Descrição
e explicação das diferentes figuras (da 1a à 10a) dos
Deuses da Mitologia Havaiana
Antes Teave era só em Si mesmo, com todas as
forças do “não era” em Si.
O vazio do todo
estava concentrado no Era, que era só Ele; era o caos; era o absoluto e o
infinito, na ausência do tempo.
Tudo isso já era
antes de qualquer manifestação, o que torna impossível qualquer raciocínio ou
pensamento que nos leve a captar a realidade de Teave.
Tudo que se conhece
de Deus é o que o “ser humano” pensa Dele, advindo disso um misticismo
ilusório; em alguns “momentos, Deus nos revela por uma ação de Sua graça,
vislumbres da realidade, que é a mística verdadeira. Assim, cremos que a partir
de um “momento” (momento não é tempo, mas um estado no agora/aqui), pelo Seu
Pensamento Divino, resolveu expandir-se soprando de Si mesmo, a força divina
que com Sua capacidade infinita e eterna colocou Seu poder no “não era” dando
origem à possibilidade de surgir tudo que é manifestado. Criou Po. Seu Poder Divino Mana possibilitou a futura organização
dos universos e expandiu Seu pensamento para Sua criação. Possivelmente, isso
seria mais tarde cientificamente verificado, com a idéia do Big-Bang.
A manifestação dos
universos surgiu do sopro de Teave
no “não era ou caos”, possibilitando a organização de Po. Conseqüentemente, pelas
manifestações mais grosseiras de Mana transformada
em substância energética, surgiu o manifestado, que não passa de imagens de uma
realidade invisível, criadora, inabordável e que foge à compreensão humana, a
não ser por aqueles que têm uma finalidade divina a cumprir; a maior de suas
manifestações foi Seu Filho Tane e
sua filha Na’ Vahine.
De Seu pensamento e
Seu sopro, surgiu num “crescendum” a mitologia havaiana, transmitida ao Povo de
Mu, através do Tumuripo.
Lá, onde Ele é, atrás
do Sol de todos os sóis, na Sua quinta-essência divina, continuou com Seu
pensamento, a colocar em Seus universos as Suas criações, que os habitariam e,
por serem criações diretas de Sua vontade, passaram a ser Seus filhos, através
dos quais, Sua Vontade se manifestaria. Só eles eram capazes da percepção e
compreensão de Teave, por “serem”
estados deificados. O ser humano em sua finita pequenez, não tem a menor
possibilidade da compreensão de Suas naturezas, mas tem a intuição simbólica de
suas existências, pela graça de Tane e
Na’Vahine, os procriadores
universais, manipuladores do Poder Divino Mana.
Poderemos assim
descrever:
Para nosso mundo, Teave criou Seu primeiro filho Tane,
(Figura 3) a primeira e maior força masculina geradora do universo, a quem
deu o poder de organizar Seu próprio universo, com Seu Calabash (cabaça) Criador, tirado da essência de Seu poder pela
Força Divina de Mana, da qual, surgiu a energia vital mana.
Com Sua vontade, Tane organizou Po, e, para que tudo pudesse ser manifestado, recebeu de Teave uma companheira divina, Na’Vahine, (Figura 4) Sua Filha dileta,
a maior força criadora feminina do universo, surgindo desse modo a polaridade.
Os dois vieram diretamente do pensamento de Teave que com seu poder supremo, criou as essências divinas Eri Eri e Uri Uri, que deram origem à manifestação divina de Tane e Na’Vahine. Os três primeiros formam a primeira e maior trindade e
habitam em Rina e Reva, no mais alto
plano do Tahiti (7° Céu).
A essência desses
dois filhos de Teave, (Tane e Na’Vahine), permanece em Si,
Tane e Na’Vahine criaram os astros e
organizaram o Po universal; a seguir,
criaram seus filhos divinos formando o Tahiti
e o Po Espiritual, com seus planos
celestiais e espirituais (Figuras
Teave criou seus
dois filhos divinos manifestados, através da essência de Eri Eri e Uri Uri; Tane e Na’Vahine criaram outros filhos divinos e outros de natureza
diferente da divina, fazendo-os à sua imagem e semelhança: as Crianças de Tane.
Começamos nosso
trabalho, dando-lhe um título que julgamos ordenar e simplificar um pouco esse
assunto tão complexo, que é a mitologia. Mitologia geométrica, por enquadrarmos
em losangos e triângulos, a hierarquia mitológica do antigo Havai’i, onde viveu o Povo de Mu, que desenvolveu uma grande
civilização no Continente de MU 2.
A ordenação dos
planos invisíveis, planos da realidade, foi dada aos mestres do Povo de Mu, denominados Kahunas, que
nos legaram seus conhecimentos pelo Tumuripo,
o livro da criação desse povo. Foi transmitido oralmente durante milênios,
chegando de certa forma até nós, pelo esforço e compreensão de Leinani Melville
através do livro “Children of the
Rainbow”.
Nosso trabalho
consiste em tentar dar uma idéia menos complexa e mais ordenada dessa
mitologia, para que possamos entender a grandeza desse povo e desenvolver
nossas potencialidades, dentro de uma nova concepção filosófica, psicológica e
de religiosidade. Isso possibilita a ação e as mudanças, que contribuem para
nosso desenvolvimento global. Conservamos as palavras na Língua Havaiana para
nos habituar com sons diferentes, o que facilita o estudo, as mudanças e a
vigilância, para não cometermos os mesmos erros dos missionários americanos que
estudaram a Huna, após o
descobrimento do Havaí levando com a colonização cristã, a missão de destruir
essa antiga cultura e a tradição de um povo simples e feliz.
As divisões que se
seguem, foram baseadas na obra de Leinani Melville, não nos esquecendo dos
trabalhos de Serge King, Max Freedom Long e outros.
O Tahiti e o Po Espiritual
constituem Po, que com Ao formam os dois planos de existência
referidos pelos ensinamentos Huna; o
invisível (Po) e sua imagem visível (Ao),
o plano das manifestações na Terra. Akuanoho é um deus que atua junto ao ser humano em sua manifestação.
A Língua aqui
descrita é anterior a atual falada no Havaí, que foi alterada pelos
missionários no século dezenove, quando trocaram algumas letras como o “R” por “L”, o “T” por “K”, e V por W, segundo esclarece
Leinani Melville em seu livro “Children of the Rainbow”.
As linhas contínuas
das figuras 2, 3 e 4 simbolizam situações de ser e existir; as pontilhadas,
quando estavam sendo preparadas as criações pelo pensamento das
divindades.Colocamos em cada figura uma numeração, na tentativa de termos uma
descrição mais fácil de cada fase e suas etapas, na formação dessa mitologia
Os losangos divididos em dois triângulos encerram uma fase real, a essência e sua imagem correspondente, quando acontece a manifestação, seja em Po ou em Ao, mostrando assim, que cada triângulo é parte de um todo formado por quatro forças que é o quadrado, símbolo da manifestação que guarda em si, a essência divina e da Terra.
Essas quatro forças
são representadas pelos quatro princípios geradores divinos masculinos da
criação (Tane, Tanaroa, Rono e Tu).
O último losango no Po Terrestre e em Ao mostra em cada triângulo o ser com seus componentes espirituais
e corporais, sustentáculos de toda a situação das vivências no plano físico,
tendo como última circunstância, a vida corporal.
O trabalho de Leinani
Melville é baseado no estudo das palavras e seus radicais e em partes do Tumuripo, além da prática que possuía
por ter um grande conhecimento adquirido diretamente de uma kahuna com quem conviveu desde criança, e por estudos teóricos adquiridos de
pessoas que além de falarem a língua havaiana, praticavam a Huna em suas diversas modalidades.
Baseou seus estudos também nas lendas ensinadas pelos kahunas sob a formação do universo e que estão contidas no Tumuripo.
A Língua Havaiana,
além do significado dado pelos radicais dos vocábulos, está também sujeita à
influência da inflexão dada às palavras ao pronunciá-las, pois é uma língua que
exige em sua expressão, a gesticulação e movimentos corporais, que dão a
integração do real significado e do sentido que toma cada palavra ao ser
pronunciada.
Sabemos que se não
fossem Leinani Melville, Serge King, Max Freedom Long e outros, isso
possivelmente não aconteceria, assim como nada sucederia, se não tivéssemos
dentro de nós, desperto, o sentido para esse tipo de aprendizado.
O sentir foi o que
trouxe as idéias formando os pensamentos básicos deste trabalho, na tentativa
de sintetizar as idéias de Leinani Melville e outros, tendo o losango e o
triângulo como as figuras geométricas essenciais para a síntese. Todas as vezes
que se fala em manifestação, a trindade ou o triângulo está em evidência, desde
o divino até o humano. É uma figura forte, que simboliza geralmente situações
religiosas, místicas e esotéricas.
Nas primeiras
figuras, a elipse simboliza Aquele que encerra em si mesmo o todo; é o
Inominado, o Sagrado, o Inexplicável, o que não pode ser apreendido, por ser a
Causa Primeira de suas manifestações divinas e Lhe foi dado nomes, com fins
didáticos para ordenar nosso entendimento. Foi denominado Teave pelos kahunas,
cujo nome e raízes, segundo Leinani Melville, significam principalmente: “O
Criador Eterno, o Princípio, Pai/Mãe e Regente sobre os reis do céu; o Deus Ra que com sua Essência
Espiritual, Poder Divino, soprou a Mana
e possibilitou a ordem no caos do que não havia ainda sido criado”. Quando Teave disse “Ora” (vida em Ra),
para dentro do vazio sem espaço, a vida começou na escuridão de Po.
Ordenou que as forças
cósmicas da criação entrassem em movimento usando Sua Cruz Flamejante que fez
brilhar a luz branca. Com Seus filhos Tane
o Deus manifestado imagem e Sua essência o Deus (Eri Eri), emanados do Pai Teave formaram-se os universos
organizados por seu filho Tane.
Com Sua filha Na’Vahine a Deusa Manifestada e
Sua essência a Deusa (Uri Uri), Suas Filhas em Imagem e Essência, criou uma
família real que reinava com Ele sobre a Terra e os Céus. Formou a Trindade
Divina Essencial, a mais alta trindade que vive na CASA do SOL (Rina ou Reva) e é constituída por Teave, Eri Eri e Uri Uri (Figura 5).
O primeiro triângulo
manifestado é formado por Teave, Tane e Na’Vahine dando origem à
polaridade através de Tane e Na’Vahine. Por intermédio Deles foi possível prosseguir a criação do todo. É
a Trindade Divina da mais alta manifestação em Tahiti, por ser essência e manifestação (figura 6). O 7º céu é a
morada da essência e da imagem manifestada de Tane e Na’Vahine (Reva) (figura 6).
Tane e Na’Vahine
criaram Tanaroa, Rono e Tu (Figura
7); surge assim o segundo triângulo que tem como base os Pais e como vértice Tanaroa, no sentido inverso, isto é, a
divindade que caminha no sentido do ser humano.Tane, Tanaroa, Rono e Tu formam
as quatro forças divinas masculinas geradoras da criação. Formam o quadrado que
possibilita toda divisão e evolução pelos triângulos. O quadrado é também
símbolo da Terra, representando cada uma de suas faces, uma das forças divinas
da criação.
Tane e Na’Vahine tiveram ainda três filhas, as divindades Rata, Tapo e Hina (Figura 8), que
formaram a terceira trindade divina e se uniram
da seguinte maneira: “Rata
(senhora do Sol dessa Terra), ligou-se a Rono.
Tapo (deusa do Pacífico Sul)
tornou-se a companheira de Tanaroa. Hina
(deusa da Agricultura) uniu-se a Tu. Ela é ainda uma das chefes da justiça das
cortes celestiais. Tudo que é manifestado é fruto da polaridade e essas uniões
serviram para que as polaridades se formassem e
dessem continuidade à organização universal. ”São arquétipos, dos quais,
um dos símbolos é a polaridade, mostrando que toda essa essência cuja imagem
simbólica é subconsciente, só nos é revelada pela inspiração e a intuição
que são percepções subconscientes”.
A quarta trindade é
constituída pelo deus Vatea, a deusa Papa também conhecida por Haumea e o deus Miru,
formando-se assim, o elenco das doze divindades mais importantes do Tahiti; habitam os planos celestiais
dos antigos havaianos (figura 9); é o término dos planos celestiais e, no
triangulo seguinte iniciam-se os planos espirituais.
As Crianças de Tane, futuras almas ainda
não corporificadas são preparadas nesse plano, antes do ciclo das
reencarnações. Após a morte do corpo físico, podem voltar de Ao para esse plano, quando preparam um
novo sonho básico de vida em seu ciclo de crescimento e evolução em Po, após passarem pelo Po Terrestre.
Vatea é o “rei do
mundo oculto” e Papa rainha do reino
da natureza. Vatea tornou-se
companheiro e rei de Papa. Miru é o “Senhor do mundo
espiritual”, onde está o mundo subterrâneo, o mundo dos mortos.
O terceiro triângulo
(realidade e imagem), formado pelas segunda e terceira trindades divinas, tem
ainda em seu vértice a quarta trindade; é o ponto de sustentação do quarto
triângulo, que tem em seu vértice inferior, akua (deus do mundo espiritual subterrâneo), com posição invertida
em relação ao Céu, mostrando a possibilidade da descida desses deuses ao mundo
espiritual e ao físico (Ao), onde
poderiam adquirir temporariamente as qualidades e alguns defeitos dos seres
humanos, inclusive em relação à procriação (figura 10) formando o plano
criativo de Po (5º Céu)
Está assim formado o
mundo de Po, que tem parte destinada
aos deuses, aos anjos e aos espíritos reencarnantes.
Os anjos (avaitus)
são crianças de Tane que
permaneceram em seu plano espiritual e desenvolveram a natureza angelical;
formam as milícias celestiais; são os mensageiros dos deuses, nossos protetores
e os guardiões do mundo.
O último triângulo
divino e espiritual é o que potencialmente se manifestará em Ao e, em relação ao homem, esta
manifestação será representada pelos corpos substanciais (kinos-akas).
O vértice desse triângulo
divino é formado por Miru e, o
último triângulo espiritual, por um akua.
Miru representa a natureza e a essência divina, e akua, a natureza e a essência da imagem e semelhança divina
espiritual.
O vértice desse triângulo
é Akuanoho e a base é feita por Kuhina e Hamaku em sua
essência (figura 10), 3º céu. O ultimo triangulo é formado por Kuhina e Hamaku como base e Aumakua
como vértice, 2º céu.
Assim termina o Po divino e espiritual.
1 Ike – O mundo é o que eu penso que ele é.
2 Continente de Mu, citado por J. Churchward em seu livro “O Continente Perdido
de Mu”.
O Jardim do Sol Brilhante faz parte
desse trabalho e descreve a historia de Ra’i Ra’i e seus descendentes em Po,
nos primórdios da preparação para a criação e desenvolvimento do ser humano na
terra (Ao); para melhor entendimento criamos a figura abaixo (figura 11), que
facilitará a leitura e entendimento da parte que se refere a Ra’i Ra’i e seus
descendentes.
Miru, Papa e Vatea (figura 9), formam o último triângulo
divino, sendo doze as divindades principais da Mitologia Havaiana Antiga. No
vértice do ultimo triangulo da figura 9 está Akua, palavra que tem também um significado de deus, mas com um
sentido diferente dos doze anteriores; ele forma os triângulos da figura 10 que
já estão diretamente ligados às situações que se desenvolverão no Plano Criativo de Po, Po Terrestre e em Ao,
conforme veremos mais abaixo.
A situação da ligação atual entre os céus e a Terra se deu pela
liberdade conseguida pelos filhos de Ra’i
Ra’i, quando moravam no jardim ensolarado, ao escolherem experimentar o
fruto do ape, - a planta proibida de ser usada -, a não ser que desobedecessem, usando-a
por sua vontade e seu livre arbítrio. Assumiram a partir daí, a
responsabilidade única de seus atos e, por isso, sofreram modificações
radicais, adquirindo uma condição individualizada e recebendo a inteligência
indutiva que os diferenciariam dos demais animais e outros seres, com quem até
então mantinham um estreito relacionamento e comunicação. Foram lançados à sua
própria sorte, quando desobedeceram uma lei preestabelecida que marcava os
limites entre o viver na essência sendo frutos da criação divina e uma nova vivência. Sua
procriação passou a ser fruto de seus atos como seres masculinos e femininos,
com a percepção sexual que se manifestaria em Ao, criando o ciclo do nascer e morrer corporalmente;
estava formada a polaridade animal do ser humano que manteria suas
manifestações corporais. Com esta diferenciação surgiram os desejos de adquirir
conhecimento sobre si mesmo e o universo a que pertenciam, condição despertada
que o ape possuía em potencial e que
passou a fazer parte de sua fisiologia nos campos psíquico e físico.
O ape é uma planta de
proteção sempre plantada na porta de entrada de qualquer local. Só pode ser
usada como proteção.
Perderam o contato natural com as divindades, as quais passaram a ser percebidas
somente como arquétipos, manifestados através dos símbolos. O desejo de
liberdade de ação adquirido pelo conhecimento, que o fruto proibido trazia em
si, foi transmitido ao ser humano individualizando-o e afastando-o cada vez
mais das divindades e da essência da natureza. Adquiriu condições de transmutar-se
e passou a receber mana com outras
vibrações existentes no Po
terrestre; A percepção passou a ser adquirida através dos sentidos físicos e
por uma sensibilidade diferente da que tinha até então. Essa nova percepção
passou a ser o guia de suas ações e reações, dando-lhe sensações que
propiciavam pelas experiências, formar pensamentos que foram aos poucos sendo
arquivados, constituindo as memórias. Começa assim, um novo ciclo de vida. As
memórias e as experiências davam-lhe condições de imaginar e formular ideações formando
novos pensamentos e sentimentos que os desenvolveriam pelo seu próprio esforço na
busca do paraíso perdido, do qual, possuía vislumbres e que passou a ser parte
de seus sonhos em Po e Ao. Ganhou a condição de indivíduo e
recebeu como recompensa, o direito de ir e vir através da morte do corpo
físico, para que, assim, não perdesse o contato com a realidade e pudesse
crescer e evoluir rumo à meta principal, como transeunte entre os dois planos
de vida; isso lhe deu condições para poder receber em seu corpo, as Crianças
de Tane, que já estavam
preparadas, esperando em seu sono espiritual, no reino espiritual de Vatea e Papa, a descida para Ao.
O arbusto ape estava plantado na entrada do Jardim Ensolarado de Ra’i Ra’i e protegia-o não permitindo a
entrada de estranhos.
Com a união da parte divina herdada das Crianças de Tane e
de Ra’i Ra’i, fundiu-se com a
energia mana condensada no arbusto ape, dando como conseqüência, a
individualização do ser humano que, ao comer o fruto proibido. absorveu todo o
potencial de conhecimento concentrado no ape.
Este acontecimento despertou a inteligência no ser
humano, que passaria a ser também um guia na senda do crescimento e evolução.
Estava feita a transmutação, manifestando-se a natureza humana!
Simbolicamente este jardim era protegido por um avaitu com sua espada
flamejante.
Guiados
agora pela vontade, começaram a adquirir novos tipos de
experiências que serviam de base à sensação,
à imaginação, ideação, ao pensar,
sentir e à reflexão, razão das
reencarnações.
As memórias registradas pelas
experiências nas vidas sucessivas e gravadas na essência do unihipili em Po servirão como base de um aprendizado para uma nova reencarnação,
após avaliação de todos os acontecimentos vividos anteriormente, usando agora,
em Po, seu livre arbítrio como juiz.
É o papel desempenhado pelo uhane
no preparo genético das memórias, formando o sonho básico de vida da próxima
viagem corporal. É uma responsabilidade do unihipili,
guardião de todas as memórias e de uhane
que ordena e decide, auxiliado por mestres, sobre a égide de akuanoho.
A essência da imagem e semelhança divina, que está ligada ao homem em
sua trajetória evolutiva é o aumakua,
que não sendo deus, possui em si a polaridade e tem a propriedade de captar de akuanoho por intermédio de kuhina e hamaku-essências divinas coordenadoras-, os símbolos que nos guiam
rumo a Tane 1.
Aumakua permanece em Po, mas ligado aos seus companheiros de
jornada uhane e unihipili - pelos cordões-aka
-, os quais, em Ao corpporifica
seus kinos-akas sendo suas imagens o
modelo do corpo físico (kino). Tudo
isso surgiu no momento em que os filhos de Ra′í
Ra′i se alimentaram do fruto do ape,
arbusto plantado pelo deus da agricultura (Tu) que proibiu seu uso àqueles que queriam permanecer no estado
de puros filhos de Ra′i Ra′i.
No corpo encontram-se as memórias genéticas programadas no nível celular
e as aprendidas no nível de camadas musculares. Elas se formam e se reformulam
de acordo com as experiências nas viagens das vidas. Seus frutos são
conseqüências do que se pensou, sentiu e pelas ações praticadas. Assim, o homem
é o único responsável por seu desenvolvimento, crescimento e evolução; isso se
dá de acordo com seus valores e padrões que promovem o crescimento pela
percepção dada pelo pensamento analítico, fruto do intelecto e, com a evolução,
que é conseqüência da reflexão, fruto da linguagem intuitiva; tudo advém de
suas experiências em Ao.
Colocamos, como base do triângulo de origem do ser humano reencarnante,
os filhos de Ra′i Ra′i que
conservaram sua fidelidade às leis do paraíso terrestre: Mure comeu do arbusto ape,
mas como primogênito de Ra′i Ra′i,
lhe foi dado o direito de total liberdade de ação no jardim do sol brilhante, o
que o livrava das penas da desobediência, razão de ter sido o escolhido por Tane, para juntar-se a Haria, que não tinha desobedecido às
ordens em relação ao fruto proibido.
Apesar dos direitos que possuía, não deixou de desobedecer, o que o tornou
vulnerável, dando condições à formação da natureza humana, em sua união com Haria. Dessa união nasceriam os
descendentes que formariam a família real divina que governaria em Ao, como representantes do poder divino.
Perdeu-se o jardim ensolarado terrestre e ganhou-se o Po terrestre
e a manifestação
O plano criativo de Ra′i Ra′i
Diz o Tumuripo, que Ra′i Ra′i, cansada de estar só em seu
jardim ensolarado, onde vivia com os espíritos da natureza, os menehunes (duendes), eepas (gnomos), tupu’a (fadas), mo’o
(ninfas aquáticas), suas garças azuis e outros pássaros, pediu a Tane que lhe desse como companhia,
seres que fossem semelhantes a ela; foi atendida em seu desejo. Tane e Na’ Vahine
resolveram dar filhos à sua divina filha, para que
desenvolvesse seu jardim ensolarado. Viviam fora de seu jardim, seres
enormes
de diversas espécies em mutação e
formação; os vulcões com suas
erupções formavam
com suas erupções a parte terrestre, onde no futuro
habitaria o ser humano. Ela
teve cinco filhos, que com a ajuda da mãe, desenvolveram no
plano de Po, o início da futura procriação
humana em Ao, formando o Havai’i e dando origem ao povo de Mu.
Servem como modelo
espiritual das memórias e pensamentos; são nossas atuações, que pelas memórias,
desejos e emoções, despertam a inteligência, dando ao homem a condição
exclusiva do pensamento indutivo e a percepção sensorial consciente. Este
triângulo forma a última essência em Po (figura
13).
Percebemos a
importância da ação que está subordinada ao corpo físico e da vontade, que
impulsiona o indivíduo rumo às ações.
Akua e Akuanoho, são considerados divindades e
aumakua, uhane, unihipili, kinos-akas e kino são aspectos que introduzimos
em nossa esquematização dessa mitologia. Não são deuses, mas criaturas feitas à
Sua imagem e semelhança. Isso demonstra que, o que está em cima é como o que
está embaixo; assim, surgiu o jardim ensolarado dado a Ra’i Ra’i, (criação divina de Tane
e Na’Vahine) para habitar o Éden com a qual mais tarde, juntaram-se seus
filhos Ta Rua, Ha’i, Hatea, Mure e Haria
(figura 12).
Uma nova situação foi
criada quando quatro deles comeram o bulbo do arbusto Ape, tornando-os indivíduos com novas características. Daí
originou-se o povo de Mu no Havai’i. Inicia-se assim, um novo ciclo dando início à humanidade.
Adquiriu a
responsabilidade de sua própria existência descendo a Ao, iniciando as manifestações corporais, seu campo de crescimento
e evolução como ser humano manifestado em um corpo físico denso, sujeito à
vontade individual. Daí em diante estaria sujeito ao ciclo da vida e morte
pelas reencarnações.
Ra’i
Ra’i como mãe desce ao paraíso terrestre e acompanha o desenvolvimento de
seus descendentes que aos poucos, foram trocando a percepção da essência pela capacidade
criativa da imaginação, ideação, do pensamento e sentimento, que dava a
liberdade de ação, sem, no entanto, perceberem que a dualidade estava criada;
dai em diante o caminho teria de ser feito por suas produções em todos os
sentidos, inclusive pela procriação sexual, fruto do discernimento humano, como
Homo Sapiens, no ser espiritual.
Ra’i Ra’i,
simbolicamente, entra como mediadora da luta surgida entre seus filhos e é
morta, transformando-se em uma estrela brilhante que caminha pelos céus com a responsabilidade
de vigiar a humanidade, iluminando-a com sua luz divina.
Tane em sua bondade
e autoridade determinou que os filhos de Ra’i
Ra’i, Mure e Haria, se unissem e procriassem, dando-lhes filhos obedientes,
com a missão de ajudarem o Povo de Mu
em seu crescimento e evolução, em busca da essência divina que possuíam. Formaram
uma nova dinastia.
A maioria, apesar de
não entender os desígnios do grande Tane,
teve um grande desenvolvimento
formando uma grande civilização. Não deram importância às leis divinas de que
eram herdeiros, afastaram-se da realidade para a qual foram criados, o que
provocou a catástrofe que fez submergir esse continente, onde é hoje o Oceano
Pacífico.
O grande conhecimento
que possuíam levou-os ao domínio de todas as formas de mana e isso foi a mola propulsora do desenvolvimento desse povo, o
que serviu também para sua destruição.As ilhas Polinésias são os últimos locais
de habitação desse povo que conservou seus conhecimentos que chegaram até nós
através da Huna, por intermédio de
seus kahunas.
Entendemos Serge King
quando diz que Mana é Força Divina e
não só uma energia vital; desde que Teave
soprou Mana, tudo ficou impregnado
de seu poder e a condensação dessa energia deu a manifestação pela
transformação da mana (Energia) em
substância visível e invisível e que permeia o universo.
As linhas dos
triângulos são assim de maneira natural, os cordões-aka que possibilitam toda a criação e ação, desde Teave até unihipili e o corpo físico (kino);
o azul simboliza o feminino, o vermelho o masculino e o verde a procriação no Po terrestre e em Ao, na forma corporal manifestada.
Especulando, cremos que
atuamos sempre na superfície e os contatos são feitos pelas bordas e não pelo
todo, tal e qual vivemos na Terra.
Somente após a morte
física é que podemos contatar inteiramente a superfície do triângulo, quando
dobramos um sobre o outro. É o contato das essências divinas com a essência das
ações.
Concluindo, falaremos
um pouco sobre Po. É nesse estado
que está a realidade e é ai que podemos tomar contato com a verdade e tentar
transformá-la em experiências quando em outras vidas.
Po tem vários
significados, desde caos, obscuro, sem luz, até reino celestial dos deuses,
mostrando o sentido seqüencial Huna
da palavra, que vem do caos antes do sopro de Mana de Teave, que
determinou a organização de Po em
seus vários planos, por intermédio de seus filhos Tane e Na’Vahine. Essa seqüência faz parte da sabedoria dos kahunas que a transmitiram oralmente, através de milênios e de
forma velada, àqueles que eram capazes de compreendê-la. É mitológica e
apreendida por aqueles que crêem nos deuses havaianos, que são percebidos como
símbolos e que, por essa manifestação foi possível a percepção dos arquétipos
existentes nessa mitologia.
Estamos limitados ao
plano de Ao (Figura 14), onde o
tempo é uma vibração do presente que, no corpo físico nos possibilita a
percepção sensorial consciente. Vivemos na ilusão de nossos conhecimentos
trazidos de uma ciência preocupada em desvendar mistérios analisando tudo que
pesquisa, e pelas teorias religiosas que em parte nos impedem de ser livres, na
busca das marcas mnêmicas, que dão origem às memórias genéticas programadas doadas
por nossos ancestrais através dos milênios e que são apreendidas por meio dos
símbolos, de maneira intuitiva. Quando deixarmos de ser puramente racionais e
intelectuais, entraremos no nosso interior; assim estaremos em contato com a
essência, que é a verdadeira realidade, por ser divina.
A busca então estará
voltada para a pesquisa cósmica, cujo ponto de partida é a percepção de si
mesmo, no conceito real do eu sou.
A mitologia nos
ensina que a subjetividade é um caminho para se buscar a verdade, deixando a
percepção livre para novos pensamentos tão antigos, que são capazes de nos
revelar conhecimentos, dados por seus próprios deuses por meio da intuição.
Ensina-nos, que
conceitos são explicações para uma determinada época e são direta ou
indiretamente ligados a lendas e mitos tirados dos deuses das várias
civilizações, capazes de pensar mais profundamente sobre os fatos, os quais
foram deixados de lado como pontos de partida para novas explicações e
conclusões.
É necessária uma
liberdade interior, onde não haja muitos princípios enraizados em conceitos e
padrões rígidos que parecem imutáveis, para se penetrar na essência da
mitologia e passear com seus deuses, em seus reinos encantados e reveladores de
verdades simbólicas, até a percepção de que algo deve ser realmente Supremo.
No momento de sua
morte, Jesus numa despedida humana, disse: “Eli,
Eli (Eri Eri) lama sabac tani!” (Pai, porque me abandonastes!). Concluiu
sua vivência como Aumakua, com a última
de suas frases: Está tudo consumado!
Foi a única vez que ele se referiu a Eri
Eri. Exatamente no instante em que tudo se consumou, reintegrou-se como Tane e teve então, a conscientização da
essência do Pai (Eri Eri), Nele
mesmo. Desaparece a figura do Mestre que nos deixa “a Boa Nova, o Evangelho”.
”Para que entres no
Reino dos Céus, é necessário que te tornes semelhante a uma criança de peito”.
Não se referia às crianças do arco-íris, que são as crianças de Tane,
enviadas nas canoas ou conchas peroladas, através do Mar Vermelho de Tane para Po,
onde começaram seu desenvolvimento, orientadas pelos deuses, entre eles, Tanaroa, o dono do Pacifico Sul, de
onde surgiu a vida dos seres terrestres?
O povo de Mu desaparece no auge de sua civilização, com a submersão
de seu continente, assim como a citação bíblica do dilúvio faz desaparecer um
povo, salvando-se o necessário para o início de uma nova civilização. Os livros
sagrados das várias religiões existentes permitem-nos comparações com o Tumuripo, mas essa não é a finalidade
deste trabalho.
Esperamos ter dado
uma contribuição para a compreensão da sabedoria desse povo que nos legou o
conhecimento Huna, para que assim,
possamos compreender um pouco mais de nós mesmos, crescer e evoluir na busca do
aumakua que há em cada ser trino.
Despedimo-nos com um amor que
é compartilhado (ALOHA), cheio
de um poder que vem de dentro e permite (MANA), pela energia que segue o curso do pensamento (MAKIA), a focalização no momento de
poder que está no aqui/agora (MANAWA),
quando, com nossa presença percebemos que podemos ser ilimitados (KALA), após o pleno esclarecimento que
nos faz sentir que, se o mundo é o que pensamos que ele é (IKE), teremos a visão clara das
mudanças de padrões que nos conduzem ao ultimo desejo, o qual nos mostra que
agora/aqui conseguimos a percepção de que a eficácia é a medida da verdade (PONO), dando-nos a oportunidade de nos
tornar tecelões de sonhos.
Essa é a graça dada aos que já
têm a consciência de que são crianças de Tane reintegradas na Teia-aka.
Sebastião de Melo