ODE AO ÓDIO 

Das minhas palavras faço lúgubres marginais
que seguirão teus passos em solene peregrinação
como um exercício bárbaro e convicto de infames ideais
sem pudor nem indulgência, lucidez ou razão.

E pelo flanco esquerdo do teu vil olhar
invadirei a tua mente subjugando o ócio em sentinela
com sussurros torpes, obscenos... que lhe agucem o paladar
salivando pelos pecados para os quais nasci, da tua costela.

Antes mesmo que tua essência perdulária se acenda
e tua voz ressoe clichês e discursos hipócritas em charcos de moralidade,
pouparei-me das náuseas viscerais comandando a contenda
em um silêncio contundente, ferindo-lhe a hombridade.

Um soldado marchando, um pêlo eriçado
eu em todos os teus poros, contaminando-lha epiderme
espasmos de pavor, suplício amordaçado
e açoitando tua alma podre, teu húmus estéril...meus famintos vermes.

Vilipendio teu sofrimento, estupro tuas virtudes
incendeio o relicário dos teus valores pré-fabricados.
Febre fatal sem prisioneiros: executem as vicissitudes!
Cortem-lhas cabeças! Façam-nas demônios condenados.

Um paraíso infernal...
os teus gritos soarão como coro de serafins
e teu desespero alimentará algozes,
tuas feridas cortejadas, como a pétalas de jasmins
e a dolência o fiel e justo pago das diligências atrozes.


O meu prazer do teu sofrimento, consorte
um matrimônio, um sacrilégio, um vexame sem fim
que anoiteça a luz dos teus olhos, a morte
da fé, da ciência, do divino e de mim....e triste
a espada em riste,
essa cruz afiada atravessará o teu peito arfante
hasteando a bandeira pagã do meu sentimento...
essa chaga sem ungüento...
de mulher bacante.

Andréa Teixeira Ladário - Letras 

 

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