Capítulo 18 - Explicações de Trewlaney e quadribol (Parte II)
 

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 No dia seguinte, os três acordaram juntos, tendo o mesmo sonho. Harry, Rony e Hermione estavam em um enterro, e quando eles se viraram para ver o rosto, acordaram.

-         Perderam o sono? – disse Hermione com suas pantufas cor-de-rosa, sentando-se ao lado deles na poltrona.

-         Eu tive um sonho estranho – disse Rony, se segurando para não rir das pantufas.

-         Eu também! – disse Harry – eu sonhei que eu estava em um...

-         ...enterro de bruxos! – disse Mione.

-         E quando você virou – exclamou Rony, surpreso.

-         ...não tinha rosto! – terminaram os três.

-         Estranho – disse Rony, supersticioso – minha mãe vive me dizendo que quando duas pessoas sonham a mesma coisa, é porque vai acontecer.

-         Previsões incertas da Adivinhação! – zombou Hermione – acho que um pudim de arroz me deixaria mais feliz agora!

Trocaram de roupa e desceram demasiadamente cedo para tomar o café. Gina estava sentada na mesa da Grifinória, dormindo com a cabeça abaixada.

-         Gina – cutucou Rony – acorda!

Ela acordou assustada.

-         Puxa! Que horas são? – ela estava desorientada.

-         Hora do café – respondeu Harry – você dormiu aqui?

-         Hãn-hãn – ela confirmou, corando – fiquei esperando por vocês aqui, mas acabei pegando no sono...

Então os três desfiaram a história para Gina.

-         Desculpem – ela pediu – eu estava vigiando a sala, mas Snape foi atraído pelo livro voador. Então ele me perguntou o que eu estava fazendo, e eu respondi que estava procurando meu rato – e remendou Snape – “acho que vi algo como um rato no Salão Principal, vá procurar lá AGORA!”

-         Felizmente ganhamos essa – disse Harry – mas a guerra ainda não está ganha.

Aos poucos, o Salão Principal foi invadido pelos estudantes e adquirindo sua balbúrdia natural, por ser fim-de-semana. Estavam decidindo se iriam visitar Hagrid essa noite quando a profª. Trewlaney entrou no Salão.

A profª Trewlaney explicava que não se misturava para não anuviar sua visão interior. O choque que os alunos do primeiro e segundo ano foi imenso, porque eles nunca tiveram aulas com a professora.

-         Sibila – sorriu Dumbledore, que estava perto dos meninos – é bom vê-la novamente.

-         Alvo, tenho previsões ótimas para você – ela disse. Os meninos escutaram o muxoxo audível de McGonall – mesmo uns e outros não acreditando, você acredita, não querido? – ela acrescentou.

-         Claro, Sibila – disse Dumbledore sonhador – sente-se, como tem passado?

-         Bem – ela corrigiu logo em seguida – apenas a minha ferida no pulso, está doendo muito hoje.

-         Você quer que eu peça para Severo preparar alguma coisa? – perguntou Dumbledore, sério.

-         Não, querido, muito obrigada.

-         E então, Harry – disse Gina de supetão – vai conosco?

-         Hãn? – indagou Harry, voltando-se aos amigos.

-         Harry, você não presta atenção em nada! – criticou Rony.

-         Desculpem! – ele se desculpou – mas o que vocês estavam falando?

-         Que recebemos uma coruja de Hagrid dizendo que precisa de ajuda com os mamutes. Você quer ir conosco?

Harry se lembrou da última aula, quando Prince, irmão de Edward se agarrou em Harry pensando que fosse sua mãe, o que fez Malfoy começar a fazer espirituosas imitações.

-         Não, vou ficar na torre mesmo.

-         Tudo bem – disse Hermione, arrastando Rony e Gina – estamos indo. Nos vemos no almoço!

Sozinho, Harry subiu em direção à torre da Grifinória, com os pensamentos na redação de Alquimia.

-         Será que somente eu tenho que ir atrás de você? – Harry escutou a voz familiar de Natalie Hufflepuff, que ostentava um sorriso constrangido.

-         Não vi mais você – se defendeu Harry.

-         Estava viajando. Fui para o enterro de vovó.

Harry ficou sem graça e sem saber o que dizer.

-         Não precisa dizer nada – disse Natalie – queria perguntar se queria dar uma volta comigo pelos jardins.

-         Eu realmente gostaria, mas tenho um dever de Alquimia para fazer. Desculpe.

-         Sem problemas – ela respondeu timidamente – mas não esqueça que você tem um passeio pendente comigo – e saiu em direção à torre da Lufa-lufa.

Harry entrou pelo buraco da Grifinória e encontrou Dino, Neville, Simas, Lino, Fred e Jorge discutindo sobre as garotas de Hogwarts.

-         Eu acho que a Cho Chang passou a ser panaca quando se misturou com Malfoy – opinou Lino Jordan.

-         A Alicia está realmente bonita – disse Fred, fitando a garota, que fazia algum dever.

-         A Angelina está melhor! – discordou Jorge.

-         A Hermione também não é de se jogar fora! – disse Simas.

-         Nem a Gina! – lembrou Neville.

-         Garota bonita é a Pansy Parkinson! – brincou Dino, provocando risadas.

-         Ei, Harry! – chamou Fred – venha até aqui!

Meio que contra vontade, Harry foi.

-         Estamos falando sobre as garotas. O que você acha da Natalie Hufflepuff?

Harry corou.

-         Ela é legal – e vendo a cara de desagrado dos meninos, acrescentou – e bonita.

-         Ela é linda! – disse Dino.

-         E uma coisa é certa – concluiu Jorge – ela gosta de você mais do que amigo!

Harry se soltou de Fred e se desculpou:

-         Bem, pessoal, estou precisando mesmo de fazer meu dever de Alquimia. Tchau pra vocês.

Harry se sentou em uma mesa qualquer e começou a pensar sobre o que escrever. Ele batia os dedos na mesa, causando um barulho irritante. Sem paciência, guardou o material. “Deixo pra depois”, pensou ele, vendo que já era quase hora do almoço.

-         O que você fez? – disse Hermione, enxugando uma gota de suor da testa.

-         Nada de interessante – resumiu Harry.

Dumbledore tomou o microfone e disse cordialmente:

-         Por razões de força maior, o jogo de quadribol será amanhã pela tarde. Muito obrigada.

Fred e Frederic Rice, capitão da Sonserina, ficaram em estado de choque. Fred, mais rápido, recrutou todo o time para o campo de quadribol, fazendo um feitiço para trazer as vassouras.

-         Treino emergencial! – ele ensinou algumas jogadas para o time, discutiu com Rony porque o goleiro reclamou de um balaço que quase o derrubou da vassoura.

-         Fred – perguntou Harry – você sabe porque Dumbledore transferiu o jogo para amanhã?

-         Porque é semana de provas – respondeu Harry – agora pegue aqueles pomos para mim que eu vou fazer uns lançamentos.

O time da Grifinória voltou para o castelo quando a tarde estava caindo, famintos. Harry e Rony devoraram seus jantares, repetindo mais de duas vezes.

Harry foi dormir cedo, como Fred ordenara.

-         Engraçado – comentou Gina, quando foi se despedir dos meninos no dormitório – Fred se tornou extremamente responsável depois que foi promovido à capitão.

Harry concordou com a cabeça e dormiu. Não escutou quando Gina deu um beijo no irmão (que dormiu imediatamente) e chegou perto dele, alisando seus cabelos:

-         Durma bem, meu querido – sussurrou ela, saindo em seguida.

 

 

Amanheceu com ares de quadribol. Rony e Harry discutiram silenciosamente (para não acordar os demais) sobre as condições do tempo. Fartos da briga, decidiram descer para o café.

Hermione e Gina já estavam no Salão Principal, conversando com Alicia Spinnet.

-         Bom dia, meninas – disse Harry, se sentando.

-         Como vai o melhor apanhador e goleiro de Hogwarts? – perguntou Alicia cordialmente.

-         Preparado para o jogo – respondeu Harry. Rony apenas corou.

Harry passou a manhã reunido com o time, relembrando as táticas de Fred. Jorge enfeitiçou uma miniatura, de modo que os jogadores se mexiam.

-         Pra mim, Alicia deveria vir por esse lado, deixando Katie livre para o gol – opinou Jorge.

-         Você está esquecendo que existe a defesa, Jorge – justificou Rony – eles cairiam em cima dela.

Apanharam as vassouras e o uniforme no armário e desceram todos juntos para o almoço, onde todos comeram muito bem. Sentindo o familiar frio na barriga, Harry e o time saíram sobre a salva de palmas dos estudantes de Hogwarts (com exceção da Sonserina e Cho Chang).

 

 

O estádio estava cheio, como sempre, o quadribol atraía grande parte da escola. As arquibancas tinham as cores vermelha e dourada (tirando uma pequena parte atrás de uma das balisas, que se cobriu de verde e prateado).

-         Certo, pessoal – Fred começou a discursar, enquanto Harry terminava de amarrar os sapatos – a Sonserina não é um adversário fácil, todos sabemos. Mas ela já foi vencida antes, em diversas situações.

“Vamos dar o nosso sangue nessa partida. Vocês não imaginam como é bom ver a cara de Malfoy depois de um jogo perdido para a Grifinória”.

Todos riram nervosos, para espantar a tensão. Rony mexia os lábios rapidamente, certamente pedindo ajuda aos céus.

-         Vamos lá! – Fred puxou o time para fora do vestiário, que foi aplaudido e ovacionado durante muito tempo.

-         Boa sorte, Rony! – desejou Harry, segurando sua Firebolt 2.

-         Pra você também – ele sussurrou, nervoso, também segurando sua Firebolt.

-         Vamos começar mais um jogo Grifinória x Sonserina, valendo a taça de quadribol – irradiou Lino Jordan.

“Eis a formação grifinória: Weasley, Weasley, Weasley, Spinnet, Bell, Jones e Potter. O time sonserino vem com Rice, Finch, Harman, Cook, Heseltine, Darcy e Malfoy. Mas, parece que eles desistiram de última hora... ah, não...”

O time da Sonserina entrou, debaixo de milhares de vaias. Até mesmo McGonall vaiou o time.

-         Capitães, apertem as mãos – pediu Madame Hooch.

Fred e Rice olharam feio um para o outro.

-         Montem nas vassouras! – ela berrou, em seguida – agora!

Harry montou em sua Firebolt 2 e sobrevoou o estádio, seguido de perto por Malfoy.

-         Ô da Cicatriz! – ele zombou – jogando pela última vez? Sim, porque depois do massacre, o Weasley vai te mandar embora!

-         Cala a boca, Malfoy – mandou Harry.

-         Olha lá! – ele sorriu desdenhosamente – a Cho Chang está mandando beijos pro noivo dela... não tem como resistir, não é?

-         Pra mim, ela está sobre a maldição Imperius – opinou Harry.

-         Pergunte pra ela se ela quer ser mandada para me beijar – disse Malfoy, lançando uma risada.

“Uh... o que é isso no seu pescoço?” Malfoy manobrou a vassoura e roubou o pingente do pescoço de Harry.

-         Me devolve isso! – ordenou Harry, gritando.

-         Vem pegar – e voou para mais alto. Harry subiu à toda velocidade que pode atrás de Malfoy.

-         Será o pomo? – perguntou-se Lino, lá em embaixo.

-         Uma cobrinha e um leão? Comprou aonde, em uma joalheria de segunda mão? – perguntou Malfoy, já no alto.

Rápido, Harry deu um looping e avançou em Malfoy, pegando o pingente de volta:

-         Ganhei de presente – respondeu Harry – e ai de você se o ousar roubar...

Mas Harry não terminou a frase. Ele viu o pomo, perto da vassoura de Rony. Qualquer movimento brusco do amigo, o pomo sumiria.

-         Rony, não se mexa! – ele pediu, enquanto alcançava velocidade.

Malfoy notou a movimentação de Harry e também enxergou o pomo. Então os dois, voando em alta velocidade, lado a lado, partiram em direção à Rony:

-         Os dois apanhadores voam lado a lado, que emocionante disputa! A Grifinória está na frente, cinqüenta a vinte e...

Malfoy manobrou a vassoura, jogando seu corpo em frente à vassoura de Harry. Sem opção, ele fez um movimento brusco e passou por cima dela, mergulhando para apanhar o pomo...

Harry sentiu a bola entre seus dedos, mas sentiu outra coisa: dedos. Malfoy havia apanhado o pomo na mesma hora que Harry.

-         Solte isso, Potter! – ordenou Malfoy, branco. Todo o estádio e até mesmo os jogadores parou para acompanhar.

-         Nunca! – gritou Harry. Ele apertou os dedos e teve uma idéia.

Harry girou a sua vassoura rapidamente, torcendo o braço do apanhador inimigo. Malfoy deu um grito de dor e soltou o pomo. Então, finalmente, Harry sentiu o pomo de ouro, seguro em sua mão.

-         SIM, SIM! – gritava Lino Jordan, sem saber se continuava a irradiar ou se misturava aos demais alunos para comemorar – A GRIFINÓRIA GANHOU MAIS UM TÍTULO DE QUADRIBOL.

Hermione bateu uma foto com a máquina de Harry para que o momento se guardasse para sempre: todo o time da Grifinória levantando, juntos a taça entregue por Dumbledore.

 

 

A festa no Salão Comunal da Grifinória se prolongou até tarde. Harry sentiu-se exausto e se recolheu, mas antes levou uma chuvarada de mãos nas suas costas, o cumprimentando. Os irmãos Weasley eram os mais animados e Rony estava felicíssimo por ter defendido dois pênaltis.

Deitado em sua cama, Harry rolava de um lado para o outro. Ele não conseguia dormir, devido às boas recordações que tinha desse dia. Os momentos passavam pela sua mente como um filme: os pontos, o pomo, o beijo que ganhou das amigas (Gina, Mione e Natalie)...

Harry estava quase adormecido quando teve uma lembrança repentina:

-         A ferida de Trewlaney? Não é possível...

Harry se levantou rapidamente e apanhou sua capa. Saiu correndo do dormitório e pegou Rony pelo braço:

-         Resolveu voltar para a festa? – ele disse, sorrindo.

-         Não – respondeu Harry, sério – onde estão Gina e Mione?

-         Dormindo.

-         OK, então venha comigo.

Harry arrastou o amigo para fora do Salão Comunal e o cobriu com a capa:

-         Que diabos que você está fazendo? – indagou Rony.

-         Depois eu explico – cortou Harry.

Os dois, silenciosamente se dirigiram em dormitório dos professores. Passaram pelo dormitório de McGonall, Snape, Flitwick, Sprount...

-         Chegamos – disse Harry – os dois estavam parados em frente ao dormitório de Sibila Trewlaney. A porta esta semiaberta e lá de dentro saia algo parecido com uma fumaça negra.

-         Você não quer entrar, quer? – perguntou Rony, tremendo.

Harry empurrou a porta. O dormitório de Sibila Trewlaney era escuro e repleto de objetos místicos. A professora dormia em uma pequena cama, flutuando meio metro da cama.

Com certeza, a cena de ver um fantasma dormindo foi assustadora. Vacilante, Harry se aproximou e disse:

-         Professora, acorda!

Ela abriu seus olhos enormes e deu um sorriso constrangido:

-         Ah, olá querido. O que você está fazendo aqui a essa hora?

-         Queria tirar uma dúvida. Entre logo, Rony!

-         Não pode tirar essa dúvida amanhã pela manhã, Potter? – disse a professora, virando-se.

-         Professora – falou Harry de uma vez – a senhora não morreu naturalmente.

-         Como é que é? – a professora se sentou rapidamente na cama – como... você sabe?

-         Profª. Trewlaney, a senhora foi assassinada! – gritou Harry.

A professora ficou mais branca de choque.

-         Sim – ela confirmou – fui assassinada.

-         Como? – gaguejou Rony.

-         Certo dia eu estava dormindo, quando acordei, apenas morri. E como marca, me restou essa cicatriz.

Harry examinou a cicatriz da professora (com um Rony tremendo dos pés às cabeças espreitando atrás dele), que era reta e normal.

-         Ah sim, professora, obrigada.

Ela flutuou e bloqueou a porta:

-         Esperem aí! Vocês pensam que fazem perguntas sobre a minha morte e vão embora?

-         O que você quer que façamos? Sorrir? – perguntou Harry, seco.

-         Me jurem que não vão sair por aí contando sobre a minha morte? – indagou Trewlaney, ansiosa.

-         Juramos – responderam Harry e Rony, solenemente.

-         Ok. Boa noite – e abriu passagem.

Rony e Harry não se olharam durante a volta para a torre da Grifinória, onde a festa se prolongava. Os dois foram direto para o dormitório e se deitaram, olhando para o teto:

-         Onde você quer chegar? – perguntou Rony.

-         Eu descobri tudo, tudo. A cicatriz é a marca do corte para a retirada do sangue, mas ela morreu com um feitiço negro.

-         Não pode ser...

       - Sim, Rony, Voldemort matou Sibila Trrewlaney.