que passaria por uma obra mais simples, também teve o
orçamento revisto pelo estado para que o estádio fosse modernizado.
O CO-Rio informou ainda que o hóquei sobre a grama não será mais realizado no
Parque do Flamengo devido a dificuldades de aprovação do projeto em órgãos
ambientais e do patrimônio histórico. As provas ocorrerão na Vila Militar, em
Deodoro. Já a prefeitura estuda ampliar o prazo de concessão da Marina da
Glória de 20 para 50 anos em troca de investimentos para preparar a área para
as provas de vela.
Conheça o Valor das
obras:
ESTÁDIO OLÍMPICO
(ENGENHÃO): R$202,7 milhões. Obras em andamento)
OBRAS NO ENTORNO DO ENGENHÃO: R$54,2 milhões (projetos em estudo).
VILA PAN-AMERICANA: R$388 milhões (inclui recursos de financiamento da CEF e
gastos previstos pela prefeitura e a construtora Agenco). Obras em andamento.
PARQUE OLÍMPICO do AUTÓDROMO: O custo estimado é de R$460 milhões.
MARINA DA GLÓRIA: R$80 milhões (projetos ainda estão em estudos).
EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS: R$11,5 milhões, já comprados pela União e pela
Prefeitura do Rio.
COMPLEXO DO MARACANÃ: R$67 milhões. As obras do estado já começaram
BOULEVARD DO PAN (BARRA): R$13,3 milhões. Obras já foram concluídas.
REFORMA DO HOSPITAL LOURENÇO JORGE: R$10 milhões (ainda em estudo)
LOGÍSTICA DOS JOGOS: R$691 milhões. Os maiores gastos, R$118,5 milhões, são
para o funcionamento dos locais dos jogos e na vila do Pan.
VALOR TOTAL: R$1,9 bilhão. Ainda não estão incluídos no orçamento os
investimentos em Segurança Pública; obras na Vila Militar; drenagem da Lagoa da
Rodrigo de Freitas para as provas de canoagem; adaptações no Riocentro e na
Cidade do Rock, que também serão sedes das competições; entre outros projetos.