Desenvolvimento

Antes que a monotipia se tornasse um meio popular, outros cento e cinquenta anos se passaram. Um dos únicos artistas antes de Degas (1834-1917) que escolheu este processo como meio de impressão foi William Blake (1757-1827). Ele pintou com têmpera de ovos sobre um papelão bem grosso, o que resultou em uma qualidade granular e textural de suas pinturas, que eram às vezes retocadas com canetas e pincéis.

 

Nos anos que se sucederam a Blake, o processo de impressão que nós definimos como monotipia quase desapareceu. O interesse pela impressão experimental foi reavivado apenas no final de 1860 quando jovens impressionistas se tornaram familiarizados com as possibilidades do uso criativo das pinturas. As experiências de impressão parecem ter sido influenciadas pelos recentes aprimoramentos da fotografia com seus contrastes de preto e branco e interposições de imagens positivas e negativas. Edgar Degas (1834-1917) (fig 26). foi apresentado aos desenhos impressos, como eram chamados na época, graças a seu amigo Ludovic Lepic (1839-1889) que era um experimentador nas tonalidades de secagem e que inventou o método retroussage de borrões: um modo de adicionar tinta a uma superfície previamente seca que produz muitos tons ricos sobre a impressão. Degas trabalhou e retrabalhou suas superfícies de modos variados, borrando cores e adicionando mais tinta sobre a superfície, usando trapos de panos, dedos, pincéis ou mesmo adicionando desenhos em pastel ou finalizando com alguns toques para melhorar a coloração. Fez mais de 500 monotipias e entusiasmou seus contemporâneos como Mary Cassat e Paul Gauguin entre outros.

 

Fig. 26 – A Estrela, 1876/77, Edgar Degas,

Pastel sobre Monotipia, Musée d’Orsay, Paris

 

O final do século XIX viu uma revoada de imagens de monotipia. Observando Degas trabalhar, Camile Pissarro (fig. 28)começou a produzir monotipia por ele mesmo. Paul Gauguin (fig. 27) trabalhou independentemente, desenvolvendo sua própria técnica, chamada traço monotípico. Seu método consistia em colocar tinta numa folha de papel, deitar outra por cima, e ir desenhando sobre o papel de cima de maneira linear. Paul Klee (1879-1940) usou e desenvolveu seu método alguns anos mais tarde para suas intrigantes pinturas.

 

Fig. 27 – The Pony, c. 1902, Paul Gauguin, Monotipia

 

Fig. 28 – Vacherie le soir, c. 1890, Camile Pissarro, Monotipia

 

Na América também podemos citar vários artistas praticantes da monotipia como Frank Duveneck, William Merrit Chase, Charles Walker, Maurice Prendergast e muitos outros. Igualmente na Europa vários artistas experimentaram a técnica, como Pablo Picasso (1881-1973) que criou mais de cem , Georges Roualt (1871-1958), Henri Matisse (1869-1954), para citar somente alguns. Nos Estados Unidos temos Milton Avery (1893-1965), Adolph Gottlib (1903-1974), Richard Diebendorn (1922), Robert Motherwell (1915), Mary Frank (1933), Nathan Oliveira (1928) e Jasper Johns (1930), entre muitos outros.

A idéia de que a monotipia é uma "irmã bastarda" da gravura parece não estar longe de mudar. Muitos artistas contemporâneos preferem esta técnica pela execução rápida e versatilidade que ela oferece, fazendo um trabalho sério de grande beleza estética. Em São Francisco, EUA, há um ateliê somente de artistas que trabalham com esta técnica, ponto de encontro de idéias e divulgação de suas imagens.