Guerra do Paraguai

página 10

              No dia 22 de julho de 1867, as manobras recomeçaram. A partir desde dia o exército aliado, de 35.500 homens, sob comando do Marquês de Caxias, começou a se descolcar, subindo pelo lado direito do rio Paraná. Em Paso Gomez, sob Comando de Porto Alegre, treze mil homens permaneceu na cidadela para garantir a retarguarda e linhas de suprimentos. Caxias marchou uma considerável distância, subindo o curso rio do Paraná e então atrevessou o Estero Bellaco, em Paso Frete, dali retornou seguindo as margens norte do Tuyucué, oposto do leste do quadrilátero paraguaio, onde acampou fora do alcance dos canhões de López. Esta posição foi alcançada no dia 29 de julho e ali construíram cavaram trincheiras e fixaram baterias de canhões Withworth, apontados para linhas inimigas. Mitre, o Presidente da Confederação Argentina, chegou nessa época e assumiu o supremo comando das forças aliadas. Tão logo as fortificações foram concluidas, Mitre começou estender seus postos avançados para direita e rapidamente estabeleceu uma forte guarnição em San Solano, antiga fazenda do governo que se localizava a uma légua da rota principal, que interligava Humaitá a Assunção. No dia 15 de agosto, o esquadrão de navios encouraçados fez seu primeiro movimento e passou neste dia, sem perdas signiticativas, as baterias de Curupaity. Se a força naval tivesse continuado a avançar, poderiam facilmente ter passado Humaitá neste mesmo dia, vista que quase todos os canhões pesados paraguaios tinham sidos mudados de Humaitá para Curupaity. Mas a frota estava contente por ter tomado a posição abaixo Humaitá, de onde eles podiam abrir fogo contra o forte. Neste local permaneceram por alguns meses e uma linha de comunicação e abastecimento foi estabelecida, com um pelotão operando logo abaixo de Curupaity, através do Chaco na margem direita do rio. Os paraguaios se apressaram em transferir novamente os canhões pesados para Humaitá, na tentativa de conter o avanço dos navios encouraçados. Nesse interim, temendo ficar isolado e perder a comunicação com Assunção, López mudou seu quartel general de Timbo, que ficava cerca de 5 quilômetros de Humaitá, para Monte Lindo, localizado a 87 quilômetros de distância da fortaleza, no Charco, na parte superior do rio Paraguai.
              Como os aliados recebiam suprimentos do Campo de Porto Alegre, que ficava no lado oposto a Paso Gomez, de onde vinham comboios a cada dois dias, os paraguaios faziam frequentes expedições através do Bellaco para atacar e interceptar os comboios, mas sem nenhum importante sucesso. Em um dessas tentativas:
              "A cavalaria brasileira, que era esplendidamente montada, atacou em coluna um regimento paraguaio, que cavalgava em magros e miseráveis cavalos. Os brasileiros vieram bravamente até mais ou menos 150 metros dos paraguaios e diminuiram o galope para encontrá-los. A seguir aconteceu o inesperado, os brasileiros viraram as costas na mais humilhante forma e galoparam para longe" P.223
              Eram freqüentes as pelejas entre as cavalarias no lado direito dos aliados, em direção de San Solano, que fica de frente da face leste do quadrilátero. Nessas escaramuças, um ou outro lado levava vantagem. Certa vez os paraguaios colocaram fora de combate 500 cavaleiros aliados, perdendo 300. Em outra, a cavalaria brasileira, com cerca de 5000 cavaleiros, perseguiu um regimento da cavalaria paraguaia, que contava mil cavaleiros, por 5 quilômetros> nessa perseguição sofreram cerca de 600 baixas.
              Os Aliados continuavam a fazer progresso cercando continuamente o lado esquerdo do quadriláatero paraguaio. A tropa avançada, partindo da direita, tomaram posse da rota para Assunção e começou o cerco no outro lado do grande pântano, localizado na decisiva posição de Tayi, que ficava na parte superior do rio Paraguai. No desenvolver desses movimentos, os Aliados, tomaram conhecimento de uma linha de entrincheiramento paraguaio num local chamado Obella, que parecia defender somente a entrada para o interior dos pântanos, mas na realidade, através dessa passagem, López introduzia gado para suprir de seu exército. No dia 28 de outubro, a trincheira paraguaia que defendia a posição foi atacada e tomada por 5000 soldados brasileiros, sob comando de Mena Barreto. Após esse sucesso, ele prosseguiu com sua força avançando para direita até cercar Tayi e após atacar alguns navios a vapor paraguaios, ordenou retrocesso do corpo principal de sua força. Quando López soube da aparição de soldados inimigos naquela direção mandou 400 homens, em barcos, para construir outra fortificação na região. Mas em 02 de novembro, antes que eles tivessem tempo para completar o trabalho, Mena Barreto retornou com sua força principal e os atacou com vigor, destruindo-os. Nesse importante ponto estratégico firmou sua artilharia nas margens do rio, construiu trincheiras e passou a controlar o rio, afundando, inclusive, três vapores paraguaios. As fortificações brasileiras construídas nesse local contavam com 14 canhões apontados para o rio e uma guarnição de 6000 homens; enquanto isso, outras forças aliadas, ocupavam San Solano e com dez mil homens dominaram a estrada para Assunção. O exército tinha dessa forma feito seu trabalho, estendeu-se para direita e cortou a principal linha de suprimento e comunicação entre Assunção e o interior e se estabeleceu solidamente no rio em Tayi, 24 quilômetros acima de Humaitá.


página 10


páginas  1  2  3  4  5  6  7  8  9  10  11  12  13  14  15