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- A ESCOLA
A
nossa história começa em uma pequena cidade do interior
de Minas Gerais na cidade de Itabira, onde existe extração
de minério desde o ano de 1937. Apesar de já estarmos
no ano de 1991, a cidade apresenta aspecto do início do século
com todo o seu atraso caraterístico do Brasil sem futuro.
Sebastião,
personagem central de toda confusão provocada na mente dos meninos,
é a personificação do pai que os garotos gostariam
de ter e é um desconhecido que chegou à cidade há
pouco mais de três anos e leciona história no Ginásio
principal e único da cidade. Ninguém conhece a sua origem,
de onde ele veio, ou mesmo o seu sobrenome. Parece que ele veio abruptamente
e entrou para o cenário da história daqueles meninos.
Personagem fantástica que os meninos daquela pacata cidade idolatraram.
Bem,vejamos
como começa a história que parece não ter fim.
COMO TUDO COMEÇOU
UMA
SALA DE AULA DE HISTÓRIA
No próximo verão marcharemos em direção
a nossa caverna que se encontra no alto daquela montanha que nós
vimos quando fomos a São Paulo no ano passado.
Assim
começou Sebastião a falar, tão logo os alunos regressaram
do recreio, naquela tarde de verão que já chegava ao fim.
Todos arregalaram os olhos como se fosse coisa do outro mundo aquela
atitude de Sebastião ao pronunciar aquela palavra mágica,
caverna, que inspira algo misterioso nas profundezas da alma infantil.
A princípio não parecia ser muito interessante para alunos
da terceira série ginasial. Eram meninos de 12 a 15 anos quase
todos pertencentes a famílias de operários da cidade de
Itabira. Havia na sala meninos de todas as cores: brancos, morenos,
pretos; mas como todos tinham o mesmo nível social havia uma
perfeita harmonia entre eles. Os alunos começaram uma certa algazarra
na sala de aula. Mas Sebastião que já conhecia as crianças
através dos olhos, calou-se repentinamente não dizendo
nem mais uma palavra. Daí de repente todos se calaram como que
por encanto e esperaram que Sebastião começasse a dizer
aquilo que eles gostariam de ouvir, e que nem por sonho poderiam adivinhar
o que seria.
Enquanto
estavam assim naquela pequena confusão, Sebastião voltava-se
com o pensamento para o reino da fantasia que só existia dentro
de sua alma; mas que haveria de conquistar todos aqueles coraçõezinhos
infantis que ali diante dele se encontravam à espera da grande
aventura que haveriam de empreender a partir daquele momento. Daí
o seu cérebro procurou fugir para as mais longínquas paragens
do ideal.
Em
sua feição observa-se uma serenidade completa, semelhante
a existente no semblante da esfinge, que em pleno deserto, mantém
os olhos hirtos em direção ao infinito, ou ainda, dos
olhos de quem já completou um grande sonho que se transformou
em realidade.
Durante
esses poucos minutos seguidos, ele fugiu as mais altas montanhas, procurando
através da natureza algo que pudesse demonstrar a quietude que
ia em seu espírito de fantasia. Queria ele transmitir aos garotos
que só uma coisa pode tornar o homem invencível: "a
vontade de vencer". Tudo correu como ele imaginara. Os que estavam
mais exaltados já haviam se acalmado contemplando a face daquele
que iria iniciar com eles uma grande aventura. Aventura esta que centenas
de crianças gostariam de empreender . Passaram-se mais alguns
segundos e Sebastião começou a falar: Como eu lhes disse,
no próximo verão marcharemos todos e mais alguns dos nossos
colegas para uma grande aventura. Há muitos anos que eu prometo
a meus alunos levá-los a um lugar onde existe uma grande caverna
misteriosa....
Próximo
capítulo >>
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