FILMES 2005

--- segundo semestre ---



Filmes Janeiro

(nove filmes)
1 - Moça com brinco de pérola (Girl with a Pearl Earring, 2003, 95 min, Inglaterra, Peter Webber) - 3.5
2 - Alexandre (Alexander, 2004, 176 min, Eua, Oliver Stone) - 2
3 - Closer: Perto Demais (Closer, 2004, 104 min, Eua, Mike Nichols) - 8
4 - Colateral (Collateral, 2004, 120 min, Eua, Michael Mann) - 8
5 - Tróia (Troy, 2004, 163 min, Eua, Wolfgang Petersen) - 3.5
6 - Minha vida sem mim (Mi Vida Sin Mi, 2003, 106 min, Espanha, Isabel Coixet) - 2.5
7 - Elektra (Elektra, 2005, 96 min, Eua, Rob Bowman) - 0
8 - Osama (Osama, 2003, 83 min, Afeganistão, Siddiq Barmak) - 5.5
9 - Desventuras em série (Lemony Snicket's A Series of Unfortunate Events, 2004, 113 min, Eua, Brad Silberling) - 7.5

Filmes Fevereiro

(vinte e três filmes)
10 - Paixão a flor da pele (Wicker Park, 2004, 115 min, Eua, Paul McGuigan) - 1
11 - Na companhia do medo (Gothika, 2003, 98 min, Eua, Mathieu Kassovitz) - 4.5
12 - O enviado (Godsend, 2004, 102 min, Eua, Nick Hamm) - 0
13 - Eurotrip (Eurotrip, 2004, 90 min, Eua, Jeff Schaffer) - 4
14 - Durval Discos (Durval Discos, 2002, 96 min, Brasil, Anna Muylaert) - 2
15 - Destino Insólito (Swept Away, 2002, 89 min, Inglaterra, Guy Ritchie) - 1
16 - Entrando numa Fria maior ainda (Meet the fockers, 2004, 115 min, Eua, Jay Roach) - 7.5
17 - Meu primeiro homem (My First Mister, 2001, 109 min, Eua, Christine Lahti) - 2.5
18 - Les Girls (Les Girls, 1957, 114 min, Eua, George Cukor) - 7
19 - O justiceiro (The Punisher, 2004, 124 min, Eua, Jonathan Hensleigh) - 7.5
20 - Redentor (Redentor, 2004, 95 min, Brasil, Cláudio Torres) - 6
21 - Grande Problema (Big Trouble, 2002, 85 min, Eua, Barry Sonnenfeld) - 4.5
22 - Do jeiro que ela é (Pieces of April, 2003, 81 min, Eua, Peter Hedges) - 1.5
23 - 7 noivas para 7 irmãos (Seven Brides for Seven Brothers, 1954, 102 min, Eua, Stanley Donen) - 5.5
24 - Em busca da terra do nunca (Finding Neverland, 2004, 106 min, Eua, Marc Forster) - 7.5
25 - Menina de Ouro (Million Dolar Baby, 2004, 132 min, Eua, Clint Eastwood) - 9
26 - Ray (Ray, 2004, 152 min, Eua, Taylor Hackford) - 7
27 - Mar Adentro (Mar Adentro, 2004, 125 min, Espanha, Alejandro Amenábar) - 8
28 - Igual a tudo na vida (Anything Else, 2003, 108 min, Eua, Woody Allen) - 3
29 - Starsky & Hutch (Starsky & Hutch, 2004, 101 min, Eua, Todd Phillips) - 6
30 - A casa dos 1000 corpos (House of 1000 Corpses, 2003, 88 min, Eua, Rob Zombie) - 0.5
31 - O aviador (The aviator, 2004, 170 min, Eua, Martin Scorsese) - 10
32 - O amigo oculto (Hide And Seek, 2005, 101 min, Eua, John Polson) - 0

Filmes Março

(treze filmes)
33 - O grito (The grudge, 2004, 92 min, Eua, Takashi Shimizu) - 4
34 - O prisioneiro da grade ferro (O prisioneiro da grade de ferro, 2004, 135 min, Brasil, Paulo Sacramento) - 7
35 - Ônibus 174 (Ônibus 174, 2002, 120 min, Brasil, José Padilha) - 10
36 - O massacre da serra elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 2003, 90 min, Eua, Marcus Nispel) - 1
37 - Bem me quer mal me quer (À la Folie... Pas du Tout, 2002, 92 min, França, Laetitia Colombani) - 0
38 - Bad Boys 2 (Bad Boys 2, 2003, 140 min, Eua, Michael Bay) -6
39 - Pequena Menina, Grande Mulher (Uptown Girls, 2003, 94 min, Eua, Boaz Yakin) - 5.5
40 - Evil - Raízes do mal (Ondskan, 2003, 114 min, Suécia, Mikael Håfström) - 10
41 - The Brown Bunny (The brown bunny, 2003, 90 min, Eua, Vincent Gallo) - 0
42 - Com a bola toda (Dodgeball, 2004, 97 min, Eua, Rawson Marshall Thurber) - 6
43 - Super Size Me (Super Size me, 2004, 100 min, Eua, Morgan Spurlock) - 0
44 - O chamado 2 (The Ring Two, 2005, 110 min, Eua, Hideo Nakata) - 1
45 - Espanglês (Spanglish, 2004, 130 min, Eua, James L. Brooks) - 8

Filmes abril

(vinte e três filmes)
46 - Miss simpatia 2 (Miss Congeniality 2, 2005, 110 min, Eua, John Pasquin) - 0,5
47 - De repente 30 (13 going on 30, 2004, 98 min, Eua, Gary Winick) - 6
48 - Elas me odeiam, mas me querem (She hate me, 2004, 130 min, Eua, Spike Lee) - 2,5
49 - As branquelas (White Chicks, 2004, 105 min, Eua, Keenan Ivory Wayans) - 6,5
50 - A sétima vítima (Darkness, 2002, 102 min, Eua, Jaume Balagueró) - 3,5
51 - Reencarnação (Birth, 2004, 100 min, Eua, Jonathan Glazer) - 1
52 - Oldboy (Oldboy, 2003, 120 min, Coréia, Chan-wook Park) - 9
53 - Papai noel às avessas (Bad Santa, 2003, 98 min, Eua, Terry Zwigoff) - 7
54 - Antes do amanhecer (Before Sunrise, 1995, 105 min, Eua, Richard Linklater) - 8.5
55 - Antes do pôr do sol (Before Sunset, 2004, 80 min, Eua, Richard Linklater) - 7
56 - Team America (Team America, 2004, 105 min, Eua, Trey Parker) - 9
57 - Herói (Ying xiong, 2002, 93 min, China, Yimou Zhang) - 8
58 - Hitch (Hitch, 2005, 115 min, Eua, Andy Tennant) - 4
59 - Hora de Voltar (Garden State, 2004, 100 min, Eua, Zach Braff) - 8
60 - O clã das adagas voadoras (Shi Mian Mai Fu, 2004, 115 min, China, Zhang Yimou) - 9.5
61 - Jogos Mortais (Saw, 2004, 95 min, Eua, James Wan) - 8.5
62 - Todo mundo quase morto (Shaun of the Dead, 2004, 99 min, Inglaterra, Edgar Wright) - 7.5
63 - A batalha real (Battle Royale, 2000, 110 min, Japão, Kinji Fukasaku) - 9
64 - Sideways: Entre umas e outras (Sideways, 2004, 125 min, Eua, Alexander Payne) - 5.5
65 - Kinsey: Vamos falar de sexo (Kinsey, 2004, 119 min, Eua, Bill Condon) - 8
66 - Sob o domínio do mal (The Manchurian Candidate, 2004, 130 min, Eua, Jonathan Demme) - 9
67 - Refém de uma Vida (The Clearing, 2004, 91 min, Eua, Pieter Jan Brugge) - 4
68 - A inveja mata (Envy, 2004, 94 min, Eua, Barry Levinson) - 2.5

Filmes Maio

(trinta e seis filmes)
69 - Código 46 (Code 46, 2004, 90 min, Inglaterra, Michael Winterbottom) - 0.5
70 - Wimbledon - O jogo do amor (Wimbledon, 2004, 94 min, Eua, Richard Loncraine) - 6.5
71 - Kung-fusão (Kung fu Hustle, 2004, 100 min, China, Stephen Chow) - 10
72 - A família da noiva (Guess Who, 2005, 100 min, Eua, Kevin Rodney Sullivan) - 1
73 - Primer (Primer, 2004, 77 min, Eua, Shane Carruth) - Sem comentário. 1.5
74 - Adorável Julia (Being Julia, 2004, 105 min, Eua, István Szabó) - 5.0
75 - Assalto à 13 DP (Assault on Precint 13, 2005, 110 min, Eua, Jean-François Richet) - 8
76 - Bully (Bully, 2001, 105 min, Eua, Larry Clark) - 6.5
77 - O Declínio do Império Americano (Le Déclin de l'Empire Américain, 1986, 98 min, Canadá, Denys Arcand) - 3.5
78 - O peso da água (The Weight of Water, 2002, 113 min, Eua, Kathryn Bigelow) - 2.5
79 - Meu nome é Radio (Radio, 2003, 109 min, Eua, Michael Tollin) - 2
80 - Robôs (Robots, 2005, 90 min, Eua, Chris Wedge) - 7
81 - Marie-Jo e seus dois amores (Marie-Jo et ses 2 amours, 2002, 120 min, França, Robert Guédiguian) - 0.5
82 - Maria cheia de graça (Maria, Llena eres de Gracia, 2004, 100 min, Colômbia, Joshua Marston) - 7
83 - Contra-Corrente (Undertow, 2004, 105 min, Eua, David Gordon Green) - 7.5
84 - Muito além do cidadão Kane (Beyond the Citzen Kane, 90 e poucos, 90 min, da tv inglesa) - 5.5
85 - O filho do máscara (Son of the Mask, 2005, 85 min, Eua, Lawrence Guterman) - 1.5
86 - O pesadelo (Boogeyman, 2005, 86 min, Eua, Stephen T. Kray) - 0

87 - Contra Todos (2004, 95 min, Brasil, Roberto Moreira) - [Lá de cima Deus observa o planeta Terra. No planeta Terra seus olhos caem para o Brasil, e detalhamente, seus olhos correm para olhar São Paulo. A violência urbana é noticiaria televisivo e nem mesmo a casa é mais um lar seguro. Porém, os olhos de Deus está mais voltado para a saga de uma família, a degradação, a destruição, a auto-destruição, a dor, a ira, a angustia. Ele observa uma família de boa aparência: um chefe aparentemente frio, calmo, calculado; uma mulher simpática, prestativa, conhecida do mercado; e uma filha, talvez o ponto mais crítico, porém, que vai a escola e se comporta descentemente. Só que o ditado velhíssimo já diria: as aparências enganam. E então, Deus começa a notar como são REALMENTE essa família. Como são esses membros que fazem parte dela, e as pessoas que a cercam, como são esses seus "filhos". Ele observa a família aos poucos ir se acabando, e para o futuro, vê uma garota, que está virando mulher, conhece um mundo prematuro, desgostoso, impuro. A juventude está cega a religião, renega ela completamente. E, incrivelmente, dessa sociedade que Deus observa - essa garota com certo ar amoral, é a pessoa mais íntegra e correta. É daquela família, a pessoa que seria escolhida para ir para o céu - porém, o mais religiosos fanáticos, diriam que o capeta está encarnado nela. Tristemente engraçado é perceber o pai de semblante tranquilo, sofrer uma transformação tão anormal, explodir a ira, e criar atos que vão para longe do princípio que pretende seguir para uma nova vida. Entretanto, suas perspectivas não são muito prosperas. Contra Todos é um bom filme, intenso, cru, interessante, frio, emotivo, sufocante, e até certo ponto, chocante. Tinha tudo para ser uma obra-prima caso não falhasse fortemente em dois pontos: criar soluções de filme de serial-killer a trama, e, o diretor se achar praticamente Deus. O Deus que observa tudo] 6.5

88 - Versus (Versus, 2000, 120 min, Japão, Ryuhei Kitamura) - [uma aventura com elementos atemporais. numa floresta chamada de ressurreição, os mortos voltam a vida em forma de zumbis. um sujeito, estranhamente, instintamente, defende a protege uma garota. eles viram alvo de uma perseguição que revelará muitos segredos e diversas coisas irão sendo entendidas. a história é bem feita, mas a diversão mesmo encontra-se nas cenas de ação e humor na medida correta] 9

89 - Eterno amor (Un Long Dimanche de Fiançailles, 2004, 128 min, França, Jean-Pierre Jeunet) - [falar que "Eterno Amor" tem um visual lindíssimo é chover no molhado. isso todo mundo sabe, o trailer já revelava isso - e, convenhamos, isso já não é algo que esteja valendo assim tantos pontos. pelo menos, quando é nesse estilo que o filme utiliza. parece uma convencionalidade já. qualquer filme americano épico com orçamento pomposo atinge tal grau de perfeição visual facilmente. e falando em filme americano, se fala que "Eterno Amor" não foi selecionado para Cannes porque parece "americano demais" - e, curiosamente, essa afirmação nunca pareceu tão verdadeira. a embalagem é toda linda, e o conteúdo, é todo vazio, artificial e quer parecer esperto e complexo demais. complexo no filme, só analisar e entender porque tanta bagunça] 5.5

90 - O nome do jogo (Get Shorty, 1995, 100 min, Eua, Barry Sonnenfeld) - [o filme trabalho muito bem dentro da sua estratégia de estilo - seguir uma linha de filmes de mafiosos da de área cinematográfica da década de 90. só que não é toda a maravilha que pintam, mas é divertido] 6

91 - Be Cool - O outro nome do jogo (Be Cool, 2005, 110 min, Eua, F. Gary Gray) - [é bem ironicamente divertido o motivo pelo qual Chili Palmer resolve se desvincular da produção cinematográfica para cair no mundo da música. ele observa um cartaz de uma continuação, fala sobre as pressões, e detesta refilmagens (Tom Hanks, hilário). e olhando bem para "Be Cool", não seria um erro dizer que além de uma continuação ele também é quase que uma refilmagem - a única diferença é que agora o mundo explorado é o da música. só que, as qualidades dos personagens são infinitivamente superiores ao do primeiro filme - além de termos mais personagens secundários, e além deles serem mais "cools", também possuem um espaço melhor] 7

92 - Camisa-de-Força (The Jacket, 2005, 95 min, Ing, John Maybury) - [não adianta o diretor reclamar, é lógico que vão vender isso daqui como filme de terror ou suspense. a direção, o clima, o sufocamente, é tudo tradicionalmente de filme da linha de "Seven" e afins. só que ele é um drama de viagem no tempo e não tem absolutamente nada de terror. o diretor fez uma bagunça - parece que fez um filme com o conteúdo de outro] 2.5

93 - Ninguém pode saber (Dare Mo Shiranai, 2004, 140 min, Japão, Hirokazu Koreeda) - [não é um filme fácil. não digo com relação a ritmo ou complexidade, já que apesar de lento e da abordagem social profunda, o filme flui muito bem. Só que a tristeza que predomina durante o filme, com sorrisos lindos trajados de roupas sujas e rasgadas, ferem o coração. Atingem a dignidade daquelas pessoas. E a comoção acontece em uma escala maior, por essa ser uma história tirada de algo real (os letreiros iniciais já deixam claro que os personagens e as situações são fictícias, só que a premissa é inspirado em um acontecimento verídico), e que funciona de forma universal. o país é o Japão, só que a calamidade não é lá - o buraco é mais embaixo, e o mundo está em destroços. a sociedade está destroçada, arranhada, prejudicada por injustiças e diferenças, desigualdade. essa mesma história pode acontecer em tantos lugares, só que culturalmente, os acontecimentos podem acontecer de forma desigual - para melhor, ou então, acredite, para pior] 8

94 - Huckabees: A vida é uma comédia (I Earth Huckabees, 2004, 110 min, Eua, David O. Russell) - [cair no lugar comum seria chamá-lo de pretensioso. pois de fato, ele é sabe que é e é poderoso por causa disso. poderosamente ruim, mas é. a diversão é cheia de estilinho moderno cool, faz recortes, monta uma porção de ceninhas diferentes para delírio daqueles que acham o máximo uma câmera entrar numa fechadura (David Fincher e afins). chatérrimo] 2

95 - O Vôo da Fênix (Flight of the Phoenix, 2004, 113 min, Eua, John Moore) - [o roteiro limita-se em criar quase nada. durante o filme pouca coisa acontece e poucos conflitos surgem (e os que surgem são pra lá de batidos e causam até um constrangimento mútuo entre espectador e personagem, como por exemplo, a cena em que existe uma sucessão de "por favor"). nesse caso caberia ao filme aprofundar-se um pouco nas relações e nos comportamentos dos personagens, só que claramente isso é descartado pois não é esse tipo de público que ele quer atingir. sobra então para o roteiro, divertir-se na criação do avião e na corrida contra o tempo (no caso, contra duas coisas: a água escassa e o bando de nômade que retornará), até chegar ao lógico e óbvio final triunfante] 5

96 - 171 (Criminal, 2004, 87 min, Eua, Gregory Jacobs) - [em "Nove Rainhas" criava-se um laço de simpatia com os golpistas (o que por sinal, tornava seu final extremamente impactante). esse era o ponto mais forte do filme (junto, claro, com seu roteiro inteligentemente arquitetado), e nessa refilmagem americana George Clooney e Steven Soderbergh acharam uma boa idéia fazer com que esse elemento do original sumisse. é, estranho inclusive, que em alguns momentos o filme soe como se ambos os personagens criassem uma empatia com o espectador, algo que definitivamente está bem longe de conseguir. não existe também a empatia mútua entre os personagens. para qualquer coisa existe um clima de desconfiança de um lado e de outro (o que derruba seu final a zero). O final ainda toma um PÉSSIMO caminho de mocinhos e bandidos] 3

97 - A intérprete (The interpreter, 2005, 125 min, Eua, Sidney Pollack) - [algumas coisas que parecem homenagem ao Hitchcock acabam por fazer valer esse suspense político pra lá de enrolado e mal-resolvido. porém tirando essas interessantes sugadas da obra de Hitchcock (de "O homem que sabia demais", no caso, a Nicole sabe demais, até "Janela Indiscreta"), salva-se apenas uma genial cena dentro de um ônibus. o resto é resto, literalmente] 5

98 - Shaolin Soccer (Siu lam juk kau, 2001, 115 min, Hong-Kong, Stephen Chow) - [sua intenção é fazer rir. e consegue isso muito bem. com seu humor que é uma grande salada que lembra Chaplin, passando por Monthy Phyton, remete a Asterix e Obelix, e porque não, Chaves. é um mistão. são situações engraçadas de todas as formas: algumas inteligentes por diálogos, outras por diálogos/situações ingênuos, outras pelo apelo visual, o exagero, e por aí vai. É o típico filme de esporte ganhando uma remodelagem originalíssima - afinal, não é sempre que se tem um filme que mistura futebol e com Kung fu e, esse Kung Fu parece mais que os tornam em seres super especiais. "Shaolin Soccer" não é um excelente filme, ele tem uma queda de rendimento na parte final, e algumas coisas ficam mal encaixadas; só que, esses erros foram corrigidos em "Kung Fu Hustle", que é mais interessante, mais engraçado] 8

99 - Sahara (Sahara, 2005, 120 min, Eua, Breck Eisner) - [que Penelópe Cruz consegue derrubar filmes já é de conhecimento público há alguns anos. e isso volta a acontecer com esta aventura à lá Indiana Jones. só que é um Indiana Jones sem carisma algum, com uma falta de química tremenda - e uma histórinha que francamente, é de chorar de ruim] 3

100 - Constantine (Constantine, 2005, 121 min, Eua, Francis Lawrence) - [tcha tcha tchannnn... aproveitaram a figura de Keanu Reeves interligada ainda ao notório Neo, e colocam ele como um super-herói para combater os males demôniacos que está em nosso mundo mas não conseguimos ver. cria-se um fiapo de história (morre a irmã gêmea de uma policial - onde pode ter algo relacionado a essas coisas), para ter uma sucessão de falso-estilo e excesso de papo-furado] 3.5

101 - Refém (Hostage, 2005, 102 min, Eua, Florent Emilio Siri) - [é interessante pelos rumos que o personagem do Bruce Willis toma. por um motivo compreensível - fortemente emotivo e afetivo - mas pelo menos toma. vira um tipo de herói sem ideal, sem princípio, sem conceito. tem lá umas previsibilidades que incomodam com um misto da obviedade (se prende e enrola nas próprias pernas), mas tá aí bem divertido] 5.5.

102 - Para sempre Lilya (Lilja 4-ever, 2002, 109 min, Suécia, Lukas Moodysson) - [preciso conhecer mais o cinema de Moodysson, mas ao que parece, do trajeto de "Amigas de Colégio" até este, ele deve ter tido alguma decepção com o mundo. aliás, não só ele, todos. é constante se abalar com as calamidades que acontecem ao redor do mundo. e a dedo, Moodysson revela uma dessas histórias (não que seja verídico, mas é uma história absolutamente realísta) - deixando uma garota sonhadora bem próxima da gente, para sentirmos acontecer as crueldades que cercam a mente do ser humano. porém, assim como no filme de 98 (apesar de não com tanto ar de otimismo), existe onde ver esperança] 10

103 - Blade Trinity (Blade Trinity, 2004, 106 min, Eua, David S. Goyer) - [pobre Blade. que fim deplorável e que poço sem fundo conseguiu chegar. decadência, à altura da decadência de Snipes. sem maiores comentários.] 1.5

104 - Eraserhead (Eraserhead, 1977, 89 min, Eua, David Lynch) - [vários elementos que se tornariam recorrentes no cinema do David Lynch acontecem nessa sua obra. o fato de a câmera entrar em caixas, buracos, ou algo do tipo para levar à uma jornada de sonho, ilusão e delírio. as coisas que acontecem são horripilantes, personagens estranhíssimos, e um tipo de abordagem extremamente bizarro e fora do comum. é um Lynch típico, mas que com o tempo, seria aprimorado, para então ter algo que combinasse melhor com esse tipo de estética e narração, que foi a perfeição chegada com "Cidade dos Sonhos"] 6

Filmes Junho


105 - Rings (Rings, 2005, 16 min, Eua, Jonathan Liebesman) - [o diretor do tosquérrimo "No cair da noite" fez esse curta-metragem que é um prequel do horrível "O chamado 2", e surpreendentemente, conseguiu um resultado inesperado. não que venha a ser uma pérola, e não chega a fazer algo digno do primeiro filme, mas comparando ao filme do Nakata, tem méritos inquestionáveis, dentre eles, conseguir buscar na conseqüência do primeiro filme, algo para dar continuidade - buscando criar dentro daquela história, um mito. correto, no mínimo] 6

106 - Debi & Lóide - Quando Harry Conheceu Lóide (Dumb and Dumberer: When Harry Met Lloyd, 2003, 82 min, Eua, Troy Miller) - [alguns atores do filme dizem que eram fãs do primeiro filme, que foi um filme importante, e dentre outras coisas, diziam até mesmo que era talvez a melhor comédia dos últimos 15 anos. não discordo, o primeiro filme realmente é uma pérola. um marco do cinema cômico da década de 90. só que, fizeram essa continuação, e trocaram tudo as bolas - o que me faz pensar que que esteve envolvido nisso, não entendeu o primeiro filme. a dupla que no primeiro filme transparece um carisma, uma simpatia, e um certo encanto pela ingenuidade. nessa continuação que perde-se em tudo que quer fazer, transforma a dupla definitivamente em retardados. deprimente] - 0

107 - O dorminhoco (Sleeper, 1973, 88 min, Eua, Woody Allen) - [só não é o melhor filme do Woody Allen para mim porque "A rosa púrpura do caíro" me pega por um lado romântico mais afetivo, mas como comédia, é muito provavelmente o melhor filme do diretor. cheio de idéias brilhantes, diálogos que transbordam o típico humor genial do direto, e ainda possui uma trama bem estruturada - arquitetada de forma brilhante para desenvolver situações hilárias (exemplo a cena onde disfarçados de médicos, Allen e Keaton - excelentes atuações e química impecável - armam basicamente um circo para um processo de clonagem). o lado político do Allen também está bem aguçado, explorando o tradicionalíssimo conflito ditadores vs. protestantes, ou direta vs esquerda. que ao final, quando se toma ao poder, tem a mesma resolução. genial em forma e em conteúdo]. 9

108 - Freeze Frame (Freeze Frame, 2004, 100 min, Ing, John Simpson) - [não é algo tão original assim como parecia ser ao que se lia sobre. é um daqueles filmes policias psicológicos de se descobrir quem é o verdadeiro assassino de determinado crime, só que, durante um belo tempo o filme consegue se maquiar dessa forma de filme. mas logo revela-se o que realmente é, e aí sim, até que vira um filme divertido de se acompanhar, interessante e envolvente. surpreende a condução de Lee Evans (o sujeito que faz o falso-deficiente físico de "Quem vai ficar com Mary?") para o protagonista, que parece ser um sujeito esquisitão e dúbio, mas aos poucos, descobre que ele na verdade é a pessoa mais comum naquele sub-mundo criado pelo filme. Ou seja, o mundo está de ponta cabeça] 6.5

109 - Bara Prata Lite (Bara Prata Lite, 1997, 14 min, Suécia, Lukas Moodysson) - [um homem solitário. finge ter uma vida, para poder obter contato com outras pessoas. senta-se ao ônibus, e tenta criar um diálogo com a pessoa ao lado. vai ao trabalho, onde na verdade, sequer trabalha. pega o telefone e tenta discar números e ver se alguém está disposto a criar uma conversa com ele. até que bate a sua porta uma Hare Krishna, querendo justamente conversar com ele - sobre sua religião, claro, revelando os conceito do livro. apesar da aparência suave, esconde-se dentro de todas suas frustrações, uma intolerância e uma agressividade que acordada pode acabar em tragédia. um homem duelando contra o silêncio, contra sua vida apática e vazia. um começo exemplar do Moodysson, já revelando um lado contundente e profundo de se analisar] 8

110 - Em boa companhia (In Good Company, 2004, 110 min, Eua, Paul Weitz) - [que filme mais adorável e prazeiroso de se assistir. é carregado de momentos melosos e redentores (imagine, um filme que trata de grande empresas que tratam seus funcionarios com frieza e os eliminam quando o lucro não é o esperado - um típico mercado cruel), e incrivelmente, isso o torna mais e mais brilhante. é impressionante como tudo quando se trata de moral e lição-de-moral acaba por dar certo e funcionar como há tempos não se via. acredito que o filme possui apenas uma falha, talvez grande mas muito bem concertada no final, que é a relação amorosa que surge como elemento chave do filme - nunca, de fato, passando a importância que parece querer ter. todo o charme e interesse do filme consiste na relação Dennis Quaid e Topher Grace, que aos trancos e barrancos, vão fazendo com que ali apareça algo honestamente sensibilizador e emocionante. os pequenos detalhes do filme revelam em Paul Weitz um promissor cineasta (confirmando o talento demonstrado em "Um grande garoto", e fazendo com que coisas como "O céu pode esperar" e "American Pie" sejam esquecidas), que mistura comédia refinada e inteligente com recheio profundo e leves toques dramáticos (trata com leveza o tema pesado - salário, desemprego, concorrência, meia-idade - utilizando uma boa trilha sonora e dando um clima suave). um grata surpresa] 8.5

111 - Amor maior que a vida (Waking the dead, 1999, 100 min, Eua, Keith Gordon) - [suspeitava que já tinha visto algumas partes desse filme e agora vendo-o por inteiro minha suspeita se confirma. sim, este era um filme insuportável que há alguns anos tentei assistir, porém desisti tamanha confusão e instabilidade existente. agora ele já não soa tão insuportável, é tranquilamente assistível - só que, não deixa de ser um filmeco de emoções calculadas e discursos amarradinhos que irrita. sem dúvida, existe uma pessoa que sabe utilizar bem palavras e tem uma vasto conhecimento, porém a criatividade é limitada ao quadrado. nunca imaginei ver Jennifer Connelly tão apatica e sumida em um filme] 2

112 - Acontece nas melhores famílias (It Runs in the Family, 2003, 110 min, Eus, Fred Schepisi) - [o filme deveria de uma vez por todas dedicar-se inteiramente ao drama, ao invés de ocasionalmente, inserir alguma descontração cômica ou alívio para aquele drama familiar visto de forma crítica. os problemas no entanto vão bem mais longe, tendo atuações grotescas (com excessão de Michael Douglas, aparentemente o único sóbrio em cena), e uma profundidade digna de novela das oito - aliás, parece algo escrito por Manoel Carlos ou nesse naipe. não que seja ruim em causa disso, mas para cinema, não cai muito bem]. 3.5

113 - A lenda do tesouro perdido (National Treasure, 2004, 121 min, Eua, Jon Turteltaub) - [tem partes de uma ruindade notavelmente sentida. todo o começo com a divisão do grupo que busca do tesouro, o problema que essa lenda trouxe para a família do Cage, e o roubo da declaração de independência americana, é de uma chatice que parece que vai comprometer todo o filme. mas em seguida o filme melhora razoavelmente, e chega bem ao seu clímax dentro da igreja (aliás, a melhor cena do filme). Nicolas Cage tem carisma, mas está longe de viver seus melhores momentos.] 5

114 - Zelig (Zelig, 1983, 79 min, Eua, Woody Allen) - [decepcionante. toda a forma e a engenhosidade de Woody Allen em criar algo assim, já vale alguma coisa. é algo além do lugar comum -- e se tratando de Allen, isso já era de se esperar. só que, o falso-documentário não funcionou comigo tão bem quanto funcionou com a maioria das pessoas que já o assistiu e o considera um dos melhores do diretor. é pedante. cansativo, são poucas horas de filme que pesam como se tivessem sido várias. o filme é carregado de idéias interessantes, mas que parece que são apresentadas com uma carga sonífera imensurável. médio, porque é muito bem de idéia e muito chato em realização] 5

115 - Baadasssss! (How to Get the Man's Foot Outta Your Ass, 2003, 110 min, Eua, Mario Van Peebles) - [é um filme bastante recheado. sua construção envolve um falso-documentário e a produção do filme feito pelo pai de Mario Van Peebles, o Melvin. é interessante na mesma proporção em que é entediante. é algo como uma cinebiografia de um período, utilizando diversas formas de o filho mostrar que o pai foi um grande homem, digno, batalhor, perseverante, e que colocou em risco sua condição e a condição da família para concluir algo que tinha como objetivo e sentia como uma obrigação social expor algo tão forte (pelo menos o filme sugere isso - tanto que parece, que o filme do Melvin era algo redondinho para se causar choque e polêmica), com um conteúdo racial contundente e, talvez, ofensivo. como não vi o filme da década de 70, posso ter perdidos algumas coisas do contexto daquilo tudo - poderia até soar mais chamativo e torna-se mais envolve. porém, nas condições que vi, fica mediano apenas] 5.5

116 - A Vida Marinha com Steve Zissou (The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004, 120 min, Eua, Wes Anderson) - [a grande aventura de um sujeito excêntrico, que parece que da tripulação é o que mais tem para ensinar, porém, sai dalí como o que mais aprende. percebe-se e pensa sobre a vida. descobre o tempo perdido e reestabelece conceito - após um ligeiro contato com o filho. essa bela história é complementada por diversos personagens secundários com características fortes e marcantes, mas que ficam inexplorados. uma pena. dentro desde grande teste de paciência (absurdamente cansativo), Bill Murray se destaca, em contrapartida, nunca vi Cate Blanchett tão ruim em cena] 4

117 - Assalto à 13º DP (Assault on Precinct 13, 1976, 90 min, Eua, John Carpenter) - [a refilmagem do ano passado - lançada esse ano aqui no Brasil - não fez feio, porém é inquestionável que esse original feito pelo Carpenter (onde fez também a trilha sonora, sensacional) é superior. ganha nos detalhes, na riqueza dos diálogos, na parte sugestiva, no que consegue explorar. a tensão que causa é semelhante de um e de outro, só que o do Carpenter tem um charme à mais - tem um apuro técnica inferior, só que o sufoco, o medo e intesidade são mais transparentes. sem contar que Carpenter é um realizar de primeira linha, o que proporciona cenas espetaculares precisas como a do sorveiteiro e a garotinha. show de bola) 8.5

118 - Simpan (Simpan, 1999, 26 min, Coréia do Sul, Chan-wook Park) - [o filme - curta.metragem - de estréia do diretor de "Oldboy" (tanto roteiro quanto direção), que conta uma história bastante esquisita. difícil até de compreender alguns elementos que surgem na narrativa, compondo um complexo jogo de interpretações. logo no começo somos informados de que existe uma grande indenização rolando para uma fatalidade ocorrida, e as empresas envolvidas além do governo + seguro, estarão beneficiando as famílias prejudicadas com a perda de algum ente. eis que um corpo de uma moça é "duelado" por duas partes que dizem serem os pais da garota. daí corre uma trama cheia de elementos visuais, misturas, e punições. um tanto interessante, mas que, deixa a impressão de ser um tanto vazio em algumas coisas] 6

119 - Melinda e Melinda (Melinda and Melinda, 2005, 90 min, Eua, Woody Allen) - [ainda não é o Woody Allen ideal, mas é uma demonstração que o diretor está querendo revisitar sua carreira e fazer "Melinda e Melinda" foi como de forma muito mais criativa e convincente que o anterior (o terrível "Igual a tudo na vida"), explorar duas camadas principais que tornaram-se sua característica: o drama carregado e a comédia. como já sabe-se, existe uma divisão clara entre as histórias - e o bacana de ver "Melinda e Melinda" é poder relembrar as histórias tanto trágicas dramáticas quanto as histórias cômicas do diretor, e notar como ele os transformou naquilo. a maioria dos elementos do filme já foram vistos e analisados pelo diretor em outras obras ("Maridos e Esposas", "Hannah e suas irmãs", "Annie Hall", e por aí vai), e para remontar esse conteúdo, ele resolve fazer uma espécie de filme dissertativo sobre a tênue linha que divide a comédia do drama, da tragédia. situações que acontecem na parte dramática e está sujeita a arrancar lágrimas, é repetida na parte cômica, onde é provável que aconteça risos. o elenco está bem, só que poderia ser mais divertido se sobrasse um espaço aí para Woody Allen atuar... ok, ele poderia não estar nas partes narrativas da história da Melinda, ele poderia ser, sei lá, um dos intelectuais que falam e explicam essa diferença entre comédia e drama - seria interessante, poderia haver até uma espécie de metalingüagem que seria chamativa] 7

120 - Bem-Vindos (Tillsammans, 2000, 105 min, Suécia, Lukas Moodysson) - [o cinema autoral de Moodysson mostra sua versatilidade incrível em contar histórias, analisar relações e comportamentos. pega as pequenas coisas da vida, e coloca em estudo em suas obras - escolhe temas interessantes, chamativos e polêmicos, e de forma diferenciada, resolve entendê-las junto com seus espectadores. ele parte de um problema, no caso aqui, um mulher que apanha do marido e se refugia com os filhos em um lugar de trandicionais pessoas "contra o sistema". pessoas que agem contrárias aquilo que é "mandado" pela sociedade, e são vistos a olhos censuradores pelos outros. Moodysson não deixa nada vago, vai no limite do tema, e mais uma vez, termina sua obra de forma otimista, festejando a vida como pouco já se viu por aí. é de arrepiar como as coisas se encaixam e cria-se uma perspectiva de mundo melhor -- e não em causa do sistema estabelecido por aquele grupo, que mais coloca regras do que impõe a liberdade. mas sim, pela forma com que se passa a existir tolerância e a redenção. importante notar também que "Bem-Vindos" acrescenta e MUITO para o curta-metragem que Moodysson fez no começo da carreira, o "Bara prata lite" (comentando um pouco acima - nº 109), já que o protagonista solitário desse curta, ressurge em "Bem-Vindos" e tem seu desfecho arrumado; de forma belíssima, inclusive. enfim, Moodysson é um gênio - dessa geração, provavelmente o melhor; sua filmografia já diz tudo] 10

121 - O Guia do Mochileiro das Galáxias (The Hitchhiker's Guide to the Galaxy, 2005, 110 min, Eua, Garth Jennings) - [no começo eu jurava que seria um filme muito acima da média. parecia genial, cheio de conceitos, idéias, teorias e uma magnífica introdução com golfinhos. durante um bom tempo, essa idéia de um grande filme de aventura que mistura existencialismo e questionamentos filosóficos, mantia-se em pé. até que o filme sofre uma queda triste, muito triste. não tem mais tanta graça as informações do guia e não surge algo realmente engraçado, alguma sacada realmente inspirada. o filme apenas causa desgaste, e vira um clichê enorme e prolongado, até chegar ao seu final, não muito empolgante. talvez se o filme tivesse sido realmente realizado na década de 80, teria sido um marco, ao menos, tinha boas chances para isso. só que, as coisas aqui já soam como um sub-qualquer-coisa, sendo algo partido de uma idéia original que tornou-se algo extremamente repetitivo e desgastado. o tal do Marvin é até um charme no filme, mas poderia ser mais efetivo no decorrer, e não simplesmente no desfecho. enfim, diverte, mas a sensação que poderia ser muito mais do que é, incomoda] 6.5

122 - Violação de Privacidade (The Final Cut, 2004, 104 min, Eua, Omar Naim) - [mais um papel onde existe espaço para Robin Williams explorar mais um lado obscuro e misterioso de atuação. e dessa safra que veio recentemente ("Insônia" e "Retratos de uma obsessão"), este é certamente onde ele se resolve melhor em tudo - o filme é o melhor, e a sua atuação, apesar de ainda não atingir um nível muito admirável (prefiro bem mais ele em comédia), tem momentos inspiradíssimos. a idéia de Omar Naim é excelente. e ele não busca ficar investindo em criar um futuro possuido de artifialidade visual já que em toda a proposta do filme isso não é muito interessante, o que interessa de fato, é a artificialidade que o ser humano para a atingir - montando a vida das pessoas, deixando gravado para o mundo, montagens de pessoas exemplares. se um dia o ser humano se destruisse, e sobrassem as cópias das memórias montadas, e em um futuro, outras raças viessem a Terra e vissem essas memórias, acreditariam que todos os seres humanos foram perfeitos e não erravam em nada -- eram felizes e amorosos. e isso seria um privelegio da elite, uma vez que, o produto é caro -- e apenas os ricos sentem a necessidade de consumir esse produto. o filme toma abordagens muito interessantes, que acabam por ficar cansativas pelo modo lento morno que caminha o ritmo - porém, nunca deixa de ser no mínimo interessante. subestimado, apesar de conter equívocos] 7

123 - Within the Woods (Within the woods, 1978, 30 min, Eua, Sam Raimi) - [basicamente um experimento para "Evil Dead", toda a atmosfera foi reaproveitada. utiliza cemitério de índio para dar o ponto pé da história, que começa a ficar interessante de verdade um pouco tarde para um curta, mas enfim, parece um "Evil dead" bem resumido apenas - com a diferença é que uma mocinha é a protagonista que vê seus amigos indo para o saco rapidinho. tem momentos que causam certo arrepio, outros que tiram risada, e por aí vai. vi numa cópia terrível baixada no e-mule, nem um pouco recomendada -- vhs beeeemmm capenga]. Sem nota -- qualidade da cópia terrível.

124 - A garota encantada (Ella Enchanted, 2004, 95 min, Eua, Tommy O'Harver) - [no começo uma narração -- que irritantemente persiste em aparecer em todos os momentos chave do filme -- já faz o favor de dizer tudo o que acontece em um típico conto-de-fadas. conseqüentemente, ele já diz tudo o que irá aparecer no decorrer do filme e como será seu final, com o tradicionalíssimo e irretocável "viveram felizes para sempre". não é um filme que fede, pois tem lá bons momentos. agora, se tivesse nos créditos o nome de um diretor renomado (o pobre diretor disso daqui é o sujeito que fez "Volta por cima"), o que ia ter gente achando "pêlo em ovo" e fazendo uma co-relação disso com Bush -- e bla bla blá -- não seria brincadeira]. 5

125 - Unleashed (Unleashed/Danny - the dog, 2005, 105 min, França/Eua/Ing/Hong-Kong, Louis Leterrier) - [o sistema do ser humano se comunicar é fascinante, e não é a toa que existem estudos só para isso. a forma com que conseguimos dar significados as coisas materiais que acabam por se tornam emocionais são ainda mais intrigante. e nesse filme do co-diretor de "Carga Explosiva" (fique pasmo quando descobri isso pelo Imdb), existem muitos elementos para serem assimilados, refletidos e entendidos. o piano curiosamente traz um significado maior para Danny, o Jet Li que não tem uma capacidade normal de se comunicar com os demais -- pois é, literalmente, tratado como um cachorro pelo seu dono. é como um animal pronto para a briga que obedece seu mestre -- seus atos de violência não são pelo seu instinto mas sim pelos seus ensinos e estimulos dados pelo seu suposto tio. as coisas começam a se remodelar na vida do "cão" do filme, e sua vida passa a ganhar sentido -- pessoas boas passam a cercá-lo, e tratá-lo como um ser humano de verdade. só que o filme não se resume em ficar em obviedades, e apresenta boas idéias em seu decorre -- principalmente moralmente, onde é fantástico. os seus valores e seus princípios de bom-mocismo são plausíveis -- é sem dúvida, um de seus grandes méritos, e levando em conta que o filme ainda tem uma parte de ação muito bem coreografada e encenada, tudo é realmente de se tirar o chapéu. das atuações, Bob Hoskins se destaca, mas o trio de atores principal (Li, Freeman -- inclusive, melhor do que esteve em "Menina de Ouro" --e Hoskins), é o grande sustento da obra. tá aí um filme que me pegou de surpresa, onde eu pensava que seria aquele típico veículo para Jet Li mostrar suas habilidades -- mas me enganei totalmente, já que isso é um mero detalhe. o melhor filme que já vi com a presença dele -- seja oriental ou ocidental. agora, quando vai chegar ao Brasil ? não faço idéia, só sei que será lançado pela Europa-Filmes] 9

126 - Haute Tension (Haute Tension, 2003, 85 min, França, Alexandre Aja) - [não é muito diferente de qualquer filme sanguinário e ultra-violento. o diferencial deste é que ele é muito esperto. ao menos se acha. é um conjunto de coisas que ao final, não se encaixam. nada faz sentido, e o filme não toma partido de explicar. não precisava. não tem o que explicar, se fosse explicar, se complicaria feio. portanto, antes calado do que falando besteira -- o melhor a se fazer, então, é apenas se divertir com a ultra-violência do filme, que adora mostrar minuciosamente as vítimas todas retalhadas. confesso, já não me divirto tanto com isso quando não existe algo maior envolvido -- ou seja, a mera violência gráfica não me comove] 4.5

127 - O Segredo de Vera Drake (Vera Drake, 2004, 120 min, Inglaterra, Mike Leigh) - [claramente dividido em duas partes, se evidência muito a queda sentida da passagem de uma para outra -- na primeira, de forma interessante, retrata o contraste da vida de dona boazinha de Drake, com as atitudes bem intencionadas, porém ilegais e pra lá de amorais. não se tem muita sensibilidade ou apelo emocional, que é o que sobra - e muito - para a segunda parte, quando exageradamente, Leigh coloca Vera em julgamento legislativo das autoridades e moral da sociedade. Imelda Staunton cresce e muito na segunda parte, porém, o filme tem essa queda -- e se apega apenas em superficialidades, quando poderia muito bem discorrer tão bem sobre o tema, muito bem escolhido e especificado, porém, tão mal tratado e analisado] 6

128 - Amor Obsessivo (Enduring Love, 2004, 106 min, Inglaterra, Roger Michell) - [a primeira seqüência já impressiona: um acidente de balão causado por fenômenos naturais. e isso é o que move o filme. as conseqüências desse acontecimento -- que passam a perturbar a vida do protagonista. ele encontra sérios problemas em administrar sua culpa com relação ao acidente -- tendo em vista, ter a crença de saber que fez o melhor que podia. por outro lado, um dos sujeitos que estava também no ocorrido -- passa a perseguí-lo, de forma obsessiva, na certeza de que o acontecido foi um fenômeno para... uní-los. a primeira perturbação, tem seus momentos interessantes (apesar de não tanto também), já essa parte de obsessão amorosa, é terrível, de uma banalidade imensa. incrível como o filme parte de um ponto de partido tão bem resolvido, e vai despencando -- até chegar níveis abaixo da convencionalidade extrema] 4

129 - The mother (The mother, 2003, 107 min, Inglaterra, Roger Michell) - [Anne Reid é a grande peça do filme, e tudo se sustenta em cima de sua sútil atuação. sua personagem é de uma riqueza notável, proporcionando inúmeras reflexões -- de que diferença fazemos, o que fizemos, e o que estamos fazendo. a personagem se entrega de corpo e alma para suas carências e suas necessidades frustradas. o problema, acredito eu, é que muitas coisas no filme acabam por querer ganhar mais importância do que deveria e não se cumprem, como por exemplo, a filha professora que simplesmente fica com discursos de "não fui amada" e tudo mais -- o aprofundamento serviu apenas para tornar a personagem da mãe mais interessante, quando na verdade, o filme parecia querer mais fazer um retrato amplo da família (tanto que investe um pouco no filho, porém entrega os pontos rapidamente). vale a pena até, principalmente pelo objetivo principal, que é pensar sobre a vida daquela mulher; uma mãe, recém viúva, que começa a tentar suprir suas tristezas. interessante, mas mal aproveitado -- assim como o filme que Michell viria a fazer depois, o "Amor obsessivo", comentado logo acima, só que melhor] 5.5

130 - Stitch: O filme (Stitch! The movie, 2003, 60 min, Eua, Tony Craig e Robert Gannaway) - [Coisa simples e rasa que parece mais veículo, piloto, ou algo do tipo, com pretensões de lançar algo tipo série de episódios com as duas principais figuras simpáticas do original "Lilo e Stitch", e pelo visto, pelo resultado que colheram, acredito que qualquer continuidade está descartada -- já que, não tem muita coisa para se buscar além do que o primeiro filme já realizou. E muito bem.] 5

131 - Irmão Urso (Brother Bear, 2003, 85 min, Eua, Aaron Blaise e Robert Walker) - [Um encanto de filme. Não esperava muita coisa pela forma fria que foi recebido por boa parte de quem assistiu, só que, é um filme que vai muito mais longe daquilo que se pode imaginar. O conteúdo que consegue extrair daquele simples lição de moral programada dos típicos filmes da Disney é algo surpreendente. Uma cena em especial fez com que eu ficasse de queixo caído, tamanha sensibilidade, sutileza e inteligência que conseguiu atingir; é uma onde desenhos nas paredes mostravam um homem com uma lança e um urso, em pé, em posição de batalha. Existem dois tipos de visão nisso, e o filme busca dentro de seu contexto, retirar daquilo uma enorme lição, onde inicialmente o urso/humano revela seu lado assustado com relação ao urso em pé, em posição de combate, enquanto na concepção do pequeno ursino, as lanças do homem eram o que naturalmente lhe causava temor. Belo filme] 7

132 - Sr. e Sra Smith (Mr. and Mrs. Smith, 2005, 120 min, Eua, Doug Liman) - [Liman parecia ter um futuro certo no cinema independente americano, mas rapidamente, tomou rumo das grandes produções de lá -- e seu toque autoral (acredito que aquilo visto em "Vamos Nessa"), se desfez. Virou o típico diretor de aluguel, artesão, aquele que faz sob-encomenda. E grande artes aparecem como encomenda, a história já fez o serviço de nos mostrar, mas nem sempre isso acontece. E Liman que, um dia, pareceu ser futuro, agora já soa como passado. Cinema meia-bocamente reciclado, velho, usado. Seu filme parece buscar tanto conteúdo, que se prolonga desnecessariamente -- e sua forma, é tão moderna e estilizada, que parece sub-um monte de coisa. No desfile de beleza de Brad Pitt e Angelina Jolie, sobram rugas e pelancas caídas -- tomando assim, a cara do filme em si: que tem uma intenção juvenil moderna, mas na verdade, nada mais é do que uma coisa velha, caída, ultrapassada, querendo se passar por atual e sensual. Fraquíssimo] 4

133 - A tale of a two sisters (Janghwa, Hongryeon - 2003, 115 min, Coréia do Sul, Ji-woon Kim) - [Engraçado que o filme começa passando a idéia de uma coisa e de determinado parte pula para outra coisa, já deixando aquele seu começo desvalorizado. Porém, dentro de contar a aterrorizante história daquela família, o diretor tem bons momentos. Da parte inicial calma e tranqüila até chegar ao momento de sustos e revelações, é interessante. Depois, infelizmente, se arrasta para colocar as coisas no lugar -- e mal consegue fazer isso. Ficou confuso, bagunçado demais. Mas é bom, é contido e provoca tensão e medo] 6

134 - Whisky (Whisky, 2004, 95 min, Uruguai, Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll) - 6.5


JULHO

135. MADAGASCAR [Madagascar, de Eric Darnell e Tom McGrath. Eua, 2005] - 6.0
136. DESAFIO RADICAL [Touching the void, de Kevin Macdonald. Reino Unido, 2003] - 4.0
137. DE REPENTE É AMOR [A lot like love, de Nigel Cole. Eua, 2005] - 2.5
138. NOVE CANÇÕES [9 songs, de Michael Winterbottom. Inglaterra, 2004] - 1.5
139. CASA VAZIA [Bin-jip, de Ki-duk Kim. Coréia do Sul/Japão, 2004] - 9.0
140. ALADDIN [Aladdin, de Ron Clements e John Musker. Eua, 1992] - 7.0
XXX. O JOGO DOS ESPÍRITOS [Long Time Dead, de Marcus Adams. Inglaterra, 2002] - 0
141. UM FILME FALADO [Um filme falado, de Manoel de Oliveira. Portugal, França e Itália, 2003] - 10
142. PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO E... PRIMAVERA [Bom Yeorum Gaeul Gyeoul Geurigo Bom, de Kim Ki-Duk. Coréia do Sul, 2003] - 6.0
143. UM VAZIO NO MEU CORAÇÃO [Ett Hål i mitt hjärta, de Lukas Moodysson. Suécia, 2004] - 0
144. OPERAÇÃO BABÁ [The Pacifier, de Adam Shankman. Eua, 2005] - 2.0
145. JOINT SECURITY AREA [Gongdong gyeongbi guyeok JSA, de Chan-wook Park. Coréia do Sul, 2000] - 3.0
146. A SOGRA [Monster-in-Law, de Robert Luketic. Eua, 2005] - 5.0
147. WHEN WILL I BE LOVED [When will i be loved, de James Toback. Eua, 2004] - 4.5
148. QUARTETO FANTÁSTICO [Fantastic Four, de Tim Story. Eua, 2005] - 4.0
149. DARK WATER [Honogurai mizu no soko kara, de Hideo Nakata. Japão, 2002] - 3.5
150. DORMINDO FORA DE CASA [Sleepover, de Joe Nussbaum. Eua, 2004] - 2.0
151. VISÕES [Jian Gui 2, de Oxide Pang Chun e Danny Pang. Hong Kong e Tailândia, 2004] - 5.0
152. MULHERES PERFEITAS [The Stepford Wives, de Frank Oz. Eua, 2004] - 6.0
153. CAIU DO CÉU [Millions, de Danny Boyle. Eua e Inglaterra, 2004] - 7.0
154. SWEET SIXTEEN [Sweet Sixteen, de Ken Loach. Reino Unido, Alemanha e Espanha, 2002] - 8.0
155. O ÂNCORA - A LENDA DE RON BURGUNDY [Anchorman: The Legend of Ron Burgundy, de Adam McKay. Eua, 2004] - 3.0
156. STAR WARS - A VINGANÇA DOS SITH [Star Wars - Revenge of the Sith, de George Lucas. Eua, 2005] - 7.5
157. BATALHA REAL 2 [Batoru rowaiaru II: Rekuiemu, de Kenta Fukasaku e Kinji Fukasaku. Japão, 2003] - 2.5
158. AMALDIÇOADOS [Cursed, de Wes Craven. Eua, 2005] - 0.5
159. LADRÃO DE DIAMANTES [After the sunset, de Brett Ratner. Eua, 2004] - 6.0
XXX. KUNG-FUSÃO [Gong Fu, de Stephen Chow. China e Hong Kong, 2004] - 10
160. BATMAN BEGINS [Batman Begins, de Christopher Nolan. Eua, 2005] - 4.0
161. LEIS DA ATRAÇÃO [Laws of attraction, de Peter Howitt. Eua, 2004] - 5.5
162. POOH E O EFALANTE [Pooh's Heffalump Movie, de Frank Nissen. Eua, 2005. 68 min] - 6.5
163 - PRESO NA ESCURIDÃO {18/jul} [Abre los Ojos, de Alejandro Amenábar. Espanha, 1997. 115 Min] - (É muito mais bem resolvido que a refilmagem americana [o que não é difícil]. Tem os mesmos elementos [o talento do Cameron Crowe sumui devido a forma impessoal e didática que moveu tal filme], porém o Amenábar sabe controlar bem seus mistérios, inclusive, engana bem tendo em mãos uma trama simples, porém totalmente bagunçada, fazendo com que realmente pareça complexa. E de complexo tem pouca coisa [o fato de não ser compreensível em todo tempo, não o torna de fato complexo, ainda mais quando sabe-se que para tudo aquilo haverá uma explicação lógica], mas a diversão fica por conta das pistas que o diretor vai conseguindo deixar no meio do caminho [o fato de ter visto "Vanilla Sky" antes, talvez tenha ajudado nesse caso], e pode-se montar o quebra-cabeça; que ao contrário do "Vanilla Sky" onde o personagem fica um século discursando para ser possível entender aquilo, nesse original, esse discurso é parecido, porém engrandece o filme - pois, assume seu lado simples. E Penélope Cruz participa dos dois, e curiosamente, consegue ser um grave problema em ambos) 7.0

164 - DIÁRIO DE UMA PAIXÃO {19/jul} [The Notebook, de Nick Cassavetes. Eua, 2004. 120 Min] - (Uma linda história de amor, contada de uma maneira que pode ser analisada duplamente, o que enriquece seu conteúdo, onde uma intensifica a motivação da outra. Caso, por exemplo, essa história fosse contada meramente sob o ponto da relação contada pelo senhor, seria mais um filminho mela-cueca mamão-com-açucar. O simples fato do senhor estar contando para a senhora com problemas de memória, multiplica a importância de tudo aquilo e eleva os fatos ocorridos para proporções relevantes. Apesar disso, curiosamente os grandes momentos acabam mesmo acontecendo na parte da história de paixão e amor do jovem casal [a parte da carta é fenomenal], já que o grande clímax do filme acontece de uma forma meio... não sei, pareceu que faltou algo alí. Talvez tenha faltado o que teve de sobra em "Como se fosse a primeira vez": um pouco de entusiasmo. No geral é um belo filme] 7.5

165 - VAMPIRES VS. ZOMBIES {19/jul} [Vampires vs. Zombies, de Vince D'Amato. Eua, 2004. 70 min] - (É preciso gostar de fazer cinema [o diretor é aquilo tipo de multi-funções: produz, dirige, fotografa e edita] e ter muita coragem para fazer com que algo nesse nível seja sequer possível de algum tipo de exibição. O título que para muitos é chamativo [inclusive pra mim], nunca é justificado - e a única coisa que parece razoávelmente bem feito, é o poster, que de certa forma, engana bem; parecendo ser uma coisa que está longe de ser. Não tem o tal duelo que o título do sugere... os personagens são terríveis, e os acontecimentos então, péssimos. Na verdade, para esclarecer bem o que parece isso, assemelhá-se a um tipo de filmagem como se fosse seriado pornô ou algo do tipo; não há coerência, e abusa de absurdos. Um filme mal-resolvido de ponta à ponta, sem qualquer migalha que seja aproveitável; sem brincadeira, a pior coisa, cinematograficamente falando, que eu já vi nada vida. Se é que isso pode ser chamado de "filme". Acho que não é, deve ser piloto de série, ou algo assim, mas nem pretendo me informar sobre. Lixo. Até fãs de trash ficarão constrangidos vendo tamanha ruindade) 0.0

166 - QUERIDO FRANKIE {19/jul} [Dear Frankie, de Shona Auerbach. Reino Unido, 2004. 100 Min] - (A vida de Frankie é acarretada por mudanças. É uma constante mudar de lugares, de escolas, de amigos. Mas a principal mudança está para vir quando chega a uma cidade onde, coincidentemente, é onde seu pai, ausente, estará com sua navegação por alguns dias. O negócio é que esse "pai" é uma criação de sua mãe, que o engana através de cartas e presentes. Ou seja, ela ganha um grande problema, que tem como solução um pai postiço. E aí entra a mudança primordial na vida de Frankie: o sujeito é totalmente o contrário do que seu pai real era. Atencioso, dedicado, carinhoso. E o filme durante um bom tempo é bem triste por causa disso: essa felicidade provisória de Frankie é totalmente ilusória, é uma representação, uma armação para suprir o vazio da falta de um pai em sua vida. O sentimento da mãe se confunde em proteção e medo, para tal atitude. Ao final, as coisas se resolvem de uma forma até correta, mas que acaba por tirar uma tristeza que o filme parecia demonstrar ser irreversível. Talvez um filme esperançoso, mas um tanto fora de sintonia com suas próprias idéias) 6.5

167 - CAÇADORES DE MENTES {20/jul} [Mindhunters, de Renny Harlin. Eua, 2004. 100 Min] - (Tem pequenas bobagens em alguns pedacinhos que o desvalorizam razoavelmente [principalmente nos momentos de "enganação", em que o diretor brinca com clichês;- até que esperto, mas totalmente deslocado]. Mas no geral, é um baita filme. Sim, um filme do Harlin que é baita filme. O diretor conseguiu pegar todos os males que os últimos exemplares do gênero possui, e colocar ao seu favor; e isso vem a surpreender. Outra coisa que chama atenção, apesar de ter algumas desqualificações, é o final que parece não ter muitas estradas para seguir, mas consegue proceder bem as etapas para as revelações. "Caçadores de Mentes" é mais um filme para se descobrir quem é o assassino, só que tem o diferencial que os investigadores e as vítimas são membros do F.B.I, e todos são suspeitos em potencial - pois, apenas eles estão em um treinamento numa ilha totalmente deserta. Ou seja, um investigadores dos assassinatos são os mesmos que na próxima tomada, estarão sendo empacotadas dentro da maneira arquitetado pelo engenhoso matador; que escolhe a hora que as vítimas morrerão. Acaba por soar forçado demais, porém o espírito de aventura e diversão do filme [bastante clareado em um dos momentos finais nas ruas da ilha com bonecos e tiro pra tudo qunato é lado], acaba por desvalorizar qualquer argumento de que aquilo é absurdo demais, pois o próprio se diverte em cima disso. Certamente serei um dos poucos a gostar desse filme, que será, infelizmente, impiedosamente massacrado) 7.5

168 - CONTRA PAREDE {20/jul} [Gegen Die Wand, de Faith Akin. Alemanha e Turquia, 2004. 120 Min] - (Tem duas partes boas e interessantes. No começo, é muito interessante e envolvente, promovendo uma abordagem diferenciada, onde subverte um conceito tradicional da sociedade, afinal, o casamento é visto como as aljemas, o fim da liberdade, o acorrentamento eterno enquanto dure. No filme, o casamento - para a moça - é a forma de conseguir se liberar das garras da família, repressora, tradicional e que preocupa-se demasiadamente com a reputação que tem a zelar. As formas de suicídio da moça não convertem-se em compreensão e mudança, mas apenas em mais agressividade e ameaça; o que a leva a levar até o fim o seu plano de se casar para se descolar da família. Haveriam outras formas para tal desligamento, e o filme tem o mérito de justificá-los bem. Em seguida vem a relação entre os dois: a jovem moça liberal e o amargurado homem em constante degradação. Até aí o filme flui e parece realmente merecer os confetes que recebeu; contudo, por volta de uma hora e pouco de duração, quando uma ato fundamental e decisivo do filme acontece, tudo despenca para um baixo nível incompreensível, destroçando todas as outras idéias que o filme tinha -- e, acaba passando uma grande impressão de que não tem nada planejado. Não tem exatamente uma idéia, e tudo acaba sem grande relevância como parecia que teria. O elenco é elogiável e poderia carregar bem o filme, que além de todas as fraquezas já ditas, ainda tem alguns ataques modernistas da direção que não convencem ninguém com essa necessidade abusiva de ser cult) 4.5

169 - O FANTASMA DA ÓPERA {21/jul} [Andrew Lloyd Webber's The Phantom of the Opera, de Joel Schumacher. Eua, 2004. 140 Min] - (Quando dá, defendo o Joel Schumacher. Só que "O fantasma da ópera" é indefensável,- onde, já lá por volta de meia hora de filme, dava para ver que a coisa seria feia. E foi muito mais feia. O que inicialmente seria o maior problema [as músicas ruins e mal executadas; a excessiva aparição melódica em qualquer porcaria de diálogo mal-feito; e aquela bando de soprano chata soltando a voz segundo à segundo], acabou sendo um mero detalhe negativo perto das cenas cruelmente mal-realizadas. O clímax, já no alojamento do fantasma, é tão cafona que daquela dramaticidade picareta, só se pode rir. E toda essa aberração cinematográfica é responsabilidade total de Joel Schumacher, com sua direção que fica num meio termo de moderno e clássico, repleto de seqüências medonhas [o duelo de espadas na neve, difícil no ano irá aparecer algo tão mal-filmado]. Tudo ao final é capenga, uma sucessão de deslizes que resulta na bomba. Vítima nisso daí, só o elenco que parece o time do Vasco: esforçado e impetuoso, mas ruim de dar pena) 0.0

170 - GUERRA DOS MUNDOS {21/jul} [War of the worlds, de Steven Spielberg. Eua, 2005. 116 Min] - (Várias coisas ficaram pendentes em minha cabeça [aquelas coisas que assemelhan-se a trepadeiras avermelhadas; o porque do campo de proteção das naves se desfizeram], mas no geral, achei um filme bastante produtivo com relação a sua forma de encaixar-se dentro de um contexto bastante atual [há todo momento, nota-se alguma passagem com alguma referências;- do começo com a interrogação de terroristas, das atitudes do filho do Tom Cruise, e até chegando ao Tim Robbins]. Tem várias problemas no filme. O final é o principal deles, mas do Spielberg, isso já está virando uma constante; às vezes quer elevar tanto a grandeza, que leva um baita tombo [Inteligência Artificial e Minority Report], e nesse caso, coloca sua resolução de um forma tão simplista, tola, vencedora - que coloca o filme todo a prova. No entento, suas qualidades são grandes o suficiente para sobreviverem a esse deslize de conclusão. Outra coisa que pareceu me faltar no filme, foi forma de buscar uma amplitude maior dos personagens e nas situações que irão viver - soa como vídeo-game, ou seriado, algo do tipo, com os personagens de tempo em tempo, atravessando pequenas aventuras [parece sim, muito, apresentação de jogo do Playstation]. As atuações são boas, como de costume nos filmes do Spielberg) 7.0

171 - MADRUGADA MUITO LOUCA {22/jul} [Harold & Kumar Go to White Castle, de Danny Leiner. Eua, 2004. 85 Min] - (Com pouco tempo de duração conseguiu já quebrar o preconceito que eu tinha com relação a ele [afinal, trata-se de um filme do maluco que fez "Cara, cadê o meu carro?", que é péssimo], e daí então, foi pura diversão. Não é lá muito original, porém desvia um pouco daquela coisa de a dupla ser estupidamente mongolóide [que passou a ser uma fórmula pra lá de desgastada com as inúmeras imitações de "Débi e Lóide"]. E diverte, pois apesar de tudo, os personagens são... cool! São estrangeiros na terra desconhecia, consumados pela cultura e pelo habito fast-food daquela terrinha, repleta de xenofobismo e racismo... além de muitooosss homossexuais, que com certa pitada de sensualidade cômica, se revelam. O roteiro é recheado de situações malucas [ao final, um dos personagens faz até o favor de fazer quase um sumário para nos lembrar de tudo o que eles passaram], e o mais bacana, é que consegue brincar com os gêneros do cinemão americano [tem até o maluco da caminhote típico de filmes de terror, aqui porém, um devoto de Jesus Cristo; muito engraçado, por sinal], sem exatamente ser paródia de tais filmes meramente, encaixando tudo muito bem dentro daquela traminha da busca pelo fast-food desejado. Outra coisa legal no filme é que ele intercala bem seus personagens, que geralmente em filmes aparecem para fazer uma gracinha e depois ficam capengando na trama, aqui ganham uma certa importância sendo relevante para alguma coisa naquilo que está sendo mostrado [por exemplo, os punks e o loser traficante]. Não é um grande, mas é um divertido filme) 6.5

172 - O CACHORRO {22/jul} - [El Perro, de Carlos Sorin. Argentina, 2004. 97 Min] - (O grande mérito do filme consiste em Juan Villegas, tanto na forma do personagem, quanto na interpretação fascinante do ator, que poderia cair num desgastante exercício de coitadismo, no entanto, vai a fundo na alma e no espírito daquele senhor solitário, quieto e observador. Aos poucos, vamos sendo apresentados a sua figura: casado, porém que não vê a mulher há 20 anos. Vive com a filha, depois de ter sido despedido de um posto de gasolina, e ainda não ter engatado bem financeiramente a nova profissão. Sua situação é difícil, e quando faz um serviço semi-voluntário, acaba por receber de gratidão um cão. Visto inicialmente como algo mais para afundar sua vida, o cão aos poucos, vai demonstrando ser não só uma fonte rentável ao seu dono, mas principalmente, um refúgio onde terá um alguém para fazer-lhe companhia e fazer com que ele ainda sinta-se vivo, fazendo diferença para algo ou alguém. Existe muita sensibilidade, humor e encanto no filme;- muito pelo comportamento do personagem, ingênuo e que se apega as coisas, mesmo que simples [o óculos, sensacional]. Como problema, vejo o fato de que, após iniciar realçante bem as dificuldades de sobrevivência do país, de uma hora para a outra, passa a perder espaço; dando uma sensação de preguiça, e abandono a um certo compromisso que parecia buscar no começo. Não me agrada muito ver idéias sendo abandonadas no meio do caminho, apesar de claramente a busca do filme seja pelo personagem -- que é destaque até o final) 7.0

173 - TERRA DOS MORTOS {22/jul} [Land of the Dead, de George A. Romero. Eua, 2005. 93 Min] - (Quando eu fico muito apaixonado por um filme, tenho uma enorme dificuldade em traçar uma linha que seja dele. Tenho medo de ser bobão demais, de babar por algo, como uma criança que fica de queixo caído vendo propaganda de brinquedo na televisão e vai todo empolgado contar para a mãe que quer tal brinquedo. Mas vou arriscar algumas linhas de imediato, apesar de acreditar que se esperasse algum tempo - sairia algo bem melhor do que irá sair agora. "Terra dos Mortos" é o retorno tão esperado de Romero, e é um retorno do pai, recriando uma forma de encarar suas crias. É pegar suas crias, e encaixá-las em sua atual visão do mundo, no devido contexto [por isso, pode-se esperar muito de comparações a terrorismo, bush, 11 de setembro, etc]. Esse lado político do filme nunca perde a força, o que é incrível para um filme tão curto, e que consiste em ação e entretenimento;- isso porque é sútil, e a mescla é em perfeita sintonia. E é uma grande mescla. Romero reinventa sua própria maneira de conflitar homens vs. zumbis com metáforas e conceitos políticos, acrecenta um ponto fundamental para o brilhantes do filme: o senso de humor. Diferente do habitual dos filmes de terror que vemos ultimamente [vide "Amaldiçoados", para citar um que está no cinema], onde faz com que tudo fique patético e ridículo, "Terra dos Mortos" faz a sala de cinema cair nas gargalhas, ainda sendo muito aterrorizante e brutalmente violento [é o filme graficamente mais violento que eu já vi no cinema, e talvez, em qualquer outro formato; destronando os brutais "Batalha Real" e "Versus"]. A violência do filme, assim como todos os elementos que fazem parte dele, desempenham uma função dentro daquilo que está sendo contado - a frieza em destroçar um corpo. Se um dia houve um receio em apagar alguém mordido, nos dia de hoje, Romero vê as pessoas agindo assim naturalmente. É um filme assustador, não só por todo seu conteúdo de filme de terror, mas também por todas as conseqüências que revela; e o final, é perfeitamente bem resolvido. Quero ver mais vezes, mas já digo que estou apaixonado pelo filme; me fez sair empolgado do cinema. E como imaginei, isso que eu escrevi ficou uma droga. Em alguma revisão deve ganhar algum texto melhor) 9.5

174 - O LENHADOR {25/jul} [The Woodsman, de Nicole Kassell. Eua, 2004. 87 Min] - (Não vejo como um filme sobre preconceito. É mais que isso, muito mais. É um filme sobre descobrir o que você é, na forma mais triste, crua e sofrida possível. Já vi sei lá quantos filmes sobre incesto e pedofilia, mas nunca tinha visto um que chegasse ao ponto que chega este, no auto-descobrimento e repulsa. Kevin Bacon tem um desempenho formidável na condução de seu personagem, até chegar ao clímax, onde atinge, sem dúvida, o ápice de sua carreira. É possível fazer várias leituras do filme, das diversas coisas que ele busca explorar, mesmo que algumas vezes, deixando apenas vestígios de abordagem de tão superficial [por exemplo, a dificuldade de alguém que cometeu um erro no passado, de voltar a ser inserido na sociedade;- visto sempre com olhos censuradores e repressores, inclusive, seus próprios. Além também, da perda de várias coisas e sentidos], porém, o que dá o quase brilhantismo para o filme é justamente o intimismo ao personagem do Bacon, fascinante, perturbador e contundente. Belo filme, não esperava tanto) 8.5

175 - VOZES DO ALÉM {25/jul} [White Noise, de Geoffrey Sax. Eua, 2005. 100 Min] - (É suspense, é drama, é comédia, é um grande nada. Lembrou-me, em determinados momentos, "Amor além da vida", só que sem visual deslumbrante e uma premissa para desenvolver. Essa indecisão do que ser mata o filme, que ao final, quer ganhar status de intelectual, inteligentíssimo, mas não passa de um filme repleto de discussões bobas, que não levam a lugar nenhum, e finaliza tudo de forma banal, não condizendo com aquilo que buscou. Michael Keaton chegou ao fim) 2.0

176 - FILHOS DA GUERRA {25/jul} [Europa Europa, de Agnieszka Holland. Alemanhã, 1990. 110 Min] - (A grande jornada/epopéia de Salomon é tão fantástica, trilhando quase em acontecimentos surreais [afeto amoroso de um nazi, sexo no trêm, explosão na polícia], que soa estranho isso ser uma história verídica, quando vendo-o sem considerar esse fato, facilmente seria visto como "coisas que só acontecem na ficção". É uma grande história de vida, e uma história melhor ainda para ganhar um requinte cinematográfico, realçando um momento importante da história do mundo, virando um entretenimento de primeira linha. Até um súbito e passageiro romance [participação especial de Julie Delpy;- que depois de "Antes do Amanhecer" e do "Pôr-do-Sol", fiquei com uma imagem de mocinha típica de romance], é um acontecimento especialmente cinematográfico, tamanha carga emotiva e reflexiva que carrega. Trata-se, no geral, de um filme redondinho, às vezes soando bem burocrático, mas que funciona muito bem por conseguir conduzir bem a situação de ter um judeu se passando por nazista para sobreviver, que passa por diversas situações - inclusive, participando de ridicularização religiosa, quando alega a inexistência de Deus. Judeus também são intolerantes e sarristas, e às vezes, impiedosos... um filme que condena a frieza e a desarmônia do ser humano, mas acima de tudo, demonstra uma descrença na guerra) 7.5

177 - DEKALOG, JEDEN {26/jul} [de Krzysztof Kieslowski. Polônia, 1988. 55 Min] - (Tenho uma sensação de não tê-lo compreendido por completo, e com todo prazer, farei revisões. Mas não agora. Trata-se de um filme muito difícil. Machuca, de certa forma. A tristeza desse pequeno conto, é de uma realidade, parece tudo tão próximo da gente - as sensações, é desconfortante. Existe aqui uma exploração de perda, morte e religião,- que deve se encaixar no primeiro mandamento, que é amar Deus; sinto que ainda estou juntando os cacos que sobram de toda essa tristeza, para me reestabelecer e refletir. Em poucas palavras, é foda - uma tristeza muito palpável) 9.0

178 - A OUTRA FACE DA RAIVA {26/jul} [The Upside of Anger, de Mike Binder. Eua e Alemanha, 2005. 115 Min] - (Filme que poderia tranquilamente ser muito bom, mas acaba deixando algumas idéias sub-aproveitas e, na sua proposta de drama cômico, encaixa alguns elementos que não combina com um e muito menos com o outro. Em poucas palavras, utiliza-se de alguns artifícios pouco notáveis, praticamente ridicularizando uma sensibilidade conquistada; e soa totalmente programado. Esse sabor de plástico é o que mais incomoda na totalidade da obra, que segue com outros pequenos escorregões [como, por exemplo, a simplificação banal que é feita, reduzindo todo aquele conteúdo do filme a uma mera teoria furada]. Mas mesmo com as incontáveis falhas, possui alguns bons elementos, sendo todo o destaque para o elenco, inspiradíssimo; onde vejo a Joan Allen pronta para beliscar uma indicação ao Oscar, e porque não, o Costner como coadjuvante, já que seu personagem e sua atuação repleta de sobriedade, rendem momentos fantásticos) 6.0

179 - DEKALOG, DWA {27/jul} [de Krzysztof Kieslowski. Polônia, 1988. 59 Min] - (Não usar o nome de Deus em vão, é o que diz mais ou menos o segundo mandamento. E nessa segunda parte do decalogo feito por Kieslowski, coloca uma mulher em um dilema cruel envolvendo vida e morte. Uma perda é inevitável. E seja qual foi a perda, será sentida. Ela está entre o marido, cujo ama, ou então, o filho que espera, que curiosamente, não é fruto de seu relacionamento com o marido. Seu marido está em um estado crítico de saúde, e caso ele sobreviva, ela aborta o bebê;- caso contrário, ela continua sua gestação. Interessante, mas ainda inferior ao primeiro excepcional episódio) 8.0

180 - FALE MAIS ALTO {27/jul} [Raise your voice, de Sean McNamara. Eua, 2004. 103 Min] - (Em um primeiro momento fui tapeado de que poderia vir a ser um grande filme. O começo, relatando a relação entre Hilary Duff, o talento musical, e seu irmão, um companheiro que lhe apóia e incentiva para buscar seus objetivos, é belíssimo. Depois, vira um sub-Malhação, no mais trágico sentido da coisa. Os problemas são tão graves, que um grande problema como uma protagonista birrenta e chata, não chega a ser o maior;- sendo superado pelo clichê do pai bravão que reprime os sonhos da menina (que resulta em uma quantidade razoável de cenas constrangedoras e humilhantes) e pelos inúmeros momentos com discurso de auto-ajuda barato de "não desista de seus sonhos, seja perseverante, e etc". Tem ainda o fator romance do filme, fraquíssimo - inclusive, ganhando uma intesidade por uma bobagem facilmente resolvida. Hilary Duff, a estrela teen do momento ao lado da Lohan, precisa voltar a acertar como no ótimo "Lizzie McGuire". Fica a espera) 4.0

181 - ICE PRINCESS {28/jul} [Ice princess, de Tim Fywell. Eua, 2005. 100 Min] - (Assemelha-se bastante com o comentando acima. É irmão gêmeo. Troque a música, pela patinação. A mãe da moça [Joan Cusack, que sabe fazer cara de acabada à lá Meryl Streep], vê nela um futuro promissor utilizando o intelecto privilegiado para a física, porém o sonho da menina é mesmo a patinação é ela tem o dom. Em determinado momento, temos até o diálogo mais batido e adorado pelo Dinsey fã-clube, onde em determinado momento a mãe recebe como resposta um curto e grosso: "Eu estou desistindo dos seus sonhos, e estou buscando o meu". Realmente, muito criativo e inspirado. Porém o filme não é só avacalhação, apesar de boa parte ser [o romance é estúpido, e o "todo mundo pode conviver junto" é patético] existem momentos legais, como a arrogância e a falsidade das patinadoras de gelo em geral - menininhas mimadas, empanhadas em atropelar éticas e princípios para vencer. Não é algo com profundidade, mas é de uma superficialidade tão suave, que fica legal. Mas o filme no geral é bem fraco, e com uma trilha sonora de torturar os ouvidos) 4.0

182 - O FILHO DE CHUCKY {28/jul} [Seed of Chucky, de Don Mancini. Eua, 2005. 85 Min] - (Pareceu-me muito apropriado, principalmente vindo depois de "A noiva de Chucky", que ficava ainda no meio termo do terror e da comédia. Lá percebeu-se que o melhor seria mesmo utilizar o boneco assassino, para fazer rir ao invés de assustador. A época de Chucky botar medo já passou, hoje em dia, fazer um filme sério sobre o sujeito - seria um suicídio cinematográfico. Pois bem, adotado o estilo de comédia rasgada, com um vasto repertório de piadas (sexuais inclusive, que já havia dado as caras no "A noiva de Chucky", e aqui ganha um realce mais descolado), o filme brinca com metalingüagem sem medor de ser feliz - e torna-se um novo estilo de cinema, onde Jennifer Tilly coloca, de forma ousada, sua carreira em jogo ao brincar com si mesma insanamente. Divertido) 7.0

183 - BETTER LUCK TOMORROW {29/jul} [Better Luck Tomorrow, de Justin Lin. Eua, 2002. 95 Min] - (O filme que basicamente lançou o diretor que estará no comando de duas produções bem distintas e que chamarão a atenção de publicos distintos: "Velozes e Furiosos 3" e a versão americana para "Oldboy". E este é um filme sobre a juventude e suas conseqüências, e pega os descendentes da Ásia para entrar no sub-mundo da criminalidade, numa lente à lá Tarantino - ou então, das mesmas influências que Tarantino. Pode-se também dizer que é um "Os bons companheiros" teen, o estilo narrativo é semelhante, apesar de ser muito mais preocupado em parecer cool, do que exatamente dar algo mais aquela história que está sendo contada. Ao final, para os que não conseguem captar as coisas direito, vão aparecendo diálogos e redenções, conseqüências e erros que para sempre marcarão a vida daquelas pessoas, que vão simplificando tudo e deixando todas as peças bem coladinhas - para não suspeitar do talento do diretor em contar histórias) 6.0

184 - SIN CITY: A CIDADE DO PECADO {29/jul} [Sin city, Robert Rodriguez. Eua, 2005. 120 Min] - (Meu velho problema com o cinema do Rodriguez volta a acontecer. Mesmo sabendo dessa velha birra que carrego, fui ao cinema totalmente isolado de qualquer idéia negativa, pois sim, eu também me empolgou com toda a idéia e proposta de "Sin City". Nunca tinha ouvido falar dessa "graphic novel" [nome chique para gibizinhos luxuosos], mas todo o discurso do diretor de tradução de um universo fantástico, mexeu com minhas motivações cinéfilas. Como não se render a tudo aquilo que "Sin City" prometia? Contava que seria praticamente certo o filme me agradar, mesmo que tivesse todas as firulas e manias do Rodriguez, mas me enganei, novamente sua exploração visual aguçada foi prejudicada por toda a enrolação [ou nada] que é o conteúdo que tem para revelar [achei que o fato de Miller estar estar diretamente ligado ao projeto, não viesse a acontecer;- mas como ocorre, imagino que as próprias novelinhas de gibi são pouco interessantes], e uma coisa é muito mal intercalada a outra. Amigo de Tarantino, Rodriguez não segue a mesma linha dele, de visual parece um filme e conteúdo parece outra coisa. É estranho. Se uma vez o diretor já exercitou sua maneira de praticar formas, explorando técnicas e estilos, agora ele coloca em prática ainda sem ter domínio narrativo das situações. Veja, visualmente o filme é deslumbrante, mas não é o suficiente uma vez que existem problemas de ritmo, e da forma não-linear que as histórias se cruzam [ao final, fica bagunçado exatamente o tempo em que estamos exatamente - e o porque as histórias, de fato, se cruzam, a não ser por mero fetiche], e tudo acaba por torna-se cansativo demais. Aquela narração característica em off que domina por todo o tempo do filme, que começou dando traços de personalidade e intensidade, formando o tom de redenção do filme, ao final, é o elemento que mais torna "Sin City" um teste de paciência, ficando cada vez mais sonolento e inacabável, com direito até a uma brincadeirinha com relação ao real momento do filme acabar;- algo de extremo mau-gosto, para quem, como eu, já não aguentava mais estar dentro daquele universo que se tem um visual cinematográficamente de cair o queixo, possui elementos que não são suficientes para sustentar duas horas de projeção. Aguentar protótipo de Frankstein + Hulk e um bicho colorido fedorento, é complicado - e somente, deixa claro pra mim, que "Sin City" é uma PIADA!) 4.5

/DE REPENTE É AMOR/ {31/jul} [A Lot Like Love, de Nigel Cole. Eua, 2005. 107 Min] - (Revi agora acompanhado da namorada, e as coisas não mudaram muito. Incrível como muitas coisas pegam mal, como as passagens de tempo para os reencontros[o esquema do roteiro de colocar relações frustradas para marcar os reencontros é tosco demais]. Em certo momento, vejo uma coisa um tanto interessante na evolução pessoal de cada um, naquilo que eles vão se transformando intimamente e profissionalmente, ganhando e perdendo, subindo e caindo. Mas a relação deles, o principal do filme, é fraco. O casal não encanta, não brilha, não tem química nenhuma - e pior, são péssimos atores. Meg Ryan tinha que ensinar Amanda Peet como se faz uma encenação dentro de um restaurante)

185 - A VIDA SECRETA DOS DENTISTAS {02/ago} [The Secret Lives of Dentists, de Alan Rudolph. Eua, 2002. 105 Min] - (Um simples filme de e sobre adultério, mas que busca um algo mais para entusiasmar mais esse complicado tema - que é minuciosamente investigado, fazendo referências à profissão exercida pelo protagonista e sua, infiel, esposa. Eles são dentistas e em diversos momentos, o filme vai dando, através de uma narração em off corretíssima, toques que demonstram a relação entre o tratamente de dentes e o adultério. Uma cárie, um tratamento de canal, gengivite, dente do sisso. A boca vai tendo diversos problemas;- e o casamento, idem. As coisas vão se agravando, e toda a vida repassa pela mente. Os erros são assumidos, assimilados - porém, vale a pena jogar tudo aquilo que batalhou na vida para conseguir [a vida perfeita com uma casa luxuosa, carros de bom status, três filhas e um emprego digno onde ele é seu próprio chefe], por causa disso? São diversas coisas interessantes no filme, como uma espécie de alter-ego na forma de um paciente que o protagonista ganha, que causa reflexões boas, podendo verificar perfeitamente o estado mental perturbado e apavorado que enfrenta. Outros bons momentos acontecem quando o personagem, em momentos de distração, acaba por ter ilusões de como queria que as coisas fossem;- que todas suas desconfianças não passassem de interpretações erradas. O filme é muito bem atuado, o final se resolve de uma forma bem sútil;- não causando impacto ou fazendo um dramalhão, o que não seria mesmo necessário) 7.0

186 - FEAR X {02/ago} [Fear x, de Nicolas Winding Refn. Dinamarca, Canada, Reino Unido e Brasil(?), 2003. 85 Min] - (O velho filme onde um homem cumum, tem sua mulher assassinada e de uma hora para outra, vira um investigador primoroso. Fitas, fotos, descrições. O cara capta todos os detalhes. Totalmente amargurado, e interpretado por John Turturro no piloto automático, o sujeito parte em uma busca não de vingança, mas de justificativas para o ocorrido. Pois bem, em uma hora descobre-se tudo, daí então, o filme pára. Não tem mais o que mostrar, e vira um filme de enigmas, surrealismo, bizarrices. O diretor expõe toda sua vontade de ser Lynch, mas não talento algum para isso - ao final, resta desfecho medíocre e uma porrada de coisa largada no meio do caminho) 4.0

187 - NICOTINA {04/ago} [Nicotina, de Hugo Rodriguez. Máxico e Argentina, 2003. 85 Min] - (Tem algumas situações que ficam engraçadas, muito em função do comportamento dos personagens esquisitos - os mais exaltados, com problemas no controle de cigarro. Mas a nicotina é um detalhe pequeno no filme, que tem uma proposta à lá "Matar ou Morrer", onde tudo acontece em tempo real;- o duelo aqui, porém, é em função de uma porção de diamantes que envolve, com uma bacana forma de conexão: mafiosos, contrabandistas, hacker, farmacêuticos e barbeiro. Não é um filme de um todo, que análisado, fica bastante frágil pelo pouco que tem a mostrar;- é sim, um filme de pequenos pedaços divertidos. Bastante irregular, mas tão rápido e inofensivo, que passa batido mas diverte) 5.5

188 - QUATRO AMIGAS E UM JEANS VIAJANTE {04/ago} [Sisterhood of the Traveling Pants, de Ken Kwapis. Eua, 2005. 120 Min] - (Não é um daqueles filmes que fica pregando lições de amizade a cada 5 segundos, com longos discursos óbvios e melosos. É em muito sobre amizade. Só que mostrando o quanto elas crescem juntos, e o quanto amadurecem mais ainda, quando estão longes. A tal calça do título, é a testemunha e a ligação que existe entre elas durante o verão;- onde, pela primeira vez, elas se separam e precisam enfretar suas dificuldades. E nesse aspecto, o filme surpreende; sendo deliciosamente agradável com quatro narrativas bastante separadas, sem perda de ritmo ou interesse. É criativo até para a transferências de uma menina para outra, sendo possível sentir o clima, os diferentes ares e atmosferas que cada uma respira. O filme é bastante feliz na hora de fazer o misto da drama, comédia e romance. Nada é muito superficial, ganhando tratamento descente do começo ao fim;- as coisas apresentadas no começo [ocorrências importantes da infância das garotas, a convivências delas desde nascença, o suporte que cada uma já deu para a outra], vão ganhando relevância para os momentos mais importantes a serem descorridos, onde é preciso enfrentar tradições, ausências, sentimentos e perdas. Ah sim, o filme possui uma porção de cenas lindíssimas;- um tanto apelativas emocionalmente, mas realizadas com tanta consciência e eficiência, que devia servir de exemplo para muitas outras obras toscas que tem por aí) 8.5

189 - O OPERÁRIO {04/ago} [The Machnist, de Brad Anderson. Espanha, 2004. 100 Min] - (A transformação de Christian Bale é impressionante e bastante ousada, quebrando o físico para somar em dramaticidade. O personagem é magrelo, assemelhando-se a alguém muito doente, em um estado depressivo sufocante. Ele leva uma vida de insônia e perda de peso há um ano, e existe algum mistério em volta disso; - logo, o filme vai revelando que a mente dele, está sofrendo disturbios e alucionações, e ele está dentro de um misterioso jogo, onde as evidências podem ser alucinações que cabem dentro da realidade em que ele comparece. Seus hábitos são estranhos: vai para uma longe lanchonete localizada em um aeroporto, onde tem um contato amistoso com uma atendente, e, após um acidente em seu trabalho, ele passa a acreditar que existe uma conspiração querendo derrubá-lo e assustá-lo. Pois bem, o personagem parte em busca de descobrir quem está por trás de tudo o que acontece em sua volta, desconfiando de tudo e todos, sentido-se cada vez mais sozinho e sem qualquer amparo. De fato, o filme de Anderson tem um cheirinho de sub-Lynch;- parece rascunho que Lynch amassou, e o Anderson pegou e reaproveitou, reciclando de forma bem mais simples e esclarecedora, as idéias lynchianas que ficam entrelinhas e em formas interpretativas. Anderson esclarece tudo ao final de filme, e de certa forma, o faz de uma maneira interessante - juntando as peças, para mostrar que seu quebra-cabeça era bastante esperto. Na verdade, Anderson parecia ter também um receio de fazer uma bobagem como "Clube de Luta", não quis abusar de tapeações, enganações, e uma reviravolta final que colocasse tudo em questão, e então chegou ao ponto de fazer um filme bastante honesto, o que acaba por danificar todo o mistério que havia criado, ou, tinha intenção de criar. O que vale, porém, é toda a parte em que colocando as peças, é possível entender a mente e a consciência do personagem - ver como as coisas funcionavam. Gostei bastante do clima que o filme cria, bastante obscuro, em muitos momentos parecendo inclusive filme preto e branco - com o carro vermelho ganhando realce por alguma razão específica. Nada que o filme não deixe explicar, porém de forma consideravelmente satisfatória;- é como um "brincar de ser Lynch", e se sair até que bem) 7.0

190 - CONFIDÊNCIAS MUITO ÍNTIMAS {04/ago} [Confidences Trop Intimes, de Patrice Leconte. França, 2004. 105 Min] - (A premissa me encantou. O resto não. Tirando uma boa idéia inicial de uma mulher que erra de sala, e acaba achando que um consultor de negócios é psicanalista, e começa a contar seus problemas íntimos a ele, o resto, nada salva. A falta de humor é incrível. Uma gag como essa, acaba por render bom momento algum. E eis que uma boa idéia de comédia, vira um, pelo menos de proposta, complexo filme de envolvimento. Filme de diálogos, de aparências, de dúvidas, questões e evidências. Na parte cômica, o filme tenta lá o velho truque de homem dançando música toscamente, mas...) 4.0

191 - VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS {05/ago} [Around the World in 80 Days, de Frank Coraci. Eua, 2004. 120 Min] - (Engraçado notar um filme que veícula tanto a figura de Jackie Chan para sua promoção, mas que no fundo, o sub-aproveita de uma forma patética. Os filmes de Chan são um tanto semelhantes em alguns aspectos, e de certa forma, este é filme dele ao mesmo tempo em que não é. Existe uma esforço notável do diretor em conseguir mesclar bem as duas histórias que tem para contar [uma é a da volta ao mundo, e a outra, é a do Chan - onde, pela enésima vez, é um herói que defende tradição de seu povo], mas seu fracasso é tão evidente quanto esse esforço. Fica muito claro que para contar uma das histórias, o diretor acaba abrindo mão da outra - tanto que, toda a primeira parte em que o filme é mais ou menos do Chan, as passagens de tempo são apressadas, parece que eles chegam a China em 15 minutos;- para aí sim, na segunda parte, dedicar-se em elaborar algo para que seja possível criar alguma emoção para a aposta de cruzar o mundo nos 80 dias, criando imprevistos na trajetória deles. Eis aí onde o filme acaba por se alongar demais [a parte do Chan e a peça de seu povo deveria ser bem mais ligeira], e virar uma exaustiva aventura que tem áres de Indiana Jones, mas com poucos pingos de emoção e adrenalina. O Chan, geralmente muito bem humorado e cheio de malabarismos hilariantes, aqui tem um desempenho apagado - ofuscado, certamente, pela inconpetência em que o roteiro tem de colocá-lo naquilo que ele é especialista. Não é de todo ruim como dizem, mas é cansativo) 5.0

192 - PROVOCAÇÃO {11/ago} [The Door in the Floor, de Tod Williams. Eua, 2004. 110 Min] - (O personagem do Bridges me lembrou um personagem semelhante, e se minha memória não falha, feito por ele mesmo. Lembro que tinha sido algo que não tinha gostado muito, e como aqui tem quase que uma repetição daquilo, voltei a não gostar muito. Não vejo tantos méritos em qualquer atuação. O conteúdo do filme tem lá coisas aproveitáveis, principalmente saidas do comportamento da personagem Kim Basinger, desestruturada pela perda dos filhos. A menininha do filme é muito chata, e muitos elementos ficam capengas na trama, que, às vezes, descamba para um humor deslocado [Bridges fugindo da mulher que ele pintava é terrível]. O que realmente é engraçado no filme, é que ele parece não saber quem e o que ele está buscando desvendar... mistério) 5.0
/A SOGRA/ {12/ago} [Monster-in-Law, de Robert Luketic. Eua, 2005. 95 Min] - (Revisto e ganhou meio ponto. Isso porque me diverti mais com as caras e bocas da dupla J.Lo e Jane Fonda)
193 - PAPARAZZI {16/ago} [Paparazzi, de Paul Abascal. Eua, 2004. 84 Min] - (Saber tomar os atos certos quando torna-se uma celebridade muito requisitada e perseguida, é fundamental para a manutenção da carreira. E este filme não quer saber disso. Quer mesmo é ser absurdo. Faz um astro da ação viver na vida real... cenas de ação. Ou mais ou menos isso. O sujeito vira um vingador, um justiceiro, que prejudicado por um grupo de paparazzi's [cujo lhe arrancaram uma bolada de dinheiro e ainda machucaram mulher e filho por causa do assédio], resolve sair por aí fazendo justiça a qualquer preço. E o filme fica nessa situação de colocar o sujeito utilizando seus dotes de atuação para bolar armadilhas para derrubar seus inimigos: os paparazzi's. O filme é um comunicado institucional contra paparazzi's, pintando estes como aquilo mesmo que já vimos centenas de vezes: mal caráters, com direito até a risadinhas maléficas. Muitas coisas soam patéticas demais, como por exemplo, a má utilização de alguns personagens [como a moça que presencia o ato-criminoso dos paparazzi's que causou o acidente, que acaba se calando porque senão... o paparazzi coloca na internet um vídeo dela transando {?}]. E ainda tem o lado de investigação, com um detetive paisagem que só serve para somar de forma irrelevante naquele fiapo de história. Enfim, é um filme que ataca paparazzi's de forma simplista e pouco argumentativa, encerrando-se mais porcamente do que foi durante toda sua duração] 3.0
194 - TENTAÇÃO {16/ago} [We Don't Live Here Anymore, de John Curran. Eua, 2004. 101 Min] - 7.5
195 - HERBIE - MEU FUSCA TURBINADO {17/ago} [Herby: Fully Loaded, de Angela Robinson. Eua, 2005. 93 Min] - 4.5
/O SENHOR DOS ANÉIS: A SOCIEDADE DO ANEL/ {18/ago} [The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring, de Peter Jackson. Eua, 2001. 178 Min] - (Incrível como em tão pouco tempo de existência o filme já consegue soar nostalgico. Ver isso daqui pela primeira vez perdendo o almoço de ano novo com a família tamanha motivação para vê-lo, foi uma experiência e tanto. Cada cena tinha um brilho especial. Agora já não soa da mesma forma, porém não deixa de ser encantador. A cena de Moria, em minha memória até então uma das melhores coisas da trilogia, não é lá essas coisas todas; mas o filme no todo, é uma precisidade. Vejo agora uma certa cafonice em tantas coisas [o fato de o Frodo se machucar a cada 5 segundos, principalmente], mas é um filme tão especial, que continha com um dez bem redondinho. Eita filminho gostoso)
196 - HORROR EM AMITYVILLE {19/ago} [The Amityville Horror, de Andrew Douglas. Eua, 2005. 90 Min] - (Sente uma enorme dificuldade em levar seus acontecimentos em diante. Utiliza-se de vários elementos para ir estufando sua trama, mas não consegue na resolução, dar conexão para aquilo. Talvez nem fosse preciso e nem mesmo fosse coerente dar tais explicações nas circunstâncias que o filme se passa [coisas sobrenaturais], porém o filme se acomoda demais nessa situação - e as fases do processo sistemático da matança, ficam capengando. Contudo, o problema mais sentido talvez seja o fato de que ele tem uma mania chata de querer fazer de qualquer situação, algo que causa pânico e suspense. Chega até ao ponto de uma ida ao banheiro ganhar minutos para resultar em nada. E nesse impasse de as-coisas-vão-começar-a-acontecer, o filme demora muito para começar de verdade e quando começa - tem dificuldade no que mostrar [tanto que o insanidade do protagonista parece uma coisa súbita, ao invés de gradativa - como o filme parece querer propor], e logo acaba numa conclusão pra lá de tosca) 3.0
197 - XXX 2 - ESTADO DE EMERGÊNCIA {19/ago} [XXX: State of the Union, de Lee Tamahori. Eua, 2005. 100 Min] 1.0
198 - QUESTÃO DE IMAGEM {19/ago} [Comme Une Image, de Agnès Jaoui. França, 2004. 110 Min] - (Esse é o filme a ser batido no resto do ano. Será muito difícil aparecer algo tão, tão, tão... insuportável. É quem nos brinda com isso é a mesma realizadora de "O gosto dos outros" [denifivamente o nome da moça agora já é um belo motivo para eu fugir de seus próximos filmes], que aqui cria uma teia ligada de infelicidade. A pior de todas é uma gordinha soprano que chora o tempo todo e quando está aos beijos com um outro personagem, diz estar gorda. Sensacional. Esse filme precisa urgentemente de um psicologo) ZeRo
199 - SEGREDOS DE FAMÍLIA {24/ago} [Around the Bend, de Jordan Roberts. Eua, 2004. 85 Min] - (Parte de um argumento bastante batido mas que pode tornar-se bastante interessante de forma simples, por sua conduta moralmente correta. A idéia de colocar na estrada três gerações diferentes de uma família carregada de frustrações e segredos, vem a se tornar uma peça de fácil admiração no final, óbvio, final redentor. Apesar de toda a facilidade em conduzir o tema batido e clichê, Jordan Roberts consegue fazer um filme que tropeça em seus momentos primordiais e se entope de coisas extraordinárias para algo que quer tanto ser pé-no-chão, simples e real [de coisas que realmente acontecem na vida das pessoas]. A única coisa digna de nota é a breve participação de Michael Caine, que além de o personagem mais interessante de tudo aquilo, também era o que dava um certo espírito para a obra) 2.5
200 - SOB O SOL DA TOSCANA {25/ago} [Under the Tuscan Sun, de Audrey Wells. Eua, 2003. 110 Min] - (Filme de auto-ajuda, sem dúvida. Porém é pouco para se segurar, e acaba criando inúmeros sub-tópicos, que passam do interessante, ao cansativo, ao clichê, chegando até o ponto de perder totalmente o interesse. Acaba se desfocando demais do que seria seu prato principal, que é Diane Lane, e as coisas se bagunçam. Perde-se quase que totalmente o interesse na construção do reascender da paixão da personagem. O final é óbvio, com a lição de auto-ajuda para pessoas de meia-idade que já viveram bastante e acha que é tarde para recomeçar, se levantando de mostrando que enquanto a vida não acaba, pode-se surgir uma nova grande paixão. Não apresenta nada de novo, porém possui alguns bons momentos em seu recheio - apesar de a maioria do filme, soar vago e excessivo demais em sub-tramas e coadjuvantes querendo espaço demais) 5.0
201 - A JANELA SECRETA {25/ago} [Secret Window, de David Koepp. Eua, 2004. 95 Min] - SPOILER (É curioso ver um filme recheado de nomes com credibilidade [da história baseada em Stephen King; do roteiro e direção comandados por Koepp; do elenco que conta com dois grandes nomes como Johnny Depp e John Turturro], resultar em algo tão medíocre e lugar-comum. Esse negócio de alter-ego já não é novidade há um bom tempo, e aqui onde, de início, eu imaginava que seria apenas um mero detalhe e não teria todo aquele escarcéu, acaba por revelar-se um elemento que - realizado aos moldes padrões - quer sim, e muito, ser surpreendente, apesar de deixar DESCARADOS fragmentos que levam apenas a essa conclusão. Por isso, certa parte parece feita por uma pessoa [que não se interessa em querer fazer do alter-ego algo surpreendente, mas sim algo a ser estudado a partir de acontecimentos infelizes na vida do protagonista], e na hora de concluir, parece feito por outra [uma espécie de David Fincher fajuto saido de "Clube da Luta"; Koepp inclusive já trabalhou com ele - talvez more aí a má influência]. Enfim, existe também uma dupla personalidade na realização do filme - que o torna confuso daquilo que realmente queria ser/parecer, caindo até mesmo em distrações metalingüisticas que pareciam promissoras, mas ficam irrelevantes e deslocadas) 4.5
/ABRIL DESPEDAÇADO/ {26/ago} [Abril Despedaçado, de Walter Salles. Brasil, 2001. 95 Min] 9.5
202 - NINA {26/ago} [Nina, de Heitor Dhalia. Brasil, 2004. 82 Min] - (Uma boa proposta estética que não sobrevive sequer para o curto tempo de duração do longa. Seria suficiente para sustentar um curta, mas ver um fiapo de história [pior ainda visto psicologicamente] que se alonga por meia hora, num surto explícito de quero-ser-david-lynch, soa ordinário demais. E a Nina, tanto na sua formação como personagem, uma chata metida a besta reclamona, como na péssima atuação de Guta Stresser, é alguém que não merecia ganhar tanto tempo na tela. E o que agrava mais ainda a situação é a forma episódica de participações de gente conhecida que o filme vira, não conseguindo laçar e colocar tudo na mesma batida. Enfim, lembra um tanto quanto "Sin City", no tom HQ e em desenrolares preto e branco, e chupa a insanidade, a hiponoze e a perturbação mental de David Lynch; cheio de chiliques virtuosos. Na colocação de ordinário ou extraordinário, na cartilha que o próprio filme desenvolve, ele se encaixa em algo que implora pelo extraordinário, mas não chega sequer a cumprir os elementos de coisas ordinárias. É rebelde, quebra regras, reiventa, mas sua ineficiência é visível. Cinema precisa mais que isso) 3.5
203 - DEU ZEBRA! {29/ago} [Racing Stripes, de Frederik Du Chan. Eua, 2005. 95 Min] - (Será quem alguém que faz um filme nesse naipe, ao assistí-lo, fica com a sensação de ter feito um grande trabalho? Fora essa curiosidade, o filme é daquelas coisas de animais falantes repleto de lições de moral para os seres humanos. Os próprios animais são permeados de comportamento humano,- os animais bonzinhos, são dos homens bonzinhos, os animais ruins, invejosos, mesquinhos, etc, são dos homens malvados. O animal é o reflexo do dono. Se o filme é reflexo do diretor, tá aí um sujeito bem ruim) 2.0
204 - A CASA DE CERA {30/ago} [House of Wax, de Jaume Collet-Serra. Eua, 2005. 100 Min] - (O filmes de terror para o povão antes gostavam de esconder mais a brutalidade de assassinatos cruéis, hoje em dia, as coisas se inverteram. O charme agora é ser o mais minucioso possível para filmar um rosto sem pele, uma garganta degolada, um dedo despedaçado, enfim, mostrar sangue é a onda da vez. Alguns tentam impressionar, mas viram atestado de falta de criatividade [vide o ramake de "O massacre da serra elétrica], mas no caso desse "A casa de cera", o banho de sangue do show de horrores que apresenta, é até que divertido. A cera é outro elemento que ajuda para tornar tudo aquilo graficamente exuberante e atraenta, acrescentando para fazer daquilo que o filme mais gosta de fazer espetáculo [a morte], um verdadeiro filme sádico. A dor dos personagens [boca colocada, rosto se desfazendo] é o que o filme mais consegue se aproximar de mostrar com precisão e realismo, com pequenos detalhes, como a lágrima escorrendo do rapaz "encerado". Não dá para cobrar muito da história que ele tem a apresentar, que é um fiapo [tão fiapo que perde-se muito tempo com "papos alternativos" daquela turminha], logo, o final campeão em tosquice [com direito a "surpresinha final"], é um escorregão. Mas dá para divertir razoavelmente com o banho de sangue] 5.0
205 - O CASTELO ANIMADO {30/ago} [Hauru No Ugoku Shiro, de Hayao Miyazaki. Japão, 2004. 120 Min] 6.5
206 - NAPOLEON DYNAMITE {30/ago} [Napoleon Dynamite, de Jared Hess. Eua, 2004. 90 Min] - (Mais um diretor nerd apreciador de loser's na área. O Napoleon é uma caricatura de gente loser, de moleque maltratado, desprezado, isolado e com sérios problemas psicológicos [a coisa é tão preta que ele até inventa ter namorada, e por aí vai]. A graça do filme é rir da desgraça dele: ser espancado pelos pop's da escola; ser desprezado pelas meninas; ser alvo de riso de seu tio Rico; e por aí vai. A gente tem que rir até da dança e da forma desengonçada com que ele se comporta. O problema é que a graça nisso tudo aí é ZERO. Não sei porque teve tanto ba-fa-fa em cima disso, que é um sub-Todd Solondz para pré-adolescentes, sem qualquer empenho em ao menos ensaiar algum argumento. O filme se esconde atrás de suas idiotices;- tem covardia pior?) 3.5
207 - MULHER-GATO {31/ago} [Catwoman, de Pitof. Eua, 2004. 100 Min] - (Tem lá seus méritos. Méritos que não passam de obrigações, mas que poderiam muito bem ser convertidos em um defeito muito comum hoje em dia. O principal deles, é conseguir fazer bem a conexão da trama da empresa com o romance: existe Patience e a mulher-gato, e trata-se da mesma pessoa. A trama de vingança + justiça com o romance, consegue fluir bem no mesmo filme. Agora, é repleto de problemas mesmo. Nas caracterizações dos personagens é onde tem o maior tropeço: Halle Berry parece uma fruncionário de prostibulo de quinta, e Sharon Stone, numa versão perua de Cruela-Cruel, é constrangedora. Benjamin Bratt faz uma espécie de piloto para ver se conseguia papel de Batman, o que não conseguiu - talvez pela fragilidade que seu personagem contém. O único que parece levar a patifaria a sério, é o próprio diretor [Pitof, isso lá é nome pra diretor], que deixa um filme cheio de cenas de ação capenga, e é muito presunção virtuosa para algo tão vazio) 4.5
208 - DESAFIO NO ÁRTICO {31/ago} [The snow walker, de Charles Martin Smith. Canadá, 2003. 105 Min] 4.5
209 - SOBRE CAFÉ E CIGARROS {01/set} [Coffee and Cigarettes, de Jim Jarmusch. Eua, 2003. 93 Min] - (Tem uma boa idéia de premissa até chegar a conclusão, formando o ciclo de vida de qualquer pessoa. O café e o cigarro é mero detalhe que aparece nas conversas/acontecimentos daqueles personagens. O fato de formado por curtas, o torna um tanto quanto difícil de entender - alguns dos fatos, ficam capendando. Porém é um filme inusitado, como já demonstra no primeiro curta que tem a participação de Roberto Benigni e Steven Wright, ondem bebem café e fumam um cigarro em uma espaço todo arrebentado e sem explicação - situação tomada completamente pelo non-sense, confirmado pela troca de diálogos entre eles. E pequenas curiosidades é o que vai cercando cada curta, onde em um deles, podemos ver a prima-rica e a prima-pobre numa magistral participação de Cate Blanchett. O melhor curta, entretanto, fica por conta de Alfred Molina e Steve Coogan, metalingüístico e irônico, que vem logo após o pior curta, com a dupla do White Stripes em uma conversinha tola e chata) 6.5
210 - MEU AMOR DE VERÃO {02/set} [My summer of love, de Paul Pavlikovsky. Grã-Bretanha, 2004. 82 Min] - (Depois de ver o filme fui ler algumas coisas sobre, e não é que eu encontro algo que diz que este é considerado o melhor filme com temática lésbica do ano? Quantos filmes assim são produzidos, para isso ser algo tãããooo expressivo assim? Fora isso, é um filme de certa forma competente, que se engrandece muito na parte final - onde passa a ser criativo narrativamente, impondo circunstâncias que, finalmente, levam a pensar do que, de fato, se trata o filme. E quando cheguei a essa conclusão, fiquei em dúvida se é um tal filme sobre lésbicas;- talvez haja tanta carência em algo assim, que qualquer experiência das moças, acaba por tornar-se algo lésbico. A profundidade do filme aos meus olhos não estão bem aí, mas sim na parte intimista de uma das personagens;- o porque elas agem assim, quais problemas elas enfrentam, que medos, obsessões e angustias carregam. E é aí mesmo que o filme passa a funcionar no final, inclusive tornando o irmão de uma das moças, uma peça até interessante e que acrescenta para tudo aquilo que envolve aquele universo. Talvez eu tenha me decepcionado um pouco, pois esperava algo num misto de intenso e suave como o excepcional "Prova de Amor", e acabei encontrando um filme com certa frieza e calculado, mas que expõe bem seus personagens e seus demonios) 7.0
211 - NÓ NA GARGANTA {03/set} [The butcher boy, de Neil Jordan. Irlanda/Ing/Eua, 1997. 110 min] - 6.0
212 - AMOR EM JOGO {05/set} [Fever Pitch, de Peter e Bobby Farrelly. Eua, 2005. 100 Min] - (Quando sai do cinema estava um pouco decepcionado. Fico sempre ancioso esperando um novo filme dos irmãos Farrelly, e quando chega um, quero me divertir muito. E não digo que não me diverti com este, mas os outros deles, são melhores. Bem melhores. Porém eles continuam o mesmo, só que um tanto quanto mais contidos;- colocam os pés no chão, e não partes para coisas tão incomuns e exageradas de outros filmes. No entanto, não deixam de, mais uma vez, tratar um sujeito "doente", dessa vez pelo esporte - que lhe ocupa a vida simples e humilde, até que a paixão pela garota começa a abalar e o leva a um novo tipo de conceito para seguir sua vida, estabelece novas metas. O que mais me impressionou no filme é que ele consegue tanto defender os amantes de esporte apaixonados, como defender aqueles que acabam sofrendo do mal do parceiro ser um apaixonado pelo esporte. No fim, fiquei encanto pois da forma encantadora que sempre pregam, conseguiram buscar e entender o que de fato de trata a essência do amor. Tá alí naquela lindíssima cena final, com diálogos perfeitos e atuações inspiradas. Faltou mais risadas, o que pesou muito) 6.0
213 - MEU TIO MATOU UM CARA {06/set} [Meu tio matou um cara, de Jorge Furtado. Brasil, 2005. 85 Min] - (Jorge Furtado um pouco mais light do que o habitual. Não tem toda aquela conexão de elementos, talvez porque ele assuma de uma vez uma postura de investigador detalhista. Alguém que observa cada particula do filme para utilizar como chave da construção de toda a trama. Ainda assim é um filme cativante, bastante simpático, com uma histórinha de amor juvenil colegial divertida o bastante para entreter durante a curta duração. Não sei porque o filme tem tido tanta rejeição;- apesar de que quem conhece o que o Furtado já fez, sabe que ele consegue brincar com paixões como poucos [vide "Houve uma vez dois verões"] e criar tramas elaboradíssimas e surpreendentes ["O homem que copiava"], de uma forma mais eficiente do que ele fez aqui. Aqui ele continua com uma linguagem particular e interessante, misturando com jogos de investigação - o que, talvez, seja a inspiração para as mirabolantes coisas que acontecem em seus filmes) 7.0
214 - A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE {06/set} [Charlie and the Chocolate Factory, de Tim Burton. Eua, 2005. 106 Min] - (É mágico, é diferente, é excêntrico, é maluco. É uma viagem. E enfim, é um Tim Burton legitimo com sua assinatura irretocável. Quando imagina-se que seu cinema não pode mais surpreender, eis que aparece algo como "A fantástica fábrica de chocolate", para provar que numa mente criativa, sempre tem espaço para idéias novinhas;- mesmo que dentro de uma universo já existente e habitado desde que Burton existe. Sutilmente e com uma leveza ímpar, o diretor consegue moldar um painel social e brincar dentro desse painel introduzido ao seu universo repleto de magia e bizarrices fantásticas. Seu investimento íntimo aqui vai na estrutura de seu personagem reflexo, que é o Willy Wonka, assim como Edward, o mãos de tesoura, vem carregado de uma falta de família. Precisa encarar o mundo sem ter aqueles que ajudam nos momentos em que sente-se deprimido e pede por carinho e atenção. Em seus momentos baixos, sobra-lhe apenas sua fantástica fábrica e seu rio de dinheiro; a falta de suporte familiar, acarretou também na formação de seu caráter, extremamente egocêntrico e desdenhoso. Por isso, o surgimento de Charlie em sua vida é o que irá lhe mostrar novos rumos além de revelar o quanto pode ser importante para alguém a família e como nunca deve-se abrir mão dessas pessoas. Várias coisas podem ser aproveitadas como lições dentro de filme, principalmente quando o assunto vira em torno do capitalismo;- de como pelo dinheiro, as pessoas podem acreditar ter o mundo em suas mãos. No começo do filme, a narração em off [excepcional] coloca toda a idéia de que Charlie é um garoto pobre, mas que ele nem imagina a sorte que ele tem; logo, pode imaginar inúmeras coisas, que ao final é revelada: sua sorte é ter uma grande e honesta família, que nunca desiste de lugar pela sobrevivência com a própria união e compreensão. Tim Burton cada vez mais se superando, neste que talvez, seja seu melhor filme) 9.0
215 - CRASH: NO LIMITE {06/set} [Crash, de Paul Haggis. Eua e Alemanha, 2004. 115 Min] - (Não é por um trabalho que se pode dizer que alguém já é uma realidade. Com dois, a coisa começa a clarear mais. E Paul Haggis é um talentoso roteirista bastante rodado na tv, mas que vem se destacando agora com o cinema. Dois mil e quatro foi seu ano. Além de escrever "Menina de Ouro", merece destaque maior por ter feito esse "Crash", onde além de escrever também dirigiu. E o sujeito é bom. Tem estilo para conduzir as cenas [faz um dramalhão com câmera lenta com uma habilidade notável], além de arrancar desempenhos surpreendentes de figuras que não possuem como maior qualidade a arte dramática;- é possível até ver uma Sandra Bullock que aparece pouco, mas deixa sua presença de forma admirável. O filme trata de diversos dramas, de pessoas lutando pela sobrevivência e sofrendo com repressão e desrespeito. Cada figura do filme, independente da conduta que toma na trama, é humanizada com sensibilidade. É possível ver, por exemplo, um personagem ter um ato repugnante, para pouco tempo depois, vê-lo sofrendo dramas e tendo atos heróicos. E Haggis abre um leque de opções para explorar onde, em determinado momento, ele mesmo parece confuso no que seguir - sua própria cria parece sair de seu controle, e os personagens ficam batendo na porta querendo entrar em cena a todo momento. Porém, aqueles que ganham mais força são aqueles que acabam por passar mais tempo na tela [algo que deve ter sido decidido na edição já], e conforme caminha para o final, entrelaça as coisas de forma que não soa muito óbvio, mas não passa a ser algo absurdo. É um filme peculiar, e realmente, uma surpresa contundente para esse ano) 8.5
216 - ZATOICHI {07/set} [Zatoichi, de Takeshi Kitano. Japão, 2003. 115 Min] - (É minha primeira experiência com o cinema do Kitano, e foi meio frustrada. Não era bem aquilo que eu esperava, mas mesmo assim, possui alguns elementos que me surpreenderam positivamente. O grande mérito é, sem dúvida, seu protagonista, com habilidade impressionante na espada, e que de uma aparência serena e estável, possui um lado violentíssimo para ter a paz e a tranqüilidade que necessita. É basicamente um justiceiro, que passa a combater as injustiças que ocorrem naquela região que convive - e, ao seu lado, estão as pessoas que sofrem com a repressão e a agressividade da mafia estabelecida. Mas as qualidades vão parando por aí. Tem toda uma produção bem cuidada, está certo [a fotografia é incrível, principalmente na parte em que o cego samurai caminha para a parte final até a luta com o protetor do chefão da magia], mas não compensa a falta de ritmo da narrativa [não é um filme lento, mas é algo que cansa por inúmeros preciosismos], e aquele humor deslocado que nunca faz rir) 5.5
217 - MACHUCA {07/set} [Machuca, de Andrés Wood. Chile e Espanha, 2004. 120 Min] - (Uma pequena amizade que representa uma lição a um país, ou ao mundo, onde as diferenças sempre geram conseqüências insanas e impensáveis por parte de determinadas partes da sociedade. A diferença alimenta um ódio esnobe que rende inúmeras reações de ideais questionáveis, privando pobres, neste caso, de terem a mesma oportunidade que os demais. Gonzalo, o garoto rico solitário e inibido, passa a ter um contato social mais próximo de Machuca, um garoto pobre e residente de favela, que por metas governamentais, acaba por ter a oportunidade de estudar em uma escola de classe - porém, não são todos que possuem a aceitação que Gonzalo tem; e assim, passa a ter conflitos entre os garotos, que acaba por gerar uma confusão ainda maior. "Machuca" não é apenas um filme com uma história para contar, mas também um filme que necessita, e muito, jogar para fora toda sua indignação com o ocorrido em um período muito triste que o Chile atravessou. É um filme com uma história para contar e outra história para revelar ao mundo, mostrando as caras de um país dividido entre protesto, dor, violência social e física, preconceito, arrogância e, de forma inteligente, consegue mostrar que os problemas sociais são bastante complexos e difíceis de serem resolvidos. A ação de tentar igualar a sociedade, pode provocar reações que, ao fim, podem ver a prejudicar aqueles que eram para serem os beneficiados. As coisas são mais difíceis do que parecem, mas se pode existir Gonzalo e Machuca, a esperança nunca deve se apagar) 8.0
218 - CASAMENTO DE ROMEU E JULIETA {08/set} [Casamento de Romeu e Julieta, de Bruno Barreto. Brasil, 2005. 90 Min] - (Transformar a clássica obra sheakespereana Romeu e Julieta em algo abrasileirado, com cara e suor brasileiro, foi uma boa sacada, ainda mais escolher Corinthians e Palmeiras para ser o ponto de discordia das familias. Tá certo. Mas daí dizer que é um filme sequer bom, demora. É muito, mas muito fraco. Aposta descontroladamente em duas piadas [um corintiano no meio de palmeirenses controlando sua paixão e seu desprezo; e um palmeirense sendo feito de otário - o que por sinal, é a cara de palmeirense mesmo], e quando aposta no romance, deus do céu, vira a pior coisa do filme. A falta de química de Luana Piovani [além da péssima atuação, constrangedora] e Marco Ricca incomoda, casal que não combina e não faz nada para aliviar isso é complicado. Uma bobagem) 3.5
219 - KING'S RANSOM {08/set} [King's Ransom, de Jeff Byrd. Eua e Canadá, 2005. 95 Min] - 4.0
/O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO {10/set} [O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento. Brasil, 2004. 123 Min] - (Ganhou bastante com a revisão. Apesar das condições [sábado de manhã com cinco horas dormidas], o filme me entreteu bastante e toda sua estética e sua concretização, acaba conquistando. O documentário passa tão fácil de um humor natural [de risos amarelos pelas condições daquilo lá], para um choque. Dos fortes, revelando as naturezas do lugar - pela visão, pela narração, pela descrição daqueles que estão alí presentes. É também um retrato em potencial de o quanto a liberdade é valiosa. Subiu um ponto e meio em meu conceito) 8.5
220 - AMEAÇA INVÍSIVEL: STEALTH {10/set} [Stealth, de Rob Cohen. Eua, 2005. 115 Min] - (O Cohen se consolida como o pior diretor de filmes-de-ação do mercado hollywoodiano [antes de qualquer pergunta, sim, Michael Bay é bem melhor], criando um vídeo-game de navinha que supera o tédio de qualquer outro filme do gênero. O engraçado é que o roteiro é um furada e vai desistindo de algumas idéias, e no fim, fica só no duelo com a navinha revoltada. Jamie Foxx, coitado, não tem tempo nem de tentar conquistar a empatia para então, seu destino causar algum efeito. E taí algo relevante: os personagens são tão jogados naquilo, que não dá para se importar com eles, de fato. Parecem apenas personagens de vídeo-game mesmo, e parece que se acontecer algo com eles, é só dar restart e ele volta. Além disso o romance fica capengando na história [?], que só não é pior do que as idéias políticas do filme, que são bem bagunçadas para não atingir ninguém. Medonho) 2.0
221 - A MENINA SANTA {12/set} [La Niña Santa, de Lucrecia Martel. Argentina, Itália e Espanha, 2004. 106 Min] - (Quando se vê o filme, pode não parecer algo tão grande. Quando se pensa o filme, aí sim, temos algo muito interessante. O elo de desejos que é colocado dentro daquela universo conservador proposto pela Martel, impressiona. Um médico em carência tem seu momento de perversão; a jovem garota religiosa surpreende ao demonstrar certo prazer no assédio sexual que sofre ao ponto de se masturbar [numa cena bem delicada]; acrescenta aí, a mãe divorciada da garota, que flerta com o médico. Esse ciclo de inter-relações é formidavelmente conduzido pela diretora, que não faz um julgamento de moral, mas sim, observa e relata carências e desejos [atração sexual de homens e mulheres dentro de uma ambiente religiosamente conservador]. Incrível notar o desinteresse em criar sensacionalismo e choque apesar de toda a situação "criminosa" e chocante que existe naquilo tudo. Outra coisa interesse que ao final passa a fazer mais sentido, é o filme "esconder" certos diálogos, que ficam apenas entre os personagens e seus sussurros, assim como o final, que busca não ficar berrante com a resolução de seus acontecimentos. Um filme que cresce quanto mais se pensa nele) 8.5
222 - A QUEDA: AS ÚLTIMAS HORAS DE HITLER {12/set} [Der Untergang, de Oliver Hirschbiegel. Alemanha e Itália, 2004. 156 Min] - (Mostra tudo aquilo que dizem mesmo [um Hitler humanizado e tudo mais], ao longo de seus cansativos enormes minutos. O que vale mesmo a pena nisso tudo, são alguns fatos históricos, mas acima de tudo, a atuação de Bruno Ganz, que vale toda a nota do filme) 6.5
223 - O TEMPERO DA VIDA {13/set} [Politiki Kouzina, de Tassos Boulmetis. Grécia, 2003. 105 Min] - (É um filme sobre idas e vindas, lugares e comidas, presenças e ausências, família e amor. É tudo uma gracinha e a trilha sonora vai auxiliando bem em transformar tudo aquilo em um ar deliciosamente de sar respirado. Das reuniões de família para devidos banquetes até pequenos detalhes da vida do sujeito ainda garotinho [como a convivência com as garotas da escola com sua aptidão de cozinhar], o filme consegue ter sua diversão. Só que chega uma hora em que as coisas se esgotam e as incontáveis sacadas metafóricas de elementos de tempero com acontecimentos da vida cansam. Quando chega a hora de fechar tudo, resolver o impasse do sujeito com o avó e sua falta de contato com a garota que foi o amor de sua vida, desanda completamente. Por curiosidade, existe, ao meu ver, um erro primário de direção no decorrer do filme onde em uma cena, o garoto está trancado e do lado de fora, algumas pessoas conversam com ele fazendo perguntas;- e naquela coisa de plano e contraplano, fazem uma pergunta para o garoto e ele responde com o movimento da cabeça que sim, e quem está fora, sabe que o garota fez o sinal positivo. Curioso, talvez os gregos possuam esse poder) 5.0
224 - HEART OF AMERICA {13/set} [Heart of america, de Uwe Boll. Canadá e Alemanha, 2003. 85 Min] - (Dois adolescentes comuns sofrem com mals-tratos de alguns alunos da escola, enquanto um deles, sofre também com os mals tratos do pai. Com uma inquietante angustia e uma descrença no ser-humano, eles armam um plano para uma vingança. E isso tudo parece "Elefante", não? Parece muito. Muito mais do que pode-se imaginar. Ambos possuem a mesma data de fabricação, coincidentemente. A diferença é que "Elefante" atingiu um público grande e teve Cannes como ajudante, enquanto este, sequer teve alguma divulgação maior. Nisso, claro, entram os méritos do filme do Van Sant que é infiniticamente superior e conciso. Esse "Heart of America" possui inúmeros problemas de realização em seu texto bastante amador; e, em estilo, vai se desgastando e suas peças que seriam para surpreender, não funcionam lá muito bem. Quer fazer toda uma rede com os personagens [assim como "Elefante" faz com uma perfeição e um sincronismo incrível], que só faz sentido na hora do clímax, porém acaba capengando em algumas coisas. Poderia ser um filme bem bacana, pois tem uma boa intenção de abordagem e discussão [sem tomar exatamente um partido e atirando pra tudo quanto é lado, inclusive a mídia], apresenta dados, e ao final, tem direito até a um interessante apanhado de acontecimentos semelhantes e que certamente serviram de inspiração para a criação, sendo citado até, claro, os acontecimentos em Columbine. Porém, esse foi apenas um de muitos outros que aconteceram e o filme preza em informar. Pena que é tão tosquinho em geral) 5.5
225 - A MARCHA DO IMPERADOR {14/set} [La Marche de L'Empereur, de Luc Jacquet. Eua e França, 2005. 85 Min] - (Uma coisa a se esclarecer: a versão que eu vi é a original francesa, portanto, nada de dublagem feita pelo Freeman. Na versão que eu vi, três vozes compõe aquela "narrativa", uma na representação da mãe, outra do pai, e por última, a do filhote. É difícil explicar algo sobre o filme, que acompanha uma marcha de pinguins para todo o ciclo de reprodução. Trata-se de algo muito bem dirigido, com cenas que carregam uma emoção ímpar [o duelo com os predadores, particularmente me envolveram muito], contagiados por uma trilha-pop excepcional. Uma combinação perfeita de imagem, som natural, silêncio, narração e música. Melhor do ano? Muito provavelmente. E eu era uma das pessoas que nunca diria que um filme documental sobre reprodução de pinguins chegaria a tal status; e talvez tenha razão, pois este é muito mais que isso) 10
226 - A CASA DOS BEBÊS {15/set} [Casa de los Babys, de John Sayles. México e Eua, 2003. 95 Min] - 0 (zero)
227 - LANCE DE SORTE {16/set} [The good thief, de Neil Jordan. França, Reino Unido, Irlanda e Canadá, 2002. 107 Min] - 3.5
228 - A VIDA E A MORTE DE PETER SELLERS {16/set} [The Life and Death of Peter Sellers, de Stephen Hopkins. Eua, 2004. 127 min] - 5.0
229 - MERA COINCIDÊNCIA {17/set} [Wag the dog, de Barry Levinson. Eua, 1997. 97 Min] - 8.5
230 - CLEAN {20/set} [Clean, de Olivier Assayas. França e Inglaterra, 2004. 110 Min] - 7.0
231 - PENETRAS BONS DE BICO {21/set} [Wedding Crashers, de David Dobkin. Eua, 2005. 120 Min] - (O que eu esperava do filme [muitos risos e gargalhadas constantes], acabou me decepcionando. Porém, teve lá suas surpresas. A principal delas, o filme se sustentar tão bem como convencionalidade, expondo suas fragilidades sem se tornar uma auto-paródia. Dobkin apostou muitas fichas em risos [que acontecem bem menos do que se espera], mas para compensar isso caso não funcionasse, inventou uma comédia-romântica deliciosa. Tanto que os momentos em que ele melhor funciona acaba por não ser nas partes mais "pastelonas" de comédia atirada, mas sim, nos elementos básicos de comédia-romântica, que faz com que tudo seja encarado a partir de Owen Wilson [acho ele ótimo, quase sempre], pegando o Vince Vaughn como coadjuvante. E nessa forma, acredito que funcione e até que bem) 7.0
232 - GUARDIÕES DA NOITE {21/set} [Nochnoy dozor, de Timur Bekmambetov. Russia, 2004. 125 Min] - (Essa badalada obra Russa [indicação do país para o Oscar 2005] é uma mistura de gêneros com toques filosóficos, que mais irritam, do que propriamente fazem pensar. Assistindo ao filme pode-se perceber alí de "Matrix" até "O senhor dos anéis", versão vampiros de duelo entre um suposto bem e um lado das trevas, onde existe uma criança que vai decidir muitas coisas. Com uma montagem irritantemente frenética [um milhão de planos e contra-planos por segundo], uma história mais do que pra lá de confusa, uma sucessão de personagens carregados de interrogação, e uma direção presunçosa e ineficiente, eis aqui um filme onde pode-se perceber tudo o que há de ruim no cinema, seja tecnicamente ou narrativamente) 0 (zero)
233 - TRÊS VIDAS E UM DESTINO {22/set} [Head in the Clouds, de John Duigan. Eua, Inglaterra, Espanha e França, 2004. 120 Min] - (Reciclar e reinventar modos de contar um grande romance épico em épocas de guerra, foi mais ou menos a tentativa disso aqui. Cria um grande triângulo que se espalha, mas não convence em nada. Numa primeira parte de apresentações onde vão se conhecendo, o filme é inofensivo e insignificante. A coisa desanda completamente quando passa a tentar ser intenso, e cria uma porção de diálogos constrangedores e cenas grotescas e batidas [reencontro do sujeito com a Charlize Theron, por exemplo]. É um sub-"Cold Mountain") 3.0
234 - O ASSASSINATO DE RICHARD NIXON {22/set} [The Assassination of Richard Nixon, de Niels Mueller. Eua, 2004. 90 Min] - 6.5
235 - GARRINCHA - ESTRELA SOLITÁRIA {23/set} [idem, de Milton Alencar. Brasil, 2005. 105 Min] - 1.5
/JANELA INDISCRETA/ {24/set} [Rear Window, de Alfred Hitchcock. Eua, 1954. 107 Min] - (Primeira vez que revejo o filme depois de, chutando, uns três anos de tê-lo visto. Ou seja, em minha mente, ele já era mais mito do que propriamente algo contendo fortes imagens ou emoções. E revê-lo fez com que eu reaparecesse as sensações que tive na primeira experiência, e conforme o filme ia caminhando, as imagens apareciam. Um cinema em plena harmônia, uma sintonia perfeita de elenco, um sintonia perfeita de roteiro e direção. Não digo que Hitchcock é gênio, pois é redundância - mas o cinema dele, além de tudo, é muito charmoso, astuto e planejado. Se parcela do sucesso de qualquer coisa grandiosa surge de um planejamento, Hitchcock sabia como poucos planejar seu conteúdo estético; basta notar como ele consegue amontar informações apenas utilizando imagens, sem precisar colocar os personagens fazendo discursos para explicar acontecimentos. Esse acho que é um filme onde o roteiro é que nasce para a direção, as imagens; para todo aquele deslumbre estético que Hitchcock cria [enquadramentos maravilhosos, movimentos de câmera brilhantes - ainda mais com a limitação que o lugar propunha, ele conseguiu dar dinâmica aquele pequena universo], as palavras são bem secundárias. O filme empolga, e vejo ele ainda como o melhor Hitchcock) 10
236 - UMA CANÇÃO DE AMOR PARA BOBBY LONG {26/set} [A love song for Bobby Long, de Shainee Gabel. Eua, 2004. 120 Min] - 5.5
237 - A CHAVE MESTRA {26/set} [The skeleton key, de Iain Softley. Eua, 2005. 100 Min] - (Para as coisas funcionarem, é preciso acreditar nelas. Se diz muito isso da fé, onde religiosos vivem pregando em meio de comunicação, que "é preciso acreditar na fé para que comece a acontecer coisas boas na vida". E nesse filme, esse elemento é muito bem explorado para todos os momentos da trama. Fugindo do habitual recente dos filmes de suspense e terror, onde uma coisa não caminha junto com a outra, idéias vão sendo abandonadas, e um final desconexo mostra que tudo aquilo era um lixo - neste filme, segue-se uma idéia de trama do começo ao fim, matendo um mistério chave para aquele enigma que ele assume desde o início, e o final, é bastante ousado e surpreendente condizendo com outros detalhes que compuseram a narrativa. O próprio uso de imagens para contar a história passada, vai acrescentando elementos - e os autores, conseguem ir pensando além do óbvio. Apesar desse roteiro bem amarrado e resolvido [que vez ou outra, comete falhas], o grande diferencial do filme consiste na fotografia, que auxilia bem para a criação daquele ambiente sufocante e misterioso, e da direção que aproveita muito bem o espaço [e universo] para assustar, superando a dificuldade narrativa que contém o roteiro que deixa a mocinha livre para ir e vir a hora que quiser. Uma grata surpresa) 7.5
238 - ExISTENz {27/set} [eXistenZ, de David Cronenberg. Canadá, França e Reino Unido, 1999. 97 Min] - 0.5
239 - 2 FILHOS DE FRANCISCO {28/set} [idem, de Breno Silveira. Brasil, 2005. 130 Min] - (Um filme que pra mim se divide em duas partes. A primeira delas, extremamente competente na construção de acontecimentos e respeitando um processo de tempo aos fatos,- porém, demasiadamente preenchido por detalhes desnecessários, que o faz cansativo. Depois de um acontecimento chave, passa um período relevante de tempo e temos a segunda parte. Dessa vez, os acontecimentos se atropelam grosseiramente, porém o filme ganha um dinamismo narrativo e se empenha em uma emoção orgânica, ao vez daquele calculismo notável da primeira parte [com isso, é muito mais "bonito e choroso" a segunda parte do que a primeira, ambas, ao meu ver, com a mesma importância). Como cinema, colocação da câmera, utilização de planos, fotografia, achei tudo muito bem realizado. É um filme feito por estreiante, porém parece algo de alguém experiente;- ali, não se vê apenas dinheiro gasto, mas também uma mente com noção de espaço e observação. Gostei, emocionou, a trilha não atrapalhou, a transformação "documental" do final foi bem feita pra caramba, porém as falhas aparecem com muita força. Mas é bonito, não ofende ninguém [a não ser a moça que andou espalhando que o Luciano é gay, por ter sido mal-retrada no filme]) 6.5
240 - PROCURA-SE UM AMOR QUE GOSTE DE CACHORROS {29/set} [Must love dogs, de Gary David Goldberg. Eua, 2005. 90 Min] - (Achei que os cachorros teriam maior importância no filme. Não que isso fosse melhorá-lo do que ele é, porém ao menos, teria mais chances de existir pelo menos um personagem simpático no meio disso tudo. Depois de "Sob o sol de Toscana", a Lane novamente fica encalhada [já merece uma menção como a atriz que mais adora fazer "quarentonas" encalhadas]; e no meio desse desespero, aparece o personagem do Cusack, recém abandonado e tão desinteressante quanto a Lane) 3.5
241 - A FEITICEIRA {03/out} [Bewitched, de Nora Ephron. Eua, 2005. 90 Min] - (Tem um algo de encantador em Nicole Kidman movimentado o nariz como caracteristica principal da personagem, porém um mero detalhe que não alívia o fiasco que é o roteiro e a atitude erradíssima em escalar Will Ferrell - um dos atores cômicos mais sem-graças que já vi na vida) 3.5
242 - OS GATÕES: UMA NOVA BALADA {03/out} [The Dukes of Hazzard, de Jay Chandrasekhar. Eua, 2005. 100 min] - (Seann William Scott, a figura de "American Pie" que não vingou. Johnny Knoxville, o sujeito jackass. A clone da Britney Spears que só serve para mostrar suas curvas, que só se tornam atraentes devido a (falta de) roupa. Jay Chandrasekhar, o diretor do terrível "Super Troopers". Só podia esperar o pior, e em causa disso, pode até surpreender por alguns aspectos. As atuações são ruins, a trama é grotesca, o final é pífio - porém, mesmo com todas as previsibilidades e mesmo sem uma piada sequer funcionar, como cinema de ação com inúmeras perseguições identicas, acaba por não ser enjoativo como poderia. É bem agitado sem ser entediante e a amoralidade sexual acaba por ser até mais divertida do que parecia ser) 5.0
243 - TARTARUGAS PODEM VOAR {04/out} [Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand, de Bahman Ghobadi. Irã e Iraque, 2004. 95 Min] - 6.0
244 - IRMÃOS {04/out} [Son frère, de Patrice Chéreau. França, 2003. 90 Min] - 7.0
245 - LUTA PELA ESPERANÇA {08/out} [Cinderella Man, de Ron Howard. Eua, 2005. 144 Min] - # Muitos Spoilers # (O ego + orgulho americano é acariciado a todo momento desse filme, onde as pessoas podem ver em Jim Braddock, que eles formam um povo vencedor e extremamente honrado. A dignidade de Braddock é de uma beleza impressionante: limitado fisicamente, ele enfrenta uma luta de boxe; com a depressão atingindo diretamente a barriga de sua família, seu filho acaba por roubar um açougue - Braddock é um grande homem, faz ele devolver e lá promete que ele nunca irá se desfazer do garoto; quando chega o momento que as coisas se complicam mais, com a alma e a honra ferida, ele recorre a ajuda de "doação" - quando volta a ganhar dinheiro, reembolsa o que lhe foi dado; enfim, é um homem e tanto que batalhou muito para viver feliz para sempre ao lado de sua esposa (vivida por uma histérica e incrivelmente irritante Renée Zellweger), dando casa e comida aos seus três filhos. E para ir contra essa imagem ideal do boxeador, eis que surge um vilão bem caricato, que na luta, apela para provocações baratas e golpes baixos indignos - e além disso, sai com prostitutas e... é um assassino nos ringues. Apelação total cada aparição do sujeito, que faz cara de mal, de poucos amigos, e perto dele, qualquer um é um ser humano perfeito - ainda mais Braddock, que não cometeu um deslize sequer em toda sua jornada. Só que, apesar de tudo isso, não é que trata-se de um belo filme? Espirituoso, esperançoso, e incrivelmente, um interessante relato da época? Não é novidade nenhuma produções que revelam essa dificuldade barbara que o povo americano passou, porém esse filme não é uma busca pela novidade; ele utiliza-se bem de elementos já desgastados, para trabalhar emoção (às vezes de forma ridícula como a cena da igreja onde todos rezam por Braddock), na maioria das vezes muito bem. A trilha clichê e conduzida para o ápice final, funciona que é uma beleza - e tudo aquilo, apesar das tosquices que aparecem de tempo em tempo, emociona. Aqueles letreiros finais arranham um pouco a imagem do filme (fiquei constrangido), porém não são suficientes para destruir toda aquela boniteza que o filme carrega em cada tomada que faz. Ah sim, a luta de boxe não é filmada com grande poder criativo, porém em determinados momentos, Ron Howard sai de um esquematismo e consegue planos bem legais. E para finalizar, o filme é de Russell Crowe e Paul Giamatti, que justificam a nota) 6.5
246 - SUPER ESCOLA DE HERÓIS {09/out} [Sky High, de Mike Mitchell. Eua, 2005. 100 Min] - (É bastante infantil e com referências... infantis. Não dá para aproveitá-lo como algo que consegue ir além de um filme padrão para crianças que gostam de ver super-heróis e suas façanhas notáveis, o exagero de seus poderes e a risadas maléficas e vozes malvadas dos vilões. O filme todo é montado em cima de uma espécie de x-men's, com clima e trama chupada completamente de qualquer situação que envolve o Harry Potter [errrr, veja a semelhança; o garoto é filho de dois super-heróis, vai para o primeiro ano da escola de heróis, lá tem a amizade de um garoto e uma garota; ele é popular pra caramba por causa de seus pais; aos poucos ele vai descobrindo seu poder e a forma de utilizá-lo, e por aí vai), que ao final, se transorma em um power ranger da vida descarado e ridículo da mesma forma. Não dá para elogiar muito do filme, fora que trata-se de uma diversão razoável em uma certa parcela do tempo [porém, sempre tem coisas batidas do roteiro que surgem para atrapalhar; como a bobagem de a amiga ser apaixonada pelo garoto, e o lance de o moleque "abandonar" os amigos para ficar com os mais popular e depois a ficha cair de que ele deu mancada], e até mesmo Kurt Russell consegue estar menos ruim do que o habitual) 5.5
247 - O TERCEIRO OLHO {10/out} [The i inside, de Roland Suso Richter. Eua, 2003. 90 Min] - (Aproveitando a onda de filmes de viagem no tempo [que só rende filmes de ruim pra baixo], esse resolve brincar também nessa linha do tempo. E junta dois elementos básicos: um sujeito buscando a verdade dos acontecimentos, e logo, querendo remodelar essa realidade afim de que tudo ocorra melhor em sua vida e nos demais que o cerca. É, em suma, a chance de reparar os erros cometidos [no caso, erros que vamos descobrindo aos poucos], utilizando inúmeros personagens para causar confusão na mente do protagonista. O filme é muito mal-atuado [Ryan Phillippe, Sarah Polley e Piper Perabo - terríveis], e ainda possui um roteiro vergonhoso escrito pelo mesmo sujeito de "Identidade" [nesse, convenhamos, a maior força não está no roteiro, mas sim no diretor], onde a meia dúzia de mistérios são resolvidos da forma mais simples possível. Cria-se toda uma enorme "conspiração", para não ter como interligar as coisas - e preguiçosamente, entrega um final que frustra tudo aquilo que criou muito mal) 2.5
248 - LAST DAYS {10/out} [Last Days, de Gus Van Sant. Eua, 2005. 90 Min] - (Uma proposta estética puramente exibicionista que fica no vazio constantemente. Esse isolamento de qualquer emoção mais forte, faz de "Last Days" algo muito diferente de "Elefante", que causava, diga-se de passagem, uma comoção muito forte [vide o final]. Aqui Van Sant parece bolar alguns planos para satisfazer o ego [e também, saindo de algo tão elogiado como "Elefante", parece conformado em simplesmente brincar com a câmera e com o espaço que está filmando], deixa a câmera parada filmando o vazio [5 minutos aproximadamente], vai afastando, buscando alguma sensação. Apesar de já existir "Gerry" [que tenho aqui mas tenho medo de ver], acho que "Last Days" ainda experimenta muitas coisas; é como um "2001" filmando uma vida ao invés de um espaço, e aí talvez more algo muito interessante, mas insuficiente para aguentar os 90 minutos - muito parados, e onde o protagonista, parece ser a coisa mais desinteressante alí dentro. E isso me incomodou o bastante para achar "Last Days" algo muito fraco, que esbarra na falta de algo mais concreto, completo e resolvido) 4.0
249 - QUATRO IRMÃOS {10/out} [Four Brothers, de John Singleton. Eua, 2005. 110 Min] - (Alguns momentos chegam a ser bastante curiosos de tão fora de compasso que se encaixam dentro do clima que o Singleton estabelece [o primeiro jantar e o "surrealismo" que alí da as caras, a cena de luta no gelo], e fazem parte do que pode existir de pior dentro de um filme que parece tanto querer se levar à sério [vide as inúmeras citações de que aquilo é real, é verdadeiro, é algo que acontece no mundo - Jeremiah, por exemplo, conforme alguns ocorridos, numa aparente crise de insegurança do roteiro, faz questão de enfatizar que aquele é um universo "a realidade"]. Os problemas do filme não param por aí, e o maior deles é presente no que de fato ele está retratando: parte de uma busca de vingança cega, da justiça com as próprias mãos - gerando violência de um ato criminoso, até aí tudo bem, porém após um acontecimento chave, há uma cena meia-boca para se avaliar as causas, as conseqüências e a dor, e logo, está tudo uma maravilha, culminando na seqüência final que é uma lastima completa. Fora isso, é possível ver algumas boas cenas de ação, e uma intrigante admiração do Singleton para com o Bobby, ou Mark Wahlberg, filmado com aquele "contra-plangée" [a câmera de baixo para cima, dando um tom de superioridade e extrema segurança ao personagem] quando está em ação) 5.0
250 - VALIANT {11/out} [Valiant, de Gary Chapman. Inglaterra, 2005. 72 Min] - (O pombo Ewan McGregor tem seus ídolos: heróis de guerra. Pombos aclamados pela honra de ter triunfos em suas missões. Apesar de mal-incorpado e despreparado, ele quer ser um herói - e se alista voluntariamente para ser o tipo de pombo-correio. Sua mãe chora, ele parte atrás de seu destino. E que destino mais bobo, obtido numa aventura meia-boca [não contagia], com um vilão exageradoooo [usa até tapa-olho, que cafona], onde ao fim mostra que os animais ganham também honra por mérito de suas missões. Tolice total, muito provavelmente a pior animação que já vi) 1.5
251 - DESEJO E OBSESSÃO {11/out} [Trouble Every Day, de Claire Denis. Fraça, Alemanha e Japão, 2001. 101 Min] - (Quem são os personagens do filme? O que são as narrativas quebradas em partes que parecem não fazer muito sentido dentro de um mesmo contexto? Porque Vincent Gallo se comporta daquela maneira com sua mulher? Aquela mulher trancafiada, levantando o vestido, leva um homem para a cama e... puxa vida. Que filme é esse? Durante boa parte do tempo, fica difícil compreender tudo o que está acontecendo naquele universo e com a conexão exata entre aqueles personagens, fora suas "doenças" semelhantes. E é algo muito, mas muito apavorante. E a tal da diretora [que parece ser bem reconhecida, mas eu não lembro de nada dela não], parece fazer através das imagens, a gente sentir na pele todas as moedas que o filme explora. Aí está o que pode ser um bom motivo para dizer que é um filme muito desagradável de se ver, que incomoda demais, mas que vale muito a pena se segurar até o final, quando nota-se de vez numa cena pra lá de chocante, tudo aquilo que está embutido no filme) 8.0
252 - 5x2 {12/out} [Cinq fois deux, de François Ozon. França, 2004. 90 Min] - 7.0
253 - A JANELA DA FRENTE {16/nov} [La Finestra di fronte, de Ferzan Ozpetek. Itália, 2003. 106 Min] - 8.0
254 - O JARDINEIRO FIEL {16/nov} [The Constant Gardener, de Fernando Meirelles. Reino Unido, 2005. 130 Min] - 8.5
255 - O CARA {16/nov} [The man, de Les Mayfield. Eua, 2005. 85 Min] - 1.0
256 - CARGA EXPLOSIVA 2 {16/nov} [Transporter 2, de Louis Leterrier. França e Eua, 2005. 87 Min] - 6.5
257 - MEU MELHOR AMIGO {16/nov} [Because of Winn-Dixie, de Wayne Wang. Eua, 2005. 100 Min] - 4.0
258 - A BELA DO PALCO {16/nov} [Stage Beauty, de Richard Eyre. Ing, Ale, Eua, 2004. 106 Min] - 4.5
259 - JOGOS MORTAIS 2 {16/nov} [Saw 2, de Darren Lynn Bousman. Eua, 2005. 93 Min] - 7.0
260 - CRUZADA {16/nov} [Kingdom of Heaven, de Ridley Scott. Eua, 2005. 144 Min] - 6.0
261 - TUDO ACONTECE EM ELIZABETHTOWN {16/nov} [Elizabethtown, de Cameron Crowe. Eua, 2005. 120 Min] - 6.5
262 - A NOIVA CADÁVER {16/nov} [Corpse Bride, de Tim Burton. Eua, 2005. 71 Min] - 5.0
263 - A CAVERNA {16/nov} [The cave, de Bruce Hunt. Eua, 2005. 90 Min] - 0.5
264 - AS AVENTURAS DE LAVAGIRL E SHARKBOY {18/nov} [The adventures of Lavagirl and Sharkboy, de Robert Rodriguez. Eua, 2005. 95 Min] - (Rápido: Trágico!) 0
265 - GIGOLÔ EUROPEU POR ACIDENTE {21/nov} [Deuce Bigalow: European Gigolo, de Mike Bigelow. Eua, 2005. 80 min] - 0
266 - VÔO NOTURNO {22/nov} [Red Eye, de Wes Craven. Eua, 2005. 80 min] - (Só não é horroroso porque tem algo bacana na abrupta mudança de caráter do Cillian Murphy que vai em harmonia com a mudança de clima da peça. O resto é terrível, não tão quanto "Amaldiçoados", mas numa linha muito parecida. Dentro do avião, fora o fracasso na criação de tensão, mora uma dificuldade intensa de criar algo realmente atraente. Fora do avião, a coisa desanda sofrivelmente, com direito até a momento "esquecerem-de-mim", que dá vontade até de chorar de ver onde caiu o sujeito que já foi um mestre de terror/suspense) 3.5
267 - MARCAS DA VIOLÊNCIA {23/nov} [A History of Violence, de David Cronenberg. Eua, 2005. 90 Min] - (Não é birra. Eu vi o filme com a maior boa-vontade, tinha enormes expectativas de que seria o primeiro filme dele que eu iria gostar [afinal, muitos apontaram uma "mudança de estilo"], e os elogios que surgiam eram realmente contagiantes. É sim o melhor filme dele, mas é fraco, tão fraco. O elemento mais marcante dos filmes dele está aí: atuações grotescas [a única atuação boa em filme dele, é a do Ralph Fiennes em "Spider"]. Nada mais ridículo e constragedor do que Viggo Mortensen fazendo cara de "sou um assassino frio e cruel" para o filho; sobre a filhinha dele, não preciso descer o nível, está bem claro para quem viu o filme - ela é ruim demais. Os mafiosos malvadões, parecem clichês saidos de enlatado americano de quinta; e a discussão toda que o filme propõe, bom, perde-se no meio do caminho e ainda tem que aguentar um final pra lá de metido a besta que todo mundo acha uma maravilha, só que não tem nada para se achar, pois não há nada alí. E cadê as cenas "belíssimas" que o filme tem? Triste. Incrivelmente o mais legal do filme é a birra que um estudante tem com o filho do Mortensen, e as reações que sucedem. De resto, superestimadíssimo) 5.0
268 - A ILHA {25/nov} [The island, de Michael Bay. Eua, 2005. 127 Min] - (Sorte que não existe um movimento protetor dos carros, senão o Bay estaria perdido. A maior diversão dele em fazer filme parece ser descobrir carros em perseguições, que por vezes, podem ser legais - mas no caso desse filme, é enjoativo ao extremo. Mas esse não é o problema do filme. A falta de articulação do argumento para defender o "diretor clonista de viver", culmina em cenas como Scarlett Johansson dizendo coisas como "existem muitos de nós lá". Francamente, eu ri, e olha que essas não era uma das piadinhas superrrr engraçadas que surgem no filme de tempo em tempo e só faz com que se questiona a credibilidade da coisa toda. E quando a coisa toda já está ruim, temos um final da liberdação, com direito a trilha sonora que parece até que vai aparecer uma foda e fazer plim) 2.5
269 - TUDO PELA VITÓRIA {25/nov} [Friday Night Lights, de Peter Berg. Eua, 2004. 117 Min] - (Não botava muita fé e me deparei com um filme vibrante. Uma coisa que incomoda é que fica notável que ele fica aquém daquilo que o diretor buscava explorar - as relações - mas é forte na hora de ser persuasivo. Possui bons diálogos e cenas muito bem feitas, como as do jogo final, que apesar de ser um tanto alongada, é editada com uma rapidez que o torna interessante até para quem não é lá admirador nato de um jogo que é muito parado, mas torna-se ágil pela habilidade em se conduzir os lances de emoção. Tem todo um juizo de valores, e discute-se muitas coisas legais de se ver e refletir. Surpresa das boas) 8.0
270 - PLANO DE VÔO {28/nov} [Flightplan, de Robert Schwentke. Eua, 2005. 98 Min] - 4.0

DEZEMBRO
Nesse mês de dezembro o formato aqui estará sendo diferente. Ao invés de notas de 0 à 10 como vinha sendo desde o início da brincadeira, agora teremos estrelas de bola preta até quatro, roubadas diretamente da contracampo (devido a minha incapacidade de desenvolver estrelas próprias). Acho esse sistema mais justo e menos complexo. Essa alteração já vai valendo como teste (sim, se achar que não dá muito certo, retorno ao jeito antigo) para meu arquivamento do ano que vem que pretendo caprichar mais e fazer mais organizado e, claro, estéticamente mais agradável e saudável aos olhos.
271 - EU, VOCÊ E TODOS NÓS [Me And You And Everyone We Know, de Miranda July. Eua, 2005] -
Tão bonitinho quanto tem de ordinário. Segue a linha dos "indies americanos", cria clima, desenvolve personagens e revela situações fora do comum. Busca sem cansaço a bizarrice para impressionar como algo genuinamente original. Situações incomuns levadas com bom humor (discussão sobre a possibilidade de sobrevivência de um peixinho esquecido em cima do carro), outras que revelam a solidão e a passividade que a vida é levada (a artista na ansiedade de algum contato do vendedor), e diversas situações com apelo sexual, já que muito se fala da vida, as decobertas e as frustrações, então, não haveria como deixar o sexo de fora. Algumas coisas soam forçadas demais (as duas garotinhas + sexo oral para o moleque "olhar-de-peixe-morto"), outras parecem saidas diretamente de um filme do Todd Solondz (gordão-acho-que-virgem que fica escrevendo cartazes com perversões para as garotas, porém é inibido), e ao fim, com tanta pretensão em soar e buscar sutilezas (a trilha que o diga, suave, suave, suave), pouca coisa da profundidade forjada se salva, e a lição de "ter vergonha de ser você mesmo" é mela-cueca demais. Mas tem cenas bonitas e muito bem filmadas (a sensibilidade do toque entre um casal), em raros momentos de realidade que o filme atinge.
272 - O MUNDO DE JACK & ROSE [The Ballad of Jack and Rose, de Rebecca Miller. Eua, 2005] -
O retorno da aposentadoria de Day-Lewis fica aquém daquilo que se imaginava (o fato de seu trabalho anterior em "Gangues de Nova York" ser o melhor de sua carreira, contribui para as expectativas que rondavam), mas ainda assim, ele é quem carrega o filme e insere algo de mais intenso e profundo no meio de tanta emoção gélida e calculista. Até mesmo cenas um tanto enfadonhas e alongadas demais (como a de quando ele vai para a casa de seu "grande rival" discutir a venda de seu imóvel), acabam ganhando dignidade pela performance do ator. No filme ainda tem algumas coisas interessantes que entram em discussão (a inserção de novos elementos em um universo adaptado a ausência desses fatores; o efeito e as conseqüências desses elementos nesse universo), mas acabam parecendo apenas esboço, pois em determinados momentos, muitas coisas vão parecendo ficar no meio do caminho - talvez um despreparo para criar teses e suposições sobre essas causas e efeitos. A relação de pai e filha não é tão interessante também quanto se parece fazer tudo de máxima importância, talvez pela apatia de Camilla Belle.
273 - MR. VINGANÇA [Boksuneun naui geot, de Chan-wook Park. Coréia do sul, 2002] -
"Oldboy" é o aperfeiçoamento em matéria de forma/conteúdo do que o Park vinha tentando fazer. Essa foi a conclusão que cheguei ao fim deste "Mr. Vingança", que é tida como a primeira parte da trilogia de vingança desenvolvida pelo diretor. Aqui exibe um cinema com forma moderna, estilo renovado, posicionamentos de câmera arrojados e diferentes - mas ao fim, sua dedicação a forma perde-se totalmente quando o problema toda encontra-se no conteúdo. São muitas informações a serem passadas (vão sendo captadas aos poucos), e de certa forma, de tanto estilo, ousadias em jorramentos de sangue, torturas e outras brincadeiras, elas acabam inferiorizadas. Dá para compreender tudo perfeitamente, mas o próprio diretor parece reconhecer a baderna de informações que criou, e ao fim, faz com que seja notável sua insegurança para com a história narrada, tendo a necessidade de colocar um "flashback/audio" para lembrar-mos o que determinado ato está ocorrendo (algo que já é entendível, mas Park parece ter julgado necessário repassar a informação). Além disso, outras coisas incomodaram como o humor deslocado que existe nele (o retardado no rio com a menina, os vizinhos, e principalmente, o gordo que leva uma punhalada na artéria), e a enorme falta de interesse nos personagens a partir da hora final, onde definitivamente, a forma parece ser o único interesse de tudo aquilo. Só que forma vazia não tem graça.
274 - HERÓIS IMAGINÁRIOS [Imaginary Heroes, de Dan Harris. Eua, 2004] -
Dan Harris parece ter lido qualquer livro aí sobre técnicas de roteiro, regras, obrigações e momento de acrescentar um elemento chave que irá inter-relacionar todas as peças que foi juntando de pouco em pouco, com todo cuidado e dedicação. E faz isso muito bem e a grande qualidade desse filme reside exatamente nesse momento e nas conseqüências que esse momento traz, sintetizando perfeitamente toda a idealização do filme onde a amargura, a infelicidade e o atormento da família moram na ausência de verdade e falta de transparência uns com os outros. O filme ainda faz um ataque geral, refletindo e analisando superficialmente a estupidez da sociedade, e entrando em específico, no mundo adolescente da curtição. Contudo, o filme é repleto de falhas, como a má-apresentação e desenvolvimento de personagens possivelmente importantes (Michelle Williams, por exemplo, é largada na trama toda), e em bons momentos, parece se prolongar sem necessidade, ficando bastante recheado mas com um gosto incomodo de exagero. De todo o elenco bem em cena, Jeff Daniels se destaca e parece estar dando um melhor foco a sua carreira.
275 - MANDERLAY [Manderlay, de Lars von Trier. Dinamarca, 2005] -
Mais uma vez fui enfrentar um filme do Lars Von Trier - e para surpresa de muitos - não gostei. É péssimo. Na verdade, quando já se viu "Dogville", não existe surpresa para se constatar a má qualidade de tudo. Ser teatro filmado não é o problema. Se esse fosse o problema, os outros - péssimos também - filmes dele seriam bons. Antes de falar as coisas ruins, é preciso dizer que "Manderlay" realça as falhas de "Dogville" (a narração em off continua em tom de fábula, porém perde sua obviedade e irrita bem menos), e curiosamente, nos revela que existe SIM algo lá que é positivo: Nicole Kidman. Ok, não diria positivo de ser uma enorme qualidade, mas sim que, com o arroz-e-feijão da Nicole, Grace era, ao menos, uma personagem com presença. Em "Manderlay", o grande problema é aí: GRACE, tanto na atuação horrível de Bryce Dallas Howard, quanto pelos próprios rumos que toma a personagem. Depois da lição em "Dogville", pensava-se que ela fosse ficar menos "bobinha e ingênua", mas não, aquela moça tola continua alí. E a lição de "Manderlay" nada mais é remodelar tudo o que foi o final de "Dogville", só que tendo como tema o racismo. E o conteúdo racial dito estarrecedor não passa de mero enfeite para realmente, von Trier explodir sua vontade de detonar os Eua. E isso que faz acharem ele tão cool: faz a política de atacar os gigantes socialmente e economicamente(brancos, Eua), para elevar a moral dos pequenos (negros, outros países). Um tipo que não me causa interesse. Ainda mais que no fim das contas, se em "Dogville" (sociedade americana) os seres humanos precisam ser exterminados (essa é a solução), em "Manderlay" (sociedade afro-americana), os negros americanos é que é o problema. A solução? Vinda de Von Trier, é pra lá de previsível.
276 - BLOOD AND BONES [Chi to hone, de Yoichi Sai. Japão, 2005] -
Ok, tem gente que vê obra-prima. O Japão até o pré-selecionou para Oscar como seu representante. Estou perplexo. O filme é chato, repetitivo, enjoativo, lento e a história não é nenhuma maravilha. Está certo que a produção é de um acabamento incrível (direção de arte na construção de todo o vilarejo), a fotografia tem momentos fantásticos (a briga na chuva em especial tem lá sua beleza), e a trilha sonora é bonitinha, mas como suportar quase duas horas e meia de uma história frouxa que se desenrola tão lentamente que perde-se todo o interesse do que irá acontecer com o personagem? E que personagem chato. Simplificações sempre são chatas, mas é triste dizer que chega a ser exaustivo ver o filme perder tanto tempo com Takeshi Kitano botando o "kitaninho" para funcionar de forma bruta com as mulheres (ele come todas as mulheres, de forma selvagem), ou pior ainda, brigando a cada minuto, com qualquer coisa, seja homem, seja mulher, seja criança. Sua maior característica é ser um homem bruto e insensível. Não achei graça alguma. E se tem alguma beleza nesse filme, ela perdeu-se em meio ao tédio completo.
XXX - A CASA DE CERA [House of Wax, de Jaume Collet-Serra. Eua, 2005] -
Não era grande coisa e com a revisão cai um pouco, não tanto, pois não tinha tanto respeito assim. Aquela introdução contando a história dos gêmeos me pareceu um tanto desfocada para o que realmente o filme buscava, apesar de ter sido filmada de um modo até que interessante e chamativo. Aí o filme consegue até um certo interesse. Até entrar em cena os adolescentes que vivem aqueles conflitossss que são realmente deprimentes, e que de certa forma, fica engraçado. A esperança de que aquilo tudo possa melhorar (e eu tinha em mente que melhorava), é a chegada da matança, da nojeira, da aflição. Do sadismo puro. Eis que o filme permanece morno, chato, arrastado, e os personagens (e aí explica-se o excesso deles), são peças largadas, que servem apenas para causar várias experiências de morte. Só que o maior problema do filme consiste em arrancar riso das desgraças, das mortes hediondas (um "encerado" tendo sua pele arracanda), e da violenta gráfica que é menos chocante do que realmente parecia buscar ser. Filme tolo e mal-feito em muitos momentos.
277 - HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO [Harry Potter and the Goblet of Fire, de Mike Newell. Eua, 2005] -
Desde o começo a série Harry Potter no cinema não me agrada, não me convece em acreditar ou me encantar com aquela magia. Só que agora Newell fez algo inimaginável: tornou Harry Potter algo bem próximo do insuportável. Seu filme é um monte de pedaço largado que vai se atropelando na tela (notável no começo, com a final da taça de Quadribol, que se era para ser assim, poderia sequer ser mencionada), e não passa de um agrado para quem leu o livro, que curiosamente, não percebem que aquilo está apenas acabando com as maravilhosas coisas que nossam mentens podem criar. A mente de qualquer um, com certeza, vai mais longe e torna tudo aquilo que amedrontador e divertido do que o Newell conseguiu fazer. Tanto falou-se sobre o amadurecimento da série, dos personagens, do clima soturno, do medo presente, e a mim, tudo isso não passou de um regresso, uma involução, onde o máximo que se pode encontrar, é uma poluição estética, um exagero de efeitos (é o filme se convencendo de cinema, podendo ser notável e formula estampada). Agora, o pior de tudo é a grande oportunidade que o Newell perdeu de fazer um grande filme, onde ele corta coisas que poderiam ser produtivas e interessante para a abordagem de medo, perigo e amadurecimento, enquanto gasta tempo com longos papos inúteis e flertes demais entre os personagens. Entre se concentar melhor na parte frufru ou na parte de real importância de tudo aquilo (e que pode ser comprovada no livro seguinte), que é o retorno do bruxo que matou os pais de Harry (a chance de resgatar tudo isso quando Harry e Voldemort ficam frente a frente, é jogada fora com momento "sou serial-killer e quero matar você"), eu ficaria com essa segunda parte como preferência. Harry Potter precisa urgentemente de um diretor descente e ideial, numa terceira opção Spielberg, segunda Tim Burton, e primeira, sem dúvida, Henrique Miura, que faria o filme mais perfeito sobre o mundo mágico de Harry Potter. Porém, como essas são opções com chances pequenas de assumirem até o fim da saga, o jeito é chamar por aquele que já pisamos em cima: Volta Chris Columbus!
278 - CASA DE AREIA E NEVOA [House of Sand and Fog, de Vadim Perelman. Eua, 2003] -
Gostei bastante das situações e das intensidades que o roteiro oferece. Gostei muito. Um duelo que vai crescendo e se tornando cruelmente sem limites entre Irã e Eua, numa representação de briga por territorio, uma guerra de emoções fortes, com uma inconseqüente forma de dar o fardo ao próximo. A casa é o instrumento que faz com que duas pessoas carregas de problemas no passado (o iraniano teve, junto com sua família, abandonar o país natal, enquanto a americana foi abandonada pelo marido e a única coisa que lhe resta do american way of life, é a casa - sua suposta felicidade e bem-estar), duelem até as últimas e tráficas conseqüências. E em texto, isso é interessante. Só que temos um diretor que opta mais pelo histérico do que pela sutileza que tudo aquilo pede,- transforma cenas de dramaticidade e sensibilidade, num grande circo, um espetáculo do exagero e constrangedor. Momentos chaves são perdidos em cenas que querem sensacionalizar demais, e Ben Kingsley tropeça feio (cena nas escadarias, no hospital, meu deus), enquanto Jennifer Connelly fica mais contida e expressa bem melhor a sua tristeza e profunda depressão.
279 - AS CRÔNICAS DE NARNIA: O LEÃO, A FEITICERA E O GUARDA-ROUPA [The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, de Andrew Adamson. Eua, 2005] -
Para um mal tão grande e grotesco como "O cálice de fogo", podemos em seguida, nos deparar com algo tão simples, ingênuo, eficiente e encantador como "As crônicas de Narnia". Simples, coeso, sútil e, em alguns momentos, fascinante. O começo é arrasador com a dor de uma família se desfazendo em razão da Segunda Guerra, onde quatro crianças se separam da mãe, e cujo o pai, está em combate. Vão para lugar seguro e que podem sair para brincar. E numa dessas brincadeiras, a mais nova Pevensie encontra um ármario mágico, cujo seu poder é inimaginável e atemporal. Quando ela retorna e percebe de todo o tempo que passou dentro daquele Universo particular de Narnia, não alterou-se um segundo sequer no mundo "de verdade". Daí então o filme fica morno, perde ritmo. E essa falta de ritmo é incomoda até a introdução de personagens mais carismáticos e quando de fato passam a exercer um desempenho mais cômico - porém, não tem como notar a falta de interesse na hora em que Jadis fica com o Pevensie mais novo e rebelde. Em muitas partes "As crônicas de Narnia" fica refém de suas próprias limitações e de seus personagens que não conseguem revelar grande valor até os momentos finais triunfantes, que quando ocorrem, passam a de fato, demonstrar todo o valor e a moralidade que carrega. E aí vemos um filme lindo, muito, mas muito lindo, que encanta e que cria um gosto especial e admirável aquele mundo mágico, as fantasias, os sonhos, e o momento em que no armário, se pôde encontrar a paz reinando em um mundo cada vez mais em degradação e dores. A guerra em Narnia estabeleceu uma paz e harmônia invejável, nascida de uma Guerra de sacrifício e amor. O fato de "é a história de Jesus" bater na tela a todo momento, não incômoda, pois de fato, é uma bela história, para se ver e aprender.
280 - E SE FOSSE VERDADE [Just Like Heaven, de Mark Waters. Eua, 2005] -
Seu ponto mais fraco é acabar e deixar um certo vazio incomodo que os outros filmes do Waters não deixava, parece um roteiro meio nas coxas, com personagens mal-elaborados e que se força demais para encaixá-los. Tirando isso, é uma delícia de filme e um encanto sobre o poder do amor. Não tem muito o que falar sobre ele, já que nada é muito surpreendente, Mark Ruffalo é engraçado mas é cansativo, e Reese Whiterspoon apesar de não ser tão bonita, consegue sempre enfeitiçar a tela com sua magia e sua graça. O filme possui momentos bem engraçados (tem uma cena em um bar com "salvamento" que rachei de rir), o romance funciona muito bem (a química entre os atores é ótima), e ainda traz uma discussão rasteira e superficial sobre a decisão da irmã com relação ao coma da protagonista, que rende aí o filme uma postura, uma opinião a um tema polêmico, o que para um filme que deveria ser tão quadrado e defensivo, merece certa credibilidade, apesar de que a novidade é zero.
281 - O VIRGEM DE 40 ANOS [The 40-Year-Old Virgin, de Judd Apatow. Eua, 2005] UNRATED VERSION -
Como um filme pode ser tão bom (bom mesmo, digno de nota máxima) na sua primeira parte (companhia dos amigos, tiração de sarro, inquietação pela situação;- a cena dele correndo pelas ruas vendo sexo por toda parte é excepcional) e ser tão... broxante na segunda parte (quando Catherine Keener, com sua personagem chata de vida desinteressante, entra em cena e rouba o espaço dos divertidíssimos amigos do sujeito). Steve Carell é, de fato, um comediante de mão-cheia, só que na segunda metade, o roteiro (brilhante? De onde tiraram essa idéia?) não ajuda, e cenas engraçadas são tomadas pelo entediante romance que ele passa a viver sem revelar que é virgem. Perde muito tempo com os brinquedos, com cena de orientação do uso de pílulas, e acaba por pecar em cada vez mais, quebrar o estímulo cômico daquela grande figura que é o protagonista. Incrível como pode existir um filme tão empolgante, engraçado, com ótimas sacadas, que ao mesmo tempo, é de uma imensa frustração, pela própria expectativa que ele cria com o começo sensacional, que descampa para uma falta de rumo narrativo, ou melhor, um rumo bastante chatinho de se acompanhar.
282 - EM SEU LUGAR [In Her Shoes, de Curtis Hanson. Eua, 2005] -
Agradável ver um bom diretor se levando após um tombo consideravelmente grotesco (se dispor a fazer algo como o filme do Eminem é suicídio autoral), fazendo uma fita simples, apoiado no drama intimista das, problemáticas personagens, e nas suas profundas e intensas relações. Seus anseios (amadurecimento e casamento), seus problemas familiares (madastra arrogante, descoberba da existência da avó) e seus relacionamentos conturbados são alguns elementos que surgem e vão sendo desenvolvidos de forma bem sóbria pelo diretor, apesar de o roteiro demonstrar algumas fragilidades (a relação abalada entre o pai e a avó, por exemplo, deixa bastante a desejar - apesar das explicações estapafúrdias que se coloca para justificar a moral toda que é "todo mundo erra" e "reconhecer os erros e ter a humildade de pedir desculpa e dar o perdão é bonito") e as atuações serem aquém das expectativas. No geral, é um filme bastante bom, envolvente e que flui que é uma maravilha e nem sente o tempo passar. Um ótimo recomeço de Hanson após cair em filme com a origem medonha de "8 Mile".
283 - MAIS UMA VEZ AMOR [idem, de Rosane Svartman. Brasil, 2005] -
É constante o dejà-vú. Parece várias coisas - ou qualquer coisa sobre encontros e desencontros - com a mínima dose de criatividade e um enorme número de diálogos horríveis. É difícil encontrar seu pior demérito, onde os finalistas são: a) As atuações, com Dan Stulbach, histérico e irritantemente gago, superando a, costumeira, ruindade de Juliana Paes; b) Os avanços e regressos temporais narrativos que fazem do filme uma grande bagunça; c) A personagem de Bruna Marquezine, que já é atriz ruim e pega uma personagem assim; d) As brigas conjugais; e por fim, e) As 800 mil passagens pela praia ao anoitecer que só serve para cartão postal e cena melosa que não acrescenta em mais nada. Enfim, péssimo.
284 - APRENDENDO A MENTIR [Liegen Lernen, de Hendrik Handloegten. Alemanha, 2003] -
Vi o filme sem saber muito do que se tratava especificamente e me surpreendi ao encontrar uma história que de certa forma se assmelhava bastante ao filme brasileiro comentando acima, já que este, também conta uma relacionamento que surge da adolescência e vai acompanhando até o amadurecimento dos personagens, com inúmeros encontros e desencontros. Porém, as diferenças podem ser vistas em um texto muito mais bem cuidado, uma preocupação em aprofundar-se nos efeitos daquela relação que ficam agarrados a vida do sujeito, uma trilha pop consistente e um cinema com muito mais vigor estético e moderno. É um cinema pop europeu que conta a comédia romântica básica montando um contexto político - nesse caso bem suave. O problema que o filme enfrenta é de não conseguir disfarçar os arrombos narrativos na parte temporal, em que o tempo vai passando, e da época de colégio até o momento final, não dá para saber ao certo o tempo em que as coisas foram acontecendo. O que prende a atenção ao filme é sua forma inventiva e despadronizada e fechar algumas situações - e claro, o filme inteiro - apostando suas fichas em ser imprevisível. De certa forma funcionou.
285 - O EXORCISMO DE EMILY ROSE [The Exorcism of Emily Rose, de Scott Derrickson. Eua, 2005] -
Como terror não é tão forte. Não é amedrontador. O interessante mesmo são alguns pontos que ele parte e desenvolve na parte de julgamento, com fatos, dúvidas e verdades. De cara, pelo pré-suposto do título do próprio filme, temos uma verdade - o exorcismo ocorrido. A partir da aí, passa a especular se os acontecimentos do exorcismo não foram coisas criadas pelos que participaram, a partir da crença que eles carregam, transformando doenças científicas em reações surreais e teológicas. Para defender o padre, uma agnóstica, pensante que não consegue ver explicações para a geração da humanidade, logo, descrente na fé cristã. Aí vem grande potencial do filme e a visão do diretor, que pode ser vista como mureteira, porém é de certa forma instigante, e abre espaço para se refletir todos os acontecimentos sem imposições de verdades. Apresenta ciências especulativas e teorias religiosas para se contrariarem, e assim, fornecer o máximo de informações para conclusões mas sem de fato, tomar uma posição (o que de certa forma, frustra o título carregado - já que não se sabe mesmo se o caso foi ou não de exorcismo).
286 - VOZES INOCENTES [Voces Inocentes, de Luis Mandoki. México, 2004] -
O filme abre com uma cena que martelará na cabeça até os momentos finais: quatro garotos com as mãos na cabeça em meio ao temporal, rendidos pelas armas das forças rivais, prontos para encontrarem, talvez, o fim da vida. Mas, porque? O que eles fizeram? Chava (interpretado por Carlos Padilla, o que é uma das atuações mais ricas e emocionantes do ano) é uma das testemunhas que nos contará sua história, o que de certa forma, sintetiza os acontecidos da fatídica guerra cívil de El Salvador, numa luta pela vida e discursos inflamados contra guerra e ao homem, aqueles que a produz e a realiza. O filme abre perspectivas para o observar de forma mais rica e recheada: a primeira delas, claro, é Chava, o garoto que precisa ajudar a mãe a cuidar da casa após a fuga do pai, e que vive atormentado pelo medo de completar 12 anos e ser recrutado para ser soldado, e não entende ao certo, porque aquelas coisas acontecem e precisa conviver tanto com tiroteios e mortes ao seu redor - essa é a parte da inocência ao meio ao caótico; a segunda, a mãe, abandonada em um momento difícil com os três filhos para criar, convivência com a insegurança do retorno dos filhos para casa após a escola e buscando ao máximo o abrigo seguro; em uma terceira, temos elementos gerais que compõe o painel que está sendo explorado, fazendo discursos, expondo ideais e demonstrando a hostilidade e brutalidade da guerra; aqui temos a voz de todos aqueles reprimidos e judiados. É um belíssimo filme com cenas realizadas com sensibilidade peculiar e que recorre maravilhosamente ao melodrama para emocionar a partir do carisma e a moralidade do personagem. Curiosamente quem fez esse filme foi Luis Mandoki, o mesmo de "Encurralada" e "Olhar de Anjo", duas bombas feitas para o cinema americano - o jeito é ele filmar no México mesmo, onde parece se identificar muito mais com os elementos políticos e humanos.
287 - DA CAMA PARA FAMA [Torremolinos 73, Pablo Berger. Espanha, 2003] -
O filme sofre transformações drásticas em seu decorrer, onde aquele início cômico leve (com uma divertida apresentação dos créditos, demonstrando a desvalorização do vendedor porta-à-porta), é tomado, a partir da metade final, por uma decorrente tristeza e melancolia, inspirados no cinema de Bergman. E a partir de quando acaba-se todos os princípios cômicos do filme (mais ou menos até os experimentos cinematográficos do protagonistas com divertidas e desastrosas fitas pornôs), o filme descamba fortemente e o drama se torna inconvicente e deslocado de todo o restante da proposta, de certo ponto divertida, que o filme tinha. Parece, na verdade, dois filme em um: o primeiro, acaba com a gravação das películas, a forma do vendedor de enciclopédias conseguir dinheiro, e a segunda, em um drama forçado e incompatível com o restante sobre a mulher que quer ter filho.
288 - O SENHOR DAS ARMAS [Lord of war, de Andrew Niccol. Eua, 2005] -
Curioso um filme que parece tão completo conseguir ainda ao seu final despertar um renovado interesse em buscar novos conhecimentos sobre o tema abordado. Esse é um grande ponto do filme. Ele consegue, até com certas doses de humor, revelar um mundo desconhecido - acredito eu - para uma maioria, se adentrando em detalhes e entrando em diversos tópicos sobre o mesmo assunto, e ao seu final, consegue deixar novas portas abertas para serem descobertas e discutidas. Yuri Orlov sabe dos mals que está causando, as conseqüências que sua profissão traz para diversas pessoas, porém não tem refúgio. Precisa, de fato, viver duas vidas: a do pai de família ausente e a de traficante internacional de armas. Consegue valores absurdos, se relaciona com líderes e potencias, e passa a exercer uma enorme importância para o abastecimento de armas para as guerras que sucedem ao redor de todo o mundo. E o filme encontra o equilibrio entre mostrar sua parte "família" e sua parte "traficante", e quando as duas se encontram, o filme vai se afunilando até chegar ao final, que poderia apelar para tantas coisas, fazer um carnaval tremendo, mas opta pela serenidade, pela informação, pelo conteúdo apresentado e esclarecido, porém não deixando de ser chocante e impactante. É um filme necessário e interessante.
289 - QUEM SOMOS NÓS [What the Bleep Do We Know?, de William Arntz, Betsy Chasse e Mark Vicente. Eua, 2004] -
O que é realidade? O que somos nós? De onde vem nossos pensamentos? Como nos apaixonamos? Porque o filme é chato? Física quântica é chata? Cafonice tem limite? Porque ninguém avisou quem realizou o filme que aquela narrativa tava grotesca? E aquela trilha de massagem sensual? De onde vem a realidade, dos olhos ou do cérebro? O nosso cérebro ou nossa mente percebe que o filme é horrível? Incrívelmente ruim? Opa, pra essa eu tenho resposta, SIM.
290 - OS IRMÃOS GRIMM [The Brothers Grimm, de Terry Gilliam. Eua, 2005] -
291 - QUEM É MORTO SEMPRE APARECE [The Big White, de Mark Mylod. Eua, 2005] -
292 - O MERCADO DE VENEZA [The Merchandt of Venice, de Michael Radford. Eua, 2004] -
293 - KING KONG [King Kong, Peter Jackson. Eua, 2005] -
294 - ÁGUA NEGRA [Dark Water, Walter Salles. Eua, 2005] -
295 - VINCENT [Vincent, de Tim Burton. Eua, 1982] - S/nota
HERÓI POR ACASO [Monsieur Batignole, de Gérard Jugnot. França, 2002] - W/O
296 - REJEITADOS PELO DIABO [The Devil's Rejects, de Rob Zombie. Eua, 2005] -
297 - OLIVER TWIST [Oliver Twist, de Roman Polanski. Inglaterra, 2005] -
298 - FINAIS FELIZES [Happy Endings, de Don Ross. Eua, 2005] -
299 - A CORPORAÇÃO [The Corporation, de Jennifer Abbott e Mark Achbar. Canadá, 2004] -
300 - MISTÉRIOS DA CARNE [Mysterious Skin, de Gregg Araki. Eua, 2004] -