Trilha Sonora :: Vamos Nessa

Gincanas noturnas

 

Trilha de Vamos Nessa: para embalar baladas arriscadas, rachas automobilísticos e similares

 

Rafael Rodrigues
Especial para NETCINE

 

    

     Se Vamos Nessa é uma estilosa incursão no universo frenético de uma inconseqüente galera norte-americana, tal feito se deve em boa parte à sua trilha sonora. Todos os momentos de uma boa caída na gandaia encontram aqui um correspondente sonoro à altura. Momentos puxados por darlings do pop e da eletrônica garantem certo charme à coletânea.


     O aquecimento fica por conta de Len e seu hit mediano "Steal My Sunshine", que segue direitinho a cartilha modernosa e sampleada tão em voga no pop gringo atualmente. Aliás, parte do álbum é desperdiçada com embalos derivativos, caso de "Good To Be Alive", de DJ Rap. Conselho: supere esse enchimento de lingüiça, que, afinal, é lugar-comum em trilhas sonoras e vá direto às faixas que evoquem os momentos mais febris da balada.


     Por que é justamente aí que se localiza o biscoito fino da trilha de Vamos Nessa. A começar pela faixa de abertura, "New", do No Doubt, um ska possante bem adequado para o CD player de um conversível a caminho da festa. Mais politicamente incorreto é o pancadão retrô de "Gangster Tripping", de Fatboy Slim, promessa de exorcismo de demônios na pista de dança. O apelo poeirento se estende à "Cha Cha Cha", com Jimmy Luxury & The Tommy Rone Orchestra (que faz gracejo em cima de Dean Martin) e "Fire Up The Shoesaw" do LionRock (sampleando Nancy Sinatra). Ambas devem agradar aos tiradores de sarro de plantão. Se o seu lance é menos saudosista e mais bate-estaca, chape com Leftfield e sua "Swords", levada tecno bem ao gosto dos anos 90.


     Esgotada a cota de energia para dançar, há quem canaliza a atenção para outros interesses. Tipo tentar faturar alguém. A trilha tem de ser propícia e, claro, a trilha de Vamos Nessa, apresenta bons temas de acasalamento. "Troubled By The Way We Came Together", da discreta Natalie Imbruglia, cumpre com a tarefa de levar adiante uma boa sessão de amassos. E "Shooting Up In Vain", por Eagle-Eye Cherry, ataca com um brando rhythm and blues que estimulam os eventuais casais.


     Essas quebram o galho, mas são fichinha diante do enlevo proporcionado pela dupla francesa Air, dando as caras com "Talisman", um lounge sofisticado e cool, que mais parece saído de um filme de James Bond. Perfeito para brindar com um Dry Martini. É sem dúvida o melhor contraponto de um álbum que suga as forças dos ouvintes mais animados. Um convite a quem quer correr perigo, mas que tem tudo sob controle - ao alcance do play.