Sábado, 30 de Abril de 2005

 

NOVO PROJETO PARA O ESTÁDIO DE REMO DA LAGOA

 

Segundo empresa, com as modificações, tombamento do prédio aprovado na Câmara não será empecilho a obras.

A empresa responsável pelas obras no Estádio de Remo da Lagoa, a Glen, apresentou ontem um novo projeto arquitetônico que, segundo a construtora, não interfere no desenho original da planta do prédio: a fachada será toda em vidro, deixando à vista não só os pilares em formato de "V", como também a própria Lagoa. De acordo com a Glen, com isso o tombamento da construção, aprovado anteontem pela Câmara dos Vereadores, não interfere no andamento das obras. No local funcionará um complexo de entretenimento com sete cinemas, estacionamento e centro gastronômico. As arquibancadas para o público das competições de remo serão renovadas.

O que impede os construtores de seguirem adiante é a falta de licença ambiental da Feema. Entretanto, recomendações feitas pelo Ministério Público (entre elas a solicitação de um estudo de impacto ambiental) acabaram levando o processo para o Conselho Estadual de Controle Ambiental (Ceca), órgão jurídico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que ainda não se manifestou sobre o assunto.

A Glen afirma que, assim que conseguir a licença, as obras começam logo. O atraso na liberação tem preocupado o vice-presidente da empresa, Marco Aurélio Chiapetta, que teme a impossibilidade de deixar o estádio pronto para o Pan de 2007.

Esportistas como o remador Dênis Antônio Marinho também estão preocupados:

- Somos totalmente favoráveis ao projeto, qque vai revitalizar o local para a prática do remo. Não entendo a razão dessa demora - afirmou.

MP entrou na Justiça contra as mudanças

Construtora afirma que é vítima de interesses políticos

A Glen diz estar sendo vítima de interesses políticos e econômicos. Depois de vencer quase todos os problemas burocráticos, envolvendo licenciamentos de órgão federais, estaduais e municipais, a empresa vem lutando na Justiça, desde 2002, contra uma ação civil do Ministério Público. Nessa ação, a remadora Gracília Portella, que também é diretora jurídica da Federação de Remo do Rio, figura como assistente.

- Entretanto, Gracília é também diretora juurídica da construtora Santa Isabel, responsável pela construção do Shopping Leblon, que, como o Estádio de Remo, também terá cinemas. Será que toda essa briga dela é mesmo por amor à causa? - questiona Chiapetta, que diz ter em apoio ao seu projeto a Confederação Brasileira de Remo, o Comitê Olímpico Brasileiro e os clubes.

- Isso é uma loucura, um absurdo. Eventualmmente presto consultoria para a Santa Isabel, que é um de meus clientes. Não sou empregada deles, muito menos diretora de qualquer coisa. Acho grave acusarem de interesse político uma terceira parte que nada tem a ver com a história. A ação na Justiça existe porque a Glen não cumpriu cláusulas do contrato. Ela está, por exemplo, devendo mais de R$3 milhões ao estado - argumenta Gracília.

ENTENDA O CASO

O espaço que hoje abriga as instalações do Estádio de Remo da Lagoa é um grande elefante branco. Já foi cobiçado por muitos empresários para os mais variados fins, mas nunca resultou em um empreendimento efetivo.

Em janeiro de 95, a prefeitura havia autorizado a instalação no local da churrascaria Plataforma e do Museu Tom Jobim, onde seriam expostos discos, objetos pessoais e o piano do compositor.

Mais tarde, em dezembro daquele mesmo ano, o município decidiu que o local seria ocupado pela House of Blues (do idealizador do Hard Rock Café), uma mistura de casa de shows, boate e restaurante.

Ainda nesse mesmo ano, a Glen passou a ser a beneficiária do local. Durante todo este tempo, já propôs quatro projetos diferentes para a área, que incluíam lojas comerciais, anfiteatro e um espaço para boate, casa de shows e sala de jogos. O projeto mais recente é o que prevê ali a instalação de sete salas de cinema do tipo Multiplex e um complexo gastronômico.