Joy
Division...
O
Joy Division é uma das bandas mais importantes da cena gótica dos
anos 80. Pode-se até mesmo dizer que foram eles um dos fundadores do estilo.
Liderada por Ian Curtis um dos grandes gênios da música melancólica,
o quarteto inglês de Manchester deixou de lado a fúria e a destruição
dos punks para descrever com perfeição os sentimentos mais profundos
da alma humana.
Ian
Curtis...
Foi o líder, compositor e vocalista
de uma das primeiras bandas do pós-punk do mundo.
Escreveu belíssimas
canções, repletas de melancolia, angústia, desespero, solidão...O
que o levou a ser idolatrado até hoje por pessoas em todo o mundo como
um mártir dos anos 80.
Sofria de epilepsia, às vezes tinha ataques
em pleno palco, que não eram percebidos nem mesmo pela banda. Que era acostumada
ao seu jeito frenético de dançar, às vezes podendo ser confundido
com um ataque epilético.
Morreu cedo, se suicidou no ano de 1980, sem
nem ao menos ver seu maior sucesso ser lançado.
Antigos
nomes...
Diz
a lenda que primeiramente a banda havia se chamado Stiff Kittens ("gatinhos
duros"), mas por acharem que o nome soava como o de uma banda punk, o que
não era o caso, mudaram o nome para "Warsaw", influenciado pelo
nome de uma música de David Bowie (Warzawa, do álbum Low). Continuaram
sob esse nome até o início de 78, quando para evitar problemas com
a banda londrina
Warsaw Pact mudaram o nome para Joy Division.
A
origem do nome Joy Division...
Joy division, divisões da
alegria ou os departamentos do prazer, esse nome foi retirado de um livro chamado
The house of Dolls, que descrevia as atrocidades nazistas.
As "divisões
da alegria" era o nome dado aos espaços reservados para as prostitutas
e prisioneiras judias que eram eram estupradas e obrigadas a se prostituir, ou
seja eram usadas como diversão pelos oficiais do exército alemão
nos campos de concentração durante a segunda guerra. O nome foi
escolhido por Ian Curtis, que era um obcecado por tudo que fosse alemão.
O
nome da banda e uma menção ao carrasco nazista Rudolph Hesse, registrado
num disco ao vivo fizeram com que alguns críticos associassem o quarteto
à ideologia de Hitler.
A
história da banda...
Era verão na Inglaterra, o ano
era 1976, e a cena punk ainda imperava nas ruas de Manchester.
Foi então
que os amigos Peter Hook e Bernard Dicken tiveram a idéia de montar uma
banda, mas para isso ainda tinham que conseguir um vocalista e um baterista. Foi
então que Ian Curtis lhes veio em mente, na época ele era apenas
um conhecido dos shows punk da cidade, mas parecia perfeito para assumir os vocais
da banda.
Mas ainda faltava um baterista, foi então que Terry Mason,
o baterista que não sabia tocar entrou para a banda.
No início
de carreira, a banda ainda sob o nome de Warsaw abria shows de bandas conterrâneas
como o Buzzcocks, mas logo em sua primeira apresentação, em maio
de 1977, já receberam críticas negativas. Um jornalista ao escrever
uma nota sobre o show chegou até mesmo a dizer:"Nem o mais demente
metaleiro poderia se excitar com isso", apenas comprovando que o som da banda
ainda tinha muito o que se desenvolver, era apenas mais uma banda punk sem personalidade
como tantas outras da época.
Depois de mais ou menos um ano a banda
troca de nome, de Warsaw passa finalmente para Joy Division, troca de baterista
várias vezes até encontrar Stephen Morris, que mesmo inesperiente
passa a ser o baterista definitivo da banda, e troca de estilo, desenvolvendo
muito mais sua sonoridade e passando a assumir uma personalidade mais melancólica
que passa a ser a marca da banda.
Seu primeiro show já como Joy
Division aconteceu em 25 de janeiro de 1978 no Pip´s Disco em Manchester.
O primeiro EP do Joy Division é lançado de maneira independente,
chamado An Ideal For Living, não foi bem recebido pelo público e
ainda rendeu a banda uma má reputação.
Mas devido a uma
boa performance em um show assistido por um DJ local, chamam a atenção
do dono da gravadora independente Factory que firma contrato com a banda.
Logo depois a gravadora lança um EP duplo com uma coletânea de
seus artistas, denominado A Factory Sample, teve a participação
de duas músicas do Joy Division, Digital e Glass foram as faixas escolhidas.
Nesta época a banda passa a seguir rumo a sonoridade que lhes rendeu
fama. Deixando de lado qualquer sombra do que eram com o Warsaw, e fazendo a combinação
perfeita da bateria de Stephen Morris, o baixo de Peter Hook, a sutil guitarra
de Bernard, a voz de melancólica voz de Ian, tudo isso mixado pelo inovador
produtor Martin Hannet.
O LP soou exatamente como Ian queria, e apesar de
ter desagradado aos outros integrantes da banda, arrancou elogios da emprensa,
que passou a idolatrar a banda.
Unknown Pleasures lançado em junho
do ano de 1979, trouxe fama ao quarteto de Manchester, espalhando o nome da banda
por todos as partes da Inglaterra.
O Joy Division promoveu uma inovação
na música atual, deixando de lado a revolta do punk
para mergulhar seus ouvintes na mais profundo mar melancólico já
visto. Suas letras transpordavam tristeza, depressão, cheiravam a morte.
"Quem estiver com depressão quando ouvir este disco, vai se atirar
de uma janela", frases como esta eram comumente usadas pelos críticos
para descrever a sonoridade da banda.
A popularidade crescia, foi
lançado o single Transmission, para aumentar ainda mais a paixão
dos fãns pela banda e principalmente por Ian Curtis, que era o adorado
criador daquelas canções.
Algum tempo já se passara
desde o lançamento do último single e os fãs aguardavam ansiosamente
por um novo álbum, então novamente entram em estúdio acompanhados
por Martin Hannet para agravar um novo LP aos mesmos moldes do anterior.
E
a fórmula novamente funciona, Closer faz ainda mais sucesso que Unknown
Pleasures, sendo considerado uma obra prima, um dos melhores discos dos anos 80.
Mas
apesar de todo esse sucesso, Ian Curtis o tão clamado vocalista da banda
não chega a ver o maior sucesso da banda ser lançado.
Após
ser abandonado por sua esposa ao confessar um ato de traição que
havia cometido, Ian se enforca, deixando o maior hit da banda "Love will
tears us apart" para ser lançado depois de sua morte.
O
single de Love will tears us apart foi a primeira canção da banda
a entrar para a parada inglesa. Feito alcançado logo depois também
por Closer.
Este é o fim do Joy Division, com a morte de Ian, Stephen
Morris, Peter Hook e Bernard se únem ao tecladista Gilliam Gilbert e partem
para um novo projeto músical, a famosa banda New Order.
Porém
a discografia da banda não pararia por aí, foi descoberto muito
material inédito da banda que foi lançado posteriormente. Como é
o caso de Still, lançado em 1981, que continha sobras de estúdio
e o último concerto do grupo realizado no dia 2 de maio de 1980 em Birmingham(Inglaterra).
Também
foi lançado o vídeo Here are the Young Men, com cenas de shows.
Sete
anos mais tarde seria a vez de Substance.
Outros lançamentos e coletâneas
vieram a seguir, como Permanent:Joy Division 1995, a box set Heart And Soul de
1997, The Fractured Music Archive Volume One de 1999, The Complete BBC Recordings
de 2000 e Fractured Music Archive Volume Two de 2001.
Epilepsia...
Ian
vivia controlando sua doença com remédios através dos anos.
Mas muitas vezes tinha convulsões, muitas delas chegavam até mesmo
a acontecer durante suas turnês, em cima do palco, e geralmente passava
despercebida até mesmo pelos seus companheiros de banda.
Ian tinha
muita presença de palco, e um jeito peculiar de dançar. Não
podia se distinguir sua dança frenética de um ataque epilético.
O
suicídio de Ian Curtis...
Aconteceu no dia 18 de maio do
ano de 1980, após voltar de uma sessão de cinema, em Macclesfield,
cidade onde morava.
Ian se enforcou por uma corda utilizada como varal ao
som de The Idiot, de Iggy Pop, um de seus maiores ídolos.
Muitos fatores
levaram o jovem cantor a cometer esse ato desesperado, a depressão, as
constantes crises de epilepsia, mas principalmente o fato de sua mulher o ter
abandonado depois que ele confessou um ato de traição que havia
cometido durante uma turnê pela Bélgica.
Mas Curtis já
falava obsessivamente da morte há algum tempo, a ponto de antecipar seu
próprio suicídio, como descrevem letras suas como In a Lonely Place.
Topo
| A História da Música Gótica