Vale a pipoca

Um drama de tribunal pouco melhor que a média

Tal como pipoca vendida no cinema, os filmes de tribunal começam quentes e não demoram a ficar frios e indigestos. O Homem que Fazia Chover (The Rainmaker, Estados Unidos, 1997), que estréia nesta semana em circuito nacional, é um pouco melhor do que a média, por contornar os cacoetes do gênero — o maniqueísmo e o triunfo do bem no fim da história —, mas está a léguas de distância dos melhores filmes de seu diretor, Francis Ford Coppola. Como todo filme baseado em livro de John Grisham, é uma crônica sarcástica sobre a profissão de advogado. Nos Estados Unidos, um país onde tanto uma briga de crianças de maternal quanto o assédio sexual na Presidência costumam parar nos tribunais, a advocacia costuma ser comparada à prostituição. Todos os livros de Grisham partem dessa idéia demolidora, mas caem em outro tipo de chavão — se a advocacia é uma profissão corrupta, os advogados, individualmente, são bons sujeitos, que lutam quixotescamente contra a podridão do sistema. O Homem que Fazia Chover não foge à regra, com o advogado mocinho interpretado pelo galã da hora, o ator Matt Damon. Cheio de blablablá, o filme só escapa de ficar arrastado por causa dos bons coadjuvantes — Danny DeVito, Jon Voight e a bonitinha Claire Danes. Vale a pipoca.

http://www2.uol.com.br/veja/110398/p_111b.html