Demência

Se contamina-te a minha loucura
a insensatez contida em meus quereres
saibas que tudo sou
e nada resta, não fora o amor.

tudo e nada são ambíguos
diante dos devaneios meus
que em vão e a esmo
buscam os teus.

Sobra o vazio
na hora do abraço;
o silêncio do beijo
que não nasceu!
a sombra inerte
do que poderia ter sido;
o armário na parede
que abriga nossos monstros
de outrora.

a riqueza toda de um idioma
que nega-se a retratar
sentimentos simples
e ao mesmo tempo tão raros.
Quiçá repetir-se-ão n'algum tempo,
d'outra vida,...
Ou não!

Se assusta-te minha teimosia,
Deste adolescer maduro;
Sobra-me o vazio,
resta-me o idioma inócuo,
e a lembrança doce
do tanto que te quero!


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