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O NARCO-ESTADO

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Todo o poder emana do povo.
Mentira!
Todo o poder emana do pó!

Ao constatar o que quase todo mundo já imaginava,
ficamos pensando se  a CPI do Narcotráfico levantou
a totalidade ou apenas a ponta do iceberg.

Estamos numa  das maiores economias do mundo e,
paradoxalmente, uma das nações mais corruptas do planeta,
uma das que tem a pior distribuição de renda
e um dos mais elevados déficit públicos em relação ao  PIB.
Assim, tendemos, inexoravelmente,
a considerar a pior hipótese.

Conforme pesquisas amplamente divulgadas,
a quase totalidade do povo brasileiro considera geralmente
os políticos como desonestos, ladrões e coisas similares.

Então, podemos esperar, naturalmente,
além das falcatruas habituais,
a utilização do tráfico de drogas para fácil obtenção
de verba, visando o financiamento
de suas faraônicas campanhas eleitorais .

Já tivemos até um Presidente da República
conhecido por Fernandinho do Pó.
Hoje, seu tesoureiro, a esposa e a amante deste,
estão sendo devorados pelos vermes,
após mortes ocorridas em circunstâncias
inexplicadas até o momento,
consideradas como queima de arquivo.

Segundo o Deputado Malta,
Presidente da CPI,
há seguramente uns 300 peixes grandes
(ele mencionou baleias, já que considera
ter prendido alguns "peixes grandes")
vivendo nababescamente as custas do pó,
conduzindo a distância este próspero e iníquo negócio.
(Programa "Passando a Limpo com Boris Casoy",
TV Record, dia 28/11/99)

O que está em jogo é algo, diante do qual,
a vida humana nada significa;
e, como sempre, nada significou:
a luta maquiavélica pelo podre poder.

Além de um Estado autoritário,
ditatorial, ainda que civil,
e com eleições definidas pelo poder econômico
(cuja intensidade de participação do narcotráfico
ainda é desconhecida, mas não insignificante),
este processo culmina no Narco-Estado que,
se não domina absolutamente o primeiro,
é virtualmente seu manipulador.

O Dep. Malta afirmou categoricamente
nesta mesma ocasião que
o ex-Deputado Hildebrando
controlava "todo" o Acre.
(Aspas subentendidas por mim.)

Os territórios sob comando
da parte mais visível do Narco-Estado,
são palcos de chacinas diárias,
como resultado de uma guerra civil,
instaurada entre facções rivais,
as quais dominam, incólumes,
a população da periferia,
na ausência do governo oficial.

A visceral e generalizada prostituição da polícia
com o crime organizado,
tornou-se algo naturalmente tolerado.
(Toda regra tem exceção.
E não devem ser poucas... 10%? 20%? 30%?
Quem o poderá dizer?
Os policiais honestos que me perdoem!
Imagino o quanto deve ser difícil para eles
trabalhar num ambiente assim...
Como deve ser difícil ser honesto num ambiente assim.)

O Deputado Malta também nos assegura
que o pó penetrou tão profundamente no Estado
brasileiro que, funcionários honestos recebem órdens
de seus superiores e fazem o trabalho sujo
para os interesses nefandos,
julgando que estão servindo à população.
(P. ex., ao escolher um perito para um determinado crime,
já receberiam o nome de alguém fiel à narco-organização.)

Podemos ver comandantes de PM,
deputados, prefeitos e atores menores
deste vergonhoso drama,
desfilarem frente aos nossos olhos,
nos jornais televisivos diariamente.

Mas, como sempre, os verdadeiros líderes
desta complexa e poderosa organização
permanecerão impunes.
Apenas uns bodes expiatórios pagarão
pela culpa da cúpula do pó.

O Deputado Malta afirma que esta CPI,
como as anteriores fará o seu trabalho,
mas o restante, dependerá de vontade política
nos órgãos da Justiça, os quais já sabemos,
funcionam normalmente como um grande leilão.
Pagando o devido preço, o serviço é feito sob medida.
(Isto significa que terá o mesmo destino das outras...)

São estes respeitáveis senhores,
acima de qualquer suspeita,
que ocupam posições superiores no Estado oficial,
que permanecerão comandando os novos substitutos
daqueles que forem eliminados num processo legal
ou nas costumeiras queima de arquivo,
caso suas fugas não sejam contratadas a preço de ouro,
como soe acontecer, num sistema judiciário e penitenciário,
também a serviço da bandidagem.

(Os desembargadores, juízes, carcereiros
e demais funcionários honestos também me perdoem...)

Os métodos legais e civilizados
se tornam quase impotentes,
diante da capacidade de intimidação,
sequestro, assassinatos e outras formas mais
convincentes de sobrevivência do crime organizado,
o qual apenas se transmuta nestas circunstâncias,
confundindo-se com a paisagem,
enganando perenemente os incautos.

A mensagem que fica para a população carente
de emprego, saúde, escola, lazer, casa ou terra,
é de que o crime compensa.

Ou, pelo menos, compensa arriscar colher,
tanto o fruto do sucesso, quanto da frustração,
nesta única opção que resta aos menos favorecidos pela sorte,
ou, mais favorecidos pelo azar de não chegar até eles
a parte legítima que lhes cabe neste latifúndio.

Afinal, estarão se alinhando com muita gente boa,
que comanda este país, ainda que não exatamente,
desfrutando de tão elevado conceito quanto aqueles.

E, pela seleção natural desta narco-corrupta espécime,
alguns ocuparão futuramente
cargos de destaque no cenário nacional,
como recompensa pelos relevantes serviços prestados
aos dúbios Estados que se sustentam mutuamente.
A Narcocracia.
 

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Heitor Reis é Engenheiro Civil em Belo Horizonte, MG
Nenhum direito autoral reservado.
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Críticas são bem-vindas.
Respondo polidamente à todas.

 


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