Capítulo 8 - Alquimias (Parte II)
 

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Harry juntou seu material e saiu correndo para o encontro dos dois. Mione tinha um mapa que ganhara da profª. McGonall.

-         Certo. Aqui diz que a sala de Alquimia é na Torre Sul, mais ao norte da sala de Astronomia. Vamos logo, não quero perder nem um minuto sequer!

Os três seguiram o mapa de McGonall e chegaram em um corredor, que ia diminuindo até caber uma pessoa dez centímetros mais alta que Harry (Rony teve que se agachar para passar). E o corredor se dividiu em dois logo no final: em um deles, ouviam-se vozes e murmúrios, e no outro, o mais absoluto silêncio. Hermione se aproximou e apurou os ouvidos.

-         Devemos ir pelo corredor silencioso.

-         Claro que não! – discordou Rony – onde há vozes, há sala. Vamos por aqui – dizendo isso, puxou Hermione e Harry pelo braço para o corredor das vozes. Andaram, andaram... o corredor parecia não ter fim.

-         Chega – disse Hermione, desabando no chão de cansaço – estou cansada.

-         Eu também – Harry sentou-se ao lado de Mione.

-         Estamos quase chegando, posso ver – disse Rony, limpando o suor da testa.

-         Não creio – Nicolau Flamel veio andando na direção oposta deles. Hermione apertou o braço de Harry de emoção.

-         Não me digam seus nomes. Nunca fui bom em Adivinhação, mas posso ler quem são nos seus olhos – sorriu o velhinho – Alvo me contou da façanha que fizeram no primeiro ano. Isso mesmo descobriram a Pedra. Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley.

“Mais um Weasley, Ronald! Conheci seu pai quando me aposentei do Ministério. Ele estava apenas começando, que pena. Hermione Granger, a primeira aluna de Hogwarts... Harry Potter, puxa... acho que não preciso falar nada. Conheci seus falecidos pais. Você se parece muito com Tiago, mas os olhos de Lílian...”.

Todos eles sorriram tímidos.

-         Hãn, com licença, professor – disse Hermione – obrigada, mas, acho que queríamos saber onde estamos e como vamos para a sala de aula. – Harry e Rony concordaram com a cabeça.

-         Isso foi uma invenção minha – disse Flamel orgulhoso – vocês deveriam sentir mais, e nem sempre confiar nos ouvidos. Seus colegas tiveram o mesmo erro, sorte que pude encontrar todos.

Flamel tirou sua varinha e apontou para a parede em que Hermione e Harry estavam encostados. “Afastem-se”, disse ele. Eles se juntaram a Rony e observaram o professor.

-         Miminufis! – a parede se abriu numa passagem secreta, que dava para o corredor silencioso.

-         Ah! – Hermione deu um gritinho de satisfação – não disse que era para esse lado?

Andaram mais um pouco e chegaram em uma parede sólida, que tinha um grande “A” florido e decorado, como um brasão.

-         Prestem atenção – disse Flamel – Adeam!

-         Uma palavra mágica nova? – disse Hermione – Genial, professor!

-         Obrigado, srta. Granger – agradeceu Flamel. Nesse instante, a sala de aula se abriu diante deles. Era uma sala escura, mal iluminada. Havia banquinhos espalhados pela sala de aula e bancadas com espaços para encaixar os kits de alquimia e os livros. Em frente da mesa de Flamel, os alunos haviam puxado banquinhos. Malfoy estava entre eles, ladeado por Crabbe e Goyle. Eles puxaram cadeiras e se sentaram.

-         Boa tarde... Nicolau Flamel, professor de Alquimia. Antes de começarmos, gostaria de ensiná-los a chegar nessa sala de aula.

A mão de Malfoy ergueu-se no ar:

-         Professor, eu acho que é uma maneira muito complicada...

-         Continuando – Flamel fingiu (ou não) que não escutou Malfoy, deixando aborrecido – nem sempre devem confiar nos ouvidos, como disse aos senhores Potter, Weasley e a senhorita Granger.

-         O trio maravilhoso – desdenhou Malfoy.

-         Acho que quem está dando a aula sou eu, sr. Malfoy – disse Flamel, fazendo os grifinórios rirem silenciosamente – quando se perderem ou chegarem no corredor que não dão para lugar nenhum, tirem suas varinhas e digam Miminufis. Caso alguém se perca, por favor, não hesite em gritar por socorro. Quando chegaram no corredor certo, procurem pela parede em que há gravado um “A”. A nova palavra é Adeam. Sim, a aula... vou dividi-los por bancadas, cinco cada. Uma fila, por favor.

Os alunos se organizaram em uma fila. O professor pegou sua chamada e fitou-a.

-         Vejamos, Sonserina e Grifinória... na primeira bancada: Neville Longbottom, Vicent Crabbe, Parvati Patil, Dino Thomas e Ronald Weasley.

Rony soltou um olhar aflito para Harry e Hermione. “Pelo menos há mais grifinórios do que sonserinos”, pensou Harry para si mesmo ao ver a cara de Crabbe.

-         Segunda bancada – e disse o nome dos alunos. Lá pela quarta bancada, ele hesitou.

“Hum... Gregório Goyle, Draco Malfoy, Lilá Brown, Hermione Granger e Harry Potter”.

Malfoy e Harry se olharam com muita raiva. Lilá e Hermione sentaram-se entre eles. Flamel continuou dividindo os outros alunos.

-         E então, Malfoy? – provocou Hermione – conseguiu consertar os dentes?

-         Pior você, Granger, que teve que contar com recursos dos trouxas nojentos para diminuir seus dentes anormalmente grandes.

-         Calado, Malfoy! – Hermione mandou, com o rosto vermelho – mas dizem que os dentes de Madame Pomfrey não são muito bons...

-         Ah é? – disse Malfoy malicioso. Ele tirou a varinha e apontou para Hermione. Harry levantou-se imediatamente, mas tarde demais – Densaugeo!

Os dentes de Hermione cresceram, cresceram e se espalharam por todo o seu rosto. Hermione deu um berro de horror e pôs-se a chorar. Harry viu que Parvati estava segurando Rony, impedindo-o de avançar em Malfoy. Ele pulou em cima do garoto e deu-lhe um soco. Desarmado, Malfoy caiu no chão e Harry caiu em cima dele, colocando a varinha em seu pescoço.

-         Vai me matar, Potter? Pode me matar, se quiser, ensino até uns feitiços negros... Azkaban vai ser seu lugar

-         Meninos! Parem, parem! – Flamel pedia desesperado.

Harry se deu conta do que estava fazendo. Soltou Malfoy, que estava com um enorme olho roxo. Mas, o garoto o atingiu um feitiço em Harry:

-         Locomotor Mortis! – as pernas de Harry se colaram e ele não podia andar. Revoltado, revidou ao feitiço.

-         Tarantallegra! – Malfoy começou a dançar uma dança esquisita, sem poder parar.

-         Já chega! – gritou o professor, desfazendo os feitiços lançados – por favor, você (e apontou para Lilá), srta. Brown? Leve a srta. Granger para a enfermaria. Potter e Malfoy, detenção para os dois. E sentem-se em bancadas diferentes.

Lilá tocou a parede (Adeam!) e levou uma Hermione chorosa e com dentes espalhados pelo rosto para a enfermaria.

O professor trocou Crabbe por Harry e Parvati por Hermione, para que não houvesse mais confusões.

-         Se Parvati tivesse me deixado – disse Rony, aborrecido – teria quebrado os dentes de Malfoy de novo.

-         Bem, depois desse fato lamentável, gostaria que abrissem o livro no primeiro capítulo da primeira unidade. “Transformação de pedra em ouro”. Antes de tudo, gostaria de avisar que o aluno que sair transformando pedras em ouro será expulso e perderá duzentos pontos para a casa. Capítulo primeiro: Materiais necessários para a preparação.

“Alquimia seria uma mistura de Poções e Transfigurações. Faremos poções para transformar algo. A poção é complexa, mas estarei aqui para ajudá-los. Primeiro item, anotem: sangue de unicórnio”.

Harry levantou a mão assustado:

-         Professor, mas sangue de unicórnio não lança uma maldição para quem o usa?

-         Boa pergunta, Potter. Esse sangue que utilizaremos é de unicórnios de criadouros, que são colhidos uma vez por ano, para que o animal não se sinta ameaçado e acabe com a vida de quem o colhe.

“Continuando, anotaram tudo o que eu disse? O segundo item é um tipo de sangue de dragão. Como vocês sabem, existem doze diferentes... qualquer um cai bem. O terceiro item é ouro, pepita ou grãos, não importa. Funciona do mesmo jeito, além da pepita ser mais cara.”

“O quarto e último item é, talvez, o mais importante. A pedra. Mas não é uma pedra qualquer, sr. Zabini... são pedras frescas, tirado de pedreiras. Sorte que existe uma por trás da Floresta Proibida.”

O sinal tocou e todos os alunos pegaram seus livros, kits de alquimia, penas e pergaminhos. O professor Flamel os conteve e disse:

-         Só porque é primeiro dia de aula não vou dar dever de casa? Contornem a Floresta Proibida e vão até a pedreira. Tragam uma pedra para a próxima aula. Podem usar magia, sim.

“Por favor, Sr. Potter e Malfoy, esperem. Vamos combinar a detenção, mas não comigo. Com Dumbledore.”

Harry arrepiou-se todo. Malfoy também estava com uma cara terrível.

-         Que aulas vocês terão agora? – perguntou Flamel.

-         Herbologia – respondeu Harry.

-         Eu tenho Quadribol – resmungou Malfoy.

O professor andou até a lareira apagada no canto da sala, pegou um pó e gritou:

-         PROFª. SPROUNT! MADAME HOOCH!

A profª. Sprount e Madame Hooch apareceram. A profª. Sprount tinha as unhas mais sujas que o costume e Madame Hooch estava curiosa:

-         Chamou-me, Flamel? – disse Madame Hooch.

-         Sim, Madame Hooch, profª. Sprount. Potter terá Herbologia e Malfoy, quadribol. Queria pedir a despensa dos dois. Aprontaram-me hoje na aula e vão combinar suas detenções com Dumbledore.

As professoras fizeram cara feia, mas, acabaram concordando. Flamel levou-as de volta para suas salas, com seu pó. Malfoy e Harry olhavam para os pés.

-         Vamos – disse Flamel. Ele os levaram para a torre já conhecida por Harry.

“Raio de limão”, disse Flamel. A sala dele se abriu. Malfoy ficou maravilhado, nunca estivera lá (não que não merecesse). Fawkes, a fênix de Dumbledore veio voando e pousou no ombro de Harry, que a acariciou.

Dumbledore estava atrás de sua mesa, uma expressão estranha no rosto. A profª. McGonall tinha um ar muito severo... Snape estava lá também. Estava pior do que o de costume, os cabelos mais sebosos, o olhar petrificante, espumando de raiva.

-         Ora, ora – ele desdenhou – já arrumando encrenca, Potter?

-         E Malfoy? – respondeu McGonall, defendendo Harry discretamente.

-         Severo, Minerva, chega. Deixem os meninos nos contarem o que aconteceu.

-         Malfoy – começou Harry – enfeitiçou Hermione com um feitiço Densaugeo.

-         Mas aquela sangue-ruim que me provocou! – respondeu Malfoy.

-         Não chame Hermione de sangue-ruim! – gritou Harry, tentando avançar em Malfoy, mas foi contido por McGonall.

-         O que Potter fez com você, Draco? – perguntou Snape gentilmente.

-         Me enfeitiçou com um feitiço Tarantallegra, professor – respondeu Malfoy.

-         POTTER! – Snape avançou em Potter, gritando e cuspindo nele – VOCÊ NEGA QUE ENFEITIÇOU DRACO COM UM FEITIÇO TARANTALLEGRA?

-         Não – Harry baixou a voz.

-         EU EXIJO A EXPULSÃO DE POTTER! – gritou Snape.

-         Por favor, Severo – respondeu McGonall aborrecida – nenhum aluno nunca foi expulso por causa de um feitiço Tarantallegra!

Snape sentou-se na cadeira. Cada músculo seu transpirava raiva.

-         Harry, o que Draco fez com você?

-         U-usou o feitiço Locomotor Mortis, professor Dumbledore.

-         Levando em consideração que os feitiços que Malfoy usou são mais graves... sugiro duas detenções para ele – disse McGonall, soltando (finalmente) Harry

-         Mas professor! – protestou Malfoy – Potter me deixou com um olho roxo! – e apontou para seu próprio olho.

-         Então – sussurrou Snape tentando se conter – duas detenções para Potter são suficientes.

-         Certo – disse Dumbledore, puxando uma cadeira para Flamel – já que os diretores das duas casas concordam, gostaria que Minerva sugerisse as de Malfoy.

A profª. McGonall fitou-o longamente e finalmente disse:

-         Sugiro uma redação de dois metros cada. O tema da de Malfoy será os Potter.

-         O quê? – Malfoy acordou de um transe – os Potter? NUNCA!

-         Ah vai sim! – acrescentou McGonall – e a segunda... servir o jantar de hoje para todas as mesas, tratando os grifinórios de forma especial.

-         JAMAIS! EU, UM MALFOY SERVINDO O JANTAR? ESPERE MEU PAI SABER DISSO! – Malfoy estava rosa (era impossível de ficar vermelho) de raiva e apontava o dedo furiosamente para McGonall.

-         Sr. Malfoy! Seu pai com certeza nos daria razão – disse Dumbledore calmamente – por favor, não nos faça dar três detenções por desrespeitar um professor. Severo, sugira as de Harry.

Snape o olhou malignamente.

-         Mas, por favor, não exagere! – pediu Dumbledore.

-         Tudo bem, diretor – respondeu Snape – a redação de Potter será sobre Natalie Hufflepuff.

-         Natalie Hufflepuff? – disse Harry desanimado – por que ela? Pode ser qualquer pessoa, menos ela...

-         O que foi, Potter? – sussurrou Snape – perturbado com o fato de Hufflepuff ser mais famosa do que você?

Harry baixou a cabeça.

-         E... – continuou Snape – passar uma noite na sala comunal da Sonserina.

Harry olhou-o assustado: era tudo o que ele menos queria na vida.

Dumbledore não deixou de notar a cara de terror de Harry:

-         Bem, que sejam cumpridos as detenções desde já. Severo, acompanhe Malfoy e o deixe na cozinha, com Madame Garamound. Minerva, acompanhe Harry até a biblioteca e o deixe sobre os cuidados de Madame Pince.

No caminho, a profª. McGonall murmurava coisas incompressíveis como “nunca pensei”, “um grifinório na Sonserina, foi demais...”

-         Madame Pince? – ela estava atrás de uma longa prateleira de livros – por favor, estou deixando Potter aos seus cuidados, cumprindo detenção. Ele precisa escrever dois metros sobre Natalie Hufflepuff – Harry não pode deixar de notar o desagrado na voz de Minerva McGonall.

 

 

-         Harry – Rony entrou na biblioteca depois que o sinal bateu – tivemos uma aula incrível sobre mandrágoras adultas. Depois te passo o que a profª. Sprount disse.

-         Legal – respondeu Harry desanimado.

-         Acabei de ver Hermione – tentou Rony, na última tentativa de alegrar Harry – ela está bem. Deve sair da enfermaria depois de amanhã, tem dentes no nariz.

Harry não respondeu nada. Pegou um enorme livro titulado: Hufflepuff, a história do clã e outro Helga Hufflepuff: uma vida de lutas e batalhas. Rony examinou o que ele tinha escrito.

-         O que é isso?

-         Detenção – respondeu Harry – dois metros de pergaminho sobre Natalie Hufflepuff.

-         QUÊ? – Rony gritou, chamando a atenção de Madame Pince, que estava na ala de Poções. Ela veio caminhando decidida. Harry se apressou a dizer.

-         O pior é que eu vou ter que passar essa noite na Sonserina!

Rony deixou o queixo cair. Madame Pince chegou à mesa de Harry e pegou Rony pelas orelhas.

-         Queira se retirar, rapazinho – ela disse severamente – Potter ainda tem um metro e trinta centímetros para cumprir.