Rio, 18 de Agosto de 2005

 

O GLOBO

 

Obra de estádio do Pan fica 30% mais cara

Luiz Ernesto Magalhães

As obras para a construção das fundações, pistas e arquibancadas do Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão) para os Jogos Pan-Americanos de 2007 ficarão quase 30% mais caras que os R$ 87,3 milhões previstos inicialmente, devido a uma série de modificações em relação ao projeto original. E a conta pode aumentar ainda mais. O consórcio Delta/Racional/Recoma e o município discutem uma nova revisão na planilha de custos, por conta da elevação de 80% nos preços do aço no mercado internacional, uma das principais matérias-primas dos pré-moldados empregados na construção do complexo.

O grupo calculou a defasagem em R$ 32,8 milhões e argumenta que sem reajuste terá prejuízos com o Engenhão. A Rio-Urbe, empresa da prefeitura que gerencia as obras, chegou a discutir internamente um repasse de R$ 6 milhões. Mas este valor foi vetado ontem pelo prefeito Cesar Maia e as conversas continuam.

Vai ser preciso remanejar adutora

Semana passada, a prefeitura já decidira gastar R$ 23,4 milhões a mais que o previsto. A mudança no orçamento se deu porque nos últimos dois anos o projeto sofreu uma série de adaptações. Alterações, como o aumento do diâmetro do anel de arquibancadas para permitir melhor visibilidade do público e mudanças no projeto das pistas elevaram os gastos em R$ 21 milhões.

Os outros R$ 2,4 milhões serão gastos no remanejamento de uma adutora de grande porte da Cedae encontrada durante as escavações. Ela cruza um trecho de 800 metros do futuro estádio.

— Caso tenhamos mais imprevistos, poderemos ter que fazer novos investimentos — disse o secretário municipal de Obras, Eider Dantas.

Os reajustes já liberados farão com que os gastos cheguem a R$ 110,7 milhões, superando o teto (R$ 97,2 milhões) que o município previu em 2003 para investir no projeto, quando foi aberta concorrência pública para a obra. O valor atual, de R$ 87,3 milhões, foi o da proposta do consórcio Delta/Racional/Recoma, vencedor da licitação.

O orçamento não inclui os gastos com a construção dos acessos e obras de acabamento do estádio. Elas foram licitadas por uma segunda concorrência. Estimadas em R$ 115 milhões, elas começaram no fim de maio e terminam em dezembro de 2006.

Vários motivos explicam a revisão de custos. O primeiro deles foi que a licitação da prefeitura em 2003 tomou como base um projeto conceitual. Ao longo das obras, adaptações foram necessárias para atender a exigências de entidades como a Federação

 

Internacional de Atletismo:

— O projeto também precisou ser reformulado para que o Engenhão possa ser uma das sedes da Copa de 2014. A capacidade dele para o Pan será de 45 mil lugares mas foi projetado de modo a ser ampliado para 80 mil para 2014 — disse o prefeito Cesar Maia, que ontem visitou as obras.

O atraso no cronograma do Engenhão também pode contribuir para o aumento de custos, pois a elevação de preços do aço foi maior nos últimos 18 meses, devido à grande demanda da China. Em 2003, a previsão da prefeitura era que as obras acabassem em maio deste ano. Com isso, o impacto do preço do aço seria menor. Revisões no cronograma, porém, adiaram o fim das obras para setembro de 2006.

— Em 60 dias teremos uma solução para a questão. Mas em princípio discordo de novo reajuste para o consórcio — disse o secretário municipal de Obras, Eider Dantas.

Parceria público-privada (PPP) para as adaptações da Marina da Glória


Também ontem, Cesar Maia anunciou oficialmente a parceria público-privada (PPP) para as adaptações da Marina da Glória para receber as provas de vela do Pan, cujo projeto será assinado pelo arquiteto Paulo Casé. A obra vai custar R$ 41 milhões e em troca a concessionária teve o prazo de concessão prorrogado de dez anos para 30 anos.

O empresário Fabiano Crespo, que gerencia a marina, diz que as obras começarão em outubro. A previsão é que estejam prontas em maio de 2007, cerca de 45 dias antes do início dos jogos. O projeto será tocado com recursos próprios e financiamentos.