TAERO

 

ESTRELA  DE  TANAROA,  RA’I  RA’I  E  JESUS

 

Conta a lenda que Tane após criar o dia, resolveu iluminar a noite tirando de seu calabash criativo uma lua crescente; com Seu sopro, infundiu-lhe luz e lançou-a no espaço para que iluminasse a noite de suas crianças.

Tirou ainda de Seu calabash criativo, as mãos cheias de uma areia opalina, salpicando os céus com luzes cintilantes, formando as estrelas que se espalharam, tomando seus lugares já determinados, para brilharem sempre.

Satisfeito, Tane desenhou a estrela das estrelas - Taero -, que elevou-se cada vez mais, até seu brilho suplantar o das outras. É uma estrela errante que viaja entre todas, observando o comportamento estelar.

Tane chamou Seu filho Tanaroa, de Rani Uru,  e disse-lhe: - Você será o espírito por trás da estrela Taero; será a luz de sua vida. Taero será a estrela guia, que guardará minhas crianças durante as noites, inspirando-as e infundindo-lhes confiança.

Você é do mais alto halo do sol, do santuário que conforta o Meu precioso Havai’i. Console minha prole, com a compaixão que fluirá de Mim, e que, através de Você, cairá sobre elas. Ilumine-as com Minha boa vontade, que brilhará através do olho da estrela Taero.

O Poderoso Tanaroa  emergiu de Rani Uru em sua canoa voadora e navegou acima de Sua estrela. Soprou o Seu Espírito sobre ela, até que  Taero acendeu a cúpula do céu com seu brilho, enquanto os anjos cantavam louvores à sua ação.

 

Jesus inicia sua trajetória rompendo costumes, nascendo de uma jovem que não conhecia varão, tendo escolhido como protetor um ancião que inicialmente aceitou a incumbência mais por temor do que por fé ou crença. A escolha desse protetor foi efetuada por ação xamânica, surpreendendo o próprio José, quando foi escolhido dentre tantos outros candidatos.

Durante a gravidez de Maria, Jesus procurou encontrar-se com aquele que seria seu precursor, e que mostraria ao povo de Israel, que o Messias estava entre eles.

Esse encontro trouxe à tona, revelações subconscientes das duas grávidas que sentiram a importância de suas missões, como mães de duas figuras que modificariam o pensar da humanidade.

Seu nascimento foi marcado por situações inusitadas, colocando “seus pais” em condições sem escolhas, a não ser, seguir o caminho já pré-determinado para o advento do “Filho do Homem”.

Nasceu numa gruta, assistido por sua estrela que a tudo iluminava, causando surpresa em todos que presenciavam tais fatos. A gruta ficou iluminada por uma luz brilhante (La’a Kea), que não deixava sombras e que tinha o poder energético de atuar sobre o que estava acontecendo, tendo uma inteligência superior responsável pelos acontecimentos.

Essa estrela se fez visível aos pastores, quando não havia condições naturais para seu aparecimento; era inverno.

Guiou os reis magos em sua trajetória rumo ao Enviado, orientando-os como se fosse uma inteligência superior, conduzindo-os ao seu destino, onde ofereceriam seus presentes e muito mais do que isso, reverenciaram-no.

Colocado numa manjedoura, entre animais, desfrutou do calor natural das criaturas, ficando afastado da curiosidade da multidão que lotava Belém, não atraindo assim, a curiosidade de Herodes, para uma  possível perseguição.

Não foi por situação econômica difícil de José, que Jesus ficou na manjedoura, mas por falta de acomodação, em uma cidade que estava superlotada.

Por que, falar de Tane, Taero, Tanaroa, Jesus, Ra’i Ra’i, estrela guia, missão e outras situações mais?

Tane deu a Tanaroa, Seu filho, a missão de consolar suas crianças com sua compaixão, por meio da suave luz da estrela, que deu ao Filho, num bonito simbolismo da suavidade do amor divino agindo através do conforto da noite, da luz que brilha sem queimar e ilumina sem deslumbrar.

A estrela reflete a suavidade de Seu Espirito divino e do poder de vigilância sem autoritarismo, do que falou tantas vezes, em suas pregações.

Taero, a estrela errante que circula no espaço infinito, mostrando seu poder e mantendo a organização pelo Espirito que a dirige, quando viu manifestado seu Senhor e Deus, continuou em sua trajetória, guiada pela essência dessa divindade, que permaneceu em sua casa celeste, à espera dos resultados da missão do imanente.

Sua predileção pelas praias, o mar, os pescadores, mostra sua origem divina e a humildade de continuar ligado ao Senhor do Pacífico Sul, Seu Filho, de onde a vida originou sob Sua orientação, e com a permissão do Pai - Eri Eri -. Traz consigo, o signo da Era de Peixes.

Com as instruções de Tane e suas recomendações a Tanaroa, para que cuidasse de suas crianças e as consolasse, também nos mostra Jesus nos Evangelhos, várias passagens onde faz referências à importância que as crianças têm para o Pai, assim como diz para onde irão aqueles, que a elas se assemelharem, numa alusão clara, de que vários são os destinos que poderemos tomar após a morte física.

Na suavidade da autoridade que vem do amor do Cristo, do Aloha ensinado pelos  kāhuna, pela compaixão de Tanaroa, vemos a obediência que têm em relação às ordens do Pai, tanto na Mitologia do antigo Havai’i com Tanaroa, o Deus da noite e da paz, responsável pelo descanso noturno das crianças de Tane, numa bela alusão ao estado em que se encontra os espíritos sob sua tutela, os quais, ainda necessitam da noite do subconsciente para se alimentarem e equilibrarem, até que um dia, possam mergulhar no pacifico Sul e navegar no arco-íris, para a grande Taero, ao encontro de Pono.

Assim também, vemos nos ensinamentos deixados por Jesus nos Evangelhos, a demonstração de seus conhecimentos Huna, pregando o amor sem apego e apelando para que nos tornemos transeuntes dessa vida, porque, só assim, poderemos nos sentir como crianças e perceber Sua grandeza como Cristo, o Filho do Homem, Senhor, através do qual se vai ao Pai, oferecendo-nos a Água Viva da Eternidade, mostrando ser Ele a Fonte de onde jorra esta água, num belo simbolismo do reino de Tane.

 

 

Sebastião de Melo

Santos, 16/10/1995

 

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