Dá até para ver

Enfim um drama político brasileiro que não é chato

Ação entre Amigos: uma
das virtudes é ser curto
Foto: Divulgação  

À primeira vista, Ação entre Amigos, do diretor Beto Brant, que estréia nesta sexta-feira em São Paulo, pode parecer mais um daqueles chatíssimos filmes de cunho político que pretendem revisitar o período da ditadura no país. Em cena, há quatro amigos ex-guerrilheiros que, nos dias de hoje, vão atrás do homem que os prendeu e torturou nos porões do regime militar. Só que o filme é muito mais que isso. É, na verdade, uma história de vingança e traição bem urdida, em que nem tudo é exatamente o que parece. Difícil encontrar nas recentes produções brasileiras um thriller tão bem conduzido.

Como já havia feito em seu longa-metragem de estréia, Os Matadores, lançado no ano passado, Brant capricha na tensão de cada cena de Ação entre Amigos. O roteiro peca por falta de originalidade ao utilizar o mesmo recurso de Os Matadores: enquanto uma história é contada em tempo presente, a outra vai se desenrolando em inserções do passado. Mas na nova produção o recurso é mais bem aplicado, em benefício da clareza da narrativa.

Com apenas uma hora e dezesseis minutos de duração, Ação entre Amigos é um filme enxuto e bonito visualmente, com boa reconstituição de época nas cenas que se passam no início dos anos 70. Leonardo Villar, que faz uma participação como o torturador Correia, é o único nome conhecido do elenco. O restante é composto de atores de teatro de São Paulo, que se saem muito bem na pele dos quatro amigos ex-guerrilheiros.

Marcelo Camacho

http://www2.uol.com.br/veja/230998/p_143b.html