Capítulo 13 - Rony e Voldemort
 

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Harry acordou naquela manhã de inverno mais cedo. Sem sono, sentou-se e releu as táticas que Fred havia treinado para o jogo de hoje. Impaciente, acordou Rony.

-         Rony! Acorde, vamos descer!

-         O quê? – perguntou o menino sonolento.

Minutos depois, ambos estavam vestidos e desciam em direção ao Salão Principal. Fred, Jorge, Angelina, Katie e Alícia estavam sentados na mesa da Grifinória, todos parecendo muito concentrados no seu pudim, mas Harry sabia que era um jeito de aliviar a tensão.

Harry e Rony se juntaram a eles e tomaram seu café. Aos poucos, os alunos de Hogwarts e o time da Corvinal foram chegando. Os dois times saíram juntos para o campo, aplaudidos pelos estudantes. Harry e Cho estavam lado a lado, mas sem trocar nenhuma palavra.

Fred checava as condições do tempo, murmurando algo:

-         Certo. Deve chover e pode haver uma ventania forte, vejam como está ventando...

Os cabelos de Harry eram levados pelo vento. Mas o time da Grifinória estava decidido, e só tinham uma palavra de ordem: ganhar.

 

 

-         Bem, nunca fui bom em discursos. Mas, com esse jogo começa uma nova era. A era de Rony, a minha era. E vamos provar que somos mais. Vamos vencer!

Estavam nos vestiários, já vestidos com os tradicionais uniformes vermelhos da casa. Rony tremia até o último fio de cabelo:

-         E se não der certo? E se eu levar gols? – ele indagava.

-         Calma – tranqüilizou Harry – você vai se tornar um goleiro do caramba!

Nesse momento, Lino Jordan chamava o time da Grifinória para entrar no campo. Os dois amigos agarraram firme suas vassouras e acompanharam o time até o campo.

Como de costume, o estádio estava lotado. Harry pode ver alguns professores, a torcida da Corvinal (Malfoy tinha feito uma enorme faixa escrita “Avante Cho!”) e a da Grifinória. Neville, Dino, Simas, Hermione e Gina estavam na primeira fila e ao lado delas, Olívio Wood.

-         Olha lá o Olívio! – contou Harry para o time.

Os jogadores acenaram para o ex-goleiro, que não pode abrir um sorriso melhor.

-         Boa sorte – cumprimentou Cho Chang.

Harry apertou a mão dela sem muita emoção e fez um sinal tímido com a cabeça.

-         Montem nas vassouras! – disse Madame Hooch.

Junto com o soar do apito de Madame Hooch, caiu um estrondoso trovão, que fez muitas meninas gritarem. Harry subiu em sua Firebolt 2 e decolou.

-         Foi dado o início da partida! O time da Corvinal vem com Darcy, Cleaver, Byron, Blair, Kipling, Olivier e Chang. O da Grifinória vem com um novo goleiro: Weasley, Weasley, Weasley, Spinnet, Jones, Bell e Potter!

“Spinnet voa com a goles, opa, um balaço de Byron a faz perder. Kipling vem voando, mas Weasley defende! Um lançamento para Bell, que marca! Dez a zero para a Grifinória!”.

A torcida vermelha vibrou. Do alto, Harry sobrevoava o estádio. Cho Chang voa ao seu lado:

-         Harry, acho que precisamos conversar.

-         Chang, não vê que estamos no meio de um jogo de quadribol? – repreendeu Harry.

-         Você não pode fazer isso comigo! – ela disse numa voz suplicante – esperei para ter essa conversa com você quando estivermos sozinhos!

-         Você agiu de má fé comigo – respondeu Harry, mantendo os olhos em Malfoy, na torcida da Corvinal.

-         Harry – ela se aproximou dele, mas Harry se afastou instintivamente – eu gosto de Draco, sabe. Eu já gostei de você, mas você pôs tudo a perder.

-         Eu não pus nada a perder! – defendeu-se Harry.

-         Mesmo sem querer, pôs sim. Queria ter sua amizade de volta!

Harry olhou-a. Ela tinha o mesmo ar de Malfoy, o ar inimigo.

-         Namorada do meu inimigo – ele concluiu, afastando-se – é minha inimiga também.

Ela o olhou muito chateada.

-         Tudo bem. Se não quer ser meu amigo, posso ser uma péssima inimiga. – e voou para outro lugar longe de Harry.

Harry deixou a cabeça cair para frente. Ele teve vontade de descer e contar tudo para Rony. Voltou o olhar para Rony, que tinha um olhar desesperado.

Ele ouviu a voz aflita de Lino Jordan irradiar:

-         Parece que a vassoura do goleiro Weasley está agindo estranhamente. Ela está dura, sem algum movimento... e vejam! Adquiriu uma cor negra!

Rony tentava se segurar na vassoura, que parecia ter vida. Harry apurou a vista para ter certeza do que estava vendo:

-         Voldemort! – ele sussurrou para si mesmo.

Em sua forma invisível, ele segurava a vassoura de Rony e tentava derrubá-lo. Hermione, na arquibancada, levantou-se e parecia sussurrar algo. Voldemort fez uma expressão de horror e saiu. A vassoura ficou dura e caiu junto com Rony.

Harry desceu na maior velocidade que sua vassoura podia alcançar. O vento atrapalhava sua visão e ele balançava os braços para espalhá-lo. Rony estava a poucos metros do chão, com uma expressão de medo. Harry fez uma manobra perigosa e...

-         POTTER SALVA A VIDA DE WEASLEY! – anunciou Lino.

Rony estava seguro na garupa da vassoura de Harry. E nas mãos do apanhador, lá estava o pomo, firme.

-         Obrigada, Harry! – agradeceu Rony com um sorriso – te devo mais uma!

A torcida saltou das arquibancadas para aplaudir o time. Olívio Wood cumprimentava a todos animados. Todos os Weasley ali presentes (Fred, Jorge e Gina) trataram de cuidar de Rony, que fora levado para a ala hospitalar por Madame Pomfrey.

-         Bela manobra, Harry!

-         Parabéns, apanhador!

-         Duzentos a cinqüenta! Mal posso acreditar!

Cho Chang estava abraçada com Malfoy e lançou um olhar maldoso para ele. Malfoy sorriu friamente da atitude da namorada.

O time voltou para o castelo debaixo de um ventaval (como Fred previu) e sobre ameaça de chuva. Olívio foi convidado a se sentar na mesa da Grifinória para o jantar.

-         E então, Olívio – perguntou Alícia – no que está trabalhando?

-         Por enquanto – disse ele, espetando um enorme pedaço de pastelão com o garfo – estou trabalhando na Artigos de Qualidade para Quadribol. Mas estão conseguindo uma vaga de goleiro no Liverpool Lions.

-         Nossa! – admirou-se Katie – Liverpool Lions?

-         É – respondeu ele – nossa, que saudades da comida de Hogwarts!

O time riu.

McGonall se aproximou da mesa da Grifinória:

-         Olá, time. Parabéns pela vitória. Muita coragem sua, Potter.

-         Obrigado – elogiou Harry tímido.

-         Wood, é bom saber que está aqui, mas acabou de chegar uma coruja-telegrama para você.

Olívio abriu a carta.

-         É do Unter, meu chefe. Quer que eu volte para o Beco Diagonal imediatamente.

Olívio se despediu dos amigos e aparatou.

-         Potter, creio que você queira ver Weasley. As srtas. Granger e Weasley já estão esperando por você lá.

Harry deixou o seu jantar pela metade e foi para a ala hospitalar:

-         Ah, Potter – sorriu Madame Pomfrey – acho que você deveria fazer uma carteirinha de identificação tamanhas vezes que vem até aqui.

Ela conduziu Harry até o leito de Rony. Gina estava acariciando os cabelos ruivos do irmão e Hermione brincava com os dedos nervosa, sentada em uma poltrona.

-         Shh! – pediu Gina, colocando o indicador na boca – ele está dormindo.

Depois que Gina terminou de falar, Rony abriu os seus olhos.

-         Estou vivo? Só me lembro de quando vim para cá e Madame Pomfrey me deu um calmante.

-         Está bem vivo – disse Gina cordialmente – você caiu da vassoura, mas Harry o salvou.

Ela lançou um olhar de admiração a Harry, que corou.

-         Pegaram minha vassoura? – perguntou Rony, sentando-se bruscamente.

-         Eu peguei – informou Harry – está no dormitório. Vá devagar!

-         Estou bem, juro – sentou-se e olhou para Hermione. Sua expressão mudou de calma para ódio.

-         Rony! – Hermione se levantou para abraçar ele.

Rony fez um gesto, a impedindo de avançar.

-         O que você está fazendo aqui? – ele perguntou.

-         Vim te ver, Rony, estava preocupada – justificou Mione.

-         Eu não acredito que depois de tudo, você ainda ousa em vir aqui!

-         O que está acontecendo? – perguntou Gina, confusa.

-         Acontece que a senhorita Granger resolveu me matar! – alegou Rony, se esquivando quando Hermione tentou tocá-lo.

-         Rony, eu não tentei te matar! Só estava ajudando!

-         AH, NÃO? – berrou Rony, possesso. Seus gritos ecoaram pela ala hospitalar – E ENTÃO POR QUE VOCÊ ESTAVA MURMURANDO ALGO? UMA PRAGA, EU CREIO!

-         Espere aí, Rony! – interrompeu Harry – por que Hermione faria isso?

-         Boa pergunta! – disse Hermione, com lágrimas nas pálpebras.

-         Simplesmente pelo fato de eu não aceitar seu cargo de monitora, ou por insistir para mostrar a carta para Harry.

-         Carta? – perguntou o menino – que carta?

Rony tirou um pedaço de papel do bolso e entregou para Harry, que leu cuidadosamente:

 

Oa Oninem euq ueviverbos

A etrom átse odnadnor...

Odadiuc.

 

-         O que significa? – perguntou Gina.

-         Conte à eles o que você descobriu, Hermione! – pediu Rony.

-         Significa – ela soluçou – “Ao menino que sobreviveu: a morte está rondando. Cuidado”.

-         Por que não me entregaram isso antes? – indagou Harry com raiva.

-         Hermione preferiu não preocupá-lo. Edwiges nos entregou por engano – contou Rony.

-         Mione – disse Gina, ofegando – o que você estava dizendo no jogo?

-         Estava tentando salvar Rony! – Hermione se defendeu, chorando – um antifeitiço muito forte, que fez a vassoura parar e...

-         VOCÊ NEGA QUE ENFEITIÇOU A MINHA VASSOURA? – gritou Rony, olhando nos olhos da menina.

-         Não.

Ele virou-se de lado e disse em uma voz fria:

- Por favor, Harry e Gina, tirem essa menina daqui. Nossa amizade acabou nesse momento.

 

 

Harry estava dividido: era amigo de Rony, mas viu Voldemort tentando matá-lo, portanto, tinha certeza que Hermione estava certa, e tentava mostrar à ele. Rony se recusara a ouvir e ver Hermione, que por sua vez se dedicava aos estudos e à sua função e monitora. Certa vez, Harry ouviu um menino da Lufa-lufa dizer para outro que “a monitora Granger tirou pontos da Lufa-lufa só porque eu gritei no corredor, procurando por você”. Na hora do almoço, Harry deixou Rony e Gina e sentou-se ao lado de Hermione, que lia um grande livro chamado “Runas Antigas: o estudo completo dessa misteriosa arte”.

-         Hermione? Você está bem?

-         Estou sim – disse ela, sem desgrudar os olhos do livro – você está com medo de eu ter uma nova depressão?

-         Na verdade, estou – admitiu Harry – Mione, olhe para mim!

Ela fechou os livros e o encarou.

-         Eu e Gina estamos preocupados. Você está cada vez mais sozinha, e está exagerando nos seus deveres de monitora!

-         Não estou não – justificou-se Hermione – apenas estou querendo ser uma boa monitora.

-         Você é, pode ter certeza.

-         Rony não quer minha amizade – ela arrumou a mochila nos ombros – e eu também não preciso dele. Apenas quero que você e Gina não se afastem de mim. Com licença, Harry, preciso entregar esse livro à Madame Pince.

-         Harry Potter, você é a pessoa mais tola que já vi na minha vida.

Cho Chang estava atrás dele, ladeada por Malfoy.

-         Será que você é a única pessoa de Hogwarts que não percebe?

-         Não percebo o que? – Harry fingiu-se de tolo.

Malfoy deu uma risada:

-         Vamos, Cho. Deixe que o Cicatriz perceba as coisas naturalmente.

Harry voltou a se sentar com Rony e Gina:

-         Harry – disse Rony, medindo as palavras – queria pedir para você esquecer Hermione. Não conversar com ela, passar uma borracha por tudo aquilo que passamos juntos.

-         Não posso! – justificou-se Harry, abismado com a pergunta do amigo – Hermione precisa de nós, Rony. De mim, de você e da Gina. E não é uma briga de criança que vai fazer eu me esquecer da minha melhor amiga!

Rony virou-se para o prato emburrado. Ele e Harry nunca haviam brigado, e ele não queria fazer-o hoje.

-         Harry – cochichou Gina – Rony é cabeça-dura, mas ele sabe que ele não vive sem Mione.

Harry concordou, fazendo um aceno com a cabeça.

-         Só espero – ele suspirou – que esses dois voltem a ser amigos antes do Natal.