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O Globo Data: 22/07/03PROJETOS QUE SAEM DA GAVETA
A preparação da cidade para os Jogos Pan-Americanos de 2007 reacendeu a polêmica sobre qual a melhor solução para desafogar o trânsito entre a Barra da Tijuca, onde será realizada a maioria das competições, e outros bairros. Ontem, num café da manhã com empresários da Barra, o prefeito Cesar Maia reapresentou proposta discutida ainda na campanha eleitoral de 2000: a duplicação da Auto-estrada Lagoa-Barra. A obra exigirá a construção de um mergulhão na Praça Sibelius e a abertura de túneis paralelos ao Zuzu Angel e ao do Joá. Com isso, chega a 13 o total de propostas apresentadas nos últimos dias para melhorar os acessos à Barra, seja pela duplicação de pistas já existentes, pela abertura de novas vias, pela construção de linhas férreas ou até por ligação marítima.
De concreto, por enquanto, apenas um projeto tem data para sair do papel: a construção do Túnel da Grota Funda, ligando o Recreio a Guaratiba. A obra, tocada pela prefeitura e pela iniciativa privada, deve começar em agosto.
No caso da Lagoa-Barra, o investimento estimado é de R$ 650 milhões. E depende de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Cesar irá ao presidente do BNDES, Carlos Lessa, pedir um empréstimo de R$ 450 milhões. O restante seria custeado pelo município.
Morador da Barra também quer metrô
A prefeitura já apresentou à Feema pedido de licenciamento ambiental para a obra. Moradores da Zona Sul, porém, entendem que a duplicação não é a alternativa mais viável. A preocupação é um aumento do tráfego em vias que não serão duplicadas, como as avenidas Borges de Medeiros e Epitácio Pessoa. A equipe de Meio Ambiente do Ministério Público também é contra, alegando impacto ambiental.
— A melhor alternativa é a construção da Linha 4 do metrô, que tiraria carros das ruas da Zona Sul — acredita o presidente da Associação de Moradores do Leblon, João Fontes.
— O traçado proposto na duplicação prevê que parte das obras seria em área de preservação ambiental. O impacto seria muito maior do que se o metrô fosse construído — discorda o promotor Carlos Frederico Saturnino, do MP.
Licitada há cinco anos, a Linha 4 do metrô prevê a construção de cinco estações entre o Morro São João (em frente ao Shopping Rio Sul) e o Jardim Oceânico, com custos divididos entre o Consórcio Rio-Barra, vencedor da concorrência, e o estado. Mas, hoje, não é considerada uma prioridade pelo governo estadual. Os esforços estão concentrados em viabilizar a Linha 6, que ligaria a Barra à Baixada.
— O estado não está com os cofres abarrotados e por isso temos que priorizar o sistema que atenderá o maior número de usuários. Tudo indica que seja a Linha 6 — justifica o secretário estadual de Transportes, Augusto Ariston.
Para o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, a Linha 4 é ainda mais importante que a Linha 6. Ele observa que a Linha Amarela, ainda não saturada, já serve de opção para quem vai para a Baixada e que não há demanda de transporte o ano inteiro entre o Aeroporto Internacional e a Barra.
Cesar, porém, não tem interesse em assumir os custos da Linha 4:
— Ela é inviável. O que melhoraria mesmo o fluxo de transportes para a região seria a duplicação da Lagoa-Barra.
Para o professor do programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Paulo Cézar Martins Ribeiro, há uma alternativa ao projeto da Lagoa-Barra: a duplicação da Avenida Niemeyer, com a criação de faixas seletivas para ônibus.