O Mar, as Ondas e o Ser humano

 

Existe no mar um constante movimento das águas que dependem de vários fatores, dentre eles, a temperatura da água, a evaporação, o vento, situação geográfica com suas características próprias e vários outros que não citaremos aqui. O equilíbrio dessas forças forma o movimento das águas, fazendo com que tudo funcione com uma intensidade natural.

A massa de água com o vento impulsiona um volume que provoca a evaporação. Se fosse só isso, as ondas que se formam invadiriam as praias e as encostas marítimas e continuariam invadindo a superfície terrena. Tudo na natureza está ligado a uma ação e uma reação. A reação depende da intensidade da ação. “A toda ação corresponde uma reação igual e contrária”. Aumentando a temperatura do mar, aumenta o volume de água, que estando em constante movimento provoca uma maior evaporação que são gotículas de água em estado gasoso que são conduzidas pela força dos ventos na direção em que sopram, impulsionando-as.para uma maior quantidade de evaporação é necessário um vento mais forte que conduz essa massa gasosa de água evaporada conduzindo-a na direção do vento. Existe uma reação interna da massa de água do mar como um todo, que luta por conservar constante seu volume, o que acontece pelas chuvas que caem no próprio mar e pelo recebimento das águas dos rios. Existem outros fatores importantes que regulam essa situação dos mares. Abordaremos os fatores citados por nós, deixando para os especialistas as demais explicações, pois para o sentido do que queremos não se fazem necessários.

O ar tem também uma temperatura que contribui para esta movimentação. É papel natural dos ventos buscar um equilíbrio natural entre a movimentação das águas e a vaporação das mesmas para se formarem as nuvens que se deslocam para a terra e formam as chuvas e modificam as temperaturas ambientes.

Estamos falando de forças da natureza que buscam um equilíbrio geral no planeta. Tudo que acontece e provoca uma ação diferente da natural, causa uma reação de intensidade diferente.

Como se manifestaria os fenômenos devidos a tudo que dissemos? Exemplificaremos da seguinte maneira: exteriormente, para nossa visão, formam-se as ondas e internamente formam-se as correntezas marinhas que recolhem as águas das ondas que o mar impulsiona seguindo a direção dos ventos. Existe um equilíbrio entre essas forças de um modo tal, que o vento, a evaporação, o volume de água, a temperatura se equilibram e formam o movimento natural do volume de água e seu retorno. Existem correntezas marinhas normais que seguem leis naturais e são constantes, o que mantém a estabilidade geral.

O mais visível para nós são as ondas que se formam e caminham em direção ás praias e encostas obedecendo a esses fatores citados. A reação provocada pelas ondas se torna geralmente invisível, a não ser com uma observação mais acurada quando percebemos a força com que a água busca retornar ao seio do mar. Nossos sentidos não percebem os detalhes desse fenômeno o que geralmente dificulta nossa avaliação sobre essa reação marítima. Sendo uma reação ela é forte porque tem a função de equilibrar o movimento das águas que mantêm o volume constante do mar para que seja mantida a dinâmica do movimento das águas na terra, facilitando as variações de temperatura, as chuvas, o desaguar dos rios, a movimentação nas geleiras o clima, as calotas polares, tudo de acordo com a grande lei do movimento celeste dos astros.

O homem com suas ações, muitas vezes com sua interferência provocam modificações que desequilibram essa dinâmica.

Como se formam as pequenas ondas, com as quais brincamos e nos divertimos nas praias?

O vento e a evaporação impulsionam na superfície, uma massa de água do mar capaz de provocar um movimento da mesma em direção à terra e as correntes marinhas funcionam como reguladoras da volta dessa água ao seio do mar, num movimento constante e ininterrupto; é um contínuo movimento de ir e vir que tem início no alto mar, impulsiona para a costa marítima e retornam ao mar de onde surgiu e ao qual pertence.

Se você ficar imóvel com uns 50 cm de água cobrindo suas pernas, vai sentir o impacto da água que o empurra levemente para trás devido ao volume deslocado e à velocidade desse impulso. A volta dessa água que passa por nós, nos mostra sua força para retornar. Se ficarmos imóveis esses movimentos terminam por escavar um buraco em baixo de nossos pés, pela resistência oferecida pelo peso de nosso corpo ao movimento da água que desloca a areia e vamos afundando. A visão do mar embevece tanto que, muitas vezes demoramos a perceber o que está acontecendo e, se a permanência permite a movimentação de muitas ondas, em dado momento nos desequilibramos e verificamos o que realmente nos aconteceu.

A força da onda depende do volume de água deslocado, pela velocidade com que é impulsionada pelo vento, pelo movimento próprio das correntes marinhas e pela freqüência do numero de ondas em determinado tempo e espaço. Isso nos dá a altura das ondas. Esse mecanismo depende também da reação dada pela força que as ondas são impulsionadas ao regressar ao mar. Deste equilíbrio nos mares depende tudo que acontece na terra. Estamos falando de fenômenos mantidos pelas leis naturais.

Outras causas podem provocar movimentos diferentes como maremotos provocados por erupções vulcânicas, tremores no fundo do mar causando vendavais, furacões e provocando  grandes e devastadoras ondad; deslocamento de placas em determinadas regiões provocando os tsunamis; tendo este conhecimento formamos memórias que nos alertam sobre os perigos decorrentes desses fenômenos da natureza possibilitando minimizar as conseqüências de seus efeitos.

Varias perguntas surgem como conseqüência de novos conhecimentos adquiridos e que podem ser respondidos pelos especialistas do ramo.

Quais as comparações que podemos fazer levando esses fenômenos para a vida do ser humano?

O primeiro deles é que temos de respeitar a natureza e deixar que naturalmente ela mantenha a terra funcionando dentro de suas leis próprias e que, se assim procedermos, vamos sentir que também fazemos parte de todos os ciclos da natureza. Nós criamos nossas próprias leis de sobrevivência, assim como o mar tem as suas.

 Segundo, existem normas de vida que se desobedecidas nos conduzem a vendavais ou furacões como acontece no mar e o desequilíbrio toma conta de nós, e nossa vida toma uma direção com constantes cataclismos interiores que tiram nossa paz, nosso equilíbrio e mudam nossos comportamentos tornando-nos diferentes, como correntes que nos conduzem a grandes buracos como acontece no mar.

Terceiro, tudo isso depende de um aprendizado lento e contínuo e que segue valores e padrões que devem ser desenvolvidos, mas obedecendo a leis naturais. Se fugirmos dessas condições, estaremos provocando ações e reações que momentaneamente nos conduzem a determinadas emoções, mas as reações são funestas por estarmos desobedecendo as leis naturais de nossos espíritos e nosso corpo.

Vamos exemplificar usando as drogas e o movimento do mar.

Se pararmos na praia e observarmos os movimentos das ondas, vamos criando emoções que nos levam ao prazer pela observação e com o desejo de participar do que observamos,.teremos vontade de entrar no mar e nos deliciar com o movimento que as ondas proporcionam aos movimentos de nosso corpo. Alguns vão além e se aventuram a ações mais intensas deslizando  nas ondas, como no surf. É o desejo constante que existe dentro do ser humano de desafiar a natureza e tirar disso um prazer. Conforme vamos desenvolvendo nossas aptidões  pelas experiências, vamos também nos aventurando cada vez mais.

Os que observam e conhecem o movimento do mar praticam suas ações sabendo o que devem ou não fazer, colocando um limite em suas ações por conhecerem as forças contrárias do mar em seu interior, e que, quando desafiadas tornam-se perigosas.

Isso é um jogo que exige um aprendizado e que com o tempo se torna um esporte prazeroso.

É importante conhecermos suas regras; tudo é interessante e prazeroso enquanto percebermos que nós e as ondas somos coisas bem diferentes e de que não devemos sentir que são partes de nós, nunca nos esquecendo de que nossos limites vão até o ponto de desfrutarmos, de acordo com nossa capacidade, os benefícios proporcionados pelas atitudes tomadas.

A situação tem que ser sentida sempre como proveniente das ações de duas fontes diferentes e que não se misturam. Se não pensarmos e sentir assim, vem o desejo de um maior desafio e esqueceremos das reações profundas que não percebemos, mas que podem solapar a situação natural de vida;, quando isso acontece há um desequilíbrio e o prazer é menor do que as possíveis conseqüências por ter aventurado penetrar na escuridão oceânica, e não mais ter prazer, mas sim viver em constante desarmonia em todos os sentidos, até se afogar e desaparecer como um ser humano desequilibrado e obcecado por vivências que são frutos da incapacidade de voltar ao natural do organismo, psíquica e fisicamente.

Passamos a ser uma suposta e bela onda que enxergamos com olhos doentios que dão uma falsa visão. A partir daí, vive-se das reações  e das conseqüências causadas pelo desatino das ações praticadas.

No contexto passa-se a ser um indivíduo diferente vivendo fora dos valores e padrões o que nos leva à decadência geral, vivendo mais das conseqüências causadas pelo desequilíbrio que provocam atitudes impensadas, frutos da ignorância de nossas limitações naturais.

As ondas são as visões que se sente em determinados momentos e podem nos dar prazer, ao enfrentá-las com idéias criativas, mas superficiais como são as ondas. Não há a percepção das correntes marinhas e por isso, não damos importância às correntezas que estão na profundidade e que, por serem geralmente inconscientes não temos a percepção de que estamos correndo o perigo de não mais conseguirmos nos livrar delas e, então, viveremos na constante luta de querer ondas mais fortes  e assim, vamos nos aprofundando a ponto de sermos engolidos pela volta das águas ao seio do mar; não sabendo a intensidade delas em nós, afundamos cada vez mais e acabaremos caindo no abismo onde tudo se torna caótico.

Esta é a situação de quem começa a usar drogas leves, as pequenas ondas que cremos dominar perfeitamente, mas que levam a desejar mais ondas e ondas mais fortes, buscando emoções maiores e cada vez mais intensas, a ponto de não mais conseguirmos pensar nada além do desejo de pegar ondas.

Nessa situação esquecemos que chegamos á praia, primeiro para ver as ondas penetrar na areia e não são perigosas por não haver condições de nos afogar. Sabemos que não pertencemos ao mar como elas, mas sim ao mundo que está aquém do encontro das águas trazidas pelas ondas até a areia que pizamos.

Nosso mundo natural não vai além de entrarmos no mar com a confiança de que só poderemos sentir a água no corpo como uma situação passageira e que não vamos nos deixar levar pelas ondas e que, por isso, no prazer sentido, não há a necessidade de continuar dentro d’água, pois sabemos que nossa vida está fora do mar e que ele vai com todas suas manifestações continuar a ser um grande mistério, do qual não devemos participar; por mais tentadoras que sejam suas ondas.

Como pessoas precavidas temos o conhecimento do que devemos fazer num banho de mar para que não sejamos surpreendidos e sintamos o gosto de sua água, e o que nos pode causar suas ondas.

Não nos deixemos levar pelas ondas que nos mostram, como as drogas, sua beleza superficial tentadora, mas escondem as correntezas que as sustentam e que conduzem para as profundezas do misterioso e perigoso mar.