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DESDOBRAMENTO |
E |
B |
R |
I |
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O a) as b) as c) as Será considerada Será considerada boa (B) a
Será considerada Será considerada |
3 |
2 |
1 |
0 |
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O a) as b) as c)
as Será considerada Será considerada boa (B) a
Será considerada Será
considerada |
3 |
2 |
1 |
0 |
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O Será considerado |
3 |
2 |
1 |
0 |
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APRESENTAÇÃO |
O professor avaliará em
que medida o aluno faz uso das prescrições formais relativas à apresentação
dos trabalhos. Será considerado bom /excelente (E) o texto que trouxer capa,
folha de rosto, formatação e referências bibliográficas de acordo com o
previsto. Será considerado
regular/insuficiente o texto que trouxer mais de três desvios relativos às
normas de apresentação |
1 |
0 |
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TOTAL |
TEMA + TEXTO + NORMA + APRESENTAÇÃO |
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o que é resenha?
MARTINS, Ronaldo.
Você já deve saber
que o que nós chamamos "texto" corresponde a um conjunto de coisas
bastante diversas. Sua certidão de nascimento, um bilhete deixado na porta da
geladeira, um editorial publicado em um jornal, o romance à venda nas
livrarias, as falas de uma personagem em uma telenovela, tudo é
"texto". Percebe-se, então, o quanto é problemática a definição do
que é "texto". Somos mesmo tentados a dizer que qualquer conjunto
(ordenado) de palavras ou frases constitui um texto, mas o que se observa é que
em geral um texto é muito mais do que isso. Uma certidão de nascimento não é
apenas um conjunto ordenado de frases sobre o lugar e a data do seu nascimento
e quem são seus pais e avós: essas coisas devem ser ditas de determinada forma,
bastante rígida, e assinadas por um tabelião, para que a certidão tenha valor
legal. O mesmo acontece com todos os outros tipos de texto. Um conjunto
ordenado de frases sobre determinado tema não garante ao editor um editorial: é
preciso que esse conjunto ordenado de frases convença o leitor de alguma coisa,
pois é exatamente para isso que servem os editoriais. Um bilhete na geladeira
que diga apenas "Fui lá com ela e
volto em dez minutos" somente se torna interpretável se o leitor
compartilha com o autor os referentes de lá,
ela, e do momento em que o bilhete
foi escrito; se isso não acontece, o bilhete não cumpre a sua função. Enfim: há
regras socialmente estabelecidas para a produção de textos, e elas variam de
acordo com o tipo de texto a ser produzido. Infringir essas regras pode
significar, em muitos casos, produzir textos sem valor legal (caso das
certidões, procurações, atas, acordos, etc.) ou produzir textos que não servem
para nada (bilhetes que nada informam, ou editorais que não convencem ninguém,
por exemplo).
Tudo isso vale
também para as resenhas. Assim como para todos os outros textos, há regras para
a produção de resenhas. Se você quer que as suas resenhas efetivamente resenhem
alguma coisa, se você quer que as suas resenhas possam ser publicadas, se você
quer receber boas notas do professor pelas suas resenhas, é fundamental que
você siga as regras. Essas regras não são tão rígidas quanto as que governam a
produção de textos legais (atas e certidões, por exemplo), e é possível que
você encontre interpretações divergentes para as mesmas regras dentro de sua
própria Faculdade. Mas é importante que você perceba que, ainda que vagas, as
regras existem, e são essas regras que definem o que é e o que não é uma (boa)
resenha.
1. O que é uma resenha?
Resenha, ou
recensão, é, segundo o dicionário, uma "apreciação breve de um livro ou de
um escrito"[1].
A definição do dicionário pode ser dividida em três partes, que devem servir de
orientação para que você possa entender o que é uma resenha. A primeira parte
está representada pela palavra "apreciação"; a segunda parte é a que
concerne ao adjetivo "breve"; e a terceira e última parte diz
respeito ao sintagma "de um livro ou de um escrito".
O
primeiro elemento a ser destacado nas resenhas é o fato de que tratam, todas
elas, de uma apreciação. Ou seja, a
resenha tem por finalidade: (1) fazer uma análise, um exame; e (2) emitir um
julgamento, uma opinião. O objetivo da resenha é, pois, duplo. A resenha
pretende decompor o objeto resenhado em suas unidades constituintes, proceder a
um exame pormenorizado, investigá-lo a fundo; e, a partir dessa análise, a
resenha deve se posicionar em relação ao objeto resenhado, deve julgá-lo,
avaliá-lo. É importante que você perceba que esses dois objetivos estão
combinados: para que você tenha elementos para julgar alguma coisa, é preciso
que seja feita antes uma análise; e a finalidade da análise é exatamente
fornecer elementos para o julgamento. Na resenha, esses dois objetivos são
solidários: um não existe sem o outro.
O
segundo elemento presente na definição é o adjetivo "breve". A resenha é um texto rápido, pequeno. Você deve fazer
a análise e emitir o julgamento em um tempo consideravelmente restrito
(geralmente em torno de duas a três laudas em espaço duplo). Isso não significa
que sua análise deva ser rasa, superficial, ou que o seu julgamento possa ser
precipitado. Não é isso. A principal implicação das limitações de tempo e
espaço é que você deve ser seletivo. Você sabe, desde o início, que não vai conseguir
esgotar a obra, investigar todos os seus pontos, examinar tudo
pormenorizadamente. Logo, você deve eleger um ou outro aspecto mais saliente do
texto para análise, deve investigar em detalhe apenas um dos pontos do objeto
resenhado, em vez de tentar dar conta de tudo. Mas é importante que a sua
escolha recaia sobre um ponto efetivamente relevante do texto, como a tese do
autor ou um de seus principais argumentos.
Por
fim, a definição apresenta um terceiro elemento, a expressão "de um livro ou de um escrito".
Este é um ponto controverso, porque o uso normal das resenhas ultrapassa muito
o texto escrito. É extremamente comum encontrarmos hoje nos jornais resenhas de
discos e filmes. O objeto da resenha não é, portanto, apenas um texto escrito.
Em princípio, qualquer objeto é passível de uma apreciação nos moldes de uma
resenha. O que é importante perceber aqui é que todas as resenhas têm um ponto
de partida bastante definido. Trata-se de um outro texto, ou de uma obra
qualquer. Fazem-se resenhas de textos e obras, e não de temas. Quando um
professor pede a você que faça uma resenha de um texto X sobre um tema Y, ele
não quer que você faça uma análise e emita uma opinião sobre o tema Y; o que se
pede é que você examine e julgue o texto X. Perceba a diferença: o professor
não está querendo saber a sua opinião sobre o tema Y, mas sobre o texto X. Você
não deve jamais se esquecer do texto que serve de ponto de partida para a
resenha: esse texto é a própria razão de ser da sua resenha. Você deve
retomá-lo sempre, você deve dialogar com o autor do texto. Nas resenhas há
mesmo um resumo do texto, em que você recupera as idéias centrais do autor. Mas
não confunda: resenha não é resumo; o resumo é apenas uma parte da resenha, que
tem pelo menos duas outras partes: a parte da análise do texto e a parte do
julgamento do texto.
Por
tudo o que foi dito, podemos dizer que resenha é um tipo de texto em que há,
concomitantemente, exigências de forma e de conteúdo:
Exigências de conteúdo
a) Toda resenha
deve conter uma síntese, um resumo do texto resenhado, com a apresentação das
principais idéias do autor;
b)
Toda resenha deve conter uma análise aprofundada de pelo menos um ponto
relevante do texto, escolhido pelo resenhista;
c)
Toda resenha deve conter um julgamento do texto, feito a partir da análise
empreendida no item b).
Exigências
de forma
d) A resenha deve ser pequena,
ocupando geralmente até três laudas de papel A4 com espaçamento duplo;
e)
A resenha é um texto corrido, isto é, não devem ser feitas separações físicas
entre as partes da resenha (com a subdivisão do texto em resumo, análise e
julgamento, por exemplo);
f)
A resenha deve sempre indicar a obra que está sendo resenhada.
2. Quais são os tipos de resenha?
Agora
que você já sabe o que é uma resenha, é importante que saiba também que há pelo
menos dois tipos de resenha: a resenha
descritiva, também chamada técnica, ou científica; e a resenha crítica, também conhecida como opinativa. Nos dois casos,
observam-se as mesmas exigências quanto à forma e quanto ao conteúdo listadas
no item anterior; o que as diferencia é a natureza do julgamento proferido
acerca do texto.
No
item anterior, você pôde perceber que toda resenha deve conter (a) um resumo,
(b) uma análise, e (c) um julgamento. Você pôde ver também que o resumo deve
trazer as principais idéias do autor do texto, e que a análise deve decompor
pelo menos uma dessas idéias em suas partes constituintes. Os dois
procedimentos são equivalentes para todas as resenhas. No entanto, há uma
terceira parte, o julgamento, que pode assumir significados bastante
diferenciados: o julgamento pode ser entendido como um julgamento de valor, em
que se afirma a qualidade do texto (se o texto é bom ou ruim, se vale a pena a
leitura ou não); ou o julgamento pode ser entendido como um julgamento de
verdade, em que se discute se o autor tem razão ou não, se o que ele diz faz ou
não sentido. Os dois julgamentos são próximos, e estão mesmo relacionados, mas
é preciso diferenciá-los, para que você possa entender exatamente a diferença
entre uma resenha descritiva e uma resenha crítica. Perceba que um bom texto
pode conter várias imprecisões e inverdades, e que um mau texto não contém
necessariamente idéias mal desenvolvidas. A qualidade de um texto geralmente
depende de sua consistência, mas nem sempre isso acontece.
Talvez
um exemplo o ajude a entender a separação. Considere um texto literário, um
conto de Machado de Assis (O Alienista)
que procura discutir a idéia de loucura no final do século XIX, por exemplo. Há
duas formas de julgar esse texto: (1) avaliar o seu valor literário, dizer se o
texto é bom ou ruim, se foi ou não bem escrito; e (2) avaliar a pertinência das
idéias do autor, a sua clareza, a sua consistência, se as idéias de fato são
verdadeiras, se de fato são aplicáveis àquilo que o autor pretende. No primeiro
caso, estaríamos diante de uma resenha crítica. É mais ou menos o que acontece
sempre que é lançado um novo romance, um novo filme, um novo disco. Há sempre
alguém (um resenhista) que ocupa um espaço nos jornais para fazer a apreciação
da nova obra. Procure nos jornais (geralmente no caderno de cultura) e perceba:
faz-se um resumo da obra (do enredo do livro ou do filme, das músicas que
compõem o CD), elegem-se alguns pontos para análise (a qualidade da escrita, a
atuação de uma atriz, os arranjos de uma música), e julga-se a obra
(classificando-a em excelente, boa, regular, ruim, péssima, e recomendando-a ou
não ao leitor, através das carinhas (que ora sorriem, ora dormem), do
bonequinho (que ora aplaude, ora abandona o cinema no meio da sessão), ou de
qualquer outro indicador de qualidade). No caso do texto de Machado de Assis,
diríamos então que se trata de um texto bom, bem escrito, interessante, que
vale a pena ser lido, e colocaríamos um bonequinho aplaudindo. E teríamos feito
uma resenha crítica.
Imagine
agora que procedêssemos à segunda forma de julgamento, que avaliássemos a
pertinência das idéias do autor, e não a qualidade do texto. Não se trata mais
de dizer se o texto é bom ou ruim, se é bem escrito ou não, se merece uma
carinha sorrindo ou um bonequinho deixando a sessão. A questão aqui é outra.
Deveríamos discutir se as idéias do autor são ou não são válidas.
Discutiríamos, por exemplo, se o que se passa com a personagem principal é ou não
verossímil, se o autor foi ou não foi fiel às instituições que pretendia
retratar, se as conclusões que o autor retira do episódio são ou não
pertinentes. Faríamos, enfim, um julgamento de verdade do texto: se o texto é
verdadeiro (no sentido de conter uma verdade) ou não. Este tipo de resenha é
menos comum nos jornais, e está geralmente restrito às publicações mais
técnicas. Quando alguém divulga os resultados de uma pesquisa, por exemplo, há
sempre alguém que comenta os resultados atingidos: se a metodologia foi correta
ou não, se os resultados são ou não são confiáveis, se a pesquisa é ou não
relevante. Esta é basicamente a tarefa de uma resenha descritiva. No caso de O Alienista poderíamos discutir, por
exemplo, se a situação dos asilos, como o descrito por Machado, era realmente
aquela, ou se o autor faz uma descrição grosseira, fora da realidade. Ou
poderíamos discutir se os médicos eram efetivamente dotados da autoridade de
internar toda a cidade, como supõe Machado de Assis no texto.
Perceba as diferenças
entre as duas propostas. O mesmo texto (de Machado de Assis) poderia conduzir a
uma resenha crítica positiva (que julga a qualidade do texto) e a uma resenha
descritiva negativa (que julga a verdade do texto). No primeiro caso,
reconhece-se que é um bom texto, agradável de ler, instigante, prazeroso. No
segundo caso, admite-se que o texto não é fundamentado, que apresenta uma visão
apenas caricatural da loucura no século XIX. Um não compromete o outro, e são
duas coisas diferentes.
É
preciso ter em mente, portanto, que há dois tipos de resenha, que cumprem a
objetivos diferentes, e que essa diferença está relacionada à maneira como se
entende a idéia de "julgamento". Em resumo, pode-se dizer que:
Resenha descritiva, científica, técnica, é
aquela cujo objetivo é julgar a verdade das proposições (idéias) do autor,
investigar a consistência de seus argumentos e a pertinência de suas
conclusões. Responde basicamente à pergunta: O que o autor diz faz sentido?
Resenha crítica, opinativa, é aquela
cujo objetivo é julgar o valor do texto, a sua beleza, a sua relevância.
Responde basicamente à pergunta: O texto é bom?
Em
ambos os casos, é importante salientar que esses julgamentos (de valor ou de
verdade) devem ser sustentados por elementos retirados do texto através de sua
análise. É importante ter cuidado: não restrinja a resenha ao julgamento. O
julgamento do texto é apenas uma parte; lembre-se que toda resenha deve conter
resumo e análise do texto que serve de ponto de partida.
3. Como se faz uma resenha?
É
importante saber que não há fórmulas mágicas, macetes ou receitas prontas sobre
como fazer uma resenha. Como todos os outros tipos de texto, é alguma coisa que
aprendemos por experiência e erro, treinando, fazendo. Serão muitos exercícios
de resenha até você poder produzir boas resenhas, e o importante é não
desanimar nesse trajeto. Para aqueles que, apesar de tudo o que viram, ainda
não sabem por onde começar, seguem algumas dicas para uma resenha descritiva:
1)
Leia o texto que serve de ponto de partida para a resenha. É o primeiro passo e
o fundamental. A qualidade da sua resenha depende, em grande medida, da
qualidade da leitura que você fizer desse texto. Se necessário, leia mais de
uma vez.
2)
Faça um resumo do texto. Selecione as idéias principais do autor do texto e
monte um outro texto, seu. Mas cuidado: resumo não é cópia de alguns trechos do
texto, com as palavras do autor. Resumo é um outro texto, um texto seu, em que
você diz o que entendeu do texto, e quais são as idéias principais do autor. Se
você não sabe ainda como resumir um texto, pense em como você o apresentaria
para alguém que estivesse acabando de chegar em sala e lhe perguntasse: Sobre o
que é esse texto que você está lendo? Outra estratégia interessante é ler o
texto em um dia e tentar resumi-lo alguns dias depois. As idéias de que você
conseguir lembrar serão seguramente as principais idéias do autor. Se você não
conseguir lembrar de nada a respeito do texto, você não o entendeu. Volte ao
texto e o leia novamente.
3)
Eleja uma entre as principais idéias do texto. Todo texto contém várias idéias,
que estão postas em uma hierarquia. Há idéias principais e há idéias
secundárias, periféricas. Eleja uma idéia principal.
4)
Analise a idéia escolhida. Procure traçar quais são os seus pressupostos, o que
o autor pressupõe para formular essa idéia. Procure traçar também as suas
implicações, as conseqüências que se pode retirar dessa idéia. Verifique quais
as relações que a idéia estabelece no texto, com quais outras idéias ela dialoga.
5)
Emita um julgamento de verdade a respeito dessa idéia. Ela é verdadeira ou não?
Se é verdadeira, por quê? Se é falsa, por quê? Procure responder a essas
perguntas com outros argumentos que não os usados pelo autor do texto. Por
exemplo, se o autor diz que "ninguém é normal" e usa como argumento a
colocação de que "o conceito de "normal" é muito
relativo", não responda que essa
idéia é verdadeira porque "o conceito de normal é muito relativo";
você estaria apenas repetindo o autor do texto. É crucial que o julgamento seja
"seu", e não uma mera reprodução do que o autor pensa. Olhe para a
maneira como o autor usa os conceitos, procure definir o que significa
"relativo" para o autor e, aí sim, decida.
6)
Faça tudo isso antes de começar a redigir o texto. Use um rascunho, se
necessário. Apenas depois de resolvidos os passos de 1 a 5 é que você estará
pronto para escrever o texto, e decidir sobre a sua organização. Não há ordem
predeterminada: você pode começar o texto pela sua conclusão, e depois explicá-la
para o leitor (através da análise) e terminar por uma apreciação mais genérica
do texto (o resumo); ou você pode começar pelo resumo, passar à análise e, em
seguida, ao julgamento; ou você pode misturar as três coisas. É você que
decide. O importante é que seu texto tenha organização, e unidade. Enfim, que
não seja apenas um amontoado de parágrafos sobre o texto que está sendo
resenhado.