Biografia do Galpão

O Grupo Galpão foi criado em 1982 por cinco atores mineiros, que haviam participado de uma oficina com dois professores alemães - George Frocher e Kurt Bildstein - no Festival de Inverno de Diamantina. Como resultado desse trabalho, a peça A alma boa de Setsuan. Já com o grupo formado, foi montado o primeiro espetáculo de rua , ...E a noiva não quer casar, que colocou o grupo entusiasmou o grupo, colocando-o em contato com os espectadores das praças públicas.

O próximo espetáculo foi De olhos fechados, um infantil sobre texto de João Vianney, encenado no palco, que recebeu os mais importantes prêmios do teatro infantil, em 1983. O grupo voltou às ruas com Ó prô cê vê na ponta do pé, uma criação coletiva. Uma nova passagem pelo palco, com a adaptação do clássico de Goldoni, Arlequim, servidor de dois amos. A comédia da esposa muda veio a seguir, marcando a proximidade das técnicas da "Commedia Dell'arte" e o uso da máscara. Esse espetáculo foi apresentado mais de trezentas vezes, em sete anos.

Foi por amor, montado em 1987, era uma paródia do álibi apresentado por réus de crimes passionais que, à época, freqüentavam as páginas policiais de Belo Horizonte, marcando a sintonia do grupo com a realidade à sua volta.

Corra enquanto é tempo foi uma debochada comédia musical, montada em 1988, que levou para as ruas uma crítica à ocupação das mídias pelos pregadores evangélicos e seus seguidores. Aqui, deu-se o encontro do grupo com o encenador Eid Ribeiro.

Em 1989, voltando de uma excursão à Europa, o grupo adquire o galpão que, até hoje, é a sua sede, o local para seus ensaios, administração, depósito de cenários, figurinos, além de ser o espaço de convivência.

A montagem para o palco da tragédia de Nelson Rodrigues Álbum de Família marcou a parceria com Eid Ribeiro. Essa peça ganhou vários prêmios.

A estréia do clássico Romeu e Julieta aconteceu em 1992, e foi o marco do encontro do Grupo Galpão com o encenador Gabriel Villela. Romeu e Julieta teve sua estréia marcada por uma tarde de chuva forte, em Ouro Preto (cidade história de Minas), e já foi apresentado aproximadamente 250 vezes, em teatros e praças públicas do Brasil e de países como Espanha, Alemanha, Inglaterra (o Galpão foi o primeiro grupo de teatro não-europeu a se apresentar no The Globe Theatre, o teatro de Shakespeare, em Londres), Uruguai, Colômbia e Venezuela. Um espetáculo universal, com certeza.

Continuando a parceria com Gabriel Villela, agora foi a vez de A Rua da Amargura, "uma leitura circense do nascimento e da paixão de Cristo". Baseado em O Mártir do Calvário, escrito em 1902 porEduardo Garrido, A Rua da Amargura mescla uma interpretação inspirada nos atores melodramáticos do circo, com as tradições da religiosidade popular brasileira. Arrematando o efeito, um visual barroco, explorado no cenário, nos figurinos e no desenho da luz.

A comédia Um Molière Imaginário foi baseado em O doente imaginário, de Molière, e "traz à cena a figura de seu autor, para ser novamente reverenciado, com direito a interferências na ação da peça, e a uma apoteótica vitória sobre a morte".

Em parceria com o diretor Cacá Carvalho, o Galpão preparou o espetáculo Partido, baseado em O Visconde Partido ao Meio, de Ítalo Calvino. Partido é uma peça densa, que extrai humor e reflexão.

Em 1998, comemorando seus 15 anos de existência, o Galpão amplia seu espaço físico. Aluga o prédio de um antigo cinema desativado, na mesma rua onde se localiza sua sede e instala o Galpão Cine Horto, "um centro de criação e intercâmbio cultural". Nesse centro, funcionam vários cursos de teatro, música e dança.

O Galpão provavelmente é o único grupo de teatro que não se articula em torno da figura de um diretor. É estruturado sobre um grupo de 13 atores, que trabalham com diretores convidados, o que não impede que, eventualmente, um dos atores assine o espetáculo.

O espetáculo mais recente do Galpão é Um Trem Chamado Desejo, que já ganhou diversos prêmios. Uma comédia deliciosa, cujo cenário são as Minas Gerais dos anos 20. Levando o cinema para o teatro - ou o teatro para o cinema - o "Trem" leva o público para o privilegiado lugar dos bastidores, para a coxia.

Em 19 anos de vida, o Grupo Galpão conquistou um público tão extenso quanto variado, o que resultou em inúmeros prêmios e participações nos mais importantes festivais de teatro do mundo.

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