Conteúdo do Primeiro Bismestre
O
que é o Homem?
Essa é a primeira e principal pergunta para
se compreender o sentido da existência do homem frente ao
mundo, à sua vida social e à sua cultura, produzida das suas
próprias atividades.
Verificando o Novo Dicionário Aurélio, podemos
encontrar, entre outras, a seguinte definição: "homem, qualquer
indivíduo pertencente à espécie animal que apresenta o maior
grau de complexidade na escala evolutiva". Será que somente
esta definição dá conta do questionamento proposto, o que
é o homem? É ele uma realidade dada, pronta e acabada que
se distingue dos outros animais, simplesmente porque faz uso
da razão? Ou é um ser que vai construindo passo a passo a
sua realidade, através da sua prática, da sua ação no tempo
histórico? Ele é homem ou se torna homem? Enfim, o que diferencia
o homem dos outros animais?
Os animais agem, de acordo com suas características
próprias, em função das suas potencialidades e do ambiente
em que vivem. Eles se agrupam, convivem, acasalam-se, sobrevivem
e se reproduzem, através dos instintos determinados biologicamente.
Estudando os instintos, é possível prever as ações e reações
de cada espécie animal. De acordo com a escala zoológica,
há diferenças entre os animais. Os insetos, por exemplo, possuem
padrões instintivos rígidos, como as abelhas. Enquanto a abelha
for abelha, ela produzirá a colméia, o mel e desempenhará
as funções que estas tarefas exigem. sempre da mesma maneira.
Já os mamíferos, considerados animais superiores,
que também agem por instinto, são capazes de se adaptar a
novas situações. O cachorro também pode aprender a fazer várias
coisas, como apanhar o jornal diariamente para seu dono. Entretanto,
esta atitude será repetida se tiver sempre o mesmo estimulo,
como a mesma casa, o mesmo lugar, a mesma pessoa. Ele não
é capaz de reutilizar o que aprendeu em situações que envolvem
pessoas e lugares diferentes.
Determinados chimpanzés, por exemplo, conseguem
usar recursos de improvisação para resolver um problema inesperado,
como colher uma fruta fora do alcance. O psicólogo Kohler,
em suas experiências, procurou demonstrar os atos de inteligência
dos animais ao colocar um chimpanzé faminto numa jaula, com
bananas penduradas onde ele não podia alcançar. Para alcançá-las,
utilizou um caixote que estava na jaula e subiu nela. Para
Kohler, o animal conseguiu fazer isso, porque teve uma visão
global da situação e relacionou o caixote à fruta. Trata-se
da inteligência concreta do animal e não do simples instinto.
Mas, esta ação resolve o problema somente naquele momento.
Mesmo que se repita, o animal não acumula experiências para
uso futuro; não transforma e não cria cultura. Somente o homem
possui tais atributos.
Mesmo que várias experiências com animais
demonstrem que suas ações não são puramente instintivas e
que apresentam uma flexibilidade diante de situações novas,
através da inteligência concreta, as respostas ainda são improvisadas
e se esgotam no seu próprio movimento. Essas habilidades dos
mamíferos não ultrapassam o mundo natural por mais esforço
e aperfeiçoamento que haja. Somente o homem pode transformar
a natureza e transmitir, através de símbolos, suas experiências
e interpretações da realidade.
Cena do Filme "O Enigma de Kaspar Hauser"
O
Homem em Sociedade
Analisamos que o homem se humaniza na relação
com os outros homens, ou seja, em sociedade. Para se tornar
humano, ele tem que aprender com seus semelhantes uma série
de atitudes, o que, isoladamente, seria impossível. Por isso,
Tarzan, mesmo sendo abandonado na selva e desenvolvendo características
humanas, não passa de uma lenda. Portanto, o homem, em sociedade,
convive, em casa, no colégio, na família, no trabalho, pois
ele é um animal social, dependente e associativo. Na sua relação
de convivência, ele não só assimila cultura do seu tempo,
como também cria uma nova cultura.
Enquanto animal social e dependente, ele
possui dificuldades em viver sozinho. Nos primeiros anos de
vida, depende totalmente da família, enquanto um ser associativo,
está sempre em relação com o outro, seja na família, no colégio,
etc.
Mas, será que é fácil viver em sociedade?
As pessoas aceitam e respeitam as normas sociais? Na sua relação
com os colegas, e professores em sala de aula, como se dá
essa convivência? Quando as diferenças se tornam evidentes,
como resolvê-las?
Na história, há vários exemplos de movimentos
que questionaram as normas sociais. Alguns foram meros contestadores
ou submissos às imposições sociais. Outros, descontentes,
provocaram profundas rupturas.
Nas décadas de 60 e 70, os hippies, defendendo
a reintegração do homem à natureza, contestaram o sistema
vigente, recusando-se a aceitar o consumismo material e cultural.
Porém, esta contestação ficou apenas no protesto, sua forma
de vestir virou moda e acabaram sendo absorvidos pela sociedade
capitalista.
Alguns protestos às normas vigentes provocaram
transformações profundas. A Revolução Francesa, utilizando-se
do discurso da igualdade e liberdade, lutou pela instituição
do Estado Liberal e para que a burguesia se tornasse a classe
hegemônica e o cidadão, com seu esforço, talento e trabalho,
conquistasse seu espaço na sociedade. A Revolução Russa, lutando
por uma sociedade igualitária, portanto, sem classes sociais,
instituiu o Estado Socialista. Ambas geraram profundas transformações
e rupturas em todo relacionamento social, político, econômico
e cultural.
No Brasil, início dos anos 90, a geração
"cara pintada" saiu ás ruas, contestando as arbitrariedades
do então presidente da Republica, Fernando Collor de Melo,
levando-o ao "impeachment". Mesmo que este fenômeno tenha
sofrido sérias influencias da mídia ou de qualquer outro setor
da sociedade, o fato é que a atitude da juventude contribuiu
para a tomada de decisões que mudou o rumo da historia política
deste país.
Sendo assim, podemos então concluir que
o homem, se social, produto e produtor de cultura, é também
responsável pelas suas atitudes, pois, na sua convivência
com os outros homens, participa de uma concepção de mundo,
contribuindo para a manutenção ou transformação da maneira
de pensar.
Neste sentido, podemos afirmar que uma atitude
individual pode refletir no coletivo. Mas, que atitudes são
essas?
Entre muitas atitudes, podemos mencionar
o voto para Presidente da Republica. Além disso, você já observou
as condições em que ficam as praias brasileiras após um dia
de sol, quando os veranistas retornam às suas casas? E o pátio
de sua escola após o recreio? E a conservação dos telefones
e banheiros públicos? E os muros pichados?
São atitudes que revelam, além da imaturidade
política, um distanciamento entre os interesses individuais
e coletivos. No seu convívio em sociedade, o homem dever perceber
a importância de desenvolver a sua consciência social, para
que possa exercer a sua cidadania mais plenamente, organizando-se
politicamente, reivindicando seus direitos, denunciando as
injustiças e cumprindo seus deveres. Mas, para o desenvolvimento
dessa consciência social, é indispensável a capacidade de
reflexão crítica, pra que se perceba como um homem vive coletivamente.
ATIVIDADES
1. Explique a seguinte afirmação: "Uma aranha
executa operações que se assemelham às manipulações do tecelão,
e a construção das colemsia pela avelhas poderia envergonhar,
por sua perfeição, mais de um mestre de obras. Mas, há algo
em que o pior mestre de obras é superior a melhor abelha,
e é o fato de que, antes de executar a construção, ele a projeta
no seu cérebro". (Karl Marx)
2. O que significa afirmar que o homem não
é, mas torna-se homem?
3. Considerando a lenda do Tarzan, mencionada
no texto, procure maiores informações sobre ela e explique
por que não passa de uma lenda.
4. A partir de alguma situação por você
vivenciada, explique por que e como uma atitude individual
pode interferir no coletivo.
Questões Comentadas
1.
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