Casos Clínicos

 

 

 

 

Artigo 2: Um Caso de Ansiedade Antecipatória

Artigo 4: Um Caso de Timidez e Medo do Escuro

 

 

Artigo 2

Um Caso de Ansiedade Antecipatória

 

autor: Regis Mesquita

 

Na psiquiatria encontramos um quadro psicopatológico chamado de Transtorno de Ansiedade Generalizada (CID - F41.1). O mesmo se caracteriza por um quadro de ansiedade generalizada e persistente "livremente flutuante", ou seja não está relacionada à uma situação ou circunstância em particular. Associado à este quadro normalmente encontramos dificuldade de concentração, irritabilidade, apreensão com o futuro, tensão e inquietude motora, sudorese, tonturas e taquicardia. Se este quadro se cronifica pode levar ao desenvolvimento de quadros depressivos. A ciência psiquiátrica busca, predominantemente, nos desequilíbrios bioquímicos a cura para tais problemas. A psicanálise irá buscar nos primeiros anos de vida a origem destes problemas. Nós, da Terapia Regressiva, acrescentamos à estas possibilidades processos que ocorrem em vidas passadas, entre vidas e no plano espiritual. Veremos neste artigo como estas novas possibilidades são importantes para um correto diagnóstico das causas do distúrbio acima relatado.

L.R.S., 35 anos, apresentava o quadro de Transtorno de Ansiedade Generalizada. Casado há 5 anos, sem filhos. Possuía uma vida familiar, social e financeira estável. Se dizia feliz, "porém esta coisa em mim me faz perder a vontade de seguir em frente". Nesta sua frase havia uma aparente contradição: porque, se ele é feliz, ele teria medo de seguir em frente? Ao ser questionado sobre este fato o paciente explica que "o presente não tem nada a ver com o futuro, se sou feliz hoje poderia ser tudo diferente no futuro". Na sua mente havia uma cisão entre presente e futuro e uma grande apreensão relacionada com este. Investigar esta relação presente/futuro foi nosso primeiro objetivo terapêutico.

Numa das sessões iniciais o paciente traz um sonho onde ele participa de um ritual orgiástico. Ao trabalharmos com este sonho o paciente chora e se apavora com tanta ansiedade ao lidar com o tema. Ao final da sessão ele relata suas fantasias mais íntimas perversão sexual, fantasias estas que a medida que o tempo passava iam ficando mais fortes. Relata que, muitas vezes, só obtinha prazer sexual se fantasiasse perversões sexuais.

Na sessão seguinte se diz envergonhado e aliviado com sua confissão. Sua percepção é que se ele desse vazão à estas fantasias sexuais seu futuro seria muito ruim, pois além de destruir tudo o que havia criado (bens, família, etc) iria perder a própria sanidade mental. "E o pior é que eu me sinto cada vez mais atraído para estas fantasias". Aparentemente esta situação explicaria sua percepção do presente e do futuro como cindidos.

Nas sessões seguintes pudemos aprofundar no conhecimento das origens das suas fantasias e da ansiedade por elas geradas. O que encontramos em suas vidas passadas foi uma seqüência de vidas onde os instintos o dominaram e o levaram à loucura e à destruição. E no planejamento desta vida atual foi-lhe "dado" todas as condições para um desenvolvimento psíquico sadio, amoroso e satisfatório como forma de fortalecer o seu Ego e sua Vontade a fim de ajudá-lo a enfrentar estas imperfeições de sua alma que não deixariam de se fazerem ativas nesta vida.

O paciente possuía um conhecimento anterior (inconsciente) sobre sua história e sobre as conseqüências nefandas para sua vida de se entregar aos instintos. Portanto sua ansiedade era antecipatória. Ele também "sabia" das boas condições de vida que estava tendo para lutar contra estas forças interiores e a perspectiva de perder esta chance lhe trazia angústia, desapontamento e culpa.

Utilizando o referencial Junguiano pudemos avaliar que as fantasias do paciente tinham sua origem em um complexo autônomo altamente potencializado que competia com seu próprio Ego. A elaboração dos símbolos arquetípicos que emergiam foi amplamente facilitado pela completa avaliação de sua história e das suas vivência em Vidas Passadas e nesta vida. E a "desconstrução" deste complexo só foi possível porque sua dimensão Kármica foi devidamente trabalhada.

Podemos concluir que o diagnóstico e o tratamento terapêutico feito com o auxílio do instrumental teórico e técnico da Terapia Regressiva é de extrema importância para o desenvolvimento de um trabalho eficiente e completo.

(Artigo originalmente publicado no jornal da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Terapia de Vivências Passadas - ABEP-TVP)

 

 

 

Artigo 4

Um Caso de Timidez  e Medo do escuro

 autor: Regis Mesquita

 

 Muitas pessoas solicitam que eu apresente uma sessão de regressão para que possam ter uma idéia de como esta funciona. Escolher uma sessão específica, entre tantas já realizadas, é uma decisão difícil, pois as técnicas são variadas e o andamento de uma sessão varia de pessoa para pessoa e de patologia para patologia.

Escolhi um caso no qual a sessão inicial resultou em grandes benefícios para o paciente (normalmente necessitamos de algumas sessões antes do benefício acontecer).  Esta escolha foi realizada em decorrência do didatismo da sessão,  possibilitando uma visão da técnica de trabalho. Esta sessão realça, também, a seriedade e o compromisso com o tratamento e a melhora do paciente.

 

O caso: A., adulto jovem, sofria de medo do escuro e timidez. Desde sempre dormia em lugares claros e evitava danceterias e outros lugares escuros. Sua timidez trazia elementos contraditórios: fazia amizades, mas evitava aprofundá-las e raramente as mantinha. Como professor, ator de teatro e dirigente religioso a todo momento se expunha e era o centro das atenções, apesar de não gostar desta situação. Retraído e com dificuldades de criar vínculos afetivos, participava de concursos de poesia, escrevia e dirigia peças de teatro. Sofria de algumas outras fobias, como medo de andar de bicicleta, altura, etc. O foco do trabalho foi direcionado para o medo do escuro (escolha do paciente).

 

Indução da regressão: Ao iniciarmos o trabalho de indução voltamos nossa atenção para o foco escolhido. A. descreveu suas sensações de tremor, ansiedade e calafrios. Na mente aparecia o medo de acontecer algo estranho “que não sei o que é”. A partir destas sensações aprofundamos o “transe” (com o paciente sempre consciente).

A regressão Seu corpo ficou dormente, com dificuldades de movimento – sensação de morte. Imediatamente aflora na mente a imagem de um homem (que o paciente identifica como sendo ele em outra vida). Este homem está em uma sala a meia-luz sendo torturado: choque, afogamento, espancamento, entre outros. Os torturadores perguntam: “onde estão os outros?” Ele resiste às torturas e pensa: “eu não posso dizer”. Dia após dia a tortura se repete e ele não entrega os amigos. Ele então se “vê” num hospital (alguns dias após a cena visualizada anteriormente) onde é dopado, enquanto definha. Em poucos dias morre. A morte é sentida como um alívio.

No pós-morte o sentimento predominante é de raiva, desejo de vingança e sensação de injustiça. Neste momento realizamos o esgotamento (catarse) de todas as cargas somáticas e sentimentais presentes no processo da morte e do pós morte. Passamos a trabalhar no plano cognitivo: qual avaliação que ele faz da vida? Ele avalia sua juventude idealista como positiva. Porém, avalia que ele foi preso apenas porque alguém o traiu e o denunciou. Ele, por sua vez, se sentia satisfeito por não ter traído ninguém. Desta avaliação surgiu uma dicotomia onde idealismo correspondia a um risco de enfrentamento com pessoas poderosas e um risco maior ainda de ser traído pelos mais próximos. Nesta avaliação está a gênese de sua personalidade contraditória atual onde o idealismo presente em suas atividades sociais se contrapõe a dificuldade de estabelecimento de vínculos afetivos e de amizades.

Segundo a regressão realizada, este padrão contraditório entrou em sua vida atual durante o nascimento. Ao nascer ele se viu a mercê de pessoas estranhas (médicos) que o pegaram pelo pé. Sentiu medo, reviveu o trauma da tortura, só amenizada pelo fato de haver uma luz forte (diferença importante em sua memória das sessões de tortura à meia-luz). Esta foi a origem da relação que se estabeleceu na sua mente entre claridade e segurança. Trabalhamos as cargas somáticas, emocionais e cognitivas vivenciadas neste momento, de forma a desvincular as experiências da tortura e do nascimento. Esta estratégia foi bem sucedida, pois o paciente passou a ser capaz de dormir no escuro após este trabalho.

Ao ser retirado da barriga da mãe e se sentir a mercê dos médicos (hipotéticos torturadores), ele sentiu uma profunda raiva e decidiu que não iriam vencê-lo nesta vida que se iniciava. Ele decidiu continuar com seu idealismo e novamente enfrentar  “os poderosos”. Desta forma ficou reforçada a relação entre atividades sociais e risco de vida/traição.  Esta decisão (não irão me vencer nesta vida) influenciou sua vida até aquele momento. Era necessário mudá-la para que o trauma da tortura fosse definitivamente superado, pois com esta decisão ele mantinha viva em sua mente a luta contra “os poderosos” e seguia os mesmos parâmetros de experiências da época em que foi torturado. Além disso, era necessário trabalhar as várias crenças, experiências de vida, decisões e “identidades” construídas ao longo dos anos e que possuíam esta decisão como pilar central. Durante esta sessão trabalhamos apenas algumas das conseqüências, outras conseqüências seriam trabalhadas em sessões posteriores.

  

Observação sobre a timidez: muitos psicólogos qualificam a timidez como um sofrimento silencioso. O tímido não incomoda ninguém e com isto a maioria das pessoas tende a não perceber que existe ali um indivíduo que está sofrendo e que merece ser ajudado. A imensa maioria dos tímidos deveria ter acesso a um tratamento terapêutico a fim de superar suas dificuldades internas.

Lembre-se: o tímido tem dificuldade de procurar ajuda por si próprio. Por isto ele precisa da ajuda daqueles que lhes são próximos para motivá-lo e auxiliá-lo a buscar um tratamento.

 

 

 

 

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