Capítulo 16 – O estranho capinxingui
 

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-         Oi, Gina! – cumprimentou Harry, sentando-se ao lado dela.

-         Puxa! – ela disse, ofendida – você ainda lembra do meu nome?

-         Eu sabia que você ia ficar chateada comigo – disse Harry, baixando a cabeça – me perdoa?

-         Claro que sim – sorriu Gina, acariciando seus cabelos – afinal, você é meu amigo!

-         Onde estão Rony e Mione?

-         Sei lá! – Gina bateu palmas, nervosa – antes de você chegar, a tal Hufflepuff chegou e levou os dois para aquela saleta ali – e apontou. Nesse instante, os três saíram de lá. Natalie sorriu para Harry e se dirigiu à mesa da Lufa-lufa.

-         E então? – perguntou Harry, ansioso – vocês fizeram as pazes?

-         Do que você está falando? – disse Hermione – eu e Rony nunca deixamos de ser amigos!

-         O quê? – Gina franziu a sobrancelha – e quando Rony acusou Hermione de tentar matá-lo? As discussões, o beijo!

-         Gina – Rony passou a mão pelo cabelo da menina – acho que você está com algum problema. Não deveria procurar Madame Pomfrey?

Harry puxou Gina em direção à mesa da Lufa-lufa:

-         Natalie – ela levava um grande pedaço de pastelão à boca – o que você fez com Rony e Mione?

-         Um feiticinho que mamãe me ensinou – admitiu Natalie – ele apaga uma parte da memória da pessoa, e no caso, apaguei tudo o que se tratava da briga!

-         Hufflepuff! – ralhou Gina – isso é um feitiço negro!

-         Eu sei! – ela fez um gesto impaciente – o que você prefere, os dois brigados? Eu desfaço o feitiço agora mesmo.

-         Não! – impediu Harry – deixe como está. Obrigada, Natalie, muito obrigada.

-         Eu ainda... – ofegou Gina, com raiva – pego ela!

-         Gina, acalme-se! Pelo menos ela resolveu o problema!

E sentaram-se novamente ao lado de Rony e Hermione, que conversavam animadamente.

-         Potter! – gritou o profº. Flitwick na mesa dos professores – venha até aqui!

Harry levantou-se e foi até o banquinho gigante no qual Flitwick se acomodava:

-         Eu revelei as suas fotos, me desculpe pela demora, porque estava tendo um grande trabalho com os alunos dos terceiro ano.

Flitwick entregou as fotos ao menino:

-         Uma foto da profª. Claire R. dormindo, professor? – sorriu Harry, ao ver a foto da moça sonhando com alguns alunos.

-         Oops... – o professor corou e se desajeitou – essas fotos são minhas...

Harry admirou as fotos do castelo de Hogwarts, com milhares de flocos de neve caindo sobre ele. Então, seus olhos pararam na foto da planta da estufa 5. Ela estava agindo estranhamente, e Harry viu um pé dentro dela.

-         O que foi, Harry? – perguntou Mione.

-         Olha...olha isso! – gaguejou Harry, entregando a foto para Rony, Hermione e Gina.

Gina deu um gritinho agudo de espanto, Hermione e Rony plantaram a mão na boca, pasmo:

-         O...o que é isso? – disse Rony, tremendo.

-         Recebi um filme mágico de Natal, e resolvi tirar umas fotos para Lupin. Essa planta estava na estufa 5.

-         A estufa 5 é usada apenas pelos alunos do sexto e sétimo ano – explicou Hermione.

-         Vocês acham que devemos mostrar isso à profª. Sprount? – perguntou Gina, vacilante.

-         Não! – responderam os três ao mesmo tempo.

-         Deveríamos - disse Rony - ao menos conversar com ela.

-         Eu vou – se ofereceu Harry – afinal, fui eu que descobri sobre essa planta.

 

A profª. Sprount estava na estufa 5, suando muito, mais suja do o costume. Harry bateu na porta, e ela sorriu:

-         Ah, Potter, entre, entre. Por favor, pegue uma máscara daquelas ali em cima da minha mesa, essas plantas não tem um cheiro nada agradável...

-         Professora – gaguejou Harry – bem, eu ganhei um filme mágico de Natal e...

-         Silêncio – a professora plantou o ouvido no caule da planta.

-         O que foi, professora? – perguntou Harry, intrigado.

-         A mestre de Herbologia foi a nocaute! – ela enxugou o suor da testa – nunca vou descobrir o mistério dessa planta!

A planta que a mestra examinava era a mesma que Harry fotografara. Ela era gigante, tingida por tons de verde escuro, claro e preto. Em suas folhas, espinhos. Decididamente, aparentava ser pior do que as piores das plantas carnívoras.

-         O que há de errado com essa planta? – disse Harry.

-         Em todos os anos de estudo, nunca vi nada igual! É a mais complicada planta que já vi!

-         Mas, os alunos do sexto e sétimo ano são inteligentes...

-         Nada o suficiente para examinar esse capinxingui.

Harry deu um pulo de susto. Ele já estudara com outros capinxinguis, a planta-símbolo de Hogwarts, mas nunca em sua vida...

-         Nunca em minha vida vi algo tão esquisito – concluiu Sprount.

-         Por que essa planta é tão estranha?

-         Por que? Eu também queria saber. Andei estudando sobre essa planta e olhe o que descobri:

“Essa planta floresceu junto com a criação das águias, quando as fêmeas finalmente deram a luz. O adubo, nunca vi coisa igual, em vez do adubo mágico, é composto por restos mortais de cobras.”

-         Cobras? – disse Harry, surpreso.

-         Cobras. Esse capinxingui ainda está verde, mas tudo indica que ele vai adquirir uma cor amarelada, como banana.

“Examine essas folhas. Juntas, formam uma juba de leão, olhe só, Potter.”

-         Verdade – respondeu Harry, quando Sprount uniu as folhas para mostrar. Decidira não mostrar a foto para Sprount: com certeza ela enlouqueceria e deixaria a profissão.

-         O que você veio fazer aqui, Potter? – ela perguntou, interrompendo os pensamentos do menino.

-         Não, só queria que você me explicasse mais sobre as ervas-doninhas da Rússia.

A professora explicou, mostrou para ele e o ensinou como diferenciá-las das européias.

Harry agradeceu e subiu para a torre da Grifinória, onde os amigos o esperavam:

-         E então – perguntou Gina, ansiosa – você entregou? O que ela disse?

-         Eu não entreguei. Mas ganhei uma explicação particular sobre ervas-doninhas da Rússia.

Harry, então contou sobre o estranho capinxingui.

-         Floresce junto com as águias...

-         Quando ela fala frases sem nexo, é porque ela está raciocinando – explicou Rony.

-         Adubo de cobra – continuou a monitora, sem se importar – formato de leão, cor amarelada... não pode ser isso o que estou pensando!

-         O que? – perguntou Harry, intrigado.

-         Não posso contar – cortou Hermione – enquanto não tenho certeza.

-         E quando poderá contar? – Gina perguntou, esperançosa.

-         Em breve, vocês saberão.

 

As provas haviam chegado, e Harry foi bem mais uma vez. Até sua nota em Defesa Contra as Artes das Trevas subiu timidamente. Para coroar, as férias da Páscoa chegaram mais cedo.

As corujas sobrevoaram o Salão Principal, na hora do café, tradicionalmente. Edwiges bicou a orelha do dono e o entregou um bilhete garranchoso:

-         Ei, obrigada, Edwiges – agradeceu Harry, abrindo o bilhete.

 

Harry, Rony, Hermione e Gina,

Não gostariam de vir tomar uma xícara de chá comigo essa tarde? Sei que a Grifinória tem tardes livres às sextas. Espero pela resposta,

Hagrid.

 

-         Vamos! – disse Mione, empolgada – faz décadas que não vemos o Hagrid.

-         Pra ser mais exato – contrariou Rony – desde ontem.

Harry e Gina riram. Aproveitaram a manhã para aproveitar o dia nos jardins, conversando sobre diversos assuntos, mas os principais eram Snape, Malfoy e Claire R.:

-         Ela é um amor comigo – defendeu Gina.

-         Claire R. é muito boa com todo mundo, menos comigo – Harry baixou os olhos.

-         Pelo menos ela não tira pontos da Grifinória, como o Snape – justificou Rony.

-         Ela tira sim, tira pontos de mim, mas os devolve para vocês! – respondeu Harry, com raiva.

Decidiram não almoçar naquela manhã, se dirigiram logo para a casa de Hagrid.

-         Oi, tudo bom, vocês quatro? – perguntou Hagrid, sorrindo.

-         Tudo – responderam os meninos.

-         Não era o horário marcado, mas tudo bem! Já almoçaram? Querem almoçar comigo?

Nenhuma comida do mundo se compara com a de Hogwarts, mas a comida de Hagrid tinha um sabor muito especial. Os meninos repetiram duas vezes cada e foram se sentar no sofá, fartos.

-         Aceitam uns quadradinhos de chocolate?

A educação os impedira de não aceitar. Harry ouviu Hagrid contar feliz sobre a sua horta.

-         Na próxima aula – contou Hagrid – vamos começar com filhotes de mamutes!

-         O que? – se engasgou Hermione – mas o mamute não é um animal extinto?

-         Existem dois mamutes escondidos, ambos enfeitiçados por Dumbledore, como se fosse uma espécie de fiel do segredo. E esses mamutes tiveram bebês, e Dumbledore me permitiu que os usassem na aula com a quarta série. Grande homem, o Dumbledore...

Harry, Rony, Hermione e Gina foram embora no cair da tarde, já fartos de falar sobre aulas, quadribol, hortas e animais.

Rony caiu exausto sobre a cama, sem ao menos jantar. Harry sentou-se em sua cama e ficou olhando pela janela. Então, ele viu uma coisa branca voando em sua direção:

-         Edwiges! – gritou Harry. Rony virou-se, resmungando para que o amigo fizesse silêncio.

A corujinha pousou no ombro do menino e lhe fez um agrado. Ela colocou a carta no colo do dono e voou de volta para o pombal, com certeza comer algum rato.

Harry abriu a carta, curioso.

 

Harry, meu afilhado,

Como eu lhe prometi, estou enviando essa coruja. Me deixou feliz ver que você está crescido e seu coração está dividido. Qualquer coisa, só me escrever, Edwiges sabe me encontrar.

Tenho uma ótima notícia! Rony escreveu para o Sr. Weasley, que resolveu me ajudar no Ministério. É bom ter alguém do Ministério, mas não posso negar que ele não gostou nada, nada da história que Rony o contou.

Abraços do seu padrinho,

Sirius Black.

 

Harry sorriu para o amigo adormecido. Desceu para o salão comunal, para ajudar Gina e Hermione nos seus deveres de casa (não que elas precisassem, mas Harry se sentia útil fazendo algo).

-         O que você está fazendo com essa foto, Mione? – perguntou Harry, quando viu o estranho capinxingui dentro do livro de Transfiguração de Hermione.

-         Tenho muitas suspeitas em volta dela – ela explicou.

Harry suspirou e apreciou mais uma vez a planta, que mexia seus espinhos perigosamente.