Capítulo 10 – A depressão de Hermione
 

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O mês de setembro passou voando. Já estavam na metade de outubro.

Harry acordou naquela manhã com o barulho que havia na sala comunal. Escutava apenas os gritos de Hermione pedindo ordem. Ele vestiu-se rapidamente e desceu para ver o que estava acontecendo.

Os dois Weasley (Rony e Gina) estavam ao lado do mural de avisos, com rostos indignados.

-         O que aconteceu? – perguntou Harry, achatando o cabelo na tentativa de deixá-lo arrumado.

-         Testes! Provas! – respondeu Rony indignado – semana que vem!

-         O QUÊ? – Harry gritou. Hermione passou por ali, muito ocupada em organizar tudo e pediu para Harry parar de gritar – provas? Mas já?

-         Sim – respondeu Gina, examinando o aviso – parece que resolveram fazer provas mensais em vez de trimestrais.

-         E por quê não tivemos provas em setembro? – perguntou Rony.

-         Simples – Hermione tinha parado um pouco para responder à pergunta de Rony – porque começamos as aulas depois da Copa de Quadribol, lembra? Não teria tempo de aprendermos pouca coisa e fazer provas. POR FAVOR, DESÇAM DAÍ! – ela ralhou com dois segundanistas que tinham subido nas mesas para protestar.

-         Todos estão indignados – concluiu Gina – mas não há outro meio além de estudar.

Os três pegaram seus livros e desceram para o café.

-         Potter – chamou McGonall quando ele passava pela mesa dos professores – preciso conversar com você – e acrescentou olhando para os Weasley e Hermione – Particular.

Harry passou seus livros para Gina e seguiu McGonall, que o levou para a sala que tinha conversado com Hermione à um mês atrás.

-         Potter, como você sabe, o campeonato vai começar depois dos Dia das Bruxas. Precisamos estruturar o time de quadribol!

-         Sei disso, professora. Temos que procurar um bom goleiro e um capitão.

-         Hoje é quinta-feira, e Alvo quer o time formado até segunda-feira, sem falta! Por favor, procure logo por um – dizendo isso, saiu. Harry saiu logo em seguida. Os amigos já o esperavam na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Foi uma aula divertida para os demais, menos para Harry. A professora o fez copiar cinqüenta vezes no quadro “O feitiço Assutame é usado contra espíritos agourentos”, tudo isso porque ele estava distraído e respondeu que era usado contra lobisomens.

-         Maravilhosa como sempre – comentou Rony sobre a aula.

-         Consegui anotar bastante coisa para as revisões para as provas – disse Hermione.

-         Meus dedos têm calos – reclamou Harry.

-         Então pode se preparar para mais calos – disse Rony, abrindo a porta da sala de Poções.

Havia caldeirões armados. Snape anotava algo em um papel. Grifinórios e lufa-lufas sentaram-se e Snape avisou.

-         Prova surpresa.

A turma toda reclamou.

-         Silêncio! Formem duplas.

Hermione, pela primeira vez, estava desesperada. Sabia que aqueles ingredientes formavam a Poção de Despertar, mas não lembrava da combinação. “São dois ou um coração de jacaré?” ela sussurrou enquanto Parvati a convidava para ser sua parceira.

Todos começaram a fazer suas poções. Harry e Rony discutiram silenciosamente:

-         São duas gotas de sangue de aranha! – disse Harry.

-         Quatro! – decidiu-se Rony.

Mas não puderam terminar. Neville tinha colocado doze gotas exageradamente na sua poção, provocando uma grande explosão.

-         MENINO BURRO! – berrava Snape – NUNCA VI IGUAL! JÁ CHEGA, VOU CHAMAR MCGONALL PARA RESOLVER ESSAS DIFERENÇAS, LONGBOTTOM!

“E ai de quem ousar a fazer algo!”. Snape saiu balançando a capa negra.

-         Nunca o vi desse jeito! – comentou Ernie, da Lufa-lufa.

-         Já vi pior – disse Rony.

-         Por favor – implorou Hermione – me digam o que eu faço! Nem eu nem Parvati nos lembramos!

Draco Malfoy entrou na sala.

-         Ah, as aulas dos babacas. O professor está aí?

-         Dá o fora, Malfoy! – bradou Harry.

Ele pegou um coração de jacaré, que é altamente venenoso para trouxas e lançou em direção a Justino.

-         Justino! – Rony saiu correndo e pulou em frente a ele, agarrando-o em sua mão. – Eu sou filho de bruxos, não faz mal a mim.

-         Ei! – disse Justino – obrigado, Rony!

Rony não teve tempo de responder. Malfoy tinha lançado outro em direção a Hermione. Ele pulou novamente e agarrou firme em sua mão. Malfoy estava branco e Rony jogava os corações nas poções dos alunos.

-         RONALD WEASLEY! – Rony se virou e deu de cara com McGonall e Snape. Ele tinha um olhar perverso.

-         Malfoy, o que o senhor está fazendo aqui? – bradou a profª. McGonall para Malfoy.

-         Estava procurando o profº. Snape. Estou com umas dúvidas...

Snape ia atendê-lo, mas a professora fez um sinal.

-         Agora não, Severo. Quero que esteja presente quando for conversar com os grifinórios.

Snape fez uma cara igual a uma criancinha que ganha um enorme pirulito de presente. Cochichou algo para Malfoy e entrou, fechando a porta. Rony estava ao lado da mesa, de cabeça baixa.

-         Bem, McGonall, a trouxe aqui por causa de Longbottom – começou Snape.

-         Depois desses fatos – interrompeu McGonall – acho que o que Longbottom fez não vem ao caso.

Snape baixou a cabeça e olhou para os sapatos, para que não dissesse nada de mal-educado à professora.

-         Nunca, nenhum aluno da Grifinória aprontou tamanho alarde...

-         Professora – disse Lilá – na verdade, foi Malfoy que lançou corações de jacaré nos trouxas da sala!

-         Calada, senhorita Brown. Weasley...

-         Rony estava apenas defendendo os trouxas de Malfoy! – bradou Harry.

-         Ronald Weasley, não sei porque... – a turma ficou apreensiva – você ainda não é o goleiro da Grifinória.

A turma se rompeu em aplausos. Rony recebia palmadinhas de parabéns nas costas. Ele estava feliz, mas parecia não acreditar. Harry apertou sua mão fazendo um toque que só Rony sabia.

-         É isso aí! – ele aprovou – Rony Weasley, o goleiro da Grifinória!

-         Parabéns, Rony!

Rony parecia que ia chorar a qualquer instante. Snape estava com o queixo endurecido de raiva.

-         Ele acaba com a minha aula e ganha um prêmio em troca?

-         Em nenhum momento – disse a profª. McGonall – sugeri que iria aplicar um castigo em Weasley – e disse virando-se para Harry e Rony – o capitão é Fred Weasley, por merecimento. Conversem com ele para começar o treino desde já!

E saiu. Snape parecia querer avançar nos grifinórios e torturar um por um pessoalmente, mas ele preferiu que eles terminassem a prova.

Harry e Rony saíram-se bem, apesar da poção ter ficado um pouco rala.

-         Você acha que ele vai descontar? – cochichou o novo goleiro a Harry.

-         Dependendo de Snape – respondeu – até mesmo a cor da poção, não importa o efeito perde pontos.

Hermione ainda demorou-se por mais um instante. Ela mexia fervorosamente a poção. Os dois a esperaram do lado de fora ainda por dois minutos.

-         Ufa! – ela enxugou o suor do rosto com a manga das vestes – consegui me lembrar. Com certeza, vamos tirar a nota máxima.

A aula de Transfiguração foi difícil, mas Harry e Rony foram poupados: Minerva McGonall passou metade da aula  conversando sobre o novo time de quadribol.

Na hora do almoço, Fred apareceu acompanhado por Jorge.

-         Rony! McGonall nos contou, parabéns! Vamos começar os treinos na primeira sexta-feira depois dos exames, já que os grifinórios têm a tarde livre. Nos vemos lá! – e se despediu dos dois.

Na metade do patê de camarão, Dumbledore pigarreou alto e disse:

-         Prezados alunos, como todos vocês sabem, dia 31 desse mês é o Dia das Bruxas. E eu e os professores decidimos que uma festa à fantasia cairia muito bem nessa data.

Os alunos deram vivas e bateram palmas de animação. Dumbledore explodiu algumas faíscas de sua varinha e manteve a ordem.

-         E cada casa terá um tema de fantasias. Deixe-me ver... – McGonall deu uma lista para ele, que ajeitou os óculos para enxergar melhor – Lufa-lufa: Animais mágicos. Corvinal: Seres mágicos. Sonserina: Professores de Hogwarts e Grifinória, trouxas famosos.

“Ah, claro. Os professores irão fantasiados de bruxos famosos. Comecem desde já a aprontar suas fantasias!”

 

 

O fim do mês estava chegando e com ele o Dia das Bruxas. Era terça-feira e fazia um clima agradável. A festa seria sexta-feira e as expectativas eram as melhores em torno dela.

Harry, Rony e Hermione estavam na aula de Poções. A vontade de Harry era descer e tomar suco de abóbora com os amigos e Gina. Mas essa não era a realidade: estavam recebendo os resultados das provas de Poções.

-         Mamãe me mandou uma fantasia – disse Hermione aos amigos.

-         Sinceramente, não sei que fantasia usar! Não conheço os trouxas.

-         Vou improvisar – contou Harry.

-         Potter, Granger e Weasley, parem de conversar. Vou tirar vinte pontos da Grifinória.

-         Professor – disse Malfoy – o senhor já sabe do que vai fantasiado?

-         Eu? – ele deu um rápido sorriso para Malfoy. Harry e Rony fizeram caretas – ainda não, Draco.

-         Por que o senhor não vai de Lúcio Malfoy? – sugeriu Draco.

Rony tentou não rir, abafando a risada. Harry sorriu ao imaginar Snape, com seus olhos pretos e cabelos sebosos se transformar em Lúcio Malfoy, sempre pálido, bem alinhado e olhos castanhos.

-         Seria um prazer se vestir de um grande bruxo como seu pai, Draco – Simas não pode segurar por muito tempo e riu – algum problema, senhor Finnigan?

-         Não, professor – respondeu Simas.

-         Pois eu – Malfoy se levantou para encarar melhor Snape – vou vestido de Severo Snape.

Os grifinórios abaixaram a cabeça e riram. Os sonserinos aplaudiram.

-         Obrigada pela homenagem, Draco. Vinte pontos para a Sonserina.

Os grifinórios, como sempre se revoltaram. Snape os conteve com um olhar.

-         Vamos para os resultados das provas.

Snape era o único professor que lia os resultados em voz alta. Quer dizer, apenas para os grifinórios. Os sonserinos recebiam seus resultados por escrito, sempre com elogios “Parabéns” ou “Se esforce mais” e outros assim.

-         Thomas, nota 6. Finnigan, nota 4. Brown, nota 7. Patil, nota 9.

-         Se a Parvati tirou nove... – disse Hermione – com certeza vou ter o mesmo êxito!

-         Potter, nota 8. Weasley, nota 7. Granger...

Snape parou e adquiriu um brilho estranho nos olhos.

-         Nota zero.

Hermione pareceu que tinha tomado a Poção do Morto-Vivo. Ela ficou com a boca aberta e desmaiou.

-         MIONE! – gritou Rony – por favor, Snape, Hermione desmaiou.

Ele veio andando e pegou a varinha:

-         Enervate! – Hermione aos poucos foi recuperando os sentidos.

“Espero que toda vez que você tirar nota mínima não desmaie, senhorita Granger”.

Isso foi a gota para Hermione. Ela começou a chorar e saiu correndo. Harry e Rony tentaram ir atrás dela, mas Snape não os deixou.

A aula terminou e os dois foram procurá-la. Claire R. interceptou os dois, sendo que só foram procurá-la depois do almoço.

Gina veio correndo até a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas aflita, assim que o sinal bateu.

-         Snape contou para metade da escola o que aconteceu com Mione. Onde ela está?

-         Apenas imaginamos – suspirou Harry – vamos logo.

Eles subiram andares até chegar ao banheiro da Murta Que Geme. Ela se lamuriava, como sempre, mas escutavam um soluço seco que vinha dos últimos boxes.

-         Hermione? – chamou Rony – você está aí?

-         VÃO EMBORA! – ela gritou.

-         Olá – cumprimentou Murta secamente – ela me expulsou do meu boxe. Mas claro, todos maltratam a Murta, ninguém a compreende.

-         Eu compreendo – disse Gina sem pensar.

Ela começou a chorar

-         Não, você não compreende! Ninguém compreende! – ela entrou em seu boxe.

-         Mione – chamou Harry – abre a porta.

-         Não. Não abro.

-         Vamos arrombá-la! – alertou Rony.

-         Hermione – choramingou Gina – por favor, abre a porta!

Ouviram um “clique” na porta. Os três entraram. Hermione estava sentada entre o vão do vaso sanitário e da parede, a cabeça baixa e os cabelos caindo sobre os joelhos (que ela abraçava).

-         Mione, por favor, isso acontece – consolou Gina, passando a mão nos seus cabelos.

-         Não, não acontece – ela levantou a cabeça e puderam ver que os olhos dela estavam inchados – não comigo.

-         Pra tudo tem sua primeira vez – lembrou Rony.

-         Vocês sabem o que significa esse zero? Todo o meu esforço foi em vão, durante todo esse tempo...

-         Não chore – disse Harry.

-         Choro! Choro porque finalmente a Hermione Granger, melhor aluna de Hogwarts desabou!

 

 

Hermione estava mais do que acabada. Nas aulas, não respondia mais as perguntas e ganhava pontos para a Grifinória. Estava sempre pálida e não falava nada. No mesmo dia que descobriu seu desastre em Poções, foi examinada por Madame Pomfrey:

-         Essa menina não tem nada, nada além de depressão. Ela sofreu um baque muito grande?

-         Sim – respondeu Rony – ela tirou zero em Poções.

-         Para Hermione, isso é o fim – comentou Harry.

-         Estou tão preocupada com ela – disse Gina, que foi abraçada por Rony como consolo.

-         Vocês devem fazer ela se sentir bem consigo mesmo e ter vontade de ser normal. – recomendou Madame Pomfrey.

Nessa aula de Transfiguração, Hermione estava aborrecida, batendo o lápis na carteira. A profª. McGonall estava profundamente aborrecida com a depressão de Hermione, pois a aluna não respondia suas perguntas como antigamente.

Harry, Rony e Gina estavam fazendo o possível para alegrar a amiga e trazer de volta a velha Hermione. A Hermione que eles tanto sentiam falta.