Capítulo 17 – A mensagem telepática
 

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Harry tinha um jogo contra a Lufa-lufa marcado para duas semanas, na época de Páscoa, intensificando o ritmo dos treinos. A Sonserina já conseguira sua vaga para a final, tornando Malfoy mais arrogante do que nunca, com Cho Chang elogiando suas inúmeras (para Harry, nenhuma) qualidades.

Os professores estavam exigindo cada vez dos alunos, atrapalhando-os. Os deveres deixavam Harry e Rony loucos.

Além do mais, havia mais um motivo para estressar o menino que sobreviveu: a surpresa que Malfoy prometeu para Cho Chang era nada mais nada menos que um pedido de noivado.

-         Isso é estúpido! – comentou Hermione – afinal, ele tem catorze e ela quinze! Não são jovens demais para se casar?

-         No mundo dos bruxos – explicou Gina – há o noivado obrigatório e os bruxos mais ricos exigem um noivado de, no mínimo, cinco anos.

-         Eles estão apenas pensando no futuro! E se os pais deles aprovam, não há porque não nos intrometer – disse Rony, desinteressado.

Harry estava fervilhando por dentro. Malfoy e Cho, noivos? O mais triste era ver Cho Chang cochichando com suas amigas:

-         Olha só que linda a aliança que Draco me deu!

As meninas riam e diziam que gostariam de estar no lugar da menina. Snape felicitou Malfoy e deu vinte pontos para a Sonserina de presente.

-         Esquece isso, Harry – consolou Rony – ela provou mesmo que não vale nada. Já terminou seu dever de Transfiguração?

Harry passou o dever para o amigo copiar. Fingiu-se exausto e foi deitar-se. Ali, ele ainda rolou na sua cama durante tempos, sem dormir. Só foi dormir quando todos os grifinórios se recolheram.

Ele teve um sonho estranho. Ele sonhou com ele mesmo, sorridente e feliz, mas mais velho. Ele subia ao altar com uma moça, com o rosto coberto. Quando ela levantou o véu, Harry ficou abismado. Os rostos de Hermione, Gina, Cho Chang e Natalie estavam lá, em uma só cabeça.

O menino acordou assustado e distraiu-se lendo o livro que Gina lhe dera de Natal, sobre ele. Descobriu que o nome de seus avós paterno eram Bianca e Lincoln Potter e seus maternos (tia Petúnia citava apenas seu pai) eram Kerry e Steve Evans.

Depois, dormiu e sonhou como seriam seus avós.

 

-         Bom dia, queridos! É bom vê-los novamente!

A sala de Sibila Trewlaney estava particularmente mais abafada e misteriosa. A professora flutuava, enquanto os olhos de Parvati e Lilá brilhavam.

-         Hoje começamos a nossa nova e mais difícil matéria, cujo estudaremos até o fim do ano: a leitura das mentes.

“Antes de mais nada, gostaria de dizer o que exatamente vocês tem que fazer. Esvaziem as mentes, aqueles que terão as mentes lidas. Os ‘leitores’ apenas se concentre na memória do seu colega. Imagine sua vida, o que ele sente e etc...”

Todos os alunos ofegaram, ansiosos.

-         Neville Longbottom! – ela chamou. Neville caiu da cadeira, mas se dirigiu à Trewlaney.

“Deixe-me ler sua mente. Sentem-se aqui e a esvazie de todos os seus sentimentos, pense no nada...”

Neville fez uma careta e um sinal quando disse que estava pronto.

-         Certo – a professora se concentrou e fez uma careta – Neville, querido! Trevo está dentro do caldeirão de um segundanista da Sonserina!

Nesse instante, Snape abriu o alçapão que dava até a sala. Todos olharam para o professor, que bufou:

-         Longbottom, esse sapo nojento estava no caldeirão de Oaker – e sorriu amargamente – menos vinte pontos pra Grifinória.

Os alunos olharam assustados. Não foi a perda de pontos (afinal, isso era um fato comum) e sim que Sibila Trewlaney havia acertado uma previsão.

-         Como vêem, eu li na mente de Neville que ele estava preocupado com seu sapo. Então, descobri onde ele estava.

“Bem, agora formem duplas! Sim, duplas! Vocês tem a aula toda para isso. Eu não espero grandes avanços nessa aula, mas aos poucos iremos nos acertar.”

Rony e Harry formaram duplas. Na sorte, eles decidiram que Rony teria sua mente lida primeiramente.

-         Certo – cochichou Harry – esvazie a sua mente, Rony.

Então, Harry sentiu um comichão estranho. Aos poucos, ele se viu na mente de Rony. “Deu certo!”, ele pensou. Então, a vida do amigo passou por ali como se fosse um filme.

-         Rony! – ele disse, rindo – você gosta da Mione!

Rony “desligou” Harry de sua mente. Ele olhou feio:

-         Você está enganado! Esse negócio de Adivinhações é muito confuso!

“É a minha vez!”.

Harry deixou sua mente livre de qualquer pensamento. Rony arrepiou-se: deve ter sentido o mesmo comichão. Ele fez uma careta.

-         Eu vejo... – ele sussurrou – vejo dois adultos. Eles estão se beijando, sim. Epa! Chegou um terceiro...

-         Deixe-me ver, querido – Sibila Trewlaney empurrou Rony e entrou na mente de Harry.

“Querido... isso é o seu passado, um passado que você não lembra. Uma mulher, um adultério, uma morte e duas conseqüências da traição. Os Evans, os Evans...”

Ela deu um berro e caiu sobre a cadeira. Parvati e Lilá puseram-se a abanar (Harry não sabia porque, já que ela é um fantasma).

-         O que você viu? – perguntou Harry para a professora.

-         Não posso, não posso – ela gaguejou, assustada.

-         Pode! – exigiu Rony, bravo – afinal, é a mente de Harry! E eu que ia ler!

- NUNCA! – ela berrou, assustando os alunos – desculpem, queridos... vão embora, estão todos dispensados.

 

-         Aqui!

Harry apontou um trecho de um livro da biblioteca. Rony e Gina estavam debruçados diante o livro. Hermione se mostrava desinteressada:

-         Podemos voltar para o Salão Principal? – ela perguntou, aborrecida – eu estou faminta!

-         Do que se trata esse livro, Harry? – indagou Gina, tentando ler o livro de cabeça para baixo.

-         “Leitura das mentes: o que são e o que significam”, de Cassandra Patch.

-         Vocês ainda perdem tempo com isso? Os alunos estão se deliciando com os bolinhos de arroz! – Hermione fez um gesto com as mãos, indignada.

-         O que eu vi na mente de Harry merece mais atenção que os bolinhos de arroz! – respondeu Rony – o que diz aí, Harry?

-         Diz: “Um fato que envolva pessoas de um passado remoto, isso quer dizer que há um fato mal-acabado na vida dessa pessoa. Se a visão não for colorida ou embaçada, quer dizer que nem ao menos muitas pessoas conhecem essa história”.

-         Eu vi! – exclamou Rony – estava em preto e branco! Harry, vai ver isso tem algo a ver com algum parente!

-         Os Evans... – recordou Harry – Evans é o nome de solteira da minha mãe e de tia Petúnia. O que será que aconteceu com a minha família materna?

-         Isso precisa ser investigado! – concluiu Gina.

-         Pode ser – disse Hermione, agoniada – mas podemos voltar para o Salão Principal? Ainda posso comer algum bolinho!

 

A primeira aula do dia seguinte seria Defesa Contra as Artes das Trevas. Harry engoliu um café rápido, para que Claire R. não tivesse motivos para descontar pontos dele pelo seu atraso. Foi uns dos primeiros a chegar, e quando o sinal tocou, todos os colegas se reuniram e arrumaram o material.

Mas, invés dos longos cabelos cor-de-bronze, viram cabelos sebosos. Invés do rostinho bonito de Claire R., viram o rosto ameaçador de Severo Snape.

-         Bom-dia – ele disse, ajeitando seu material em cima da mesa – fechem essas bocas antes que eu tire pontos da Grifinória.

-         O que aconteceu com a profª. Claire R.? – perguntou Simas Finnigan.

-         Ah, quer dizer que vocês não sabiam? – ele sorriu vitorioso – a professora precisou viajar para ver sua mãe, e Dumbledore me chamou para substituí-la. Abram seus livros no último capítulo, por favor.

Os alunos protestaram. O último capítulo tratava de demônios carnívoros da Mongólia, difícil de ser liquidados por terem poderes especiais.

Snape explicou sobre os demônios, mas, por fim, ninguém entendeu nada.

-         Ninguém tem dúvida – ele disse, no final da explicação – agora quero que vocês respondam ao questionário do final do capítulo...

-         NÃO! – bradou alguém. A professora estava plantada na porta, com os braços cruzados e olhando ameaçadoramente para Snape.

“Não quero que vocês façam nada do que ele disser e esqueçam tudo isso o que Severo disse”, ela virou-se aos alunos.

-         Convença-me porque, senhorita – sorriu Snape desdenhosamente.

-         Primeiro: porque essa aula é minha – ela enumerava nos dedos, prestes a cuspir fogo pela boca – segundo: porque esses são os meus alunos e terceiro, porque nenhum aluno consegue fazer nenhum exercício sem ter estudado!

-         Claire R., Dumbledore apenas me confiou o cargo quando você estava fora – Snape tentou ser cordial, mas não conseguia – e outra coisa, como vai sua mãe?

-         Morta – respondeu Claire R. amargamente – morreu do coração.

-         Estava apenas passando uns exercícios sobre os demônios da...

-         Mas eles não sabem nada sobre demônios da Mongólia! – ela gritou, interrompendo Snape – e ponha-se daqui para fora!

Hermione levantou a mão:

-         Com licença, professores, mas será que podem decidir se é ou não para fazer o exercício?

-         Você está confundindo os alunos, Severo! – retrucou Claire R.

-         Esses grifinórios que não entendem nada! – devolveu Snape.

Por fim, os alunos foram dispensados sem motivos, enquanto os dois discutiam.

-         Sabe – disse Rony – depois da fadinha indiscreta, eles nunca mais se deram bem.

-         Foi uma pena – suspirou Hermione – os demônios da Mongólia são tão interessantes!

Harry passou o tempo livre lendo mais sobre seu livro. De repente, sentiu uma tontura.

-         É melhor guardar o livro, já está dando a hora da aula de Poções! – avisou ele à Rony e Mione, subindo para seu dormitório.

Harry abrigou o livro em seu baú, mas a porta bateu violentamente. O menino tentou passar, mas ela tinha emperrado.

-         Socorro! – ele gritou – alguém me ajude!

O sinal bateu, avisando que era a hora da aula de Poções. Harry ouviu os amigos saírem do Salão Comunal, ainda discutindo sobre Claire R. e Snape.

Agora não havia mais ninguém. Harry estava sozinho, trancado no seu dormitório. Então ele ouviu uma risada fria e alta. Rapidamente, muniu-se da sua varinha:

-         Quem está aí? – ele perguntou.

-         Olá, Harry Potter.

A voz cruel de Voldemort ecoou em sua mente.

-         Onde você está? Eu sei que é você, Voldemort! – Harry bradou.

-         Nossa, você está ficando esperto! – desdenhou ele – se fosse rico, lhe daria um milhão de galeões.

-         Apareça! – ordenou o menino.

-         Você não sabe o que é uma mensagem telepática? Estou na sua mente! – disse Voldemort.

Harry congelou. Agora, não podia pensar em nada, porque certamente Voldemort leria.

-         O que você quer comigo? – perguntou Harry.

-         Apenas te sugar por dentro e te destruir... sim, o meu reino será a sua ruína!

-         Você não vai conseguir! Existe Dumbledore, ele sim é um grande bruxo...

-         Que interessante! – riu Voldemort – quer dizer que o jovem Potter está dividido entre quatro meninas?

Harry corou.

-         Eu o proíbo que mexa nos meus sentimentos! – gritou Harry.

-         Você sabe quem foi que eu matei nessa semana? – Voldemort falou isso como se fosse uma diversão, deixando Harry cheio de ódio – matei a mãe da sua professorinha. Você deveria ter visto como ela me implorava por misericórdia!

-         Claire R. me disse que a mãe dela morreu do coração.

-         Negativo – disse Voldemort – não conhece os feitiços negros? Ela morreu, imóvel, e eles ainda pensaram que foi do coração!

Harry sentiu uma enorme raiva por dentro:

-         Você quer que eu te conte como seus paizinhos morreram?

Dumbledore aparatou para dentro do dormitório. Ele sorriu:

-         O que está acontecendo, Harry?

-         Me ajude, professor! Voldemort está me passando uma mensagem telepática!

-         Ah – ele sorriu – o velho Voldemort. Ainda é capaz de me encarar nos olhos?

A voz, que antes era audível apenas para Harry, espalhou-se pelo dormitório.

-         Foi bom revê-los. Mas espero que da próxima vez veja os dois debaixo da terra, cheio de minhocas pelas ventas!

E riu cruelmente. A voz desapareceu e Harry olhou para o diretor, assustado:

-         Você sempre chega na hora certa, professor. Mas como você pode adivinhar?

-         Quando Rony e Hermione me trouxeram uma coruja suspeita onde você dizia que estava doente no dormitório, trancado.

-         Eu não consegui sair – contou Harry – a porta emperrou.

-         Bem – Dumbledore olhou o relógio – você já perdeu algumas aulas. Não quer me fazer companhia até a hora do almoço?

Dumbledore conduziu Harry até sua sala. Lá, ele deu o “Profeta Diário” para o menino ler enquanto resolvia alguns problemas (na verdade, dois alunos da Sonserina havia transformado um da Corvinal em um texugo na aula de Transfiguração).

Os olhos de Harry pararam assustados em uma pequena nota, quase ilegível.

“MORRE O ÚLTIMO PARENTE DE VOCÊ-SABE-QUEM”

A meia-irmã de Você-Sabe-Quem, Ursula Riddle, morreu ontem, de morte natural. Aos cinqüenta anos, ela foi encontrada falecida em sua cama.

Harry tentou falar sobre com Dumbledore, mas ele estava dando uma sonora bronca nos dois alunos.

A hora do almoço chegou, e Harry ainda estava com a mensagem telepática em sua cabeça.

 

-         Vencemos! Vencemos!

Lino Jordan irradiava depois de uma emocionante vitória da Grifinória sobre a Lufa-lufa. A Grifinória também estava classificada para a final. Mesmo toda essa alegria e duas semanas depois, não deixou o apanhador feliz, afinal, a conversa com Voldemort não foi nada, nada agradável.