Grandes Projetos Urbanos e fronteiras Sociais:
irrupções da resistência
Autores:
Danielle Barros (PIBIC/CNPq) e Leonardo Picinatto (FAPERJ)
Orientadores:
Fernanda Sánchez e Glauco Bienenstein
Colaboradores:
Bárbara Canto (CNPq/PIBIC) e Bruna Guterman (CNPq/PIBIC)
1. APRESENTAÇÃO
A dominância
financeira das formas de gestão e realização da riqueza tem configurado, novas
e complexas formas de produção e apropriação do espaço das aglomerações
urbanas.
Nesse sentido, as transformações das metrópoles
contemporâneas vêm sendo associadas à celebração de eventos emblemáticos nos
âmbitos da cultura, do esporte e do lazer, com vistas à sua inserção
internacional e à ampliação das redes e fluxos que participam do circuito
mundial de valorização da cidade-mercadoria: empreendimentos imobiliários,
indústria cultural e as grandes operadoras de turismo.
Competitividade, “empresariamento” (urbano),
planejamento estratégico (por projetos), intervenções pontuais, entre outros
enunciados, passam a compor o rol das iniciativas a serem adotadas pelos
administradores das cidades vinculados aos mais diversos matizes
político-ideológicos. Tal enunciado tem sido apresentado como solução modelar
“milagrosa” voltada à instauração de um consenso que, por sua vez, conduz a uma
cidadania fabricada que acaba dando suporte às iniciativas a ela vinculadas.
Reconhecidos
e tomados como modelos que devem ser seguidos tendo em vista o sucesso quando
aplicados em outras cidades, tais enunciados têm se espraiado mundo afora,
configurando o receituário a ser seguido pelas diversas localidades, em
detrimento de suas respectivas identidades e/ou singularidades
sócio-geográficas e culturais.
No entanto, contestações e irrupções de
resistência cidadã vêm sinalizando as possibilidades de emergência de alternativas
a essa tendência hegemônica.
O presente trabalho propõe uma reflexão
acerca do modelo de cidade e de cidadania associado a três grandes
eventos/projetos, a saber: Barcelona Olímpica 1992, Fórum Universal das
Culturas Barcelona 2004 e Jogos Pan-americanos Rio de Janeiro 2007, e a
emergência das crescentes expressões de resistência que desafiam tal
modelo. Desse modo, a proposta de
re-visitar dois momentos da experiência de Barcelona poderá oferecer elementos
que permitem antever e colocar em debate alguns desdobramentos, aí incluídas
possibilidades de instauração de resistências, do modelo de planejamento e
projeto urbano associado à celebração dos Jogos Pan-americanos na cidade do Rio
de Janeiro.
2.O “COLOSSALISMO” DA BARCELONA OLÍMPICA
“Se os
jogos não existissem, os teríamos inventado”, costumava dizer o ex-Prefeito
de Barcelona, Pasqual Maragall para referir-se às Olimpíadas de 92 como uma
ótima “desculpa” para o ambicioso projeto de renovação urbana nos anos 80 e 90.
A cidade
investiu vultosas quantias e implementou projetos urbanísticos de grande envergadura, redefinindo
centralidades e constituindo verdadeiros marcos na evolução urbana.
O fundamento das práticas de
intervenção espacial passava do minimalismo ao “colossalismo”: dos pequenos
projetos da chamada “acupuntura urbana” às grandes “operações urbanísticas”.
(SÁNCHEZ, 2003, p.234).
Uma das obras emblemáticas do período foi
o Moll de la Fusta (1987), tendo como principal objetivo o
“reordenamento da fachada marítima”. Outras obras semelhantes a esta, como a
nova fachada marítima de Poblenou, Barceloneta e a Vila Olímpica se
sucederam, como mega-operações imobiliárias legitimadas sob a imagem da
“recuperação do diálogo da cidade com o mar”.
As vilas olímpicas de Barcelona
constituem uma inflexão em termos da destinação de novas moradias, agora
visando a atração de segmentos das classes médias e altas, e não mais ao uso
popular, marca tradicional das vilas olímpicas até então. A macro-proposta
urbanística para a Vila Olímpica foi realizada pelo escritório de arquitetura
de Oriol Bohigas. É, ao mesmo tempo, resultado e instrumento de um novo projeto
de cidade pois associa residências, escritórios e empresas a um significativo
complexo de animação turística, de lazer e de consumo.
O plano geral
para o conjunto que inicialmente abrigou os atletas olímpicos foi dividido
entre diferentes escritórios de arquitetura que tiveram que obedecer a algumas
normas gerais estruturadoras daquele espaço.
Desse modo, a morfologia da Vila Olímpica segue o padrão de tecido urbano da
Barcelona do Plano Cerdá (1859), e pretende caracterizar, ainda, um certo
controle do poder público em relação à escala da cidade e à atuação do mercado
imobiliário.
O Governo Municipal,
mediante o “olimpismo”, atraiu capitais públicos e privados para empreender a
reconstrução da Cidade a prazo fixo. Esta pressão para uma violenta política de
“fazer cidade” forçosamente inscreveu o processo na chave do aproveitamento
máximo de mercado, na mais pura ótica do capitalismo (imobiliário) em suas
articulações atualizadas com os demais mercados: de consumo, de serviços, do
turismo, da cultura e das localizações das empresas transnacionais.
Os gestores do
chamado “modelo-Barcelona” têm buscado orientar suas estratégias e ações de
modo a recriar e reinventar permanentemente grandes projetos/eventos
afirmativos desse modelo. Como nas
Olimpíadas de 1992, o Fórum Universal das Culturas Barcelona-2004 constitui um
grande evento que pretende dar continuidade às reformas urbanísticas iniciadas
com as olimpíadas.
Tal continuidade materializada
por esses projetos e eventos, expressa o modelo de gestão e de produção do
espaço (urbano) caracterizado por um receituário padrão. Neste contexto,
relidas pela lógica do capitalismo atual, de corte seletivo e excludente, as
cidades se renovam constantemente na busca dos investimentos do circuito
mundial de valorização.
A “marca Barcelona” passa a ser difundida
como um modelo a ser perseguido pelas demais metrópoles mundo afora,
notadamente através da disseminação de um ideário que, com base numa pretensa
dimensão cultural inclusiva,que compõe um mapa multicultural atraente que de
certa maneira escamoteia e esvazia conflitos.
Durante 141
dias, a capital da Catalunha promoveu o Fórum Universal das Culturas, que
consiste em uma série de eventos artísticos e intelectuais, celebrados numa
grande esplanada no water-front de Barcelona, construída especialmente para
abrigar tal evento. Nele foi
trabalhada uma nova imagem da cidade baseada em temas que têm adquirido
popularidade nos últimos anos: “cidade da paz”, “cidade multicultural” e
“cidade sustentável”.
Face ao questionamento
de seus conteúdos produziu-se simultaneamente um enorme investimento em outras
frentes: empreendimentos imobiliários na área do entorno do Fórum (constituída
na principal área de expansão urbana), hotéis de luxo, centros empresariais. Os
órgãos da administração pública implicados na organização do Fórum começaram a
estabelecer convênios de colaboração com grandes empresas privadas
multinacionais de forma a cobrir os gastos previstos. Apesar da política de
todas as empresas patrocinadoras do Fórum ter sido objeto de grande polêmica, a
participação da empresa Indra chamou mais a atenção por ter como atividade
principal a tecnologia militar, sendo bastante questionável em um Fórum que
procurava debater a "paz".
Ainda mais complicada
foi a situação no início do conflito entre os EUA-Inglaterra-Espanha e o
Iraque, quando a população de Barcelona invadiu as ruas em manifestação pedindo
ao Fórum que se pronunciasse contra a guerra. Mas a participação do Governo no
Fórum implicava na manutenção do consenso e na “proibição” de qualquer
declaração contra a guerra no Iraque.
Para realizar o Fórum Universal das Culturas, Barcelona promoveu
atualizações na sua estrutura urbana fazendo reformas por todos os lados. A
área do evento, de 230 mil metros quadrados
é composta por um complexo espacial que inclui a implantação de dois pólos: (I)
Pólo Científico-Tecnológico, que agrega atividades ligadas à indústria
aero-espacial, Parque Biomédico e Parque Tecnológico de Informação e
Comunicação, aí incluídas áreas residenciais e de serviços, Usina
Termodinâmica, Célula Fotovoltáica; (II) Pólo Cultural, composto pelo conjunto
arquitetônico do Fórum 2004 que abriga grandes edificações ligadas à cultura e
ao lazer, como teatros, arenas para shows, o centro de convenções de Herzog e
De Meuron, dentre outros.
Ao contrário do evento
olímpico, que contou com uma festejada adesão social, o projeto “Fórum”
apresentou uma grande resistência de coletivos de bairros afetados pelas
operações urbanas como os de Poblenou, Besós e La Mina, além de
expressões significativas de grupos e redes organizados contra a iniciativa.
Dentre elas, destacam-se: Assembléia de Resistência ao Fórum,
FOTUT 2004, Coletivo
de Arquitetos Americanos, Federação de Associações de Vizinhos de Barcelona,
União Temporal de Escritores, Coletivo do Instituto Catalão de Antropologia, com
importantes desdobramentos na opinião pública acerca dos reais efeitos desse
modelo de intervenção. Críticas ao Fórum passaram a ocupar também espaço na
mídia, em charges e crônicas a respeito do desperdiço em torno à celebração do
evento e às contradições que ele suscitava.
4. PAN 2007: UMA VERSÃO
TUPINIQUIM DOS JOGOS OLÍMPICOS DE BARCELONA?
O Rio de Janeiro vem experimentando uma versão “tupiniquim” do modelo de planejamento estratégico empregado na cidade de Barcelona empreendido, principalmente, nas administrações mais recentes.
Desde 1992, a cidade carioca, por
meio de seus governos municipais, mantém uma estreita relação com os planos e
projetos executados em Barcelona. Durante a realização dos Jogos Olímpicos, o
Rio sediava a Eco-92 no complexo do Riocentro; a elaboração do Plano
Estratégico da cidade carioca contou com a participação de consultores
catalães; posteriormente, enquanto Barcelona sediava um grande evento como o
Fórum 2004, o Rio de Janeiro começava os preparativos para a realização dos
Jogos Pan-americanos em 2007.
Dessa forma, tendo reconhecido os
efeitos reestruturadores dos jogos em todas as cidades que sediaram iniciativas
dessa natureza, a Prefeitura do Rio de Janeiro iniciou em 1996, sua candidatura
para abrigar os Jogos Olímpicos de 2004. Esta iniciativa gerou uma ampla
mobilização popular e midiática, além de inúmeros projetos urbanísticos que
objetivavam preparar a cidade para este fim.
A cidade
não conseguiu ter sua candidatura aprovada para sediar os Jogos Olímpicos de
2004. No entanto, talvez como um prêmio de consolação conquistou o direito de
sediar os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Este projeto consiste em um grande
complexo urbanístico-arquitetônico distribuído pela cidade em quatro grandes
áreas (sua geografia revela, mais uma vez, a tentativa de espelho com o modelo
Barcelona).
No entanto, a maior parte das
edificações e intervenções propostas está concentrada na Barra da Tijuca. Dentre
os principais equipamentos a serem implantados, destacam-se: Vila Pan-americana
localizada na Barra da Tijuca, o Estádio Olímpico do Engenho de Dentro, o “Engenhão”,
o Complexo Esportivo do Autódromo, o Centro de Convenções do Rio-Centro e o
Complexo Esportivo da Cidade do Rock, entre outros.
Corroborando com o que se tem
constatado na aplicação dos modelos de gestão urbana estratégica, do qual o
projeto Pan pode ser identificado, alguns segmentos e atores privados se
sobrepõem ao poder público, procurando ampliar seus objetivos e interesses.
Seguindo o exemplo de Barcelona 92,
a
Vila Pan-americana é projetada em parceria com a iniciativa privada na Barra da
Tijuca, em um conjunto de vinte e cinco prédios residenciais com gabaritos de
dez pavimentos, com tipologias distintas, num total de dois mil e quarenta
apartamentos para abrigar os oito mil atletas esperados.
Durante os estudos para viabilização
do projeto foi negociada a flexibilização das normas vigentes de ocupação do
solo. Assim, sobressaem, no atual período, indicações das pressões de grupos
privados associados, com encaminhamento de diversos projetos de lei que propõem
mudanças na legislação urbana no que se refere à otimização da ocupação do solo
e ao seu aproveitamento intensivo nos empreendimentos imobiliários. Um exemplo
disso, são as sucessivas propostas de revisão dos parâmetros urbanísticos das
edificações projetadas para a Vila Pan-americana de forma a atender aos anseios
dos especuladores imobiliários (CREA/UFF, 2004), que culminaram com a edição
das
Leis Complementares números 59, 60 e 61 pelo Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro,
alterando os parâmetros edilícios da área destinada à implantação do
empreendimento. Desta forma, a prefeitura do Rio suprimiu a metragem mínima das
edificações da cidade, que é de 60m², permitindo que o menor apartamento
ficasse com apenas 37m² (42 m² com a varanda). Além disso, permitiu que o
gabarito subisse de três para dez andares. Segundo Alfredo Sirkis “contrapartidas
valem a pena quando se trata de obra de interesse público”. (O GLOBO,
03/04/2005).
Outra
questão que pode ser ressaltada em relação à Vila Pan-Americana é a destinação
da população carente que reside na área de projeto. Segundo o Relatório de
Impacto Ambiental, o aumento de ocupações subnormais na área se dá pela
ausência de uma ocupação nobre! Neste sentido, para os autores de tal
relatório, o projeto da Vila Pan-americana constitui um importante veículo de
valorização imobiliária e desenvolvimento urbano.
Percebe-se
claramente, que está em curso uma opção urbanística que privilegia a
apropriação dessa área pelos interesses de mercado, o que se traduz muito mais
num processo de modernização/reestruturação (seletiva e excludente) do que
propriamente de desenvolvimento urbano mais inclusivo.
5. RESISTÊNCIAS
Na edição do Pan-americano do Rio de
Janeiro identificam-se, ainda de modo incipiente, certos grupos e coletivos de
resistência, ainda tênues, a considerar o estágio de andamento das obras e o
empenho da Prefeitura em conquistar a adesão social por meio de uma forte
campanha de marketing dos Jogos. A realização dos mesmos foi utilizada como
carro-chefe da campanha de reeleição (2004) de César Maia para a Prefeitura do
Rio de Janeiro. A imagem da cidade do Pan afirma o protagonismo político do
atual Prefeito e sua legitimação na perspectiva do “time que está ganhando não
se mexe”.
Apesar de existir um aparente
consenso em relação à realização do Pan Americano na cidade, encontramos alguns
grupos questionando tal projeto. Por exemplo, o Fórum Popular do Orçamento,
alguns vereadores, assim como a mídia têm se pronunciado diante de algumas
questões referentes à realização dos jogos.
Quanto ao Fórum 2004, a resistência
se materializou através de diversas formas na cidade, quer por manifestações
públicas de repúdio ao evento, mas principalmente nas bilheterias do mesmo, que
não atingiu o número de visitantes esperado pelos organizadores.
6. EIXOS E QUESTÕES QUE CONVIDAM AO DEBATE
·
Se os projetos de
renovação urbana associados à realização de mega-eventos já não encontram, em
Barcelona, uma cidadania coesa que lhes dá sustentação, o mesmo ainda não pode
ser identificado para o caso do Rio de Janeiro;
·
A produção do
projeto/evento Pan-Rio 2007 reedita os conteúdos e práticas da Barcelona
Olímpica e dos seus projetos estratégicos;
·
Os benefícios econômicos
para as indústrias de turismo e da construção civil no Município do Rio de
Janeiro podem estar associadas a agenda social da cidade e as suas metas para
2007, sem trazer prejuízos aos cidadãos da cidade?
·
Os investimentos em
projetos poderão atender efetivamente às reais necessidades de infra-estrutura
da cidade?
·
Segundo dados do Fórum
Popular do Orçamento Público do Rio de Janeiro as divergências entre os
investimentos trazem questionamentos quanto as suas orientações, uma vez que se
constata uma considerável diferença no volume de recursos aplicados no estádio
olímpico João Havelange (R$ 166 milhões) do que em saúde (R$ 132,6 milhões) e
em educação (R$ 69 milhões em 2004 e R$ 76 milhões em 2005);
·
As irrupções de
resistência ao Fórum Barcelona-2004 por parte de diversos segmentos da sociedade
catalã podem estar sinalizando um avanço no sentido da construção de uma
cidadania crítica a tal modelo, distanciada do padrão anteriormente veiculado
pela mídia, da multidão - voluntária-olímpica dos anos 90, imagem fortemente
moldada pela propaganda instrumental a tal projeto.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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da audiência pública referente ao licenciamento ambiental do empreendimento da
Vila Pan Americana. Responsabilidade da AGENCO. Em 14 de abril de 2004.
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www.fotut2004.org
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