DISCURSO DE FORMATURA

Jesse era bem quisto por todo o mundo, assim foi o primeiro a falar no dia da formatura. Por um momento ele permaneceu calado, enquanto perscrutava os rostos de todos os colegas. Finalmente, Jesse pegou o microfone e falou.
- Como presidente de classe, estou aqui para falar com vocês hoje. Ontem à noite eu estava pensando sobre o que eu deveria dizer. Me lembrei dos dias na escola e das muitas coisas que fiz. Tantas recordações me vieram a mente, mas meus pensamentos ficaram presos em apenas um.

E então Jesse levantou uma fotografia, e ele a moveu de forma que todos pudessem vê-la. E o silêncio era o único som. Poderia se ouvir um alfinete caindo. E Jesse começou a falar sobre um colega que ninguém realmente conheceu.
- A vida de Charlie parecia sem sentido, comparada com a sua e com a minha, porque nenhum de nós o entendeu, nós nunca o levamos a sério. Nós vimos apenas o que quisemos, aquele Charlie não era legal. Ele estava longe de ser popular, era o alvo de todas as piadas na escola.

- Sim, do que nós conhecemos de Charlie, decidimos que ele simplesmente não valia nosso tempo, ele era um estranho que merecia estar só. Mas, veja, Charlie tinha uma paixão, no fundo ele tinha um sonho. Era um desejo dele jogar em nosso time de futebol.

- É claro que isso era absurdo, era totalmente absurdo. Charlie nunca foi um atleta, parecia que ele sempre preferiu história, ciência, e matemática.

- E assim alguns de nós impedimos Charlie de querer jogar. Por semanas nós o escarnecemos com insultos, dia após dia após dia. Tínhamos a certeza de que ele não era bem-vindo por qualquer um no time. Por quaisquer razões tolas, nós estávamos determinados em destruir o sonho dele. E eu estou aqui, agora, para lhes falar, como presidente de classe, que eu estava errado.

Jesse pausou por um momento enquanto olhava para os rostos de pais, professores e amigos.
- Eu não sei se todos vocês sabiam disto, eu não sei se qualquer um se preocupa. Mas a razão para Charlie não estar conosco eu sinto que tenho que compartilhar. Palavras cruéis são armas, elas destruíram o corpo e a alma de Charlie.

- E Charlie, sozinha na batalha, juntou suas armas para lutar. Comprou drogas de um traficante, a mãe dele encontrou seu corpo ontem à noite. Talvez tenha sido um acidente, talvez Charlie quis morrer. Mas não importa como aconteceu, nós sabemos o por que. Não importa nossa desculpa, ferir Charlie nunca foi correto.

E então Jesse pegou a foto de Charlie e segurou firme.
- Se eu tivesse ajudado de alguma maneira, ajudado a conquistar seu sonho. Se um professor, um colega, se alguém tivesse interferido. Mas sei que não posso desfazer o que foi feito. Você jamais receberá seu diploma ou jogará futebol. Mas do fundo de meu coração eu queria saber, se eu tivesse lhe ajudado, Charlie, seus anos escolares teriam terminado assim?

Jesse ficou perdido em seus pensamentos até que tosses e sussurros nervosos começaram a encher o salão. E então Jesse, antes de voltar à sua cadeira, recheou o ar com suas palavras finais,
- Gostaria de apresentar nosso orador solene. Por favor preste atenção, por favor ouçam tudo aquilo que ele tem a dizer.

E então Jesse colocou o quadro com a foto de Charlie encostada no pedestal do microfone, encarando a multidão. Assim o silêncio contou a história de Charlie em uma mensagem alta o bastante para ser convincentemente.

Tradução de SergioBarros do texto de Cheryl Costello-Forshey


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