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A lição da História



       Ao percebermos com clareza que a viagem de Cabral foi realizada por homens de carne e osso - com desejos e temores, com anseios e expectativas, premidos pela fome e pela sede, lutando por glória e por dinheiro -, nossa capacidade de nos identificarmos com aqueles marinheiros, soldados e capitães aumenta enormemente. Tal identificação permite que nos coloquemos de imediato no lugar dos grumetes e dos degredados, dos comandantes de origem nobre e dos pilotos de vasto saber, enfrentando os perigos do Mar Tenebroso, penetrando nos escuros e insalubres porões de suas diminutas caravelas, desembarcando nas praias paradisíacas do sul da Bahia - e seguindo viagem com eles rumo à longínqua Índia.
       Dessa maneira, como num passe de mágica, a História deixa de ser uma seqüência enfadonha de nomes e datas para se transformar naquilo que ela de fato é: um processo orgânico e múltiplo, repleto de ação e aventura; com sangue, sexo, ganância, coragem e hombridade. A História começa a se explicar por si própria e se desvenda como um fluxo de acontecimentos interligados, revelando de onde viemos e nos permitindo antever para onde vamos. Aqueles que não conhecem a própria História estão condenados a repeti-la. Os que sabem como e porque estão aqui, se encontram preparados para interferir e transformar o próprio curso da História.
       A História não pode ser aprisionada nos bancos da escola. A História está viva: pulsa, lateja e vibra no raiar de cada novo dia. Acompanhar passo a passo a viagem de Cabral - episódio inaugural da História oficial do Brasil - é uma viagem virtual da qual cada passageiro emerge com uma nova visão do mundo, munido das ferramentas que o transformam de mero espectador em agente efetivo, em sujeito histórico cujas ações podem ter reflexos reais na construção da nação.



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